Ir direto ao conteúdo
Personagem: José Santos Matos
Por: Museu da Pessoa, 30 de outubro de 2022

Pena que não vou estar na festa de 100 anos do Museu da Pessoa

Esta história contém:

Pena que não vou estar na festa de 100 anos do Museu da Pessoa

Vídeo

Meu nome é José Santos Matos. Eu nasci no dia 30 de outubro de 1959, sou de Santana do Deserto, em Minas Gerais. Uma primeira lembrança que tenho é de quando eu tinha 1 ano e meio e os meus pais me deram uma bola com letras e números, lembro claramente de tá brincando e perto da porta, o meu pai e minha mãe me olhando. A minha mãe chamava-se Carmina dos Santos Matos e o meu pai, Woodson Matos. A família Matos era grande em Carangola mas forasteira, e era difícil a integração deles porque eram espíritas numa cidade católica conservadora. Já a família da minha mãe era muito beata e pra casar com ela, o meu pai negou o espiritismo. Isso causou um rompimento com os irmãos dele.

O meu pai se tornou funcionário público e vivia viajando. Então, nós passamos por muitas cidades. Ele era um homem muito prático, dominava ferramentas e consertava tudo em casa. Embora um burocrata, ele gostava muito de ler. Lembro de noites em que o via lendo o dicionário Lello, da Barsa, e isso acabou me influenciando um pouco.

A minha mãe era professora primária. Ela era uma pessoa amorosa, mas muito possessiva, com medo da vida e dos filhos morrerem. Então, o que ela fazia? “Tem que ficar dentro de casa”. Então foi uma infância, uma adolescência muito contida.

Quando mudei pra Cataguases e fui estudar no colégio da cidade, descobri a biblioteca. Foi um impacto tremendo. Fui um dos alunos que mais pegava livros. Eu lia muita porcaria da Disney, mas ao mesmo tempo, Maurício de Sousa - Horácio, Astronauta, Piteco. Na época, tava sendo alfabetizado e tinha fissuras por aprender pra ler os gibis. Então me esforcei muito e a minha mãe me ensinou. Nesse colégio eu fiz o 3º e 4º ano e aí eu fui pro ginásio. Eu me lembro que tinha um professor de português que era muito ligado na literatura. Um dia ele levou um toca-discos pra colocar um poeta lá de Cataguases: Henrique de Resende. Às vezes essas pequenas coisas marcam o aluno pra...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

Projeto Memória Oral Museu da Pessoa

Entrevista de José Santos Matos

Entrevistado por: Jonas Samaúma

São Paulo, 30 de outubro de 2022

Código da entrevista: MUPE_HV001

Revisado por: Nataniel Torres

P - José, gostaria de agradecer por esse momento histórico, né? Fazer a entrevista no dia 30 de outubro. Gostaria que você começasse falando seu nome, local e data de nascimento.

R – Então, meu nome é José Santos Matos. Eu nasci no dia 30 de outubro de 1959, fazendo hoje 63 anos. Eu sou mineiro de Santana do Deserto. Santana do Deserto é uma cidadezinha que tem 4000 mil habitantes atualmente na fronteira com Minas Gerais e perto de Três Rios, no estado do Rio, e um pouco mais longe de Minas e de Juiz de Fora, então essas são as coordenadas geográficas.

P - Queria te perguntar, qual é a primeira lembrança que você tem nessa vida?

R - Então eu tenho uma primeira lembrança mesmo que é o seguinte, quando eu morava em Santana do Deserto, não sei se eu tava num berço ou num cercadinho porque eu já me já dava, mas eu estava nesse cercadinho e eu tinha uma bola que os meus pais me deram, uma bola com letras e números. Então eu tinha o que? Um ano e meio, talvez, mas eu lembro disso claramente de tá ali brincando e perto da porta tá o meu pai e minha mãe me olhando e essa é a primeira lembrança. A minha mãe chamava-se Carmina dos Santos Matos, era professora primária e mineira de Juiz de Fora. Meu pai também era mineiro de Carangola, o Woodson Matos, e a família Matos era uma família grande em Carangola mas forasteira, e era difícil a integração deles porque eles eram espíritas e uma das poucas famílias espíritas numa cidade católica conservadora que era Carangola, e o meu avô era inspiradíssimo de dar nomes meio diferentes pros filhos, foram 13, 14 e o meu pai não era Hudson, como o rio que banha em Nova Iorque, era Woodson ‘W,O,O,D,S,O,N”, que é um trocadilho “filho de mato”, como ele era Matos. Então o nome...

Continuar leitura

Título: Pena que não vou estar na festa de 100 anos do Museu da Pessoa

Data: 30 de outubro de 2022

Local de produção: Brasil / São Paulo / São Paulo

Personagem: José Santos Matos
Entrevistador: Jonas Samaúma
Revisor: Nataniel Torres
Editor: Nataniel Torres
Vídeomaker: Ana Clara Munner
Autor: Museu da Pessoa

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

voltar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

    voltar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

      voltar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      voltar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.

      Receba novidades por e-mail:

      *Campos obrigatórios