Depoimento de Gustavo Kenji A. Yoshimoto
Entrevistado por Rafael Eduardo R. da Silva; Edson Alves Feitosa
São Paulo, 29 de maio de 2018
Entrevista número MET_HV05
Realização: Museu da Pessoa
P/2 - Gustavo, para começar eu gostaria que você dissesse seu nome completo, data e local de nascimento.
R - Meu nome completo é Gustavo Kenji Alves Yoshimoto, eu nasci no dia seis de novembro de 1995, no bairro paulistano do Campo Belo, São Paulo capital.
P/2 - Então, antes de entrar propriamente na sua história, o que você sabe sobre a origem da sua família? Por exemplo, fale um pouco de seus avós maternos e paternos.
R - Eu sei que eu tenho origens... o meu sobrenome, Alves, tem provável origem portuguesa, já que Alves é um nome que, a princípio, é português e eu tenho ascendência japonesa pelo meu sobrenome, Yoshimoto, que é de origem japonesa. Acredito que meus avós vieram do Japão no começo do século passado para o Brasil e se instalaram no interior de São Paulo, na região de Araraquara. E a família da minha mãe é de Minas Gerais, do sul do estado.
P/2 - E qual é o nome do seu pai e da sua mãe? Você sabe como eles se conheceram?
R - O nome dos meus pais são Jorge e Marlene. Eles se conheceram em Minas Gerais na década de 80, durante um passeio que meu pai fez para lá. Na época, minha mãe morava no interior de Minas e ele viajou para lá, para conhecer e passear.
P/2 - Você tem irmãos?
R - Não, eu sou filho único.
P/2 - E você podia descrever um pouco a rua e o bairro onde você cresceu, quando você era criança?
R - Eu sempre morei no bairro do Ipiranga, em uma região bem tranquila, eu sempre tive bastante amigos, gosto bastante do meu bairro.
P/2 - E da sua casa, você se lembra?
R - Lembro.
P/2 - Você mora na mesma casa desde aquela época?
R - Desde que eu nasci, então há 21 anos.
P/2 - E quais eram suas brincadeiras favoritas?
R - Eu sempre gostei de correr bastante, de brincar bastante.
P/2 - E como foi sua experiência na escola? Onde você estudou?
R - Eu estudei a maior parte do tempo no Colégio São Francisco Xavier, minha mãe me levou lá para conhecer um dia e eu estudei 12 anos da minha vida lá, desde que eu comecei no pré até o terceiro ano. E lá eu tive várias experiências muito legais, eu gostava muito de todos os meus professores, é um colégio que me proporcionou uma formação única ao longo dos anos.
P/2 - Tem alguma lembrança marcante dessa época que você quer contar para a gente?
R - Por exemplo, eu lembro bastante dos meus colegas. Hoje em dia muitos deles estão formados ou estão se formando na faculdade, foram muitas lembranças inesquecíveis, de experiência no colégio.
P/2 - Você ainda tem amigos dessa época?
R - Tenho bastante, ainda converso com muitos deles. Hoje em dia a gente tem as redes sócias também, que mantêm o contato entre as pessoas.
P/2 - E quando você saiu do colégio, você continuou estudando?
R - Sim, depois eu fiz um cursinho pré-vestibular e hoje em dia eu estudo na Universidade Federal do ABC, em Santo André e faço curso de ciência e tecnologia. Eu não pretendo parar de estudar até me formar, a minha meta é concluir a graduação.
P/2 - E qual foi seu primeiro emprego? Foi no metrô?
R - Foi. Eu senti muita vontade de começar a trabalhar, foi no ano de 2014. Eu entrei, na época eu tinha acabado de me formar no colégio e eu estava sem emprego, estava ocioso e comecei a fazer o cursinho pré-vestibular. Uma vez, por ironia do destino, eu estava entrando no metrô e encontrei uma amiga minha e ela me falou sobre o metrô. Metrô não. Ela me falou que já estava trabalhando e eu tinha feito concurso para admissão do metrô de São Paulo e passei no concurso, o metrô me chamou para trabalhar e passei a trabalhar, desde julho de 2014 até a presente data.
P/2 - Então, antes de entrar no metrô como empregado, você já andava de metrô? Já era usuário?
R - Eu ando de metrô desde 2001, quando minha mãe me levou pela primeira vez na linha dois Verde. Na época ela ia só de (Ana Rosa) [00:06:36] até Vila Madalena, é um ramal pequeno e eu sempre tinha vontade de andar de metrô, eu falava assim: “mãe, vamos andar de metrô” eu chamava minha mãe sempre para andar de metrô. E muitas vezes a minha mãe atendia a minha vontade e eu andava de metrô.
P/2 - E o que você sabe do metrô antes de entrar para empresa?
R - Eu sabia de todas as linhas, as frotas que eram utilizadas no metrô de São Paulo de A até P, atualmente o metrô usa letras para identificar cada frota, de A até P. Atualmente vai doer porque as frotas A, C e D foram extintas já e eu já sabia de bastante coisas sobre o metrô. Sabia as linhas, o destino delas, que a linha Azul vai do Jabaquara ao Tucuruvi ou que a linha Vermelha vai de Itaquera a Barra Funda ou que a linha Verde é um ramal da linha um Azul que passava sobre a Avenida Paulista e etc. Eu sabia de bastante coisa, eu fui pesquisando na internet, em fóruns, com pessoas para ampliar os meus conhecimentos sobre o metrô e saber mais. Eu sempre tive uma vontade muito forte de saber como é que funciona a área operacional e conhecer o metrô, de conhecer o CCO. Eu lembro que em 2007 eu visitei o CCO do metrô, eu andei na cabine entre Alto do Ipiranga e Ana Rosa, o metrô fez os programas e eu fui.
P/2 - Então, em 2007 você participou do programa de visitas do metrô?
R - Visitei.
P/2 - Como foi essa visita?
R - Foi excelente. Os funcionários do metrô foram nota dez, explicaram direitinho como é funcionamento do metrô. Assim como muitas crianças também tinham interesse de saber como o metrô funciona, como que é a cabine, o funcionamento, toda criança tem aquela curiosidade de ver o operador passando com a cabine lá e como funciona o metrô, como que o operador trabalha, como é o trabalho de cada um, o que eles têm que fazer na estação para manter aquele metrô funcionando todos os dias, rodar.
P/2 - E o que fez você querer entrar para trabalhar no metrô?
R - Eu sempre tive muito interesse em trabalhar no metrô e saber, eu tinha um sonho de trabalhar na operação. Quando eu era criança eu queria sempre guiar os trens, a cabine dos trens e eu tive uma vantagem de conseguir entrar na cabine, já consegui entrar algumas vezes na cabine da extinta frota A que é a Budd Mafersa e a frota E, que é conhecida como Alstom Milênio e eu tive o prazer de conhecer a cabine desses dois trens e o operadora me explicou como que funciona, a funcionalidade do metrô e tudo, como ele faz para abrir e fechar a porta por exemplo, que o metrô é controlado em sistema de ato, as modalidades que funciona. Eu lembro até que eu recebi um livrinho na época, explicando por exemplo que o metrô pode ser operado em várias modalidades diferentes, de acordo com a necessidade. O metrô pode rodar em automático, semiautomático ou manual, dependendo da necessidade. E atualmente tem o sistema mais tecnológico, o CBTC, que das linhas geridas pelo metrô está em operação apenas na linha dois Verde, na linha cinco Lilás e na linha 15 Prata, que é o monotrilho.
P/2 - Então, você entrou no metrô em 2014, como foi sua recepção? Como foram seus primeiros dias?
R - Ótimos, excelente, muitos bons. Foi uma recepção muito calorosa, eu tenho amigos excelentes, equipe excelente a que eu trabalho, são pessoas maravilhosas. É um ambiente que me dá vontade, me dá prazer de trabalhar e estar naquele ambiente todos os dias com os amigos, a gente trabalha e também se diverte, brinca, tem os momentos em que a gente dá risada. Isso é muito bom no ambiente de trabalho porque tendo em vista, por exemplo, que as pessoas hoje em dia... isso evita que o ambiente seja uma coisa estressante e isso faz bem para nossa saúde, contribui para uma boa qualidade de vida e outras coisas muito boas. É um ambiente muito agradável de se trabalhar e me dá muito prazer estar lá todos os dias, viver uma experiência, uma aventura nova a cada dia. Eu vejo como se fosse um capítulo diferente, como se fosse um capítulo de um livro diferente cada dia lá e as vezes a gente se diverte, em vários momentos. Por exemplo, já aconteceram muitas situações engraçadas, situações divertidas, a gente ri bastante, a gente se diverte bastante no ambiente. Obviamente, também, a gente trabalha bastante, cumpre as metas e o que é necessário para manter o metrô e para manter o bom funcionamento, a gente cumpre as tarefas diárias.
P/2 - Quem foi um dos seus colegas de trabalho que você lembra que foi um dos primeiros que você conheceu? Que te cumprimentou, te recebeu na sua área?
R - Eu lembro que foi um amigo meu, que eu trabalho com ele, o nome dele é Augusto. Ele me recepcionou e foi uma das primeiras pessoas com quem eu tive contato. Também tive contato com a minha chefe, ela foi a primeira pessoa a me apresentar aquele ambiente, Lúcia.
P/2 - E desde então, qual função você desempenha no metrô?
R - Eu desempenho a função de auxiliar administrativo, na área administrativa. Trabalho em um grupo que atualmente está em nove pessoas, três pessoas saíram recentemente por causa do PDV e as pessoas também ajudaram bastante a eu estar lá.
P/2 - Então, teve colegas de trabalho seus que participaram do PDV?
R - Sim.
P/2 - E como foi essa saída? Eles te ensinaram o trabalho antes de saírem? Como foi essa despedida?
R - Sim, eles me ajudaram. Eu trabalhava no cadastro com três pessoas, que é o Augusto, a (Mailda) [00:14:42] e a Luiza Maria e eles sempre me ajudaram bastante no núcleo do cadastro, a ser o que eu sou.
P/2 - Algum deles saiu no PDV?
R - Sim
P/2 - Quem que saiu?
R - Foi a Mailda.
P/2 - E ela fazia a função que você faz hoje?
R - Fazia, ela fazia o cadastramento de empresas e é uma pessoa que eu tenho saudade, eu tenho saudade de todas as pessoas que saíram do metrô. Elas me ajudaram bastante.
P/2 - Esse pessoal que saiu, eles contam como que a empresa era antes de você entrar lá?
R - Sim, eles me contam bastante histórias, como que funcionava. É lógico que com o passar do tempo o metrô foi se transformando, por exemplo, foi tendo coisas mais novas, mais tecnológicas e eu fui aprendendo. Eu sou funcionário que eu considero mais moderno, até porque eu sou um funcionário mais novo, de uma geração mais nova. De todos os funcionários lá eu sou o mais novo.
P/2 - E qual a diferença que você vê entre os funcionários mais novos, como você falou, modernos e os mais antigos?
R - A diferença é que os mais antigos eles têm mais tempo de experiência e obviamente terão uma história maior para contar. Como eu sou um funcionário mais novo e tenho menos tempo de trabalho, eu não conhecia muitas histórias.
P/2 - Você entrou no metrô durante ou logo depois de um evento de Copa do Mundo, tinha acabado de acontecer, não é?
R - Sim, eu entrei após poucos dias que eu duvido que alguém se esqueça, que infelizmente vai ficar marcado na história de cada brasileiro, que foi o sete a um da Alemanha. Eu entrei exatamente dez dias após o sete a um.
P/2 - E como era o clima na empresa quando você chegou? As pessoas ainda comentavam da Copa?
R - Não, ninguém comentava da Copa.
P/2 - E aqui no metrô, você lembra como o metrô participou da Copa do Mundo?
R - Não, porque eu ainda não era empregado do metrô na época que houve a Copa, então não sei o que aconteceu antes. Eu entrei depois, então esse capítulo não faz parte da minha história no metrô.
P/2 - E no mesmo ano que você entrou no metrô houve a inauguração do monotrilho.
R - Eu visitei a inauguração do monotrilho, minha mãe também quis visitar naquele ano de 2014, disso eu lembro, eu fui no primeiro dia.
P/2 - Conta para nós um pouquinho.
R - Foi uma experiência única, estar ali naquele monotrilho no primeiro dia, eu sempre gostei de participar das inaugurações do metrô e esse monotrilho vai transportar muitas pessoas para o extremo leste de São Paulo, ele vai ser muito importante para atender bairros como São Lucas, São Mateus, Sapopemba, Cidade Tiradentes futuramente, Iguatemi, que são regiões muito populosas. A nossa cidade precisa muito do sistema do metrô, grandes metrópoles do mundo investem nesse transporte. Tendo em vista o recente e atual acontecimento da greve dos caminhoneiros, se faz a necessidade ainda maior de ter um investimento ainda maior no transporte ferroviário. E a gente nota que todas as linhas, Amarela; Azul; Lilás; Prata estão transportando 100% o pessoal e são usadas como alternativas. E além disso, pela redução de tempo e pela melhora da qualidade de vida da população. Eu lembro que eu vi um vídeo na década de 90 que mostrava a estação Santana antes da inauguração do Tucuruvi, a estação Tucuruvi foi inaugurada em abril de 98 e completou 20 anos de operação recentemente, ela ajudou muito a população que mora na região de Guarulhos, do próprio Tucuruvi e do extremo norte da capital.
P/2 - Esse dia que você visitou a inauguração do monotrilho, você lembra das pessoas?
R - Lembro dos operadores.
P/2 - Como as pessoas estavam naquele dia? Foi um dia de alegria, de festa?
R - As pessoas estavam muito entusiasmadas para conhecer aquele novo modal e o monotrilho, por muito tempo, virou atração turística. O pessoal queria saber como funcionava. O monotrilho é um sistema totalmente moderno, é um monotrilho automatizado, com portas de plataforma que abrem e fecham e controlado por computadores, ele funciona CBTC e o comando que vai lento. É um sistema totalmente automatizado que opera tudo, portas, aceleração, frenagem e os operadores, os funcionários que estão lá na linha 15 Prata me explicaram, os metroviários da linha 15, como que funciona o sistema em termos de portas, equipamentos.
P/2 - E o que você sentiu quando você fez aquela primeira viagem entre Vila Prudente e o Oratório?
R - A primeira viagem entre Vila Prudente e Oratório eu fiquei na expectativa de como seria viajar no monotrilho, foi uma experiência única. Na época, por ser uma atração ainda assistida, e pelo fato de o monotrilho só operar no fim de semana na época, o monotrilho ainda por segurança operacional a uma velocidade menor, andava no máximo a 50 km/h. Atualmente a velocidade dele foi aumentada, já que o monotrilho está operando comercialmente nesse trecho e está operando de forma assistida entre as estações Oratório e Vila União e quando ele opera comercialmente, passa a operar já com a velocidade comercial, que é a velocidade normal já utilizada nas demais linhas do metrô. Embora por ser um monotrilho ele tenha uma característica obviamente diferente das outras frotas do metrô, que todos têm padrões técnicos.
P/2 - E o que você achou de diferente de andar no monotrilho e andar no metrô?
R - É uma sensação nova, primeiro o monotrilho é no alto, é elevado assim como a linha Azul na zona norte da capital, ali na região do Santana, ali o metrô passa por cima, na Avenida Cruzeiro do Sul.
P/2 - E você já andou de monotrilho depois da inauguração?
R - Já, algumas vezes. Mas mais para ver como que funciona o sistema e tudo.
P/2 - O metrô também, logo depois da sua entrada em 2014, intensificou a concessão de linhas.
R - Sim, isso é verdade.
P/2 - Como que você vê isso?
R - Me parece que a concessão de linhas... a primeira linha piloto do metrô foi a quatro Amarela e recentemente houve a concessão da linha cinco Lilás e da linha 17 Ouro. Pelo que eu já ouvi falar de um funcionário, os funcionários atualmente, da linha cinco Lilás, a linha 17 ainda não está em operação e ainda não tem gerência, são deslocados para a linha 15 Prata, para que seja possível a abertura de novas estações. O objetivo das concessões é repassar as linhas a um operador privado, é de certa forma, o que deu a entender até aí. Eu posso falar pouco desse assunto? Eu não gostaria de falar muito.
P/2 - Tudo bem, não tem problema. Como a implantação do SAP e do E-social, que são duas plataformas que o metrô está instalando agora na empresa, afetam o seu trabalho? Você teve contato com alguma das duas?
R - Já tive contato com o SAP, das plataformas. Porque o SAP faz parte do projeto de transformação e grande parte do meu serviço é pautado no SAP. E sobre o SAP, o que eu posso falar dele, é uma ferramenta nova e eu achei bacana porque é uma coisa nova, eu gosto de aprender coisas novas. É uma ferramenta que eu achei bacana de manusear, é uma coisa totalmente nova e é uma coisa que me fez introduzir conhecimento. O lado bom é que eu introduzi um conhecimento novo, uma ferramenta nova, dinâmica e é isso, eu aprendi coisas novas, como por exemplo transações, porque o SAP basicamente vai mexer mais com dinheiro e transações. Ele me fez introduzir muito conhecimento a respeito da área de transação, de como funciona o processo e esclarecer muitas coisas.
P/2 - Gustavo, você participou também das comemorações recentes dos 50 anos do metrô, não é?
R - Sim.
P/2 - Como foi a sua participação?
R - Eu gostaria de primeiramente de agradecer a Companhia do Metropolitano de São Paulo por ter tido essa oportunidade. O metrô de São Paulo fez um projeto (aplauso) [00:25:46] em algumas estações, eu escolhi a estação Jabaquara, por que eu escolhi esta estação? Porque ela foi justamente a primeira, ela é uma estação simbólica para o metrô porque foi a primeira estação não só do metrô de São Paulo, mas do Brasil. O sistema de metrô do Brasil nasceu ali e dali foi se expandido para outros bairros.
P/2 - E como que foi essa apresentação na estação Jabaquara?
R - Foi ótima, as pessoas passaram perguntando e a gente queria demonstrar uma forma de agradecimento ao usuário, que usa os nossos sistemas todos os dias e a gente precisava agradecer de alguma forma. A maneira que o metrô escolheu foi justamente os aplausos.
P/1 - Maracanã durante o projeto aplauso, o que você sentiu no meio daquele movimento das pessoas saindo dos trens e se encontrando com outras pessoas?
R - Foi uma experiência muito legal, muitas pessoas gostaram do evento, ficaram muito contentes porque essas a gente agradece que essas pessoas utilizem o metrô de São Paulo todos os dias, essas pessoas são a essência do metrô de São Paulo. Eu agradeço muito e sou muito grato de trabalhar na empresa e poder ajudar todo dia de alguma forma, direta ou indireta, os usuários a se deslocaram de norte a sul ou de leste a oeste. As pessoas usam o metrô para ir para a faculdade, para ir no médico, para ir no casamento, usam metrô para tudo aqui em São Paulo e o metrô reduz tempo. Por exemplo, do metrô é possível você ir do Jabaquara ao Tucuruvi em menos de uma hora, uma coisa que você não faz de ônibus, muito difícil fazer de carro. Imagine só a Cruzeiro do Sul ou a Tiradentes parada no horário de pico, de metrô você faz rapidinho. E as pessoas as vezes vão para o trabalho, para estudar, para as coisas mais simples ou para passear também, para namorar e etc. Isso é muito bom e eu fico muito feliz ao ver que as pessoas estão passando, por exemplo, uma pessoa que vai curtir uma viagem na praia, a pessoa vai todo fim de semana até à praia, vai tomar um banho de mar, vai ter essa experiência legal e ela vai passar pelo metrô para se deslocar por exemplo, até a rodoviária do Jabaquara ou do Tietê para pegar o ônibus. A pessoa vai se deslocar para o seu passei e o metrô está ali presente para ajudar as pessoas em todos os momentos e fazer com que a pessoa se desloque mais rápido e chegue mais rápido ao seu destino. Eu uso o metrô quase todos os dias e facilita – e muito – os meus deslocamentos. E graças ao metrô eu sequer dependo do deslocamento, por exemplo, se eu quiser chegar na Avenida Paulista é 20 minutos de metrô. O que eu acho apenas é que infelizmente a nossa malha metroviária é muito pequena, muitos bairros populosos como a Brasilândia, ainda não são atendidos pelo metrô. E é um transporte muito importante. Há projetos e também construções, como por exemplo, o metrô está sendo construído em São Mateus e com previsão de inaugurar em breve e eu gostaria que fosse, para que a gente pudesse ter uma grande malha metroviária no município de São Paulo.
P/2 - E preparação para o dia 24, do projeto aplauso, houveram vários ensaios.
R - Sim, na (Easy Tech) [00:30:23] na Bela Vista. Eles prepararam a gente, nós tivemos que elaborar os cartazes e tudo e o escopo de como seria o projeto aplauso, como a gente ia ficar distribuído espacialmente nas estações. No meu caso eu escolhi a estação Jabaquara e Sé, a Jabaquara tem um tamanho pequeno e ali, para não ficar atrapalhando a passagem das pessoas, tivemos que nos posicionarmos. E nesses ensaios a gente viu isso.
P/2 - Como foi conhecer pessoas de outras áreas do metrô, que vieram da operação, da manutenção?
R - Foi uma experiência muito legal, aquilo foi o momento de compartilharmos o nosso conhecimento. Eu que tenho bastante interesse nessa área de operação e saber como que funciona o metrô, eu tive esse momento de perguntar como funciona, de saber como que funciona, inclusive eu já visitei as obras das linhas também, foi um momento único. Eu estive no final de 2015 na estação Brooklin, da linha cinco Lilás, que foi inaugurada, na época ela ainda estava em construção. O metrô abriu um programa de visitar e eu pude ir lá, na visita da estação Brooklin.
P/2 - Como foi essa visita?
R - Foi excelente, eu pude conhecer, os engenheiros e operários me explicaram como que funciona a obra do túnel, a linha, até onde ela vai atender.
P/2 - No dia 24, voltando ao projeto aplauso, teve aquela falha na linha um. Onde você estava naquele momento?
R - Eu estava no serviço, estava na São Bento ainda. No entanto, no momento da apresentação no Jabaquara eu já estava na estação, eu consegui fazer o deslocamento São Bento Jabaquara normalmente.
P/2 - Você conseguiu chegar lá
R - Consegui.
P/2 - E como os seus colegas, as pessoas que também estavam lá no projeto, reagiram a essa falha no dia de comemoração do metrô.
R - Isso é um assunto que eu prefiro deixar confidencial.
P/2 - Tudo bem.
P/1 - Você trabalha em que prédio do metrô hoje? Como é o processo para você chegar? Você vai caminhando até lá, você pega o metrô até uma certa estação e depois você caminha?
R - Na cidade dois.
P/1 - Fica no Boa Vista.
R - É.
P/1 - Como é para você esse acesso hoje àquela região, que passa por uma transformação?
R - É um acesso bem fácil, tem metrô, tem ônibus, tem bastante transporte ali.
P/1 - E você se sente confortável nesse processo?
R - Sim, é um local muito bom para trabalhar, justamente porque ali tem muitas opções de transporte, tem uma infraestrutura boa, uma boa variedade de restaurantes na região.
P/3 -Gustavo, você podia me descrever um dia do seu trabalho? Como funciona? Que horas que você entra, como é a sua rotina de trabalho?
R - Eu costumo chegar sempre às oito da manhã, ali lá eu começo meu trabalho e faço os trabalhos que vão aparecendo.
P/3 -O que?
R - Por exemplo, trabalhos de registros de fornecedores, cadastramento, eu mexo também com a bolsa eletrônica de compras, a BEC e as solicitações que vão mandando, pedindo para que eu faça.
P/1 - Além desse projeto, você também participou, digamos assim, do aposento do (A 35) [00:35:09].
R - O A 35 foi o trem pertencente à frota A e ele rodou por 44 anos na linha um Azul do metrô de São Paulo, embora essa frota tenha operado na linha três Vermelha, existe inclusive registros históricos do próprio metrô desse trem operando, de quando foi inaugurado em 1979, do letreiro (inint) [00:35:37]. Também já vi registros do Tatuapé, porque na época o metrô ainda não tinha a frota C e D que viriam a ser usadas futuramente nesse ramal, que foram fabricadas pela Cobrasma e Mafersa. São 47 trens, atualmente eles estão modernizados como as frotas K e L e por muito tempo a frota A operou na linha dois Verde, até o ano de 2010 quando, por motivos técnicos e por ventura da inauguração da estação Sacomã, a frota não poderia mais operar mais na linha. Mas essa frota prestou um serviço essencial para as seis linhas e o metrô quis fazer uma forma de agradecimento também a ela, que passou por todos os ramais, e aliás foi uma frota que por 35 anos, se não me engano, operou ininterruptamente e foi a única frota da linha um Azul. Foi uma frota amada por muitos usuários, por muito tempo, mas quando ela passou a ser uma frota mais antiga passou a ser mais odiada, principalmente por usuários mais calorentos que gostam mais do trem com ar condicionado. Então, tinha uma relação de amor e ódio com ela.
P/2 - E nesse dia você embarcou em qual estação?
R - Fui desde o começo da visita, claro, não poderia deixar de ir. O começo da visita foi na estação Paraíso e o trem, a partir dali, foi atendendo parada em todas as estações, até a estação Jabaquara.
P/2 - E como era cada parada?
R - Cada parada era um momento único, porque eu nunca mais ia andar naquele trem e eu ia sentir saudades dele. Daí o metrô fez essa viagem especial, uma viagem de despedida, que nunca mais ocorreria novamente. Foram centenas de pessoas no evento no Jabaquara e as pessoas puderam aproveitar esse momento na estação, foi único.
P/2 - Você conversou com algum dos outros presentes lá?
R - Conversei com um dos operadores.
P/2 - E como foi? O que ele falou? Contou alguma história?
R - Ele me falou de como eles fizeram a despedida, como organizaram tudo.
P/2 - Como eles organizaram e fizeram?
R - Eles tiveram que arrumar e preparar o trem para estar em operação e ok, para poder circular na linha, porque se um trem apresenta defeito não pode circular naquele dia, o evento pode ser cancelado ou até mesmo adiado. Eles verificaram com todos os cuidados mínimos, o pessoal da operação e manutenção, para pôr esse trem de forma segura na linha. Não foi uma coisa fácil, engana-se quem pensa que foi uma coisa fácil e o operador alinhou cuidadosamente, com cautela, na estação Paraíso. A viagem foi ótima, o trem rodou normalmente de Paraíso até Jabaquara, parando todas as estações nesse trecho e atendendo normalmente. E as pessoas ali entravam naquele trem, ele transportou normalmente. No dia seguinte esse trem voltou a operar, mais uma vez, para auxiliar no horário de pico da operação, para auxiliar mais um dia de serviço e no último momento, foi visto que aquela seria a última viagem. Esse trem teve viagens com a imprensa, teve viagens com o pessoal, com os passageiros, entusiastas, blogueiros, fãs do sistema, com todo mundo para despedir daquele momento e ser enviado para a modernização, para (bomba G) [00:40:26] em Hortolândia, onde ele está sendo transformado no J 35. Ele vai voltar totalmente moderno, com ar condicionado e de cara nova. Recentemente os funcionários fizeram uma réplica dele que está exposta na estação Sé, com todos os elementos que ele possuía. O ventilador, a cabine, os bancos originais, a porta e outros itens que foram pegos na manutenção para aquela réplica. E é uma réplica muito interessante, que na minha opinião devia ser armazenada em algum museu, assim como o carro da frota um e 100 e se despediu esse fim de semana na linha sete Rubi, após de 60 anos de operação nas linhas sete Rubi e dez Turquesa. Ele fez sua última viagem no trecho inteiro da linha, que compreende as estações Luz aqui no centro de São Paulo, até a estação de Jundiaí, passando por vários municípios, como Campo Limpo Paulista, Franco da Rocha, Caieiros, Francisco Morato, (inint) [00:41:46] Paulista, e a capital também, servindo à população da região noroeste. Ele serviu também às populações dessas regiões, serviu por muito tempo e a frota A transportou milhões, até bilhões de pessoas, assim como a frota um e 100, foram trens que por muito serviram à população. E para fazer esse momento especial, a CPTM e o Metrô decidiram fazer esse momento de despedida desse dia.
P/3 -Como você faz a sua pesquisa sobre o metrô? A gente vê que você gosta muito, tem um grande interesse.
R - Eu tenho.
P/3 -Como é que começou? Quando é que começou? Você lembra a idade que você tinha quando começou a se interessar? E como é que você pesquisa?
R - Eu comecei a me interessar pelo metrô quando eu conheci a primeira vez aquele transporte. Quando era criança, eu fui pela primeira vez, pelo que eu me lembro da minha memória, fui ao Hospital das Clínicas, foi quando eu usei pela primeira vez o metrô. Só que como era mais rápido ir de metrô porque ia rapidinho por baixo da Avenida Paulista, em menos de dez minutos eu fazia esse percurso. Começando na estação de Ana Rosa e indo até a Clínicas, aí eu ouvia a mulher falando: “estação Brigadeiro”, “estação Constelação” até chegar no meu destino: “estação Clínicas”. Foi ali que eu conheci o metrô e eu tive o primeiro contato.
P/3 -Com os seus pais?
R - Sim, meus pais me levaram para andar de metrô pela primeira vez, na então frotas E e A, que na época rodavam na linha dois Verde, que eu me lembre, o Alstom Milênio e os Budd, que eram os trens fabricados pela Mafersa.
P/2 - E você pelo jeito é um entusiasta do metrô.
R - Eu sou um entusiasta.
P/2 - Isso tinha relação com as brincadeiras que você fazia quando você fazia quando era criança? Você era um fã de ferrorama? Você tinha trens de brinquedo?
R - Eu me lembro que eu ganhei quando era pequeno, dos meu pais, um ferrorama e eu sempre gostei de ter. Não sei se teve alguma relação direta, acredito que teve sim, foi dessa forma que eu passei a gostar do metrô. Eu tinha muito interesse em metrô, tinha e tenho e eu gostava de brincar com o ferrorama, eu construía as linhas. Às vezes eu até brincava com aquele trenzinho do Mickey Mouse que vinha dentro do ovo de páscoa e do chocolate, eu fingia que era o trem do metrô de São Paulo, fingia que era o Budd da linha um, o Alstom Milênio. Até as vezes se bobear com as caixinhas de pasta de dente, fingia que era uma composição do metrô de São Paulo. Inclusive uma amiga minha me deu de presente uma miniatura do trem Alstom Milênio e do monotrilho da linha 15, também até dei de presente para uma amiga minha o Alstom Milênio e ela gostou bastante. Eu conheço cada trem por frota, inclusive eu já montei maquetes da frota A, da frota G e aí eu passei a estudar frotas do metrô de São Paulo, como que o metrô funciona. E não só metrô, também tem a linha quatro Amarela, que embora seja uma linha operada pela concessionária, ela também faz parte do metrô e não podemos esquecer dela. Assim como as outras linhas, é uma linha de metrô e está lá para servir como todas as outras linhas, é uma linha muito importante. Não existe esse negócio de linha inútil, estação inútil. O metrô projeta minuciosamente cada estação, uma Jardim São Paulo por exemplo, não aparece ali ao acaso. Houve um estudo antes de construí-la, cada estação tem uma finalidade, por exemplo as estações como Céu, Chácara Klabin, Paraíso, Ana Rosa têm grande finalidade, foram minuciosamente projetadas para serem estações de integração. Vila Madalena ou Tucuruvi, Jabaquara, por exemplo, a Itaquera, foram projetadas para serem terminais, assim como a Barra Funda, por exemplo. O metrô projetou minuciosamente, fez um estudo de demanda para que pudesse chegar aqui, ali naquela região, o metrô fez muitos estudos.
P/2 - Você está falando sobre estudos, Gustavo, você falou também que você estuda o metrô, não é? Como você faz esse estudo? É só através da internet, você tem outros amigos que gostam disso?
R - Através da internet também, de fóruns, um deles é o SSC, que é um fórum que eles discutem sobre metrôs e trens e eu aprendo muita coisa lá com os foristas, aprendo.
P/2 - E você é membro do SSC desde?
R - Ainda não.
P/2 - Você ainda não é membro?
R - Pretendo ser, futuramente.
P/2 - Você, recentemente, também foi à inauguração da linha 13 Jade, é isso?
R - Fui.
P/2 - Como é que foi esse dia?
R - Foi muito bom, foi muito legal. Eu estive na inauguração da linha 13 Jade e foi uma experiência única.
P/2 - Essa linha atende qual parte da população?
R - Ela atende uma parte de uma população que já esperava há muito tempo, a população de Guarulhos. A cidade de Guarulhos até então não contava com essa linha, a população esperava pela chegada desse transporte, é uma reinvindicação da população guarulhense e vai atender muitos usuários. A estimativa, se não me engano, é que ela atenda cerca de 100 mil pessoas, além de atender o aeroporto, o que é muito importante, que o transporte ferroviário chegue aos aeroportos de São Paulo. É o aeroporto mais movimentando do país, o Aeroporto Internacional de Guarulhos, também conhecido como Cumbica.
P/2 - Gustavo, você já tem agora quatro anos de metrô, qual momento foi o mais marcante para você dentro da empresa?
R - O momento mais marcante... são vários.
P/2 - Pode falar todos eles.
R - Teria que descrever, foram coisas muito legais, engraças. Por exemplo, quando eu ganhei o presente de aniversário, os momentos do aniversário em que a gente canta parabéns, faz o bolo e comemora com os amigos, todo mundo contente, alegre, contando histórias engraçadas, tudo o que aconteceu.
P/3 -E pensando no futuro, após a sua formação, como você se vê dentro do metrô daqui a alguns anos? Dez anos?
R - Eu pretendo (estar) [00:49:48] bastante tempo ainda, por muito tempo e gostaria de ficar muito tempo.
P/3 -E o que você gostaria de fazer lá? Onde você gostaria de chegar, trabalhando lá?
R - Eu gostaria de ampliar meu conhecimento com novas ferramentas. Eu sou uma pessoa muito curiosa, eu pergunto por tudo, eu tenho uma curiosidade muito grande de saber como um serviço funciona, hoje mesmo por exemplo eu perguntei para um amigo meu como funcionava um serviço X, os pregões eletrônicos. Mas eu já perguntei como funciona tal coisa, porque um espaço está ali, eu sempre tive essa curiosidade, um shopping do metrô por exemplo, como que um shopping aparece ali, como que as pessoas colocam suas lojinhas ali? Como que funciona o metrô como um todo, como que funciona a operação? Como o metrô se desloca? Saber sobre as coisas do metrô.
P/3 -Gustavo, deixa eu te fazer uma pergunta. O metrô desde que você entrou, ele investe na sua formação ali dentro? Ele proporciona treinamento?
R - Sim.
P/3 -Ele te proporciona contato com várias áreas?
R - Sim.
P/3 -Então, conta um para a gente.
R - Até porque o meu trabalho depende... tem um elo com várias áreas e várias áreas dependem do que a gente produz lá no nosso setor, por exemplo, desde a construção de uma estação de metrô passa por nós, a abertura de uma estação, o que essa estação vai precisar, uma lojinha que foi aberta no metrô e outras coisas.
P/3 -E pessoalmente o que você já teve? Que você vê como um investimento, um treinamento.
R - Alguns cursos que foram feitos para poder construir um conhecimento de um determinado serviço. O próprio SAP, como eu já mencionei aqui, foi uma espécie de treinamento, foi uma ferramenta que eu pude ver e é uma ferramenta que interliga outros setores. O SAP é muito importante para o metrô.
P/3 -Você pode me explicar? Porque eu não sou do metrô.
R - O SAP é uma ferramenta usada em várias empresas pelo mundo já e me parece que o foco dele é mexer com transação, dinheiro, essas coisas, informações contábeis, fiscais, financeiras. E é uma ferramenta nova que foi desenvolvida para, aparentemente, unificar tudo, para simplificar tudo. É uma ferramenta bacana de se aprender. Meus colegas mais antigos, por exemplo, já mexiam com vários sistemas antigos como o MS-DOS, programas que foram desenvolvidos pelo setor de informática do metrô para uma determinada função, por programadores. Os programadores têm esse papel de fazer programas em códigos, coisa em Java, em (C) [00:53:20], em outras linguagens de programação. Esse programa é usado como ferramenta, imprescindível para o trabalho de cada setor e tem muitos setores que são interligados.
P/2 - Gustavo, as pessoas que saíram do metrô, PDV ou que saíram por outros motivos, o que elas deixaram para você?
R - Me deixaram muito conhecimento, me deixaram saudade, obviamente, mas me permitiram muito conhecimento, são pessoas super legais e eu entendo que muitas delas usaram também como objetivo de conquistar um sonho, objetivo de carreira que elas tinham até então. E no caso do meu setor, a maioria das pessoas tinham entre 30 a 40 anos, já tinham um bom tempo de casa e já planejavam o futuro delas. O PDV foi uma alternativa que elas buscaram para poderem sair da empresa e poder alcançar novos planos na vida. Essas pessoas estão fazendo novos planos, novos rumos e eu posso dizer até que o PDV, na minha opinião, atingiu os objetivos que ele queria, o foco. O PDV (inint) [00:55:04] essas pessoas, e foi visto como um a alternativa.
P/2 - E com essas pessoas saindo e pessoas novas igual você, chegando, qual você acha que é o maior desafio da sua área hoje?
R - Uma empresa, inevitavelmente vai renovar o seu quadro de funcionários, uma hora os funcionários mais antigos vão deixar sim, vão aproveitar a vida, o momento, vão passar. Inclusive, pessoas que conseguiram abrir um novo negócio por exemplo, que estão procurando se aprofundar no campo profissional ou que estão aproveitando a vida com viagens, felicidades. As pessoas aproveitam esse momento da vida. E as pessoas novas também vão ter muito que aprender e passar pelos momentos que as pessoas mais antigas já passaram, eu ainda sou uma pessoa nova e ainda tenho relativamente pouco para falar, mas eu tenho certeza que uma pessoa mais antiga vai ter bastante coisa, experiência para transmitir, elas transmitiram esse conhecimento para as pessoas mais novas transmitirem. A geração mais nova adquire o conhecimento da geração mais antiga e vai se aperfeiçoar profissionalmente, vai ganhar uma experiência de trabalho, vai aprofundar os seus conhecimentos, vai conhecer mais.
P/2 - E o que você espera fazer com esse conhecimento que você vai adquirir, com o que você está aprendendo.
R - Eu pretendo, futuramente, fazer o mesmo que as pessoas mais antigas, esse conhecimento foi passado. É como se fosse um conhecimento de escola, que é passado de geração para geração, um conhecimento de pai para filho. De tataravô a bisavô a avô a pai e filho e as futuras gerações, de transmitir aquilo que eu conheço para as próximas gerações, eu aproveito para agradecer bastante a essas pessoas, por terem me transmitido esse conhecimento ao longo dos anos.
P/2 - Mas e do seu futuro, para você, o que você espera que esse conhecimento te traga?
R - Que ele possa aprimorar o conhecimento que eu já tenho e também da minha formação acadêmica, ajudar em bastante coisa, ter ideias para o futuro e como eu posso ser no futuro.
P/2 - Quais ideias você tem para o futuro?
R - Por exemplo, me formar na faculdade, fazer as etapas de pós-graduação, um mestrado e doutorado. Isso é um ponto importante que você falou, porque eu conheço pessoas com doutorado que também têm conhecimento e que me ajudam imprescindivelmente no meu serviço, que me dão ajuda naquilo que eu não sei. E a isso eu sou muito grato, claro. Agradecer essas pessoas por transmitirem esse conhecimento.
P/2 - Você já pensa o que você quer pesquisar na sua vida acadêmica? Qual área que você se interessa?
R - Eu já cheguei a pensar e já cheguei a desenhar um traço, mas ainda não tem nada concreto.
P/2 - Quer contar para a gente o que você pensou?
R - Por exemplo, no TCC futuramente... esses dias eu estava até discutindo com um colega meu que está quase se formando na faculdade e que já está no TCC, do meu futuro TCC e ideia para ele, eu até pedi para ver o TCC desse colega meu.
P/2 - E qual ideia que você teve para o seu futuro TCC?
R - Por exemplo, o TCC dele é sobre transportes e eu achei uma ideia bacana, pode ser uma ideia bacana, mas pode ser que venham outras ideias ao longo do tempo. Ainda tem muito tempo e até lá, talvez quem sabe, eu tenha uma nova ideia, mas eu gostaria de fazer um TCC com originalidade, com as minhas próprias ideias. Não uma coisa clichê, mas uma coisa original e eu acho, inclusive, que as pessoas devem buscar sempre pela originalidade. Não tentar ser clichê em tudo, por exemplo, ter as mesmas opiniões, falar assim: “minha vizinha pensa isso eu também vou pensar igual”, não. Isso não existe em lugar nenhum, porque a sua vizinha é a sua vizinha, você é você, você é uma pessoa original e as pessoas devem buscar pela originalidade, ser aquilo que elas são. Eu sou uma pessoa que procuro ser original ao máximo, ter uma originalidade.
P/2 - E você aplica isso no seu trabalho? Nos seus estudos?
R - Na vida. Por exemplo, opiniões a respeito de política, pensamento político, espectro, as pessoas têm que ter opinião, isso é muito importante para que as pessoas desenvolvam uma boa redação. É muito comum nos vestibulares e concursos públicos pedirem para você fazer o emprego de um texto dissertativo-argumentativo, que é uma dissertação de no máximo 30 linhas. O grande desafio é que a pessoa exponha claramente o seu ponto de vista com coerência, coesão e originalidade também, a pessoa tem que pensar nisso.
P/2 - Mas estou falando na sua vida, agora. A originalidade, você citou por exemplo a política, o seu trabalho, o seu estudo, o que você é?
R - Eu vou resumir com palavras, em meus pensamentos próprios e o meu estilo de vida próprio de ser. Eu sou aquela pessoa porque eu sou uma pessoa original e isso.
P/2 - Qual a importância do metrô na sua vida, Gustavo?
R - O metrô tem bastante importância na minha vida porque é uma empresa onde eu trabalho e com o trabalho, obviamente é a empresa que vai me remunerar pelos meus serviços prestados, mas vai muito além disso porque não é só isso, isso ainda é muito pouco. Tem também a questão dos amigos, não é só a questão do dinheiro, as pessoas hoje em dia só querem fazer as carreiras mais disputadas, medicina e engenharia. Você pode ver nas relações de concorrência por vaga, que são as mais procuradas. As pessoas hoje em dia pensam só dinheiro, mas as pessoas também precisam pensar que o dinheiro vem do lado profissional da pessoa, isso é, do que ela vai fazer daquilo. Eu particularmente, uma opinião minha é de que as pessoas precisam pensar também do lado profissional, afinal o dinheiro vem do serviço profissional, isso é, dos méritos que a pessoa teve na empresa. E o mérito para mim é uma questão de atitude que a pessoa vai ter ao longo da vida. Todos nós sempre temos um pouco de mérito.
P/2 - Você tocou muito em como o metrô é importante para você não só na questão de remuneração.
R - Na questão profissional também, de amigos.
P/2 - Então, eu queria perguntar assim, como você acha que o metrô trata a questão da inclusão e da diversidade dentro da empresa?
R - Eu particularmente acho que o Metrô é uma empresa que tem muitas pessoas capacitadas para receber essas pessoas, pelo menos de minha experiência de vida eu fui super bem recebido, tudo o que eu precisei me deram, não tenho nada a reclamar, eu sou muito grato, agradeço bastante a tudo que eu tenho. Foi uma experiência muito boa, eu ingressei lá e rapidamente me enturmei com os meus amigos, que eu inclusive considero amigos. Conheci estagiários, diferentes experiências de vida por exemplo, pessoas que estavam se formando na faculdade e que também puderam ter o metrô como uma experiência de trabalho e que gostara de ter essa experiência, de poder trabalhar. É uma forma muito bacana esse programa de estágio, porque as pessoas ingressam no mercado de trabalho, serve como uma porta de entrada, a pessoa pode ter uma noção. Eu acho que o estágio é uma coisa muito importante e eu acho que nas universidades isso é muito bacana, que as universidades procurem que os alunos façam pelo menos um estágio ou elas possam interagir com a sua área porque isso vai ajudar na formação do profissional, futuramente.
P/2 - Gustavo, como você imagina o metrô daqui a 20 anos.
R - Eu imagino um metrô totalmente moderno, obviamente terão as atualizações tecnológicas, vai ser um metrô moderno, com trens supernovos, com ar condicionado, com recursos tecnológicos. Ao longo dos anos avançar conforme as tecnologias forem avançando. Antigamente a gente usava aqueles computadores gigantes para fazer o serviço, a internet era discada, tinha que dividir, o serviço durava bastante dias. Eu imagino que os serviços serão mais rápidos e menos burocráticos e vão ser os serviços que vão ser mais recentes e agradarão a população, mais eficientes. Não que não seja, é que também tinha a questão dos recursos tecnológicos, muitos recursos tecnológicos da minha vida antigamente, o negócio demorava. Antigamente tinha internet discada, que demorava para caramba para carregar as páginas e hoje a mesma página é carregada em questão de segundos. A página do Google por exemplo, um vídeo do YouTube que antigamente demorava muito para carregar, hoje pode ser carregado em questão de segundos.
P/2 - E no metrô, onde vai estar essa velocidade? Na velocidade dos trens, na velocidade de expansão?
R - Em trens eles estão implantando o CBTC, que é um sistema, que pelo que eu entendo, permite diminuir o intervalo. É um sistema que vem substituindo um sistema que já existia e tinha muito tempo, o ATC. Como tudo na vida, uns vão preferir o ATC e outros o CBTC, eu entendo a implantação do CBTC e a finalidade dele, que os objetivos e as metas são diminuir os intervalos dos trens, além de ser um sistema mais moderno tecnologicamente. Os trens, ao longo do tempo, foram se aprimorando. A frota A por exemplo, ela é a mais antiga e tinha equipamentos mais antigos, aí veio a frota B que nada mais é do que uma atualização tecnológica da frota A, pelo que eu já vi. A frota C que veio alguns anos depois, a D, E, F, G e partir da F passou a vir ar condicionados e cada frota teve um elemento novo, que inovou, algum elemento de novo que a antiga não possuía.
P/2 - E o J 35 vai estar rodando ainda?
R - J 35? A expectativa é em breve, quando ele voltar da manutenção.
P/2 - Não, estou falando daqui a 20 anos.
R - Até lá ele já vai estar rodando comercialmente em alguma linha, não me pergunte qual porque a operação do metrô é montada conforme a necessidade. Muitos usuários da linha dois Verde perguntam onde está aquele trem verdinho, você sabe qual que é o trem verdinho, sentem falta dele. E por que o trem verdinho está na linha Vermelha? “Porque sim, o metrô quis colocar lá”, não. Errou quem fala isso aí. O metrô não colocou a frota G lá por acaso, a frota G foi colocada lá por causa da questão da porta porque são trens que têm uma porta maior e que auxiliam no embarque e desembarque de passageiros no horário de pico. E foi feito um estudo, não é trivial para o metrô, porque se fosse assim o metrô colocava qualquer frota, se fosse como no senso comum. A frota K por exemplo estaria rodando na linha Lilás, a frota P na linha Azul, a frota C estaria na linha Verde, quando não é bem assim. O que eu sei é que os funcionários têm que passar por um treinamento para conhecer os componentes de cada trem e assim, poderem saber a respeito dos trens e etc.
P/2 - Você sonha em fazer essa migração da sua área para a operação?
R - Eu nunca cheguei a pensar nisso.
P/2 - Além da faculdade e do emprego no metrô, você tem alguma outra faculdade que você gosta de fazer? Um hobby?
R - Eu gosto bastante de viajar, eu fui recentemente para a praia, tomei um banho de mar gostoso. Eu gosto bastante de andar de bicicleta e passear nos lugares, eu não gosto é de ficar parado, eu gosto de andar bastante.
P/2 - Em algumas dessas viagens você já conheceu algum outro metrô?
R - Ainda não, só o de São Paulo e obviamente a CPTM.
P/2 - Tem algum sistema metroviário que você tenha interesse em conhecer? No mundo ou aqui no Brasil?
R - Eu sempre tive curiosidade de ver por exemplo, como funciona o trem bala no Japão, os meus (tios) [01:11:28] viajaram no Japão e andaram no trem bala lá, que é denominado Shinkansen, que é um trem opera velocidades comerciais de 300 km/h, inclusive super tecnológico, já que o Japão é um país líder de tecnologia. Eu tenho muita vontade de conhecer o Japão pela sua tecnologia e o país em si, o que o país tem para me mostrar e também porque são as raízes da minha origem, afinal meu segundo nome, Kenji, é um nome de origem japonesa. É um país onde eu estaria conhecendo as minhas origens e poderia me ajudar, nesse sentido. Mas eu tenho muita vontade de conhecer o Japão.
P/2 - Esse tipo de trem que você descreveu, o trem bala por exemplo, esse tipo de tecnologia você quer ver aqui no Brasil?
R - Gostaria muito, ia ser muito bom. Imagine só se a gente viajasse de São Paulo até o Rio de Janeiro em uma hora, uma viagem que é feita em quatro horas. Hoje só é possível fazer um deslocamento São Paulo-Rio de avião, imagine você chegar a Porto Alegre em menos de 10 horas. Hoje em dia a gente sabe que viajar para lugares como o Nordeste, Porto Alegre, perto aqui do Sul, são viagens cansativas, Manaus. Imagine se você pudesse viajar, por exemplo, de Fortaleza até Porto Alegre ou de Boa Vista até Porto Alegre cruzando as capitais como Manaus, Brasília, fazendo conexão. No Japão eles têm essa malha.
P/2 - Gustavo, agora voltando um pouco para o metrô, quando você entrou na empresa você já conhecia ela como usuário então você já tinha algumas expectativas, não é?
R - Sim.
P/2 - Quais expectativas você tinha? Como você achou que ia ser trabalhar aqui no metrô?
R - Eu tinha a expectativa de como seria trabalhar no metrô e como seria meu serviço lá, o que eu ia fazer, se eu ia trabalhar em uma área muito importante para o metrô, que eu ia estar trabalhando no metrô, que milhares de pessoas passam por esse modal e que de certa forma, o que eu faço vai ser de grande serventia para várias áreas do metrô. Em todas as áreas, tanto administrativas como até operacionais. Por exemplo, gravação de filmes, novelas. Inclusive, o metrô é usado como gravação de novelas, como a Malhação que gravou a cena de um parto dentro de um trem, da linha dois Verde do metrô. Já teve filmes gravados no metrô, o marketing e ações de marketing, financeiro; da companhia como um todo.
P/2 - Dentro dessas solicitações de compras que você faz na sua área, já teve alguma coisa estranha ou muito diferente que você teve que comprar?
R - Essa pergunta eu também prefiro não responder.
P/2 - Tudo bem. A expectativa que você tinha antes de entrar no metrô se cumpriu?
R - Sim, ela se cumpriu conforme o que eu esperava e até melhor, inclusive, do que eu esperava.
P/2 - O que te surpreendeu positivamente? Que foi melhor ainda do que você pensava?
R - Por exemplo, o ambiente de trabalho, muito bom, alegre. Eu gosto bastante de estar lá. E fora a experiência de trabalho, o seu primeiro emprego.
P/2 - Gustavo, hoje qual é o seu maior sonho?
R - Meu maior sonho é poder conhecer mais coisas, aprimorar meu conhecimento, não só no metrô, mas também na vida, na faculdade, conhecer coisas novas e visitar, explorar, aproveitar sempre os bons momentos da vida, porque a vida é um momento que deve ser aproveitado ao máximo para mim, eu procuro aproveitar ao máximo. Nem sempre é possível, porque sempre vão existir os maus momentos, mas eu quero aproveitar aqueles que são bons ao máximo.
P/1 - Ok. Então, Gustavo, em nome do projeto dos 50 anos do metrô, em nome do Museu da Pessoa, em nome da equipe, nós gostaríamos de agradecer a sua participação.
R - Eu que agradeço, bastante.
P/1 - Muito obrigado, você gostou de contar a sua história?
R - Gostei bastante de contar minha história e poder partilhar aqui.
[01:17:32]
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