P/1 Diz por favor o seu nome completo, local e data de nascimento. R Meu nome é José Eduardo de Oliveira, eu nasci em 16/12/70, em Santo André. Meu nome tem uma origem, José é hebraico, significa Deus acrescentará, Eduardo anglo-saxão, que seria guardião, e de Oliveira, os novos cristãos, ele representa a riquezas. Então, Deus acrescentará ao guardião riquezas, né? Esse é o significado. P/1 Que bonito. Seus pais pensaram em tudo isso? R Eu não sei se foi consciente ou inconsciente, mas o meu grande presente na vida foi esse nome, né? Porque todas as pessoas, todas as culturas que acabam vindo em contato comigo, pra mim são uma forma de riqueza. E eu sinto uma necessidade de guardá-las. P/1 Que bacana. E qual é sua atividade? R Então, hoje eu sou produtor-executivo cultural e cineasta. Na parte de produção executiva e cultural a minha função é mais a elaboração de projetos culturais, busca de mecanismo pra poder executar a ação, transformar a idéia em algo executável, né? E como cineasta o objetivo de gerar documentários em prol da memória, né, o resgate da identidade histórica sócio-cultural, que é um fator das nossa pesquisas. Porque eu acredito que a cultura é uma ciência. E através do resgate da identidade histórica sócio-cultural é possível a gente validar essa hipótese. P/1 Com certeza. E o que motivou você a vir, a participar aqui das atividades do fórum? R Eu trabalho com cultura há mais de 20 anos, né, e pra mim 2004 é um ano muito marcante, né, porque nunca se falou tanto em cultura na cidade de São Paulo. Então nós temos por exemplo o estouro de vários fóruns de culturas regionais, a pró-conferência municipal, que ocorreu em maio e junho, e agora o Fórum Cultural Mundial. Então as pessoas começam a perceber a importância da cultura na vida de cada um, né? A cultura não é mais aquele estereótipo arte, como antigamente era tachado pelo poder público. As pessoas estão percebendo que...
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P/1 Diz por favor o seu nome completo, local e data de nascimento. R Meu nome é José Eduardo de Oliveira, eu nasci em 16/12/70, em Santo André. Meu nome tem uma origem, José é hebraico, significa Deus acrescentará, Eduardo anglo-saxão, que seria guardião, e de Oliveira, os novos cristãos, ele representa a riquezas. Então, Deus acrescentará ao guardião riquezas, né? Esse é o significado. P/1 Que bonito. Seus pais pensaram em tudo isso? R Eu não sei se foi consciente ou inconsciente, mas o meu grande presente na vida foi esse nome, né? Porque todas as pessoas, todas as culturas que acabam vindo em contato comigo, pra mim são uma forma de riqueza. E eu sinto uma necessidade de guardá-las. P/1 Que bacana. E qual é sua atividade? R Então, hoje eu sou produtor-executivo cultural e cineasta. Na parte de produção executiva e cultural a minha função é mais a elaboração de projetos culturais, busca de mecanismo pra poder executar a ação, transformar a idéia em algo executável, né? E como cineasta o objetivo de gerar documentários em prol da memória, né, o resgate da identidade histórica sócio-cultural, que é um fator das nossa pesquisas. Porque eu acredito que a cultura é uma ciência. E através do resgate da identidade histórica sócio-cultural é possível a gente validar essa hipótese. P/1 Com certeza. E o que motivou você a vir, a participar aqui das atividades do fórum? R Eu trabalho com cultura há mais de 20 anos, né, e pra mim 2004 é um ano muito marcante, né, porque nunca se falou tanto em cultura na cidade de São Paulo. Então nós temos por exemplo o estouro de vários fóruns de culturas regionais, a pró-conferência municipal, que ocorreu em maio e junho, e agora o Fórum Cultural Mundial. Então as pessoas começam a perceber a importância da cultura na vida de cada um, né? A cultura não é mais aquele estereótipo arte, como antigamente era tachado pelo poder público. As pessoas estão percebendo que cultura é um universo muito grande, é um universo que, podemos definir cultura como algo não-natural adquirido no decorrer da vida, que é uma definição grega, a partir daí podemos entender cultura como vivências adquiridas, e cultura sendo vivências adquiridas, ela norteia toda a vida humana, né? Então, nós ultrapassamos a barreira de achar que cultura é apenas arte pra dar o sentido a ela de toda sua universalidade. Então, por exemplo, eu digo que o ser humano não é um ente social, ele é um ente cultural por esta razão. Então esta oportunidade é uma, né, então hoje eu encontrei alguns amigos e estava comentando que eu me sinto um adolescente indo pela primeira vez a um parque de diversão, né, pela quantidade de ações e de discussões de pessoas diferentes que esse fórum está proporcionando. Então pra mim é uma felicidade muito grande estar participando de uma atividade que vai se tornar memorável na história da cultura. P/1 E tem algum evento, algum fato marcante aqui que você tenha vivido aqui durante as atividades do fórum que você gostaria de dividir com a gente? R Assim, todas as palestras, todos os debates foram importantes, mas assim, a fala do Ministro da Cultura na abertura foi o que mais marcou, porque ele colocou a cultura como parte integrante de todo um sistema econômico, de todo um norteamento para o progresso do nosso país, e não simplesmente como o estereótipo, que está morrendo, graças a Deus. Então, começar a ouvir que as pessoas entendem a cultura nessa amplidão, desse tamanho de universalidade, que ela o é, pra mim foi um fator marcante. Outro fator também foi com uma atividade ontem sobre educação, que um pessoal da Dinamarca trouxe umas vivências sobre a oportunidade que lá eles dão numa ação sócio-cultural-educativa pra jovens, crianças e adolescentes, de desenvolverem uma ação cultural desde sua criação até sua execução, né? Esse tipo de atividade, aqui no Brasil nós desenvolvemos já. Então é interessante que, mesmo que não houve um diálogo formal nos últimos anos, parece que houve um inconsciente coletivo e pessoas do mundo inteiro acabam desenvolvendo, são inspiradas a desenvolverem ações semelhantes, isso é maravilhoso. P/1 E tem algum projeto específico ligado a memória, já que o senhor trabalha voltado pra isso, que você considera bastante importante, que você poderia contar pra gente? E Eu gostaria de contar uma experiência que eu tive esse ano no CEU São Mateus, que é o Centro de Educação Unificada em São Mateus. Lá nós temos uma comissão de idoso, na época eu era coordenador de cultura, hoje já não sou mais, e esse conselho gestor é composto por várias comissões, um deles é a comissão do idoso. Em dezembro do ano passado surgiu a idéia de levar o áudio-visual para a comunidade; o que a comunidade poderia fazer com essa ferramenta em mãos? E o público escolhido para essa experiência foi a comissão de idoso, né, então nós fizemos uma oficina e dessa oficina nasceu o vídeo-documentário chamado Reconstruindo a História - Resgate da Identidade Histórico-Sócio-Cultural, Contos e Causos. Esse vídeo-documentário foi projetado, ele primeiramente teve o objetivo de ser construído a partir das vivências de cada morador do local. E essas vivências, como em um quebra-cabeça, reconstruíam a história de uma parte de São Paulo desconhecida. E ali nós descobrimos que o Jardim da Conquista e o Boa Esperança, o nome já vem, Conquista, porque foi uma invasão de trabalhadores, o reduto dos metalúrgicos de São Paulo, com o objetivo de ter o seu espaço de terra conquistaram, né? P/1 Ai que bonito. R Então foi uma experiência muito interessante. E a partir de vários depoimentos a gente constituiu esse documentário. O que me deixou mais feliz nesse resultado foi justamente cada um dos participantes que deram seus depoimentos, como no CEU nós temos um cinema digital, né, proporcionado pela Prefeitura, automaticamente essas pessoas se viram no telão. Então a grande emoção das pessoas, primeiro, participarem de uma linguagem de produção do áudio-visual, a que elas nunca tiveram acesso, nunca tiveram a oportunidade ou perceberam a possibilidade de colocar suas idéias na tela, e segundo, elas se viram na tela, né, então aqui pra auto-estima de cada um foi maravilhoso. Então me emocionou muito ver a emoção dessas pessoas. P/1 Muito bacana esse projeto, parabéns aí pela sua, e muito obrigada pela sua participação. R Eu agradeço a oportunidade. P/1 Então tá. R Espero que esse projeto a gente consiga prosseguir, né? P/1 Com certeza. R Obrigado.
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