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Por: Museu da Pessoa, 12 de junho de 2015

O meu dom é de não cansar

Esta história contém:

O meu dom é de não cansar

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Nasci em 24 de abril de 1959 em Planaltina de Goiás. Meu pai era Manuel da Silva, trabalhava no DER. Minha mãe, Maria Barbosa da Silva, trabalhava na Secretaria de Educação. Nós éramos cinco irmãos, foi muito difícil nossa criação. Não tive infância, não podia brincar, nunca a gente podia ter um amigo porque nossos pais não deixavam. Eles achavam que a gente só tinha era de trabalhar lá dentro de casa. Eu fui pra escola com 7 anos, tinha uma dificuldade de aprender e nunca eles descobriram por quê. Depois dos 17 anos, eu fui desenvolvendo um pouquinho a leitura, fui aprendendo um pouco a ler, a escrever.

Conheci meu esposo na rua onde eu morava, na minha juventude. Comecei a namorar escondido de meus pais porque eles não deixavam, namoro de olhar, né? Meus pais não iam deixar mesmo eu namorar, aí ele me pegou. Me tirou da casa dos meus pais, meus pais me procuraram muito mas não conseguiram me achar, fiquei escondida, saí com as minhas roupinhas e vim morar com a minha cunhada. Naquele tempo a moça não podia sair de casa porque a Justiça mandava atrás daquele namorado. Aí meu esposo procurou meus pais, ele era mais velho do que eu, e disse que ia casar. Ia pôr os papéis no cartório e meu pai aceitou e casamos. Comecei aquele casamento sempre sendo só uma dona de casa, passei um tempo só cuidando da casa e dele. Depois vieram meus filhos, eu os tive nova, estava ainda na juventude. Depois eu fui trabalhar.

Eu saí de Sobradinho pra Fercal com 17 anos, meu esposo já tinha as terras aqui. Quando eu cheguei, me lembro que aqui não tinha ônibus, eu andava um quilômetro a pé. Isso era pra pegar um amigo que passasse, que tivesse um carro. Não tinha ônibus, não tinha água, não tinha luz! Prova que tenho é meu braço, que foi queimado de uma lamparina que eu fiz. Eu peguei querosene, pus numa lata de leite Ninho, fiz um pavio e pus o querosene dentro. Pus fogo nela e pus em cima da paredinha da casa. Quando eu fui pegá-la,...

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Retrato

Dados da imagem Imagem Making Off.

Imagem de:
Vanderli Barbosa Alarcão

História:
O meu dom é de não cansar

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Imagem Making Off.

Dados de acervo

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Votorantim Fercal DF

Depoimento de Vanderli Barbosa Alarcão

Entrevistado por Tereza Ferreira e Marcia Trezza

Fercal, 12 de junho de 2015

Realização Museu da Pessoa

VOF_HV018_ Vanderli Barbosa de Alarcão

Transcrito por Karina Medici Barrella

MW Transcrições

P/1 – Vanderli, fale o seu nome completo e sua data de nascimento.

R – Vanderli Barbosa de Alarcão.

P/1 – Data de nascimento?

R – 24 do quatro de 59.

P/1 – E você nasceu onde, Vanderli?

R – Nasci em Planaltina de Goiás.

P/1 – Qual o nome dos seus pais e o que eles faziam?

R – Meu pai era Manuel da Silva, trabalhava no DER. Minha mãe, Maria Barbosa da Silva, trabalhava na secretaria de educação.

P/1 – Seus pais ainda são vivos?

R – Não, já faleceram.

P/1 – E me diga uma coisa, você lembra da sua infância, o que você fazia na sua época de criança?

R – Na época de criança fomos criados meio... Meus pais tinham muita dificuldade, meu pai bebia, a vida da minha mãe não era fácil. E ali a vida nossa, de nós irmãos, nós éramos cinco, foi muito difícil nossa criação. Não tive infância, não podia brincar, nunca a gente podia ter um amigo porque nossos pais não deixavam. Fomos criados assim, muito rígido, muito preso.

PAUSA

P/1 – Vanderli, você estava dizendo que você quase não brincou quando criança, seus pais não deixavam. Por quais razões?

R – Porque eles achavam, Tereza, que a gente só tinha era de trabalhar lá dentro de casa, era cuidar da casa, criança não tinha que brincar. E punha a gente também de joelho lá fora, pra todo mundo ver. A gente de joelho no portão quando a gente fazia uma brincadeira que não estava agradável, que eles não achavam bom, que a gente merecia ser castigado. Punha nós lá no portão de joelho, todo mundo passava e olhava a gente ali de joelho.

P/1 – Vocês eram em quantos irmãos?

R – Nós éramos cinco irmãos.

P/1 – E todos tinham o mesmo tratamento pelos seus pais?

R – Todos...

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