Eu vou dizer logo, não sei esconder nada, porque quando o Zé Bernardino vivia comigo ele judiava demais comigo aí eu fui e disse pra ele “no dia que eu chegar lá onde os meus tu vai ver o que eu vou fazer contigo”.
Eu trabalhava inverno e verão quebrando coco pra comprar o que comer, ele trabalhando pelo mundo quando chegava não trazia nadinha e as bichinhas chorando com vontade de comer e não tinha o que comer. Eu que era mãe e pai, viu?
Eu não tenho vergonha de dizer, eu fui na casa de um moço que tinha lá... “seu Zé eu vim aqui pra você arranjar uns pés de mandioca pra eu fazer farinha pros meus meninos”, aí ele disse assim: “pode arrancar” e era relando no ralo né pra botar na panela pra dar pra eles. E ele trabalhando assim como aqui na Roseane, quase nessa distância, mas não vinha em casa pra dizer assim “oh aqui eu vim em casa deixar isso pros meninos comer”, vinha era nada, ficava lá, almoçando e jantando, tava nem aí.
Passava o dia quebrando coco quando dava hora dessa assim eu ia pra rua vender os coco pra comprar o que comer, aí eu deixava eles lá sozinhos com o finado Raimundo, finada Creuzinha, e a Cleudimar e a Creuza. Aí tinha dias que os meninos choravam com vontade de comer e não tinha o que comer… eu ficava com pena dos meus bichinhos.
Chegou um dia, botei o pé no caminho, botei a trouxa na cabeça e desci pro rumo onde ele tava. Cheguei lá na casa de tio Dudu ele tava lá encostado numa mesa com a mão desse jeito no queixo olhando pra tia Cecília cortando uma carne e na hora que ele me viu parece que ele tomou um susto. Chamei ele: “ei faça um favor, oh aqui… essas meninas aqui tudo é tua, pode tomar de conta dos teus filhos, os filho é teu, não tem nenhum que diga que não é teu, pode tomar de conta deles aí que eu vou me embora pra casa de meu pai, que lá na casa de meu pai eu almoço e janto