P/1 – Então, Walmir, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Obrigada por receber a gente aqui para essa entrevista. E a gente vai repetir, mas é importante estar registrado, o seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Claro. Walmir Luís Picolotto, São Jorge do Oeste é a cidade onde eu nasci, fica no Paraná.
P/1 – O nome dos seus pais e o que eles faziam, Walmir?
R – O nome do meu pai é Waldemar Ivo Picolotto, ele era comerciante. Ele faleceu quando eu tinha menos de um ano de idade, então eu tive praticamente nenhum contato que eu me recorde. Fui criado pela minha mãe, que se chama Adelaide Biuchi, italiana, e falecida também há cerca de 18 anos.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho. Tenho um irmão. A família era composta de 4 irmãos: a irmã, que era a primeira que nasceu, também faleceu ainda criança, tive um irmão também que faleceu de acidente de trânsito; restou eu e mais um irmão que é mais velho que eu.
P/1 – Como ele chama?
R – Jói.
P/1 – Jói?
R – Jói.
P/1 – E me fala uma coisa, o que... Assim, o seu pai, antes de falecer, ele trabalhava com o que assim, que você sabe?
R – Ele tinha comércio. Ele tinha alguns mercados e ele era comerciante.
P/1 – Lá no Paraná?
R – No Rio Grande do Sul.
P/1 – No Rio Grande do Sul.
R – Isso.
P/1 – Então você nasceu no Paraná e foi para o Rio Grande do Sul ?
R – Isso.
P/1 – E depois que ele faleceu, como a sua mãe organizou a vida? Como tocou as coisas? Como as coisas se desenrolaram?
R – Na verdade, assim, depois a família acabou passando por algumas dificuldades em função do falecimento do pai, houve a venda desses mercados, que na época também não eram grandes mercados, mas eram o sustento da família. E ela acabou criando esses filhos, eram três, na verdade, um faleceu depois de acidente, mas com pensão......
Continuar leituraP/1 – Então, Walmir, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Obrigada por receber a gente aqui para essa entrevista. E a gente vai repetir, mas é importante estar registrado, o seu nome completo, o local e a data de nascimento.
R – Claro. Walmir Luís Picolotto, São Jorge do Oeste é a cidade onde eu nasci, fica no Paraná.
P/1 – O nome dos seus pais e o que eles faziam, Walmir?
R – O nome do meu pai é Waldemar Ivo Picolotto, ele era comerciante. Ele faleceu quando eu tinha menos de um ano de idade, então eu tive praticamente nenhum contato que eu me recorde. Fui criado pela minha mãe, que se chama Adelaide Biuchi, italiana, e falecida também há cerca de 18 anos.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho. Tenho um irmão. A família era composta de 4 irmãos: a irmã, que era a primeira que nasceu, também faleceu ainda criança, tive um irmão também que faleceu de acidente de trânsito; restou eu e mais um irmão que é mais velho que eu.
P/1 – Como ele chama?
R – Jói.
P/1 – Jói?
R – Jói.
P/1 – E me fala uma coisa, o que... Assim, o seu pai, antes de falecer, ele trabalhava com o que assim, que você sabe?
R – Ele tinha comércio. Ele tinha alguns mercados e ele era comerciante.
P/1 – Lá no Paraná?
R – No Rio Grande do Sul.
P/1 – No Rio Grande do Sul.
R – Isso.
P/1 – Então você nasceu no Paraná e foi para o Rio Grande do Sul ?
R – Isso.
P/1 – E depois que ele faleceu, como a sua mãe organizou a vida? Como tocou as coisas? Como as coisas se desenrolaram?
R – Na verdade, assim, depois a família acabou passando por algumas dificuldades em função do falecimento do pai, houve a venda desses mercados, que na época também não eram grandes mercados, mas eram o sustento da família. E ela acabou criando esses filhos, eram três, na verdade, um faleceu depois de acidente, mas com pensão... Perdão. Com pensão do falecimento do meu pai. Então a família era pobre, eu tive todos os meus estudos em escola pública, e só pude realmente desenvolver as atividades e ter uma escola um pouquinho mais qualificada quando eu pude pagar.
P/1 – E, Walmir, como era o nome da cidade que você morava no Rio Grande do Sul?
R – Não, só fazer um ajuste.
P/1 – Acho que eu não entendi direito.
R – Na verdade, assim, o meu pai, ele tinha essas mercearias, não sei se eram duas ou mais, mas ele tinha isso no Rio Grande do Sul, ele vendeu, nós viemos para o Paraná, e aqui no Paraná, eu nasci no Paraná. Nós não viemos, eles vieram. Eu nasci no Paraná e depois, um ano depois ele faleceu.
P/1 – Ah, tá.
R – Nesse período no Paraná, eu não sei com que atividades ele trabalhou.
P/1 – Mas você cresceu em São Jorge do Oeste?
R – Eu nasci, praticamente, e vim para Curitiba já, com um ano e meio, 2 anos de idade. Logo em seguida ao falecimento do meu pai, nós fomos para Curitiba e eu vivi toda a minha vida em Curitiba.
P/1 – Então descreve assim, como é essa Curitiba da sua infância, que bairro você morava, o que você se recorda?
R – Eu morava exatamente no bairro que eu moro hoje. E me lembro de muita coisa boa da infância, ainda era uma cidade em desenvolvimento, muitos campos, muitos amigos, jogávamos bola, soltávamos pipa, brincávamos de carrinho, como toda criança. Estudei próximo a minha casa, então todos os colegas acabavam indo juntos para a escola e voltávamos, após as lições que nós fazíamos de escola, íamos brincar. Então a lembrança que eu tenho de Curitiba é a melhor possível. Eu vivi 47 anos em Curitiba e acabei vindo para Jirau agora, questão de 2 anos.
P/1 – Já para trabalhar aqui.
R – Isso. Trabalhando aqui, mas com residência fixa em Curitiba.
P/1 – Voltando a esse tempo de estudo, você falou que estudou em escola pública. Que escola, ou quais escolas eram essas? Assim, quais são suas lembranças?
R – Olha, escola de primeiro grau era o Colégio Itacelina Bittencourt- Paraná, e depois, do primeiro grau, a Escola Santos Dumont-Paraná. A partir do segundo grau, eu já fiz na escola municipal de Curitiba, Escola Estadual de Curitiba é o nome correto. E depois eu já parti para o vestibular e cursos de formação superior, mas aí em escolas particulares.
P/1 – E, Walmir, nessa época ainda de colégio, de escola, tinha alguma matéria que você gostava mais, que você se dedicava mais?
R – Então, eu comecei no colégio estadual e terminei o curso de Laboratório Clínico, onde a gente aprendia a fazer exames e era mais direcionado para a área de Saúde. E depois acabei... Minha intenção na época era realmente tentar a área de Medicina, mas em função da necessidade de trabalho e em função dessa exigência que o curso oferece a você, eu não pude seguir a carreira, não tive condições, tive que optar pelo trabalho em vez do estudo. E aí acabei indo para a área de Administração, que é uma área um pouco mais voltada para as pessoas, que eu acho que é o que eu sempre tive interesse.
P/1 – Mas aí você... Então você acabou esse curso técnico e começou a trabalhar. E aí junto você fez a faculdade?
R – Sim. Eu trabalhava e estudava, e para complementar ainda casei cedo, casei de 20 anos para 21 anos, ainda não tinha 21 anos completos. Mas foi por opção. O pessoal pergunta: “Ela estava grávida?”. Não. Não estava. Foi por opção. Estou indo para 29 anos de casado.
P/1 – Nossa! Que beleza.
R – Então foi uma decisão que deu certo.
P/1 – Espere aí que a gente vai falar do tempo de namoro ainda. Quais foram esses trabalhos que você foi fazendo junto com a faculdade? O que você conseguia conciliar?
R – Bom, eu comecei a trabalhar em 1981, em uma empresa chamada Touring, na área Pessoal, de Auxiliar de Pessoal. Se não me falha a memória, acho que foi em 1989 que eu iniciei a faculdade, então alguns anos depois de começar a trabalhar. São datas muito antigas, mas acho que foi isso, em 1989, eu me formei em 1992. E nesse período, eu trabalhei em duas empresas: na Touring e depois passei para o Unibanco, trabalhei durante alguns anos no Unibanco também.
P/1 – Na área de Recursos Humanos?
R – Também fazendo Recursos Humanos.
P/1 – Olha! Que agência? Era uma agência, uma central?
R – Em Curitiba.
P/1 – Em Curitiba?
R – Era uma agência em Curitiba, era a agência central em Curitiba, e nós fazíamos folha de pagamento de algumas agências do Paraná, e eu colaborava com essas atividades, onde fui desenvolvendo o aprendizado na área de Recursos Humanos, principalmente na área de operação, folhas, cartões, controles.
P/1 – Isso final de 1989 para 1990? Mais ou menos essa época? Mais ou menos.
R – Mais ou menos.
P/1 – Então falando do seu período de namoro. Como você conheceu a sua esposa?
R – Então, eu moro ainda perto do Paraná Clube, que era o antigo Pinheiros lá em Curitiba. Naquela época, os bailes de Carnaval eram muito movimentados, principalmente bailes de salão de clubes. E nós acabamos pulando um dos carnavais juntos e acabamos ficando. Ficamos juntos, começamos a namorar, namoramos por um ano, noivamos mais um ano, mais ou menos, e casamos.
P/1 – Que bacana.
R – Foi bem rápido.
P/1 – Como a sua esposa chama?
R – Solange.
P/1 – Solange. E vocês têm filhos?
R – Temos um casal.
P/1 – Um casal. Como eles chamam?
R – Solane e Danilo.
P/1 – E, Walmir, depois do Unibanco, como continuou assim a sua carreira?
R – Então, eu fui para uma empresa chamada Sid Informática, do Grupo Sharp, era uma das maiores empresas de computadores da América Latina, também em Curitiba, e continuei na área de Recursos Humanos nessa empresa. Tive oportunidade, durante os 12 anos que fiquei nessa empresa, de iniciar a minha carreira como auxiliar e sair de lá como gerente de Recursos Humanos. Então ao longo desses 12 anos eu tive uma evolução profissional, tive a oportunidade de passar por várias áreas de RH, vários setores do RH, até a minha posição, até a minha promoção para gerência. E fiquei durante alguns anos como gerente.
P/1 – Que áreas que você mais gostava, assim, se identificava do RH?
R – Olha, quem gosta do RH, de uma maneira geral, gosta de todas as áreas. Eu, particularmente, tive a oportunidade de trabalhar em todas as áreas, e eu gosto de todas as áreas, porque a gente acaba, de uma forma ou de outra, trabalhando com pessoas. Então sempre foi o meu forte trabalhar com pessoas, independente da área de setor de Recursos Humanos, eu fico satisfeito.
P/1 – E você ficou 12 anos nessa empresa?
R – 12 anos. Fiquei 12 anos nessa empresa.
P/1 – E como se deu o seu desligamento?
R – Então, essa empresa era do Grupo Machline.
P/1 – Ah, eu lembro.
R – Eram mais de 40 empresas no grupo, e o Matias Machline, que era o dono, ele acabou falecendo.
P/1 – Eu lembro.
R – E as empresas acabaram passando para Administração da Família, que não estava envolvida nos negócios, aí começaram a haver vendas e fechamentos de empresa, até que chegou a nossa, a que eu estava. Aí eu tive que ir para mercado, não teve jeito. Fui para mercado, fui para outra empresa em Curitiba também. Você quer que eu continue?
P/1 – Pode. Pode contar. Está ótimo.
R – É uma empresa do Grupo Bamerindus, do antigo Bamerindus, chamava-se Grupo Autoplan, que era uma das maiores empresas de consórcio do Brasil, e junto com essa empresa tinham outras empresas do grupo, empresa de fomento, concessionária de veículos, seguradoras, enfim. E eu entrei gerenciando essa empresa também na área de Recursos Humanos, gerenciando o grupo. Fiquei provavelmente, se não me falha a memória, em torno de 4 anos, mais ou menos. E na sequência também essa empresa acabou sendo vendida. Os donos também resolveram sair do negócio. Eles venderam e eu novamente fui para mercado, e aí, em seguida, para Batavo. Batavo.
P/1 – Ah, tá.
R – Uma particularidade da Batavo é que ela fica a 120 quilômetros mais ou menos de Curitiba, que era onde eu residia.
P/1 – E como você fez? Mudou?
R – Eu ia e voltava diariamente.
P/1 – Todo dia?
R – Ia e voltava diariamente. Então minha sina é viajar, você vai entender o porque. Eu fiquei 7 anos nessa empresa, no meio desse período a Perdigão acabou comprando a Batavo e eu acabei assumindo a unidade da Perdigão onde eu trabalhava. Então eu tinha a Administração da Batavo, da unidade da Batavo, que era lácteos, da unidade da Perdigão, que era carnes, tinha mais uma unidade em Santa Catarina de lácteos, e depois eu assumi mais unidade em São Gonçalo, na Bahia, que era uma unidade de carnes.
P/1 – Nossa!
R – É. Era bem variado.
P/1 – Desse período que você começou ali, folha de pagamento, essa coisa toda, para esses cargos mais gerenciais assim, o que foi mudando na sua visão de mundo, nas suas responsabilidades?
R – Ah, é bem diferente o cenário que a gente tem quando nós estamos no operacional e quando a gente passa para o estratégico. O operacional é muito simples, porque você é demandado a entregar alguma atividade. Quando você passa já para uma fase gerencial, você acaba gerenciando, controlando, administrando, definindo, decidindo, é muito mais complexo do que você simplesmente receber uma solicitação de entrega de uma operação. Mas a diferença é que assim, você vai aprendendo a conviver com ambos os cenários. Isso facilita, porque no momento que você também pede para que alguém te entregue uma ação, você também sabe como funciona, o tempo que demora, que demanda.
P/1 – Você passou por esse processo, né?
R – Claro. Sem dúvida alguma.
P/1 – E, Walmir, a própria área de Recursos Humanos, parece-me que ela evoluiu ao longo desse tempo, que ela cresceu, ela ganhou importância. Como você vê isso?
R – Os Recursos Humanos da época em que eu comecei, principalmente bem no início, nos primeiros 5 anos á 10 anos atrás, era uma área muito mais voltada para folha de pagamento. Era uma área que controlava ponto, fazia pagamento, pagava férias, aplicava uma advertência, e você ia nessa linha. Eu tive a oportunidade na Sid, no Grupo Sharp, de pegar já uma fase que começou uma evolução nesse processo, onde as áreas começaram a ser formadas, onde você começou a dar uma importância maior para área de Recursos Humanos dentro do contexto de organização. Então na oportunidade foram criadas áreas de Responsabilidade Social já naquela época, de recrutamento de seleção, onde antes você tinha pessoas até sem a qualificação necessária fazendo recrutamento. Cargos e salários, que era uma área um pouco mais técnica, que exigia uma formação um pouco mais especializada. Então foi uma época em que as empresas começaram a perceber a necessidade de investir no profissional, de oferecer alguma coisa em troca, porque o mercado começou a se movimentar, e as pessoas, evidentemente, começaram a procurar empresas que ofereciam algo diferente. Então eu tive essa oportunidade de fazer essa transição. Para mim foi bastante interessante em termos profissionais e pessoais.
P/1 – E como... Assim, não sei se a gente vai dar um salto, se a gente der, a gente volta um pouco, você me fala.
R – Claro.
P/1 – Depois da Perdigão você vem para Camargo já?
R – Não. Ainda passei por uma empresa japonesa, tive uma oferta de passar por essa empresa japonesa, que é uma empresa multinacional, onde a diretoria era de japoneses e para mim era uma experiência nova também. E eu topei a mudança...
P/1 – Trabalhar com estrangeiro, com uma cultura diferente.
R – Isso. Exatamente. Eu topei a mudança e fiquei um ano lá com eles. É uma cultura bastante interessante, porém diferente, eles têm um estilo diferente de trabalho diferente do nosso. A parte de Recursos Humanos, propriamente, pelo menos nessa indústria, ainda estava em desenvolvimento e ainda creio que demore bastante para chegar, por exemplo, num patamar que nós estamos hoje na Camargo. E aí por isso eu optei novamente em mudar de emprego e aceitei esse desafio, que é a Jirau, vocês tiveram a oportunidade de conhecer, que empolga a gente quando a gente vê.
P/1 – Como surgiu a oportunidade para Jirau?
R – Eu acabei recebendo um convite de um headhunter para participar do processo. E inicialmente achei até estranho, porque você recebe uma proposta para vir para uma empresa que trabalha em Rondônia, é muito longe. Então inicialmente achei que não seria adequado para mim. Mas aí não, na evolução da conversa acabei vendo que poderia ser interessante em termos profissionais e também tive um apoio da empresa em relação a verificar antes as condições de trabalho. Eu tive a oportunidade de vir conhecer a obra primeiro, antes de tomar a decisão. Então tudo isso me ajudou a decidir pela vinda.
P/1 – Que ano é isso?
R – Eu perdi o fio da meada aqui.
P/1 – Do...?
R – Eu perdi o fio da meada.
P/1 – Então você tava falando... Teve um headhunter que te procurou, é isso?
R – Isso.
P/1 – Como foi essa conversa assim?
R – Então, headhunter, como o próprio nome diz, já é um caçador. Não sei como ele achou o meu telefone, e acabou me ligando na empresa onde eu trabalhava e me ofereceu a proposta: “Olha, eu tenho uma proposta aí de uma grande empresa no ramo da Construção Civil, para uma obra bastante importante para o Brasil e estamos buscando um profissional na área de Recursos Humanos. Você teria interesse em participar do processo?”. No início, evidente, aquela sensação de: “O que eu vou fazer em Rondônia?” Mas depois, como eu comentei, eu fui avaliando melhor a proposta, fui conversando com ele. Não foi um processo de uma ligação, foram algumas ligações, eu fui fazendo alguns questionamentos, até que eu achei interessante em dar sequência, conversar mais detalhes, e pedi para vir conhecer a obra.
P/1 – Em que momento estava assim da obra? Que ano é isso e em que momento estava, mais ou menos?
R – A obra começou em 2008, e isso foi em fevereiro, começo de fevereiro de 2012. Então a obra já estava com 3 anos para 4 anos. Já estava mobilizada, já com uma série de atividades em andamento, a própria área de Recursos Humanos já em andamento. Só que ela era administrada por um gerente administrativo. E a empresa, em determinado momento, resolveu mudar esse cenário passando a área de Recursos Humanos para um gestor especializado, que pudesse realmente desenvolver a área e trazer novos processos, enfim, dar uma cara nova para a área de Recursos Humanos em obras. Porque de uma maneira geral, os Recursos Humanos atuavam mais de forma corporativa.
P/1 – Quando você chegou aqui, o que você sentiu?
R – O impacto inicial é assim: o gigantismo da obra e a quantidade de pessoas. Eu cheguei aqui na época com 16 mil funcionários diretos e talvez em torno de 4 mil indiretos, em torno de 20 mil funcionários. Um número bastante significativo para administração, para atendimento de Recursos Humanos. Uma demanda muito grande, a mão de obra da construção civil é volátil, a gente tem um turnover muito grande, as pessoas também vêm de outros estados, passam um período aqui, depois, evidentemente, muitos preferem voltar para as suas famílias. Então isso chama bastante atenção da área, de quem trabalha com recursos humanos propriamente.
P/1 – Você chegou aqui com qual cargo?
R – Como Gerente de Recursos Humanos.
P/1 – Gerente de Recursos Humanos. E quais foram seus desafios iniciais, Walmir?
R – Olha, os principais eu diria que é trazer mão de obra qualificada para dentro da obra, melhorar esses processos de seleção, fazer um trabalho de relacionamento com as instituições, principalmente sindicais, de uma maneira geral, e implementar trabalhos de comunicação junto aos nossos profissionais. E que nós pudéssemos trazê-los para mais perto para entender as dificuldades, as necessidades deles de uma maneira geral, que era um trabalho que não era desenvolvido tão fortemente quanto a partir do momento em que se assumiu os Recursos Humanos propriamente.
P/1 – E como você começou o seu cotidiano?
R – Olha, entrar numa obra com 20 mil funcionários, a gente já entra meio que correndo. Eu entrei num momento em que houve uma paralisação, nós tivemos dois eventos infelizmente muito ruins aqui em Jirau, e eu entrei no segundo evento.
P/1 – Com os funcionários?
R – Com os funcionários. Em relação a greve, houve queima de alojamentos, tivemos alguns problemas um pouco mais sérios. E eu cheguei justamente nesse momento, então o impacto é maior ainda. Já tinha passado por outras experiências de greve, mas nenhuma com consequências tão drásticas quanto essa. Então isso que impacta bastante. Então isso só fortaleceu a convicção de que precisaríamos investir na área de Recursos Humanos e investir nos profissionais, trazer esses profissionais para perto para realmente evitarmos esse tipo de situação no futuro. Isso se concretizou. Em 2013, apesar de uma paralisação, ela foi extremamente normal, não houve nenhum acidente grave, e foi considerada uma greve normal e de direito.
P/1 – E quais eram... Assim, essa época que você estava chegando, o que eles solicitavam? O que foi possível atendê-los?
R – Olha, existia muita nebulosidade nessas solicitações, porque se solicitava reajuste salarial e a empresa chegou aos números, depois se solicitou benefícios, a empresa chegou aos benefícios, mas em nenhum momento isso satisfazia, então vinham novos pedidos. E acho que interesses opostos, talvez políticos, sindicais envolvidos, e nós realmente não conseguimos atender a todas as reivindicações. Ou quando chegamos ao atendimento total, que isso aconteceu, mesmo assim ainda tivemos a reação de algumas pessoas que acabaram comprometendo com todo o trabalho.
P/1 – E é difícil lidar com isso, esse jogo de cintura?
R – É extremamente difícil, porque quando existem interesses obscuros, aí não tem como, qualquer resultado que você chegue, não vai ser resultado satisfatório.
P/1 – E como a gente lida nessa situação? Como você consegue contornar isso? Vai negociando?
R – É. Eu acho que a gente tem sempre que estar aberto a negociação, em todos os momentos identificar as lideranças, solicitando apoio do próprio sindicato, que é o responsável por essa representação, participando o sindicato, com o Governo, o próprio Ministério do Trabalho esteve envolvido nas negociações na tentativa de se chegar a um consenso sem maiores problemas. Então sindicato, ministério, empresa e lideranças da greve, nós sempre estivemos abertos e sempre negociamos, como eu falei, até o último instante. E essa negociação se concretizou e o resultado infelizmente não foi o que nós esperávamos em função da reação de alguns vândalos, podemos assim dizer.
P/1 – A área de Recursos Humanos, a sua equipe, ela é responsável direta pelo o que, exatamente?
R – Os Recursos Humanos tem a responsabilidade de recrutar e selecionar pessoas para obra, a parte de Administração de Pessoal, que cuida de toda essa parte operacional de pagamento, que é o básico. Nós temos a área de Cargos e Salários, que é a área onde cuida de promoção, méritos do pessoal. A área de Treinamento e Desenvolvimento, onde nós temos alguns programas de capacitação, de formação de mão de obra, área de Responsabilidade Social, onde nós administramos todos os programas internos e externos. Temos ainda a área de Comunicação, que faz parte da área de Recursos Humanos, também somos responsáveis pela comunicação interna e externa. A área Jurídica, o apoio jurídico também é responsabilidade da área de Recursos Humanos.
P/1 – É enorme.
R – É bastante grande. E ainda temos a parte de Ouvidoria, onde nós damos aí toda a atenção aos funcionários através de ouvidorias e de canais de telefone 0800, também disponíveis para os próprios colaboradores, para os próprios profissionais.
P/1 – Junto com a Comunicação tem o relacionamento com a comunidade? Tem essas coisas ou estaria em outra área?
R – Relacionamento com a comunidade a gente tem através dos...
P/1 – Do instituto?
R – Dos projetos de responsabilidade social. O Instituto Camargo Corrêa também nos apoia bastante em relação a esse contato.
P/1 – Mas tá na sua área?
R – Sim. Responsabilidade Social. Exatamente.
P/1 – Tá. Antes de a gente ir para o assunto da responsabilidade, deixe-me só fazer uma pergunta. Da época da construção de Itaipu, estou me recordando de outra entrevista que eu fiz, tinham pouquíssimas mulheres e elas não iam muito a campo. Hoje, a gente fazendo as gravações aqui, a gente viu assim, tem muita mulher na obra, que circula, tudo. Como é essa convivência assim entre um lado que é super campo de obra mesmo, muitas mulheres na frente de trabalho mesmo? Eu achei incrível.
R – Isso é bastante interessante, inclusive chamou a minha atenção também, porque no início da obra houve grandes projetos de formação de mão de obra aqui na região, onde muitas mulheres tiveram a oportunidade de se formar em uma profissão, mulheres que eram donas de casa, receberam toda a formação. E hoje nós temos, inclusive, mulheres daquela época, que foram formadas pela empresa, e continuam trabalhando conosco, formações técnicas, inclusive, parte elétrica, civil.
P/1 – Na área de Construção. Na área da Construção mesmo.
R – Na área de Construção propriamente.
P/1 – Não era só servir “cafezinho”.
R – Não. Não. Não. Na área de construção mesmo. Tivemos a oportunidade até de fazer algumas matérias a respeito delas, até para que as pessoas pudessem conhecer. É uma história bonita, uma dona de casa que se forma e acaba encontrando uma profissão dentro de uma empresa de Construção Civil pesada, que é o nosso caso, que é extremamente diferente de uma indústria, por exemplo, onde as mulheres hoje trabalham.
P/1 – É.
R – É muito diferente.
P/1 – É.
R – Mas elas encontraram o espaço delas. E hoje nós temos cerca de mil mulheres dentro da obra.
P/1 – É mesmo?
R – Bastante.
P/1 – Nossa! Bastante.
R – Bastante.
P/1 – E a Bel, que estava nos acompanhando, e o Leandro, falaram que também tem haitianos trabalhando aqui. Que eles vêm imigrando, escolhendo o Brasil como uma via de imigração.
R – De oportunidade.
P/1 – Oportunidade de vida. Como é essa chegada deles? E essa acolhida também?
R – Nós tivemos a preocupação inicial de dar essa oportunidade para eles também, porque entendemos que eles também têm as qualificações necessárias e têm uma necessidade também. Como nós temos uma demanda de mão de obra muito grande, então nós acabamos encontrando espaço também para eles. Então todos os que nos procuraram, estando regularizados em termos de documentação e liberados pelo governo brasileiro para trabalhar, muitos tiveram oportunidades e hoje nós temos muitos haitianos trabalhando conosco.
P/1 – Normalmente como dá? Eles imigram, chegam a Porto Velho-Rondônia, regularizam e começam a procurar trabalho ou eles já vêm pensando em algo que pode ter um atrativo?
R – Então, nós temos uma parceria com o Sine e a nossa mão de obra é recrutada toda através do SINE, seja o SINE de Porto Velho ou de outros estados.
P/1 – O que é o SINE?
R – Sistema Nacional do Emprego, órgão do Governo que disponibiliza banco de dados de mão de obra e que disponibiliza para as empresas. Então nós sempre buscamos a nossa mão de obra nos SINEs. Eles chegam aos SINEs, fazem o cadastro e se oferecem para trabalhar. Aí nós, de acordo com as nossas necessidades, nós disponibilizamos as nossas vagas, e havendo essa compatibilização, nós os contratamos.
P/1 – E eles já chegam com alguma formação, conhecimento, ou é necessário investir também? Eles trazem?
R – Em alguns momentos nós temos pessoas com qualificação, pedreiros, carpinteiros, já qualificados. Em outros momentos não há essa qualificação, eles têm a oportunidade de auxiliar de assistente. Mas eles têm a oportunidade também de se desenvolver dentro da obra. A empresa oferece treinamento e oferece qualificação.
P/1 – Como é essa convivência cultural assim, os brasileiros, as mulheres, os haitianos? Assim, fica interessante, né?
R – Olha, alguns deles, alguns deles têm um pouco mais de dificuldade em se comunicar, mas eles acabam encontrando alguém que fica sendo o intérprete. Então a gente nunca teve dificuldade de contato. Eles sempre estão em grupos e a maioria deles se comunicam bem em português, talvez por já estar há algum tempo no Brasil. Então nós não temos dificuldade. Desde o processo de recrutamento e seleção, até o momento em que eles estão na obra trabalhando, não há problema nenhum. E temos elogios dessa mão de obra, que são pessoas muito trabalhadoras.
P/1 – Bacana. Falando da Responsabilidade Social, você chegou aqui, a obra já estava acontecendo, já tinham os comitês, como você se inseriu também nesse trabalho da responsabilidade social, a sua equipe?
R – Esse trabalho já vinha sendo efetivado pelo ICC (Instituto Conservação Ambiental) em parceria com a construtora, e eu acabei chegando e tomando conhecimento dos projetos, do que estava acontecendo, e acabei me inserindo no processo. Então eu acabei entrando mais como um administrador e dando sequência ao trabalho que já vinha sendo feito. Era evidente que algumas decisões a gente acaba entrando tomando na sequência, mas o processo já estava em andamento.
P/1 – E assim, como foi se aproximar desses projetos? Porque aqui tem dois projetos das cooperativas, especificamente, que estão aqui nos arredores da obra.
R – Você deve estar falando do...
P/1 – Da cooperativa dos Abacaxicultores e dos Bananicultores.
R – Chama-se futuro ideal. Esse programa, ele tem o objetivo de melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais através da verticalização da cadeia produtiva. E também ele fomenta o cooperativismo. Então esse programa já vem de alguns anos, onde foi feito todo o apoio técnico, o desenvolvimento de produtos propriamente, técnicas de plantio, a colheita, propriamente. E, agora armazenamento e a logística. Agora que nós vamos ter oportunidade nessa semana de entregar caminhões para os cooperados, onde eles mesmos vão poder fechar o ciclo desde o plantio até a entrega para o consumidor, para o consumidor final.
P/1 – Na sua visão, em sua opinião, o que é importante assim, uma empresa do porte da Camargo, com uma obra desse porte, investir em responsabilidade social, relacionamento com a comunidade?
R – Acho que a empresa vem para uma obra desse porte com um início, meio e fim. E ela vai embora de Rondônia deixando um legado. Ela não vai embora simplesmente. Ela não passa por aqui sem deixar nada para a sociedade. Então ela deixa, além desse projeto, outros, mas especificamente ela deixa esse projeto como um legado para comunidade, onde eles podem crescer e, através do cooperativismo, se associar com mais produtores. Enfim, isso não tem fim. Então além deste e de outros projetos, eu acho que é o legado que a empresa deixa. Não simplesmente vir, fazer a obra e ir embora.
P/1 – Ir embora.
R – Temos outros projetos também que eu, particularmente, me chamou atenção, que eu considero bastante importante, que é o Infância Ideal, que também é um fortalecimento da garantia dos direitos da criança e do adolescente junto a uma parceria que a empresa tem com instituições sociais de proteção de Porto Velho. Também são desenvolvidos alguns trabalhos em parceria no sentido de conscientizar a comunidade em relação a esses direitos. Tem outro projeto muito importante também, que se chama Escola Ideal, esse projeto também possibilita desde melhorias de instalações das escolas, qualificações de professores, ou implantação de biblioteca, ou melhoria desse processo de uma maneira geral, que também é extremamente gratificante, porque você acaba levando condições melhores para essas escolas e, consequentemente, para os alunos, para os adolescentes.
P/1 – E desse período que você está aqui, como você vê assim como a população, a comunidade recebe esses projetos?
R – Eu tive oportunidade... Sempre que eu posso, eu participo de todos os nossos eventos, e eu tive oportunidade de participar de vários. Então assim, é gratificante você ver a alegria das pessoas, a satisfação das pessoas em entender que a Camargo participa da vida comunitária um pouquinho além da obrigação legal. Que ela realmente oferece algo para melhoria da comunidade. Então isso é visível, a satisfação que as pessoas demonstram. Isso é gratificante.
P/1 – Tem algum que você tem um carinho maior, que você se identifica mais assim, pela sua trajetória, pela sua experiência?
R – Em termos de...
P/1 – Algum projeto desses sociais.
R – Olha, eu gosto do Ideal Voluntário, que é outro programa, que acaba sendo transversal ao Infância Ideal, Escola Ideal e Futuro Ideal, que é a oportunidade que a empresa dá para os profissionais de desenvolver trabalhos dentro da comunidade também de apoio. Então a gente quando desenvolve algum trabalho, escolhe alguma escola, um asilo, alguma instituição carente, que necessita de algum apoio, a gente tem assim, uma quantidade de inscrições bastante interessante. As pessoas vão, fazem, se dedicam.
P/1 – Tem o Dia do Bem Fazer?
R – Temos o Dia do Bem Fazer, que é o dia 25 de agosto esse ano, onde já escolhemos também uma instituição, e onde nós no dia acabamos... São mais de... Neste projeto, que a gente também não deixa livre, porque às vezes a quantidade é muito grande, mas são mais de 100 voluntários participando do Dia do Bem Fazer apoiando uma instituição. Esse ano é um asilo, uma casa que apoia os idosos, então nós vamos ter mais de 100 pessoas trabalhando nesse asilo com benfeitorias e pinturas, e melhorias de uma maneira geral.
P/1 – Como o funcionário recebe isso, participa?
R – Também é muito interessante, porque quando você abre a inscrição, a gente recebe uma quantidade de inscrições fantástica, a gente tem que dizer: “Olha, não tem jeito, porque senão não cabe na escola. É muita gente para ajudar e pouco espaço!” Mas é bastante interessante assim, a procura. Você percebe o interesse das pessoas em ajudar. Isso é realmente gratificante.
P/1 – Walmir, como é lidar com uma equipe tão grande, uma “equipe” que acaba virando 16 mil pessoas, hoje 8 mil? Como que...
R – É interessante, porque eu venho de experiências onde as minhas unidades eram em torno de 6 mil, 7 mil pessoas. Nós estamos falando de 20 mil, baixamos para 15 mil, 10 mil. Você acaba se inserindo no contexto. Esses 10 mil acabam sendo parte do processo. Então evidentemente que o volume de atividades é maior em função da quantidade de pessoas, mas de maneira geral, você se adequando em relação à equipe, você consegue desenvolver as atividades do mesmo jeito. Pequeno ou grande, a estrutura sendo adequada você atende perfeitamente.
P/1 – Esse número que já chegou a 16 mil e abaixou agora, é em função do momento da obra?
R – Isso. A obra, ela tem uma desmobilização natural em função do encerramento das atividades. Como eu comentei antes, ela tem um início, um meio e um fim. Então a obra agora está do meio para o fim já, então ela naturalmente vai ocorrendo uma desmobilização dos profissionais conforme vão encerrando as atividades.
P/1 – E tem alguma proposta assim, de eles continuarem outro projeto da Camargo, outro trabalho?
R – Sim. Isso é muito comum na área da Construção Civil, na Camargo, as pessoas saírem daqui já para outra obra. Muitas vezes transferidos, muitas vezes eles preferem fazer o acerto e irem para outras obras já para se recolocarem em outras posições. Isso é natural.
P/1 – E falando um pouco assim da sua experiência, você veio lá de Curitiba e está há um ano aqui?
R – 1 ano e 7 meses.
P/1 – Contados, né? E como é? A tua família... A tua esposa veio, os filhos ficaram, como que...
R – Minha esposa veio comigo, ela está comigo aqui em Porto Velho. Eu também te contei que a minha sina é viajar? Porque eu também vou e volto de Porto Velho diariamente. Ela está comigo, e meus filhos, que já são adultos, ficam em Curitiba, trabalham, estudam.
P/1 – Cuidam ali da casa.
R – Cuidam da casa e estão estabelecidos lá.
P/1 – E como foi a sua adaptação aqui em Rondônia, em Porto Velho?
R – Olha, para quem passou a vida toda com frio, o começo é desgastante, porque aqui é bem quente. Brincamos esse ano que o inverno aqui chegou a 16 graus. Então até se adaptar, ele demora algum tempo. Alguns meses a gente sente a diferença, depois você acaba se adaptando também e vai se habituando.
P/1 – E sua esposa está fazendo algum trabalho aqui? Ela se inseriu aqui na cidade?
R – Não. Ela acabou vindo para também buscar uma oportunidade aqui, mas aí a saudade dos filhos acabou impedindo. Então ela fica um período comigo, vai para Curitiba, fica lá na casa com os filhos, depois volta. Então infelizmente não dá para estabelecer um emprego fixo.
P/1 – Walmir, tem algum momento marcante pessoal seu aqui na Camargo? Assim, que você gostaria de deixar registrado, alguma história mais marcante, pitoresca?
R – Olha, sem dúvida eu acho que marca para gente o momento de greve, o momento onde a gente tem que atender essa população toda fora do canteiro. Porque o movimento se dá aqui dentro e a gente atende fora. Então isso é marcante pela quantidade de pessoas que a gente tem que alojar em outro local e alimentar. Então toda a logística é muito forte, muito grande, então isso realmente marca. Por outro lado, a parte social também que a empresa desenvolve não pode ficar de fora, porque é a parte boa. Então o próprio Dia do Bem Fazer, que mobiliza a empresa toda no mundo todo, não só no Brasil, é um momento muito bonito. E o ano passado eu tive a oportunidade de participar do Dia do Bem Fazer, também em uma escola que nós acabamos promovendo melhorias. E o fato de os próprios alunos, das crianças preparem músicas e agradecimentos em razão desse trabalho não tem dinheiro que pague. Então você realmente percebe que a empresa pensa no social, pensa na comunidade. E a comunidade reconhece isso. Então isso também marca bastante para gente. Eu já trabalhei em algumas empresas e eu digo com convicção que a parte de responsabilidade social da Camargo, sem dúvida alguma, é muito maior do que as empresas por onde eu passei.
P/1 – E qual é o papel... Você aqui, a sua equipe, as cooperativas, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que também apoia, desenvolve muito trabalho, assim, qual é o papel desses diferentes agentes nessa cadeia do bem?
R – Acho que todos ajudam a desenvolver a comunidade de maneira social, ambiental e econômica. Acho que cada um tem uma parte da responsabilidade e cada um colabora para que esse todo se concretize. Então todos têm as ações e responsabilidades que juntas fazem com que o programa acabe dando resultado.
P/1 – Tem uma coisa que eu achei interessante também, tem uma estrutura toda de lazer aqui dentro. Os alojamentos, para quantas pessoas tem alojamento? Depois tem uma estrutura de lazer, vi campo de futebol, quadra, restaurante, tem toda uma estrutura para o funcionário, né?
R – Tem. Tem uma estrutura de lazer com salas de jogos, cinema...
P/1 – Cinema?
R – Cinema. Igreja, cabeleireiro, salas de TV. É uma cidade. Banco. Você tem toda uma estrutura de atendimento ao funcionário, além das áreas de lazer, que você mesma citou: campo de futebol, canchas, o ginásio. Então tem toda uma estrutura montada para dar um atendimento ao nosso profissional.
P/1 – Porque aí ele não precisa se deslocar para Nova Mutum, os funcionários acabam morando aqui.
R – Alguns moram na vila, em Nova Mutum- Mato Grosso, alguns moram em Jirau, alguns moram em Porto Velho, mas a maioria dos profissionais ficam alojados aqui, eles têm as refeições aqui e todas as atividades disponíveis. E eles também, evidentemente, se eles querem sair, passear, ir para outras cidades, eles têm essa condição.
P/1 – Quantos moram aqui, mais ou menos? Para ter uma ideia.
R – Aqui dentro?
P/1 – É.
R – Hoje nós estamos com 8 mil, eu diria que em torno de 6 mil pessoas...
P/1 – Moram aqui.
R – Estão aqui. E o restante na vila, em Jaci- São Paulo.
P/1 – Como você organiza esse pós-trabalho? Porque é uma cidade, né? Tem segurança... Como organiza essa vida social dessa cidade aqui?
R – Nós temos todas as áreas trabalhando 24 horas, com equipes 24 horas, integradas, de maneira que a gente consiga dar todo o suporte necessário, principalmente porque a obra roda 24 horas, então nós temos que ter esse atendimento de dia, de noite, finais de semana, feriados. A gente não para.
P/1 – Até parte de Saúde também? Hospital, Pronto Socorro?
R – Temos. Sim. Temos um ambulatório médico com médicos, enfermeiros. De maneira geral, uma estrutura muito bem montada, disponível para atender o profissional. Além disso, ele tem o plano de saúde também, caso ele tenha necessidade de consultas específicas, ele também tem o plano de saúde que ele pode utilizar.
P/1 – Eu não sei se você tem notícia disso, mas um exemplo assim, antigamente uma hidrelétrica, alguma obra desse porte tinha essa estrutura? Ou o pessoal fala que isso veio com esses tempos mais recentes?
R – Olha, como eu tenho uma experiência muito recente na área de Construção Civil, o que eu ouço é que esse processo foi se modernizando, foi evoluindo ao longo do tempo. Inclusive, Jirau é um diferencial. A partir de Jirau, outras obras que iniciaram, iniciaram com o novo padrão de atendimento ao profissional, tanto na parte social, quanto na parte de lazer. Então realmente Jirau foi um diferencial.
P/1 – Maravilha. E desafios para o futuro, os seus desafios?
R – Desafio para o futuro agora, como nós entramos em um momento de desmobilização, é de aproveitar os profissionais qualificados em outras obras e que a gente continue desenvolvendo esse trabalho em outros locais.
P/1 – Eles geram uma demanda, essas outras obras geram uma demanda, recorrem a sua equipe?
R – Sim. Sim. Como nós estamos nesta fase de desmobilização, então nós recebemos muita demanda de outras unidades. Então muitos profissionais já foram transferidos, já estão trabalhando em outras unidades. E muitos ainda, que ainda faltam atividades a serem encerradas, vão ser transferidos na sequência, sem dúvida. O máximo que a empresa consegue aproveitar é vantajoso pela experiência que o profissional leva consigo.
P/1 – Pela experiência, o conhecimento que ele tem, a postura que ele já...
R – Perfeito. Perfeito.
P/1 – E para você, pessoalmente, nesse 1 ano e 7 meses que você tá aqui, quais foram os seus aprendizados?
R – Eu acho que é lidar com essa quantidade de pessoas, com esse tamanho de obra, com essa diferença de localidades, porque dentro do canteiro, minhas áreas ficam a quilômetros umas das outras. Então eu não tenho um grupo num único local, onde nas outras empresas eu habitualmente tinha. Hoje então se eu preciso ir para área de Recrutamento, eu tenho que ir para Porto Velho, se eu preciso ira para área de Departamento Pessoal, eventualmente na margem esquerda, eu tenho que ir para lá. Então são pontos distantes, onde eu não tenho a condição de diariamente estar em todas essas áreas. Então é uma particularidade interessante.
P/1 – E para você, uma hora também vai desmobilizar, como você pensa que a sua carreira vai se desenvolver?
R – Eu investi na Camargo, estou satisfeito na empresa, e a perspectiva é que eu possa também em outra obra dar continuidade a esse trabalho, principalmente agora adquirindo essa experiência, que é bastante interessante, a gente pode aplicar com muito mais facilidade agora do que no início.
P/1 – Para gente ir finalizando, por que é importante uma empresa como a Camargo fazer esse relacionamento com a comunidade e fazer essas ações de Responsabilidade Social?
R – Eu, sem dúvida, não querendo ser repetitivo, é deixar o legado para comunidade. Daqui a 5 anos, 10 anos, alguém falar assim: “Na época em que a Camargo Corrêa esteve aqui fazendo aquela obra, nós pudemos desenvolver esses projetos.” E talvez, até daqui a 10 anos, alguém falar que esse projeto continua acontecendo porque a Camargo, naquela oportunidade, deu as condições para que isso acontecesse. Então acho que isso é o legado que a empresa vai deixar. Isso para mim é o mais importante.
P/1 – Maravilha. E o relacionamento com o instituto?
R – O instituto é um parceiro nosso. Todas as atividades que nós desenvolvemos com a sociedade, com a comunidade de maneira geral, o instituto sempre nos apoia. São pessoas com uma experiência bastante vasta na área de Responsabilidade Social, então a gente sempre pede o socorro para eles no sentido de apoio. Então também eles estão sempre parceiros e estão sempre conosco nesses trabalhos.
P/1 – Respaldo.
R – Total. Total.
P/1 – Há respaldo. Maravilha. Duas perguntas finais. Qual é o seu sonho? O que você ainda quer realizar, pessoal, profissional?
R – Olha, eu quero continuar desenvolvendo minha carreira na área de Recursos Humanos. Eu já estou com 32 anos de experiência na área, então pelo menos encerrar minha carreira, quem sabe daqui 10 anos ou 15 anos, com o sentimento de dever cumprido, com uma perspectiva também de crescimento profissional, isso a gente sempre tem. Mas realmente encerrar a carreira olhando para atrás com satisfação de ter entregado o resultado esperado e feito o que deveria ser feito, sem dúvida.
P/1 – Maravilha. E assim, dessa experiência nossa aqui de olhar para sua história, sua trajetória, sua carreira até chegar aqui, em um ponto assim, alto da sua carreira, da sua vida pessoal. Como foi olhar para esse passado e contar essa história para gente? Como foi essa experiência?
R – Para mim é muito gratificante, porque se eu contar desde o início a minha vida pessoal, que foi de uma família pobre, onde eu tive que praticamente arcar com estudos e o esforço que eu tive para me formar, fazer as minhas pós, enfim, toda a minha formação, todo o esforço que eu tive, a constituição da família, e avaliando o histórico profissional, o crescimento profissional ao longo de todos esses anos, hoje eu chego a esse ponto olhando para atrás dizendo assim: “Realmente eu posso me considerar um vencedor, até esse momento, porque houve toda uma evolução, todo um processo de melhoria, que mudou a minha vida.” Então não tenha dúvida, para mim é muito satisfatório.
P/1 – Está joia. Você acha que ficou faltando falar alguma coisa, Walmir? Alguma coisa que a gente não abordou, que você gostaria de deixar registrado?
R – Poxa, a gente falou acho que de todos os assuntos.
P/1 – Bastante.
R – Não sei se em algum momento, talvez, não ficou claro alguma coisa, mas eu acho que não. Eu estou satisfeito. Acho que abordamos tudo.
P/1 – Então tá joia. Então em nome da Camargo Corrêa, do instituto, do Museu, eu agradeço a sua entrevista. Obrigada.
R – Eu que agradeço. Obrigado.
P/1 – Ah, foi ótima.
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