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Por: Museu da Pessoa,

Trabalhar pros outros nunca foi minha praia

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Trabalhar pros outros nunca foi minha praia

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Cristiano Gonçalves Cardoso, 15 de abril de 1985, Favela da Vila Prudente. Minha mãe é pernambucana e meu pai é mineiro.

Meu tio era uma grande liderança aqui dentro da favela, o ‘seu’ Dalvino e aí saiu na revista Veja, há muito tempo, acho que 1970, meu tio, chamado Dalvino e o ‘seu’ Espíndola, os mafiosos da favela, mas era questão de política. Ele ia ser padre, aí acabou falando que não ia ser mais padre. Ele ficou exercendo essa função, mas não era médico. Ele dava injeção dentro da favela, dava remédio, aquela consulta básica, que é periférica. E o ‘seu’ Espíndola era uma grande liderança dentro da favela, eles saíram na revista. Meu pai comprou, naquele tempo, uma Veja e foi visitar minha mãe. Aí meu vô olhou e falou: “Esse aqui é meu irmão”. Ele falou: “Seu irmão?” Aí meu pai foi e trouxe todos os meus tios pra ficar na favela (risos), meus tios nem queriam contato com ele e, no final da conta, a família inteira da parte da minha mãe veio pra cá.

Até os sete anos eu brincava de bola, pular corda, esconde-esconde, chuta pote, de tudo que você imaginar. Pipa era pouco. Pião, vilinha, jogo da velha, stop.

Eu já comecei a trabalhar com sete anos de idade, trabalhava numa mecânica, com meu irmão. Aí trabalhava de manhã com ele e estudava à tarde. Eu comecei a ganhar um pouquinho de dinheiro, a primeira coisa que eu fiz foi dar o dinheiro pra minha mãe.

A única coisa que nós sabemos, quando somos periféricos. Com 12 anos você já é responsável pra compra roupa, pagar suas dívidas, comprar qualquer coisa dentro de casa, viajar, sair.

Com doze anos eu comecei a vender limão no farol, eu vendia dez reais quase todo dia, naquele tempo, dez reais era muito dinheiro.

Depois vendi saco de laranja, guaraná, água. Aí vi uns meninos vendendo caneta e eles não andavam suados, andavam bem arrumados, aí eu falei: “Mano, como vocês vendem essa caneta...

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Dados de acervo

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P1 - Fecha os olhos, respira fundo, vai tentando trazer imagens do passado na sua mente, as mais longínquas que você consegue ver, vai voltando pra trás, pro passado __________ (00:23). Que imagem que te vem?

R1 – Uma imagem? Primeiro, com a minha mãe.

P1 – Como que é essa imagem?

R1 – Minha mãe sempre foi a pessoa mais perto da gente, né? Pelo menos dos filhos. E aí ela sempre querendo ensinar a gente escrever, ler ou falando de trabalho.

P1 – Como é seu nome completo?

R1 – Meu nome é Cristiano Gonçalves Cardoso.

P1 – Qual o seu local e data de nascimento?

R1 – Minha data de nascimento: 15 de abril de 1985, sou favelado da gema, São Paulo.

P1 – Qual favela?

R1 – Favela da Vila Prudente.

P1 – Os seus pais são da favela também?

R1 – Não. Minha mãe é pernambucana e meu pai é mineiro.

P1 – Qual o nome da sua mãe?

R1 – Minha mãe Geniclides Gonçalves Cardoso.

P1 – E você conhece a história da sua mãe, dos seus avós?

R1 – Mais da parte da minha mãe que da parte do meu pai.

P1 – O que seus avós faziam? De onde que eles eram?

R1 – Meu vô da parte da minha mãe era nordestino de Pernambuco e aí essa questão, eles trabalhavam muito que eles chamam na roça, né? E aí minha mãe veio pra São Paulo, após casar com meu pai. Aí eles eram de Pernambuco, mudaram pra Ocauçu, que é aqui interior de São Paulo e aí meu pai acabou conhecendo minha mãe com 15 anos, minha mãe casou com 16 anos.

P1 – Você sabe como eles se conheceram?

R1 – Não, meu pai era um doidão, que gostava da Jovem Guarda e aí ele foi visitar algum parente dele, viu minha mãe, falou que gostou e, no outro dia, ele veio buscar minha mãe pra casar. No outro ano ele voltou e foi casar com a minha mãe. Rápido, assim.

P1 – Sua mãe gostou dele também?

R1 – Não. Minha mãe falou que não gostava. Minha mãe falou que só o viu uma vez, só. Meu pai fumava um baseado e aí (risos) minha mãe nem sabia que...

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