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Personagem: Eduardo Kairalla
Por: Museu da Pessoa, 14 de junho de 2018

Tatuagem aos 90

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Tatuagem aos 90

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Você já viu árabe com nome de Eduardo? Pois foi minha irmã, a Olga, que me deu esse nome. Acho que estava na moda. E Kairalla é “bem de Deus”, em árabe.

Meu pai se chamava José, e minha mãe, Nagibe. Meu pai nasceu em Mimes, no Líbano – hoje é Líbano, antigamente era Síria. Era ourives. O pai dele, Miguel, já era ourives. E ele ia lá naqueles haréns para tirar medida das odaliscas. Só ele podia entrar. Homem não podia ver as mulheres deles. E ele via também o pé – coisa que ninguém via, porque era fetiche lá, antigamente, 150 anos atrás – para fazer uma pulseira aqui no pé. E meu pai ia junto, com oito anos. Lá que meu pai aprendeu a profissão de ourives.

Meu pai nos educava por intermédio de pequenas histórias. Ele era um sábio. Tinha três, quatro anos de escola. Era arteiro, e o padre deu-lhe um tapa na cara, que aquele anel cegou. Meu pai tinha seis anos. Então, ele nunca mais foi à escola. Mas era um sábio. Mal sabia ler e nos educava assim, dando exemplos, em pequenas histórias.

Ele chegou aqui, no Brasil, em 1897. Já tinha um irmão dele aqui, mas o comércio deles estava patinando. Então, ele veio para salvar. E se casou lá em Bauru, o primeiro casamento, em 1906 – eu sou do segundo casamento. Ele ficou viúvo em 1923, com oito filhos! E, em 1926, se casou com a minha mãe. Era 25 anos mais velho que ela. Ela veio com 23 anos do Líbano para cá. Tinha um namorado lá, mas o irmão dela não gostava dele e deu um tapa nela. E falou para o namorado: “Você não reage? Você não é macho?”. O homem não era de briga, ficou quietinho. E minha mãe veio embora para cá. E logo indicaram para meu pai. Eles apresentavam: “Olha, você está viúvo aí? Tem uma mocinha lá em São Paulo...”.

E foram morar em Monte Alto, onde ele estava com os oito filhos. E ela encarou tudo ainda menininha, com 23 anos. Acho que ele teve umas oito fazendas de café lá em Monte...

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