Projeto Educação para o Mundo
Memória dos 30 anos da Escola Cidade Jardim/PlayPen
Entrevistado por Fernanda Prado e Isla Nakano
Depoimento de Felipe Amiky Maluf
São Paulo, 24 de novembro de 2010
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número MECJ_HV024
Transcrito por Denise Yonamine
Revisado por: Nataniel Torres
P/1 – Então Felipe, primeiro obrigada por você ter vindo aqui no museu.
R – Imagina.
P/1 – E eu queria começar pedindo pra você repetir pra gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Tá. Meu nome é Felipe Amiky Maluf, nasci em 03 de agosto de 1991, nasci em São Paulo.
P/1 – Certo. E qual é o nome dos seus pais?
R – Mauro Alexandre Maluf e Patricia Amiky Maluf.
P/1 – E qual que é a atividade deles? O que eles fazem?
R – Então, meu pai tinha uma empresa de água e agora ele mexe com o mercado financeiro assim e a minha mãe se formou dentista, odontologia, e agora ela tá mexendo com umas coisas de roupa assim, mas nada muito específico.
P/1 – Certo. E você sabe o nome dos seus avôs?
R – Sei. Meu avô por parte de pai chama Alexandre Shaf Maluf e a minha avó chama Dulce (Matar?) Maluf, e aí por parte de mãe é Alberto (Amic?) e Ivone (Amic?), Ivone Oliveira (Amic?)
P/1 – E você sabe um pouquinho da origem deles? De onde eles vêm?
R – Sei. Então, meu bisavô, por parte de pai, veio do Líbano pra cá, de uma cidadezinha que chama Sage, lá no Líbano, no Vale do Beca, é bem vilazinha assim. E aí ele veio pra cá de navio. Meu bisavô chama (Shafic?) Maluf e a minha bisavó chama Rose, eles vieram juntos pra cá e tiveram o meu avô aqui no Brasil já. Só que o meu avô aprendeu a falar o árabe e o francês antes de aprender a falar português. Então a minha convivência inteira com ele foi praticamente árabe assim. E o meu outro avô, por parte de mãe, coincidentemente, veio da mesma vila, mas o meu avô do Líbano, acho que o pai ou o avô dele, veio do mesmo lugar...
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Memória dos 30 anos da Escola Cidade Jardim/PlayPen
Entrevistado por Fernanda Prado e Isla Nakano
Depoimento de Felipe Amiky Maluf
São Paulo, 24 de novembro de 2010
Realização Museu da Pessoa
Entrevista número MECJ_HV024
Transcrito por Denise Yonamine
Revisado por: Nataniel Torres
P/1 – Então Felipe, primeiro obrigada por você ter vindo aqui no museu.
R – Imagina.
P/1 – E eu queria começar pedindo pra você repetir pra gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Tá. Meu nome é Felipe Amiky Maluf, nasci em 03 de agosto de 1991, nasci em São Paulo.
P/1 – Certo. E qual é o nome dos seus pais?
R – Mauro Alexandre Maluf e Patricia Amiky Maluf.
P/1 – E qual que é a atividade deles? O que eles fazem?
R – Então, meu pai tinha uma empresa de água e agora ele mexe com o mercado financeiro assim e a minha mãe se formou dentista, odontologia, e agora ela tá mexendo com umas coisas de roupa assim, mas nada muito específico.
P/1 – Certo. E você sabe o nome dos seus avôs?
R – Sei. Meu avô por parte de pai chama Alexandre Shaf Maluf e a minha avó chama Dulce (Matar?) Maluf, e aí por parte de mãe é Alberto (Amic?) e Ivone (Amic?), Ivone Oliveira (Amic?)
P/1 – E você sabe um pouquinho da origem deles? De onde eles vêm?
R – Sei. Então, meu bisavô, por parte de pai, veio do Líbano pra cá, de uma cidadezinha que chama Sage, lá no Líbano, no Vale do Beca, é bem vilazinha assim. E aí ele veio pra cá de navio. Meu bisavô chama (Shafic?) Maluf e a minha bisavó chama Rose, eles vieram juntos pra cá e tiveram o meu avô aqui no Brasil já. Só que o meu avô aprendeu a falar o árabe e o francês antes de aprender a falar português. Então a minha convivência inteira com ele foi praticamente árabe assim. E o meu outro avô, por parte de mãe, coincidentemente, veio da mesma vila, mas o meu avô do Líbano, acho que o pai ou o avô dele, veio do mesmo lugar assim, super coincidência. E a parte da minha avó é de Portugal, de... ah, não vou lembrar exatamente onde que é em Portugal, mas a minha bisavó é portuguesa.
P/1 – Aí eles...
R – Família Oliveira.
P/1 – Da família do seu pai, quando eles vieram pro Brasil, vieram pra São Paulo mesmo, eles foram pra... você sabe pra onde eles foram?
R – Não, acho que eles vieram, acho que eles vieram pra São Paulo mesmo. Desde que a minha família chegou pro Brasil, vieram direto pra São Paulo.
P/1 – E o que seus avós faziam?
R – Meu avô era comerciante, ele tinha uma empresa de comércio. Como ele manjava super a cultura árabe, ele tinha uma vantagem sob as outras pessoas, porque o árabe é super pessoal, assim de relacionamento. E como ele manjava tudo lá de como se portar nesse meio, ele tinha uma empresa de exportação que ele exportava do Brasil pro Iraque ou pra essa região aí do Oriente Médio. Então ele exportava carne, exportava gêneros alimentícios, essas coisas. E meu outro avô, por parte de mãe, tinha uma madeireira, mas nada específico assim.
P/1 – E você teve contato com eles?
R – Ah, o meu avô faleceu em janeiro de 2006, mas ele foi super presente na minha vida. A gente era muito, muito, muito próximo. E o meu avô, por parte de mãe, hoje mora em Jundiaí, que a empresa dele tem sede lá, mas, putz, ele tem uma importância, minha mãe fala que ele foi mais importante na minha vida que na dela, porque, às vezes, como pai assim tem os seus defeitos assim, mas, putz, como avô foi impecável, me ensinou a curtir o time que eu gosto, me levava no jogo do São Paulo, é bem bacana.
P/1 – E conta um pouquinho... você tem irmãos?
R – Tenho, tenho dois irmãos e uma irmã. O meu irmão mais velho tem 27, Mauro Alexandre Mira Maluf, ele é de outra mãe, né, mas cresceu comigo, viveu comigo a vida inteira, então pra mim é como se fosse, não tem diferença nenhuma. Meus outros irmãos, eu tenho um irmão mais novo, de 15, Rafael Amiky Maluf e minha irmãzinha de 14, Manuela Amiky Maluf.
P/2 – Deixa só eu te perguntar uma coisa, você sabe como que os seus pais se conheceram?
R – Sei, é bem bacana. Dentro dessa continuidade da empresa do meu avô, meu pai também fazia as exportações, né, então ele foi pra Chicago exportar café e aí levou o café daqui do Brasil pra lá e a minha mãe foi fazer intercâmbio durante seis meses, era de seis ou um ano, acho que foram seis meses. E ela foi pra Chicago também, e aí meu pai tava vendendo café lá no saguão, num hotel eu acho, num ambiente lá e aí passou uma mulher e falou: “Ah, que legal você tá vendendo café? Você é brasileiro?” Falando com meu pai assim e tal: “Ah, você é brasileiro? Eu tô com uma brasileira na minha casa.” E aí ela apresentou ao meu pai, essa mulher acho que chamava Lilian, eu acho, e aí ela apresentou meu pai pra minha mãe e aí ele se conheceram lá em Chicago e foi isso. Aí foi bem engraçado que a minha mãe ela morava com... ela morava nessa casa com a Lilian e o filho dela que chamava Phill, Phillip, e aí a minha mãe ficou super apegada com esse menino e tal e o meu nome vem por causa desse menino, Felipe, aí ela deu Felipe. E aí, putz, um tempo atrás, acho que uns cinco, seis anos atrás,ele ia fazer intercambio pro Brasil e ele ficou na nossa casa.
P/1 – Ah, que legal.
R – É.
P/1 – E como é que era a sua casa de infância, onde você morava?
R – Putz, era super bacana assim, era bem... eu tenho ela bem idealizada na minha cabeça. Eu morava, putz, subindo a rua da PlayPen, quando eu era pequeno assim, acho que meus pais acabaram colocando a gente, nem conheciam tanto... Nem sabiam que a gente ia se adequar tanto a escola assim, que ia dar tão certo como deu, os três filhos lá e passar a vida inteira lá, mas eu acho que era mais por causa da localidade mesmo, que era na rua de casa, você descendo a rua a gente tava na PlayPen. Então, quando a gente era pequeno eu lembro da gente de skate, ia pra escola de bicicleta, andando, putz, várias vezes. Aí a minha casa era ali na Cidade Jardim mesmo, tinha um gramadão bem bacana, e tinha uma casinha na árvore, tinha um abacateiro bem grande quando morava lá devia ser bem grande, na verdade não deve ser tão grande assim. Aí meus pais tinham feito uma casinha da árvore que eles deram pra gente de natal, putz, muito bacana, a gente tinha um escorregador que descia. Pra mim, que era pequenininho parecia enorme, né, quando a gente ia descer. A gente tinha um cachorro, um pastor alemão também e, putz, meus pais falam que o apartamento que a gente mora hoje é maior que a casa, mas na minha cabeça assim, a casa era enorme. Mas era bem bacana, eu adorava assim, a gente acabou vendendo por causa de segurança assim, tipo, que a casa ficava muito vulnerável, meus pais se sentiam meio inseguros, e aí a gente acabou mudando pro apartamento.
P/1 – E do quê que você gostava de brincar nessa casa com esse espaço? O quê que vocês faziam na casinha da árvore?
R – Putz, ah, eu lembro muito de brincar com os meus irmãos no gramadão. Tinha um gramadão enorme com uma piscina assim, meu pai adora fazer churrasco, adora. E aí, putz, direto a gente montava a churrasqueira lá embaixo da árvore, chamava a família inteira, a gente estendia um tapetão que a gente tinha lá no gramado e aí ficava brincando e vinha a minha irmã, vinha todo mundo. Ah, eu me lembro de chamar vários amigos e a gente ficava brincando na casinha, brincava no gramado, putz, mas eu não lembro de nada específico assim. Ah, meus amigos da PlayPen iam direto pra lá. Ah, sempre que tinha trabalho da escola a gente marcava em casa, que era perto da escola, né, então todo mundo já sabia mais ou menos como chegar. Era isso.
P/1 – E você lembra qual que era o seu cotidiano assim pequenininho?
R – Ah, eu lembro mais ou menos assim. Então, pequenininho você diz que fase assim?
P/1 – Ah, uns cinco, sete, que você lembre assim.
R – Ah, eu lembro que quando eu era bem pequeno assim quando eu comecei a ir na escola meus pais adoravam ir com a gente. Eles entravam na sala e ficavam brincando com a gente, eu lembro que a gente nem queria que eles fossem embora. Aí, ah, eu lembro a primeira vez que a gente fez, que a gente ficou, porque a PlayPen ela tem horário estendido, né, ficava preso até as três da tarde. E era, acho, até a pré-escola você saía meio dia, aí depois você saía as três da tarde. Eu me lembro do primeiro dia que a gente ficou até as três da tarde, putz, me senti o adulto, né? Só que daí teve um negócio engraçado que a minha mãe, tipo, deu algum rolo que o dia estendeu assim, o dia que era pra ficar até mais tarde passou pro dia seguinte, e minha mãe achou que fosse aquele, então minha mãe me abandonou e eu fiquei do meio dia as três, eu fiquei lá sozinho sem fazer nada, com a Cássia, era a moça da portaria, acho que não está mais na escola, faz tempo, mas foi bem bacana. Mas meu cotidiano, eu saía da escola, eu me lembro de voltar pra casa assim e muitas vezes eu voltava a pé com a babá, que buscava a gente ou voltava com os meus pais. E meu pai trabalhava em casa, acho que nessa fase ele trabalhava em casa, ele não saía pra trabalhar, então a gente... eu lembro de estar sempre junto, a gente almoçar junto, a minha mãe sempre estava presente e a gente sempre almoçou junto assim, nessa fase. E aí lembro de fazer natação também quando era pequeno, mas eu odiava, detestava ir pra natação. Era ali perto no Caxingui, mas eu, era só isso assim, não tinha nada muito mais.
P/1 – E você falou da convivência com os seus avós, como é que era isso? Era de final de semana que você se encontrava com eles? Como que vocês estavam juntos? Quando?
R – Ah, o meu avô sempre foi o núcleo da família assim por parte de pai, sempre que teve natal, sempre que teve coisa, sempre que teve festa de aniversário de avós assim, e meu avô, como família árabe adora reunir a família. A gente sempre tinha almoço na casa dos meus avôs assim, ou jantar de fim de semana, mas meu avô ele não era muito nessa presença assim física mesmo, mas eu tenho muita sensação de meu avô me ligando assim, putz, os dois... A gente é são paulino roxo assim, né, eu, meu vô e meu outro avô por parte de mãe também, e aí eu lembro que a cada gol que o São Paulo fazia ele me ligava, cada vez que o São Paulo perdia, ele me ligava e a gente contava um pro outro e ficava contando as mágoas. E o meu avô, eu lembro muito dele me contando cada história, até bacana contar isso, meu avô tinha idéia de gravar um livro das viagens dele porque ele viajou muito assim, por causa do negócio da exportação, acabava viajando muito. Ele carregava um gravador, ia contando as histórias que iam acontecendo pra lá e pra cá e tal. E aí quando ele faleceu, eu me lembro dele me contando essas histórias todas ao vivo, histórias no colo dele, e aí quando ele faleceu, acho que uns dois, três meses, a gente achou esse gravador, digitalizou tudo e distribuiu pra família. Então hoje, se a gente quiser ouvir um pouco da voz dele, a gente abre as histórias e é bem bacana, eu lembro dessa versão do velho. Mas era de fim de semana assim, eu tenho muita imagem do meu avô materno, da gente indo pro jogo do São Paulo assim, putz, sempre... Teve uma fase da minha que a gente, putz, ia quase todo fim de semana assim, ele me pegava em casa, tinha uma caminhonete azul muito feia, muito feia que ele me levava pros jogos... Eu me lembro dele me levando pro teatro bastante também. E aí ele me pegava em casa e a gente almoçava em algum lugar por aí e ia pro jogo do São Paulo. Eu fui fazer uma viagem também pra Goiás pra pescar com meu avô, meu avô materno. E uma vez, a gente foi junto, só eu e ele, pro Rio Araguaia lá pescar. Foi uma viagem super gostosa também, putz, várias lembranças, fantástica essa viagem, foi muito gostosa. Mas hoje a gente se vê pouco assim, porque ele mudou pra Jundiaí e ele e minha avó não são casados. Meu avô juntou com uma moça super bacana também e ele tá morando lá pra Jundiaí, a empresa dele é lá. Mas assim, de uma forma ou de outra, por mais que a gente tenha se distanciado um pouco assim, eu sinto que meu avô é super presente. Até hoje meu avô paterno apesar de já ter falecido assim, eu sinto que ele tem uma importância assim na minha formação, no meu jeito de ser, incomensurável assim.
P/1 – E você se lembra de alguma dessas histórias que ele te contava que ficou marcada, que você se lembra?
R – Putz, deixa eu ver, alguma história... Ah, eu me lembro de uma coisa muito específica do meu avô que era assim, a gente perguntava pra ele: “Avô, de onde vem a palavra quimono?” “Quimono vem do árabe. Provavelmente é quimono é quimo...”, e aí ele vai fazendo do jeito dele, aí chega no quimono que veio do árabe. Putz, todas as palavras, o alfabeto inteiro se você perguntasse pra ele, ele falava que vinha do árabe, era impressionante, você falava: “Vô, sorvete?” “Sorvete era de um povo que fazia uma fruta com gelo lá e sorvete, sorvete, sorvete e virou sorvete...” E aí isso era uma coisa bem específica assim, se a gente falar pra qualquer um da família... e eu lembro que o meu avô era super bravo, porque ele foi presidente da AACD, aquela associação, e aí ele convivia com esse tipo de acidente todo momento, e aí ele morria de medo que acontecesse alguma coisa com a gente, morria de medo. Então a gente tava fazendo qualquer coisa assim e levava uma bronca dele, super bravo, quer dizer, de uma forma gostosa. Aí, uma vez eu tava lavando a mão e ele: “Menino, não lava a mão quando tá chovendo!” E eu: “Por quê?” “Cai um raio lá fora e te mata e não sei o quê.” (risos) Assustei e como assim? Mas, putz, essas histórias específicas das viagens eu não vou lembrar, mas eu tenho muita imagem de eu sentado assim no sofá dele, no colo dele pedindo pra ele contar as histórias dele.
P/1 – E você falou que você aprendeu árabe?
R – Não, não.
P/1 – Não, ele só contava as histórias?
R – Não, mas ele contava em português. Ele chegou do Líbano... Não, ele nasceu no Brasil, mas como ele conviveu a vida inteira com os pais libaneses, ele aprendeu primeiro o árabe, depois o francês, que é a segunda língua do Líbano e foi colonizado pela França, e aí aprendeu falando na escola assim, ou com a babá, aprendeu o português, mas a vida inteira ele chamava a gente de formas carinhosas assim, vem meu querido e não sei o que, ele falava tudo em árabe pra gente. Mas era só isso, hoje a irmã dele tá viva ainda e minha tia avó é meu avô em pessoa, praticamente. Então, quando a gente quer ter um gostinho do Keko, a gente vai na casa da tia Mike que a gente sabe que vai encontrar um pouquinho lá, ela fala árabe também, é uma imagem dele assim, bacana.
P/1 – Certo. E indo agora pra um caminho assim pra gente falar um pouquinho da escola, qual que é a sua primeira lembrança da PlayPen?
R – Eu acho que a primeira lembrança é do meu pai indo levar, eu muito pequeno mesmo assim, a PlayPen... A primeira que eu estudei nem era, nem foi a primeira PlayPen que existiu, mas foi a primeira PlayPen que eu estudei. Ela tinha a entrada da escola, ela tinha um corredorzão que dava pra um parquinho super grande e tal, aí tinha um parquinho pequeno e tinha uma rampinha que dava pra um parquinho grande que tinha uma árvore com uma coisa em volta assim, tinha uma quadra de futebol. Na verdade, hoje olhando assim, outro dia eu fui lá na escola velha, e olhei e não era tão grande assim (risos), na época que eu estudei lá parecia enorme, a árvore era gigantesca. E antes disso, tinha um parquinho pequeno que era o parquinho das crianças e lá, olhando pro lado assim tinham duas salas, acho que eram dois andares, se não me engano e ali ficavam as salas dos pequenos, acho que ali foi uma das minhas primeiras salas assim. Porque entrando na escola pelo portão principal, se você virasse a esquerda, tinha ali o que a gente chamava de garagem que antigamente, porque eu acho que era a casa da Guida lá, na escola, e ali virando a esquerda, devia ser a garagem dos carros dela e aí a gente chamava... era a região onde a gente ficava esperando nossos pais pra irem buscar a gente, a gente ficava na garagem, era lá. E aí, seguindo reto na portinha da garagem ali, você dava num, ou num jardim, ou nas salas, na secretaria ou nas salas de jardim da infância assim. E eu lembro que foi uma das primeiras salas. E eu tenho muita imagem do meu pai chegando comigo na escola assim e brincando comigo, com os brinquedos tal assim, uma das primeiras vezes que eu devo ter ido pra escola ele... Eu acho que na PlayPen, acho que tem essa coisa familiar assim, acho que se você for estudar em outra escola, provavelmente, as professoras não iriam deixar, né? Mas a PlayPen foi super diferente. Meu pai ia comigo pra escola, acho que ele foi com todos os meus irmãos assim e brincava com a gente lá, fazia uma farra e a gente nem queria que ele fosse embora. Não sei se era muito bom pedagogicamente, mas foi muito gostoso, foi uma memória boa que eu tenho.
P/1 – E você se lembra de como é que eram os lanches ou as atividades que você fazia nesse começo?
R – Ah, lembro, lembro. Eu lembro que cada um tinha um copo... Tinha que levar uma canequinha pra escola, né, pra tomar o lanche e tal. Aí cada um tinha a sua canequinha lá, tinha o nominho e tal, e aí, putz, no começo assim era bem tranquilo, tinha a hora da soneca, tinha a hora do lanche, era super gostoso... A Marinalva, que trabalha lá, acho que ela tá lá até hoje, ela trabalhava pra Guida assim, antes da Guida abrir a escola. A Mari é um anjo. E aí, ela que levava o lanche toda vez e tinha fruta, tinha maçã... Então, cada dia era uma coisa, e aí tinha o suco e cada um tomava na sua canequinha com o nominho e tal. Era bem bacana. Aí a gente reunia, todo mundo, tomava o lanche, eu lembro que todo final de ano tinha um lanche comunitário assim, todo mundo levava um lanche e aí a gente sentava no gramadão que tinha, não era bem um gramadão, mas todo mundo sentava lá e cada um levava o seu, acho que era a escola inteira inclusive, ou Fundamental, e Jardim da Infância, eu não lembro bem o quê que era. Mas eu lembro que era super gostoso. A gente não frequentava o refeitório ainda, só quem fazia integral é que almoçava na escola. Aí tinha o dia das crianças que tinha cheeseburguer e batata frita, que era o dia mais feliz na escola, todo mundo aê!, tinha sorvete também, nossa, era uma alegria. Mas, é isso.
P/1 – As xícaras eram iguais? Ou cada um levava a sua ou podia escolher?
R – Eu acho que cada um levava a sua, mas eu lembro que era uma xícara, era um copinho de plástico branco assim, então pode ser que cada um tenha levado a sua, pode ser que seja essa branca, cada um ganhou uma no começo assim, eu não lembro exatamente. Eu me lembro da sensação de cada um ter que levar a sua caneca assim, eu me lembro das canequinhas aí meio parecidas, todas branquinhas. Mas, eu me lembro da etiquetinha com nome, isso eu lembro.
P/1 – E como é que era ir pra escola e ouvir em inglês e tal, e chegar em casa e ter o português?
R – Ah, putz, eu nunca senti muito essa diferença assim porque estando na PlayPen desde pequenininho você acaba acostumando dessas relações com os professores sempre foi em inglês. Ah, mas criança dá “migué”, a gente conversava em português e a professora respondia em inglês mesmo, mas até essa alfabetização em inglês, mesmo que tenha sido numa escola bilíngue, não ter sido estritamente em inglês foi, eu achei muito bacana assim e, de verdade. Mas chegar em casa e ter o português assim, eu não lembro, pra mim era assim bem diferenciado o que acontecia no dia assim: “Ah vou chegar na escola vou falar inglês, vou chegar em casa e falar português.” Não era bem assim, entendeu? Eu lembro que era mais ou menos uma coisa só, com os amigos, acho que eu conversava em português, quando era pequeninho assim, então acabava mesclando fluía legal, fluía bem.
P/1 – E você se lembra de algum professor desse comecinho na escola?
R – Lembro. Eu me lembro da Gabi, acho que eu tava, se eu não me engano era segunda ou terceira série, segunda série, que foi a época da “Quinta Dimensão com a América”, com esse pessoal todo, muito bacana, eu tenho lembranças. Eu lembro que América era que, era eu e o Gustavo Rocha, que era um outro amigo meu, a gente era super amigos, e aí a América era a nossa tutora, não lembro como é que chamava exatamente, mas putz a gente criou uma relação muito legal assim, de verdade. Mas professor mesmo que eu lembro, foi a Gabi, a Dani Bahia, da terceira série, fantástica. Nossa primeira aula de educação sexual também (risos), inesquecível. O que mais? A teacher Raquel, quando eu era muito pequeno, tenho foto de eu pequenininho na escola e a teacher Raquel, aí tem, deixa eu lembrar. Terceira série foi a Dani Bahia, segunda série foi a Dani Almeida, a Kika, a Kika eu não lembro se a Kika deu aula no Alfa, ou se ela deu aula na primeira série, eu acho que foi no Alfa. A Kika era muito fofa, quem mais de professora, tenho medo de esquecer de alguma, mas das que me marcaram muito forte foram essas daí a Dani, a Kika, as duas Danis, a Gabi, acho que só.
P/1 – E você contou pra gente aqui que se sentiu super adulto quando ficou o tempo inteiro na escola, como é que foi esse dia, o quê que te marcou? Ir lá no refeitório?
R – Então, era o Alfa que mudava desse período para, porque tinha o Preschool One, Preschool Two e Alfa, e o Alfa acho que ficava até mais tarde, né? Ah, eu lembro que foi uma sensação engraçada assim, da mesma forma que eu queria passar pra esse estágio mais avançado, vamos colocar assim, eu queria voltar pra casa pra almoçar com a minha família, lógico, muito gostoso. Mas eu lembro que o primeiro dia foi uma experiência gostosa assim, você sentar no refeitório com todos os seus amigos assim, foi diferente, lógico com o tempo acabou virando rotina e ninguém aguentava maisnficar até as três da tarde na escola, mas no comecinho foi uma experiência diferente, foi muito bacana.
P/1 – E você contou pra gente que ia pra escola, que você morava pertinho, que ia pra escola a pé ou de bicicleta, e tinha nessa parte um pouquinho mais velho de Fundamental, tinha alguma coisa que você gostava mais de fazer...
R – Putz, eu adorava as aulas de Educação Física do Ricardo. O Ricardo foi um dos primeiros professores de Educação Física que eu lembro assim, um cara são paulino também. A gente ficava comentando de futebol, gente finíssima! Lembro quando a escola teve a reforma e a gente tinha uma vizinha insuportável que quando tinha olimpíadas na escola, ela ficava jogando água na gente. Parecia uma bruxa. Todo mundo tinha medo dela, rolava um boato na escola: “A vizinha vem aí, não sei o quê”. E eu lembro que quando teve esse... o cara embargou a obra da escola, os professores saíram pra coletar assinaturas da vizinhança pra permitir que a obra continuasse. E aí eu me lembro de ter, acho que tava nas ferias, e eu tava de bobeira em casa e eu vi o Ricardo passando e ah, vou com ele, né? E aí a gente foi junto pra coletar as assinaturas. E tinha uma noite muito legal na escola que era a noite de dormir na escola, putz, era... a gente esperava o ano inteiro, o Ricardo, fez uma fogueira também lá na escola, tinha caça ao tesouro. Nossa, você falou das professoras eu não falei da professora que foi marcante também que foi a teacher Ana, acho que era Ana Paula que me dava aula na terceira série também. Putz, várias músicas, vários filmes, muito, muito bacana também, Ana Krauser, muito bacana, acho que essa terceira série assim foi uma das séries mais marcantes porque foi o último ano da PlayPen como aquela escola, depois disso acho que elas mudaram pra outra casa e foi uma série que tava muito cheiona, tava cheia de gente e foi a teacher Ana e a Dani Bahia, as duas professoras, e a série era muito unida, toda sexta-feira a gente tinha que levar uma música, foi realmente uma série muito bacana assim. E aí depois acabou indo cada um pra um lado, porque alguns pais não queriam que os filhos continuassem durante a reforma, até eu acabei mudando um pouco e me arrependi depois e voltei. Mas essa terceira série foi muito bacana e tinha esse dia de dormir na escola. Cara, era muito legal. As olimpíadas, a gente esperava ansiosamente também,que era o momento de cada um brilhar. Então, cada um tinha uma cor, laranja, amarelo e vermelho e era uma gritaria. A gente vivia o negócio mesmo, até a tiazinha jogando água lá na vizinha. Eu lembro que teve um jogo de futebol, eu sou horrível jogando futebol, eu não sei o quê que deu que fiz três gols, sei lá, acho que foi um dos dias mais legais (risos), me senti o astro, né? Minha mãe ia lá, tirava fotografia, acho que nem podiam ir pais, a minha mãe e meu pai... meu pai ia de pijama pra escola e tal, entrava lá dentro e “pai, você tá de pijama” “ah, filho, essa escola é a minha segunda casa não sei o quê”. A gente se sentia super em casa lá, de verdade assim, meus pais até... Tem até uma história engraçada que o Mr. French, que é o coordenador de inglês, e como a gente foi pro Canadá, com a escola, foi pra Suíça com a escola e tudo foi ele quem… Foi a escola que ele estudou no Canadá, a família... A cidade que ele morou lá no Canadá, e aí meus pais deram um jantar lá em casa pra Guida, Mr. French, pra Célia, pra esse pessoal todo, e aí eles acabaram ficando super amigos assim. Eu já tinha até saído da escola, mas pros meus irmãos eu senti que ficou essa sensação assim de uma coisa familiar, dos diretores irem jantar em casa, uma coisa bem de amigo mesmo. O que mais de fundamental que eu lembro que me marcou? Putz, teve umas idas ao cinema que a gente fazia todo mundo, tipo a série inteira com os professores também, ida ao teatro, ida ao cinema, essas saídas eram muito bacanas. Uma ida ao centro da cidade também, tipo... a gente almoçou naquele Copan, que chama, fomos na torre do Banespa, passamos lá no centro, foi bem bacana também. Ah, são coisas simples assim, mas que acabaram me marcando. O que mais? Ah, o que marcou bastante acho que foi isso, eu vou acabar lembrando de alguma coisa mais tarde, mas por enquanto acho que foi isso.
P/1 – Ah, queria que você contasse mais pra gente como é que era a dormida na escola, nunca fui dormir na escola. (risos)
R – Dormir na escola era muito... Cada um levava um sleeping, colchão inflável, sei lá, e aí, tinham vários eventos assim, tiveram... fazia a fogueira, mas acho que não tem mais. Foi só naquela época mesmo. Aí o Ricardo fez uma fogueira lá, tinha caça ao tesouro, aí eles faziam meio que uma sala do medo lá na região onde era a biblioteca e sala de computação lá, colocava umas coisas escuras assim, num lugar a gente ia com a lanterna. Aí tinha um hot dog também, que era o jantar do dia assim, que era uma coisa diferente que tinha na escola, que normalmente não tinha, a Mari que fazia também. O que mais? Ah, eu lembro que uma vez que eu dormi foi a teacher Ana que dormiu com a gente, que ficou na nossa sala e aí a gente ficou contando história de terror assim. Nossa, as histórias de terror que ela contou, lembro até hoje assim, ninguém dormiu aquele dia, foi uma das coisas pesadas. E aí, putz, era a nossa sala mesmo, que a gente estudava, sem carteira e acho que, as meninas de quinta a oitava todas lá, dormiam, era uma zona, ninguém dormia, mas era bem engraçado.
P/1 – Tinha guerra de travesseiro?
R – Ah, sempre tem os bobões que ficam zuando lá, mas não me lembro de guerra de travesseiro, eu lembro da gente querendo dormir e as meninas mais velhas ficavam zuando, comentando, assustando a gente.
P/2 – E dessas histórias de terror que você falou que ela contava, conta uma delas pra gente.
R – Putz, deixa eu lembrar... Ah, teve uma história que ela contou que ela tava, acho que... ela tinha um irmão que ele fazia tipo aqueles escoteiro, acho que ele era escoteiro e tal, e aí tinha umas saídas, uns acampamentos também. E num desses acampamentos assim eu lembro que...eu lembro que ela contava, putz, colocava a lanterna na cara assim, era uma coisa super pesada, (risos) aí, e aí esse irmão dela era escoteiro e eles fizeram essa saída, e aí um dos meninos sumiu, um dos meninos sumiram, ninguém achava o menino e tal e aí acho que um dos coordenadores do curso lá eles viram dois homens de branco andando pela floresta, me marcou mesmo, (risos) aí eles viram esses dois homens de branco andando assim, aí ela seguiu esses homens de branco e eu lembro que tinha um rio lá, que ela contou, quando ela foi chegando perto dos homens, ela viu que tinha um menino se afogando lá e aí eles falaram que o menino tinha sumido, ela olhou de novo e os homens tinham ido embora. É uma coisa parecida com isso, acho que se a teacher ouvir, ela vai lembrar dessa história aí, se ela se arrebentou na água, mas me marcou bastante. O que mais tinha na dormida na escola? Putz, ah, tinha... o caça ao tesouro. Era bem legal. Eles colocavam umas pistas assim com durex na parede, a gente ia caçando várias pela escola inteira. Era bem bacana. A gente dividiu em dois, três grupos ali, e a gente saía atrás desse tesouro e era bem bacana. E a fogueira também foi super gostoso. A gente fez uma confraternização lá, acho que foram duas vezes que a gente dormiu na escola, acho que tinha ano sim, ano não, e aí eu acho que foi uma coisa que acabou perdendo, a escola cresceu, acho que ficou mais complicado de fazer uma coisa parecida. Mas era bem gostoso, era bem diferente.
P/1 – E a olimpíada, como é que era?
P/2 – Ah, deixa só eu perguntar de novo, é que você falou do futebol que você fez os gols, queria saber também dos outros jogos que tinham na olimpíada.
R – Então, as olimpíadas eram esses três times: laranja, vermelho e amarelo, cada um tinha a sua camiseta que os alunos mesmo faziam, não cada um fazia a sua, mas os alunos desenhavam um logo, e aí a gente votava pra ver qual que tinha ficado mais legal e a gente fazia, cada um fazia uma camiseta de uma cor e tinha o desenho feito por um aluno, horrível, nunca escolhiam o meu (risos), os desenhos eram sempre péssimos. Mas eu lembro de um desenho que era uma bolona assim com o símbolo da PlayPen tal, tinham várias bolas de esportes diferentes. Nossa, teve um dia muito bacana que foi o dia dos pais, eu até vou mandar essa foto pra vocês que foi o dia dos pais que teve o dia dos esportes americanos, e aí eu era... a gente foi jogar beisebol no dia dos pais. E aí meus pais estavam lá na arquibancada da escola e aí era a série... aí eu acho que eu tava na terceira ou na segunda, no primeiro, não lembro, era ou primeiro contra segundo, primeira série contra segunda série, segunda série contra primeira série, primeira série contra segunda, terceira, eu lembro que era uma série acima e, putz, tava morrendo de medo de alguns caras mais velhos, e aí jogaram a bola, uma bolinha de tênis. A primeira nada, meu pai “uh”, a segunda nada também, então a gente já tinha perdido a esperança praticamente, a terceira eu acertei a bolinha, a hora que eu acertei a bolinha voou maior longe, sai correndo, maior festa, meu pai entrou, invadiu o campo não sei o quê (risos), uma situação bem engraçada. E aí tem a foto que tiraram lá no dia que eu, meu pai, com a bolinha lá e foi bem bacana, esse dia foi inesquecível também. Aí, nas olimpíadas que tinha, tinha cabo de guerra, tinha futebol, vôlei, basquete. Cada dia tinha um schedule assim com todos os esportes diferentes que iam ter no dia. E aí tinha não sei o que feminino, não sei o que masculino, não sei o que misto... Não lembro se a gente chegou a ganhar alguma das olimpíadas. Não lembro que foi uma coisa assim que a vitória em si me marcou, mas lembro que o ambiente das olimpíadas era muito marcante. A vibe que o pessoal ficava nessa semana das olimpíadas era muito legal, eu acho que era o Ricardo quem organizava. Era muito bacana, muito bacana mesmo. Mas era isso.
P/1 – E você lembra se tinha algum brinquedo ou algum espaço do play que você gostava mais de ir (interrupção)...
R – Espaço do play, vamos lá, eu lembro que em volta da árvore, que era uma árvore bem grandona, que tinha tipo um banco assim, que eram dois bancos que davam a volta, e a gente sempre se reunia lá, tinha um brinquedo bem bacana também que era uma coisa que você segurava assim e ficava andando em cima de uma lata, de um latão, ficava girando, ficava tipo uma esteira. Tinha um que você segurava também, que descia tipo tirolesa, putz, o brinquedo deve ser dessa altura assim mais ou menos, na minha época o negócio era enorme. Mas, lógico, o lugar onde a gente mais ficava era a quadra assim, eu lembro que na segunda série, dividiram, porque era muito cheia então tinham duas séries, lembro que tinha um nome específico, mas não vou lembrar qual que era, vou falar 2ºA e 2ºB, não era, era um nome bem bacana, entendeu? Mas eu não lembro e aí eu lembro que a gente montava altas estratégias, tinha técnico, tinha tudo, montava time pra ganhar da série de lá, entendeu, eles faziam exatamente a mesma coisa, aí chegava no dia, chutava uma bola lá e saía aquela correria, cada um pra um lado, nada a gente colocava em prática, mas era muito bacana, a gente fazia toda estratégia pra ganhar do time da outra série. E a quadra, todo play a gente ia jogar bola, adoro futebol, por mais que eu seja horrível é bem bacana.
P/1 – E quem era seu grupo de amigos nessa época?
R – Putz, a terceira série acabou ficando muito unida assim, todo mundo era muito amigo, eu lembro muito de ter ficado muito amigo do Gustavo Rocha. Na época, era o cara que eu tinha mais proximidade, até cruzei com ele há pouco tempo atrás, ele tá com uma banda também e a gente foi tocar, ele tocou no mesmo lugar que a gente e aí foi bem bacana reencontrar ele assim, a gente trocou “mó” idéia, foi bem bacana. Ah, hoje as cabeças são outras, mas na época eu lembro que a gente era muito ligado, aí quem mais? As professoras nem deixavam a gente sentar junto, sabiam que a gente ia fazer baderna, botava um num canto e outro lá no outro canto da sala. Putz, tem uns amigos que ficaram comigo na PlayPen e são meus amigos até hoje, o Vitor, que é meu melhor amigo até hoje. A Giulia, a Bia, a Paola, Carol, foram pessoas que assim, fiz sexta, sétima e oitava juntos, mas foi um grupo que se uniu bastante também assim, a gente viajou junto pra Suíça, viajou junto pro Canadá, então, putz, a relação que a gente formou ali foi muito bacana. Hoje, putz, acho uma pena que a gente tenha se afastado assim, cada um ter ido pra um canto, entendeu, cada um tá fazendo faculdade, cada um faz coisa aqui, coisa acolá, a gente não tem muito tempo pra ser ver, mas o Vitor é uma pessoa que todo dia tô falando, todo dia a gente troca uma idéia, nem que seja pelo MSN, mas o contato a gente tenta manter. É mais fácil do que com outras pessoas, eu acabei namorando uma dessas meninas, foi a Paola, e a gente acabou se distanciando depois, então perdemos o contato. Mas o Vitor, a Paola e a Ju, desculpa, o Vitor, a Bia e a Ju, a gente tá junto, os quatro, cinco, putz, desde lá do comecinho, entendeu? Então foi um grupo muito, muito forte, a gente tá junto acho que desde o pré primário, mesmo no Preschool One, Preschool Two. Então, a gente foi... Eu tive a saída lá do Porto, quando eu mudei de escola, mas eu voltei logo depois, e aí quando eu voltei, entraram essas duas meninas também, a Paola e a Carol, e aí a gente formou essa série de sete pessoas assim, mas muito, muito bacana, muito, muito ligada, muito unida. Ai, quem mais? O Vitor, eu o Vitor e a Bia, a gente fez essa viagem no Canadá quando a gente tava na sexta série, foram só nós três e um menino que era de duas séries abaixo, foi muito engraçado. Várias histórias juntas dos dois, muito legais. A viagem na Suíça então, foi a melhor viagem da minha vida assim.
P/1 – A gente já vai falar dela, só queria que você agora falasse pra gente quando você falou que o terceiro ano foi marcante, que foi o último ano lá, você chegou a passar pra outra escola no comecinho e tal, ou você já na mudança mudou de escola?
R – Não entendi, como assim?
P/1 – Que você falou que na terceira série foi seu último ano lá naquela escola?
R – Foi, mas foi o último ano de todo mundo assim, a escola mudou depois dessa terceira série, foram pra aquela casa na rua da frente.
P/1 – Daí você continuou na PlayPen um pouquinho? Ou não?
R – Não, no fim da terceira série a escola deu uma dissipada bem grande, mudou bastante gente, eu lembro que foi um pessoal pro Porto Alegre, pro Santo Américo, acho que pro Porto Seguro fui só eu. Mas eu me lembro de bastante gente que saiu e acabaram ficando quatro, cinco na quarta série, na outra casa, acabaram ficando quatro, cinco, a Bia, o Vitor e a Giu eu lembro que ficaram, eu acabei mudando, eu lembro que foi pra conhecer novas experiências assim, entendeu? Eu lembro que o horário me encheu bastante e o fato do Porto Seguro não ser integral era um chamativo, um atrativo bem grande assim. E aí, “ah, tá todo mundo saindo vou nesse hall também, vamos ver no que vai dar”. Mas me arrependi super de ter mudado de escola e voltei dois anos depois. Por um lado foi legal que assim, a parte social na outra escola era bem bacana, fiz bastantes amigos e tals, mas, putz, pedagogicamente foi um lixo, me dei super mal, não bateu assim, eu falei “ah, vou voltar pra lá que lá é o meu lugar”.
P/1 – Do que mais você sentia falta da PlayPen quando você mudou?
R – Ah, primeiro que Porto Seguro é um colégio alemão assim, cabecinha bem fechada, a gente chamava a professora de senhor e senhora, Dona não sei o que lá, Seu não sei que lá e eu tava acostumado a dormir com professor entendeu, naquele dia lá. Foi um baque. Mas eu me adapto fácil às coisas. Me adaptei facilmente ao Porto Seguro. Pedagogicamente não dava nada certo, eles passavam...ah tem também no Porto Seguro a aula de alemão, numa boa falam alemão em toda a Alemanha, que é desse tamanho, uma língua que... se bem que, até agora o PlayPen tá dando aula de alemão, mas na época eu lembro que era horrível, alemão pra mim não dava nada certo. Eu sentia falta desse contato assim que você tinha com os professores, com os amigos de saírem juntos, professores e alunos, entendeu? Olha só, era uma relação de amizade que a gente construía muito bacana. Se eu te falar que eu lembro de vários professores da PlayPen e eu só lembro de um do Porto Seguro. E marcou justamente pelo lado contrário, marcou por ser chato. Você se lembra dos legais e lembra dos chatos, né? E marcou por me darem bronca. Eu trazia pra casa o meu diário e eu precisava de outro diário porque tudo tinha um bilhetinho, “Felipe não trouxe lição”, “Felipe na, na, na”, “Felipe não sei o que lá”. A minha mãe não aguentava mais, meu pai não aguentava mais. Eu me lembro de um negócio engraçado foi uma das últimas reuniões, eu tava quase estourando a linha entre Felipe e Porto Seguro assim, tava quase indo tudo pro buraco, aí ligaram pros meus pais, meus pais foram lá pela nonagésima nona vez e a tiazinha falou, a diretora lá “o Felipe não tem o perfil Porto Seguro” e meu pai falou “graças a Deus”, e me tirou uma semana depois (risos), eu voltei pra PlayPen. Não deu certo. Foi bacana porque fiz muitos amigos, porque a escola, duas mil pessoas, escola empresa praticamente, mas eu acho que todo mundo sai de lá rotulado, entendeu? Meio fabriquinha de aluno e não é isso que, nem eu e nem a minha família, procuramos pra gente, entendeu? O que mais que eu sentia falta? Ah, sentia falta mais assim desse contato mesmo, menos impessoal com os professores e coordenação, era... na PlayPen isso é muito forte, muito bacana, não tem em nenhuma outra escola. No Gracinha que é uma escola parecida com a linha da PlayPen você ainda encontra isso, você ainda vê amizade, já saí com meus professores. Por isso talvez eu tenha procurado uma escola na mesma linha da PlayPen, porque foi uma coisa que me marcou, foi uma coisa muito bacana assim, de verdade, de trocar essa ideia com os professores assim, de ter essa proximidade, de ter essa pessoalidade com os professores, é muito bacana.
P/1 – E como é que foi voltar pra PlayPen, o que você sentiu, o lugar era outro?
R – Ah, senti que tava voltando pra casa. Lembro que a Guida, quando eu voltei, foi a primeira vez que a escola voltou pra onde ele tá agora, e aí eu lembro que a Guida chamou todo mundo, os alunos novos, primeiro dia de aula “os alunos novos, por favor, venham pra cá pra gente apresentar”, eu falei “eu não vou nem a pau” (risos), “aluno novo não, pelo amor de Deus, eu to voltando pra casa”. Não fui. Apresentar aluno? “Eu tô em casa”. A escola nova tava sendo diferente pra todo mundo porque ninguém tinha estudado lá ainda, mas eu lembro que foi a sensação de estar voltando pra casa mesmo, de estar voltando pro lugar onde eu me sentia parte dele, eu não me sentia parte do Porto Seguro nem a pau, me sentia parte da PlayPen muito forte. Era a escola que eu me identificava muito. Porto Seguro, putz, eu não via a hora de acabar e não via... odiava ir pra lá, odiava. Também não vou falar que foi esse mar de rosas todo, tive meus problemas, como em qualquer outra escola, a escola também não é essas mil maravilhas, mas a PlayPen é diferente das outras, pelo menos, pra mim, foi. Eu tenho amigos que deram super certo no Porto Seguro, que adoram a escola, que amam, que não conseguiriam viver em outra, não conseguiriam fazer outra escola. Mas acho que é uma coisa muito pessoal, pra mim não funcionou e tive que voltar pra lá. Ah, um professor que me marcou muito também foi... Ah, mas esse é um professor do Ensino Médio, desculpa, de quinta a oitava ali, os professores de quinta a oitava, putz, todos me marcaram muito, muito. A Maria Laura, Rafael, professor de Matemática, teve um professor de História que ele deu aula um ano pra gente, acho que ele acabou sofrendo de uns problemas particulares e ele teve que sair, Ricardo Dreguer, ele deu aula de História pra gente por um ano, putz, acho que foi o melhor professor que eu tive na minha vida, o cara era fantástico, fantástico, muito, muito bacana, de verdade. Aí teve a Fernanda, professora de Ciências, putz. Teve outra professora de Ciências, Denise, muito, muito gente fina, foi no U2, eu lembro que adorava U2 e ela contava pra gente as histórias. Putz, é que eu não quero me esquecer de nenhum professor, que todos os meus professores do Fundamental do PlayPen foram muito bacanas. O Jonas, nossa, como é que eu pude esquecer do Jonas, professores de inglês todos, até os professores novos que acabaram entrando no final, a gente se deu super bem. Mr Betsen, um cara dez, muito bacana, todos os professores, porque a gente era um grupo muito, muito pequeno, e acabava ali, a sala era muito pequena e acabava na pessoalidade, ficava tudo muito unido, a gente tinha uma relação muito bacana com os professores. Teve uma fase da minha vida até que, quando eu mudei pro Porto Seguro, o Jonas dava aula pra mim de inglês, ele ia na minha casa e tal, pra fazer acompanhamento, porque no Porto era muito fraco. E aí, acabei fazendo uma relação muito bacana com ele de conversar, a gente acabou ficando bastantes amigos e aí mudou de escola, tomou outro rumo, mas o Jonas foi um cara que eu tenho uma lembrança muito gostosa assim, um cara muito bacana, sueco, muito legal.
P/1 – Foi então por causa de manter as aulas de inglês com o Jonas que você voltou na PlayPen sem grandes dificuldades, por causa do inglês?
R – Você diz isso tecnicamente o inglês mesmo?
P/1 – É.
R – É. Eu não lembro de ter tido maiores dificuldades pra retomar assim com o pessoal, mesmo porque eu tive esse período de acompanhamento com os professores da PlayPen mesmo, mas ah, foi pegando com o tempo, entendeu? Não me lembro de ter tido uma mudança muito grande, eu lembro que tinha uma mudança muito grande com o alemão, o alemão foi treta. Eu me lembro de ter feito aula nas férias da terceira série, de alemão pra entrar no Porto Seguro, com uma professora que chamava Marta, muito fofa diga-se de passagem, completamente diferente dos professores do Porto, os professores de alemão do Porto pareciam militares assim, o negócio era meio complicado. Mas a mudança para a PlayPen, acho que talvez por causa desse reforço que eu tinha feito com o Jonas, eu não senti muita dificuldade na hora de voltar. Eu lembro que a gente tinha aula com a Lia, de inglês, e aí trocou a professora, entrou a Samantha. Samantha, putz, muito fofa, uma inglesa, muito, muito gente fina. É isso. Os professores, acho que nessa mudança, não senti muita diferença não.
P/1 – E voltar a ter aula período integral?
R – Ah, nunca é muito gostoso, mais por causa de preguiça mesmo, não curtia muito ficar até as três, mas acabava ficando, porque eu saí pra ter redução de carga horária de escola e eu vi que se acabava tendo menos aula, mas acabava tendo que chegar em casa e estudar mais, acabava compensando você ficar mais na escola, você estava com os seus amigos fazendo alguma coisa. E eu, no Porto Seguro, estudava a tarde. Estudar a tarde é um negócio que mata, porque se você saía de casa a uma da tarde, aí voltava as sete da noite, aí dormia as 11, acordava as dez, entendeu? E não tinha horário pra você fazer nada, das dez você tem que estar na escola e é um círculo vicioso, chegava em casa cansado e não quer fazer nada. Um lixo você estudar a tarde, eu detestei. Mas eu lembro que as aulas que a gente tinha no período da tarde eram bem tranquilas. A gente tinha aula de ética com a Gabi, não era nem ética, era, ah esqueci, era bem bacana. Via filme, trocava uma idéia, era bem legal e eu lembro que, o que eu ia falar? Esqueci, depois eu me lembro, do, do... ah, na sexta-feira a gente não saía, saía meio dia na sexta-feira e eu lembro que era alegria de chegar na sexta-feira pra poder sair mais cedo compensava, porque se você saía sempre meio dia você acabava perdendo essa coisa legal que dava de você ter a regalia de sair mais cedo na sexta-feira, entendeu? Mas sei lá, é um preço a pagar pra estar em um lugar que eu me sinto mais em casa, me sinto mais feliz, porque que acho que se não é uma coisa que você tá feliz, não funciona. Se não é um lugar que você se sente parte do funcionamento ali, não flui. No Porto Seguro eu não me sentia parte da coisa, mas na PlayPen eu me sentia, e foi um preço que eu tive que pagar, mas quando eu saí do Porto Seguro, nem cogitei ir pra outra escola.
P/1 – E você se lembra de ter feito alguma peripécia assim de molecagem na escola, de alguma coisa que tenha marcado?
R – Que eu lembre... Ah, de menino bem pequeno lembro da gente fazer umas bolinhas de lama e tacar na parede, depredação, normal de infância, mas acho que eu sempre fui tranqüilo, os professores provavelmente vão negar esse fato (risos), mas eu acho que sempre fui um menino tranquilo assim. Ah, mas sempre tem coisa que a gente faz de molecagem, mas eu não dava muito trabalho pra escola, eu acho (risos), vamos ver se eles confirmam, mas eu acho que eu não dava muito trabalho no setor de comportamento.
P/1 – Quando você voltou pra escola que teve a viagem pro Canadá?
R – Foi. Foi no ano que eu voltei, passei um ano e aí eu fui pro Canadá, foi muito bacana, a gente foi com o Mr. French, foi uma viagem que, putz, a gente se aproximou muito dele nessa viagem, por ser a cidade que ele morou, por ser a escola que ele estudou, uma cidade com dez mil habitantes, muito pequena. E foram só eu, a Bia, o Vitor e o Pedro, que era o menino bem mais novo, que a gente. Mas, a gente adorou, a viagem deu super certo, não teve nada de... que eu lembre que eu fale, “isso não, isso foi chato”, não. Sempre é muito gostoso a viagem com os amigos e conviver com o Mr. French foi muito bacana, ver como é que ele era fora da escola, pegar avião com o cara, ir jantar com o cara, pegar carro com o cara. A gente acabou pegando uma proximidade muito bacana, fora desse ambiente escolar.
P/1 – Você já tinha ido viajar assim pra longe?
R – Não, sozinho não, primeira vez.
P/1 – E como é que foi toda essa questão de independência, de estar lá no Canadá sozinho, o inglês toda hora?
R – Foi bem bacana. Na viagem pra Suíça, eu senti mais isso, porque aí sim a gente tava by yourself. Na verdade, no Canadá a gente tava com Mr. French, praticamente o representante ali da instituição escolar e mantinha contato com nossos pais todo dia, na Inglaterra... quando a gente foi pra Suíça, a gente passou uma semana na Inglaterra, na Suíça a gente tava na escola ali mesmo, então também não tinha muito essa coisa. Na Inglaterra, a gente tava mais livre, então a gente acabou se sentindo mais...o inglês é, putz, o inglês que a PlayPen me deu assim, se eu tivesse aproveitado mais gramaticalmente, tivesse estudado mais, me dedicado mais, eu teria condição de dar aula, tranquilamente, como as minhas amigas dão, a Bia e a Júlia, que se dedicaram mais que eu, dão aula de inglês facilmente. Mas o meu... a minha fluência em inglês é muito tranquila, eu me viro super bem, me viro normalmente assim. Pra mim, falar inglês em outro país é uma coisa normal, não tenho nenhum tipo de problema. Meu pai, pra ele é um sacrifício conseguir se comunicar fora do país. É um sacrifício. Mas, me dá uma tranquilidade muito forte assim, o inglês que a PlayPen me deu, uma tranqüilidade muito grande em relação a conversa com outras pessoas, eu sei do que eu tô fazendo. Mais, no Canadá, foi muito gostoso, porque a gente era muito pequeno e aí criou uma amizade muito grande ali, eu, o Victor e a Bia, a gente acabava ficando sempre juntos. E a gente ficou em casa de família e tal, e o Mr. French saía com a gente depois da aula pra fazer atividades esqui, era neve, um frio desgraçado naquele lugar, mas foi uma viagem muito, muito gostosa assim, muito marcante.
P/1 – Você lembra assim de alguma coisa assim marcante dessa viagem que ficou? Fora a amizade e tal, mas algum fato assim que...
R - Ah, eu me lembro de o esqui foi muito gostoso, eu ter saído pra esquiar com os meus amigos, uma coisa assim que você não faz nunca praticamente, e me marcou muito forte. A minha família era uma família de italianos morando no Canadá e eles recebiam bastante gente de fora, então na minha casa tinha um alemão, tinha um coreano, tinha um outro cara que era tailandês, não sei, então era uma miscigenação muito grande ali, eu lembro que isso me marcou bastante. Eu lembro que me marcou também... teve um negócio na escola...além de uma coisa que me marcou também que sabia que eu jogava futebol bem, pro nível deles ali (risos), acho que... eles falaram “nossa, você joga bem!” “desculpa, eu não jogo bem”, pra eles, eles achavam que era o Pelé praticamente. Eu lembro que... nossa, uma coisa que eu adorei lá no Canadá, era sair no fim de semana pra assistir jogo de hóquei, a cidade era super pequena e acho que o único evento que eles tinham a semana inteira era o jogo, mas também ia a cidade inteira pro estádio, reunia a cidade inteira lá quando o time ia jogar assim, e eu lembro que quando eu tava lá teve tipo São Paulo e Corinthians deles assim, que a cidade era time de Nelson contra o time da cidade vizinha assim, que era uma rixa super grande. E o hóquei é um jogo super brutal, então tinha a porradaria toda lá, mas eu lembro que a cidade inteira reunia ali pra ver o jogo de hóquei e foi uma coisa muito bacana. Uma coisa muito legal também era poder andar livre pela cidade. Você fala “velho, quero ir pra tal lugar”, você pega e vai, entendeu, aqui em São Paulo você não pode fazer isso, você não deixa seu filho de dez anos sair andando pela rua. Lá no Canadá você pode fazer isso tranquilamente, não tem problema nenhum. E eu lembro que essa sensação de poder andar, poder ir pra escola andando, poder fazer o que eu quisesse andando era muito diferente, era muito legal. Lembro que tinha um lugar na cidade inteira que era onde essas pessoas se reuniam que era o WalMart, só tinha o WalMart lá e, putz, quando a gente marcava com os amigos da escola pra se reunir era lá. E aí tinha uma loja de cd que eu comprei, eu adoro música, então eu comprei cd’s que não tinha no Brasil, das bandas que eu gostava, voltei e tal, meu irmão também adora, a gente ficava ouvindo e porra, esse é legal, não sei o quê. Eu lembro que foi uma coisa, me marcou bastante também...Nossa, teve uma coisa que foi muito bacana, muito bacana, que quando a gente chegou em Vancouver, a gente fez o vôo São Paulo-Vancouver, Toronto, Toronto não sei o que lá, não sei o que lá de carro pra Nelson, praticamente chegamos no Zimbaba pra chegarmos lá. Aí fomos pra Vancouver. Lá em Vancouver geralmente não neva, teoricamente, chegamos lá, é óbvio que nevou, nevasca total, e Vancouver não tinha avião que saísse do lugar. Aí tivemos que dormir no aeroporto, aí não foi bem dormir, a gente passou o dia todo no aeroporto, aí a hora que deu a noite Mr. French falou: “Não, vamos procurar um hotel”, aí fomos pro hotel, conhecemos a cidade de Vancouver, muito bacana, aí dormimos mais uma noite no aeroporto (risos), aí no dia seguinte, a gente conseguiu ir. Teve uma coisa bem bacana também, quando a gente voltou do Canadá, a gente passou dois dias em Vancouver aí pra curtir mesmo, pra conhecer a cidade e a hora que a gente chegou no aeroporto, Mr. French tinha contratado uma limousine pra gente lá e aí, putz, imagine três moleques, quatro moleques de 12, 13 anos andando de limousine pelo Canadá, subiu à cabeça. A gente tava se achando super, foi muito gostoso, foi muito bacana. E acho que é isso que eu tenho de lembrança de lá marcante assim foi isso.
P/1 – E da PlayPen são famosos os eventos de halloween...
R – De halloween, putz...
P/1 – O quê que você se lembra desse momento e como é que...?
R – Então, eu lembro quando era bem pequeno eu ia pra escola tinha, eu esqueci o nome dela, coitada, teacher muito fofa, eu já vou lembrar, bom já lembro, aí ela foi pro Canadá com os meus irmãos, com o Rafa, de supervisora lá e ela fez um halloween na sala. Ah! Tinha um negócio de ir pro shopping também que era, morria de vergonha, sou super tímido (risos), não era uma coisa assim, você tinha que ir fantasiado de monstro pelo shopping Iguatemi, nas lojas pra pedir doce. Você queria morrer (risos), você se escondia praticamente, não, era horrível. Mas era engraçado, lógico, você chegava e dava risada. Teve uma festa de halloween mais legal que eu tive o azar de ter apendicite na semana (risos), então tava todo mundo se divertindo na festa e eu tava operando. Mas minha mãe fez um vídeo com depoimento de todos os meus amigos, falando na festa: “Ah, não sei o quê, melhoras aí, a gente tá curtindo aqui, legal, pena que você não está aqui, Fê, que não sei o quê, Fê, que não sei o que lá”, e aí eu lembro que esse vídeo me marcou bastante também. Que eu tava lá no hospital assistindo o vídeo do pessoal no halloween na noite anterior. Mas, e aí quando a gente era pequeno teve essa festa de halloween e a gente fazia dos jogos específicos de pegar maçã com a boca, marshmallow e ficava toda cheia de farinha, aí era isso, mas o dia do shopping era horrível (risos), eu morria de vergonha de sair fantasiado de monstro pelo Shopping Iguatemi. Pior que no Shopping Iguatemi é aquele lugar que você encontra todos os parentes, todos os amigos, tá lá vestindo de monstro, mas era legal, era engraçado, valia a pena.
P/1 – E como é que era ir com os seus irmãos quando vocês já estavam maiorzinhos que iam todos pra escola, como é que era tá com eles? Se tinham momentos de recreio juntos?
R – Tinha, ah o convívio com os meus irmãos sempre foi muito bom assim, a gente teve... o núcleo familiar, da minha família, sempre foi muito legal, a gente teve sempre um relacionamento ótimo. E, ah, te dizer que tinha vezes que dava um saco de estar com os meus irmãos lá na escola, você queria estar no momento com os seus amigos, mas isso nunca entrou no meio, eu sempre tive o momento com os meus amigos, meus irmãos com os amigos deles, mas se... eu lembro que se acontecia alguma coisa com cada um, a gente se defendia lá, tipo a ganguezinha dos Maluf’s (risos). Que a gente fala que o professor tem o calendário e ele vai ticando os dias sem a família Maluf, um a menos, outro a menos, outro a menos, ele não aguentava mais, há 30 anos, tem nego, não vai acabar, agora a Manuela é a última, a Manu tá fazendo o último ano dela agora, é a oitava. Se nossos filhos não forem pra lá (risos), acho que vai ser a última remanescente aí.
P/1 – E como é que foi indo seus estudos da viagem do Canadá, você voltou aí fez as próximas séries?
R – Fiz sétima série, mesmo pessoal, oitava série e aí, em julho da oitava série, foi aquela viagem pra Suíça, foi a viagem mais gostosa...
P/1 – Antes da gente falar da Suíça tinha alguma matéria que você gostava mais?
R – Ah, eu lembro que a sétima série foi a série que a gente fez com o Dreguer, o professor de História que eu comentei que era fantástico. O cara era muito bom. O Beto, que era o professor de História que deu aula pra gente depois do Dreguer era fantástico também, mas eu lembro que o Dreguer marcou muito a gente, porque a gente tirava umas fotos deles, a gente fazia umas zoeiras, o cara era muito gente fina, muito engraçado. E aí eu lembro que ele foi um professor que, por ele ter ficado pouco tempo, e por a gente ter tido uma proximidade tão grande com o cara, acho que foi o que me marcou mais assim. O Roberto, o Beto, era um cara muito bacana, tem um baita professor, ele deu aquele filme, “Revolução dos Bichos” pra gente que é muito legal, a gente adorou, ficou comentando na aula logo depois um tempão. A gente leu o 1984 com ele também, do George Orwell, também muito bacana. Eu lembro que eu gostava sempre muito mais da parte de Humanas do que da parte de Exatas, eu sempre tive problema com matemática, com essas coisas. Hoje no colegial, com física, química, isso me mata. Mas, sempre adorei geografia, sempre adorei história, sempre...gosto de português, eram as matérias que eu tinha mais facilidade, mas eu adorava todos os professores do Gracinha, desculpa da PlayPen, então eu não tive problema com as matérias no geral assim, eu acabava, eu pegava recuperação, eu sempre peguei recuperação a vida inteira, então, mas eu pegava e acabava passando assim, todo mundo falava que eu tinha jeitinho brasileiro, porque dava uma rebolada aqui, uma rebolada ali e acabava passando, né? Mas eu... se eu pudesse fazer de novo, eu acho que eu teria tomado com mais... feito as séries ali com mais afinco, com mais concentração do que tava fazendo, acho que eu vagabundeei demais ali, mas foi o que foi e eu não me arrependo de nada do que aconteceu. Foi uma fase muito gostosa da minha vida mesmo.
P/1 – E agora conta um pouquinho pra gente como é que foi a viagem pra Suíça?
R – Ah, então, foi julho de 2006, foi oitava série, viagem de formatura, né? Foi a série inteira, a gente passou três semanas na Suíça numa escola e lá tinham as atividades normais, fazia aula de inglês, que o Mr. French pediu, que eu consegui dar o meu “migué” e fazer as quatro aulas que eu tinha de música (risos), ele pediu: “Olha, façam uma aula de inglês e as outras três você escolhe do que você quiser, né?” Aí eu cheguei lá e coloquei música, música, música, música, Mr. French quase me matou, mas tudo bem. Aí, acho que ele nem sabe disso na verdade, tô contando pra ele agora, desculpa, viu, Mr French (risos). Aí, o que mais? A gente saiu pra... saía pra jantar, saía pra almoçar assim, alguns dias fora da escola em restaurantes de fondue que tinham na Suíça, que eram fantásticos. E aí tinham as saídas de fim de semana, a gente ia conhecer cidades da Suíça que...que a gente ficou em Lesan, que é uma cidadezinha, acho que tem 1500 pessoas, cidade é praticamente a escola. Aí a gente foi pra Bunny, foi pra Geneva, foi pra todas as cidades ali que... puta, Suíça é super pequena, né, então a gente chegou de trem, foi super bacana. Fomos pro leite Niva, que é lá do lado, que é...nossa a gente foi no Festival de Montreux que é o festival de música muito legal que tem lá na Suíça, em Montreux, que é um festival de jazz, muito legal, eu adorei, ficava o dia inteiro, tinham várias bandas, o pessoal famoso que andava por ali, você cruzava com os caras e nossa, tiveram vários shows bacanas. Montreux foi muito legal, adorei, adorei, eu que sou um cara ligado a música, pra mim foi fantástico. E aí, na quarta semana, a gente podia escolher um lugar pra ir, os lugares era ou França, ou Itália ou Inglaterra e aí todo mundo, a gente fez um consenso, “ah, vamos pra Inglaterra”, vamos. E, putz, Inglaterra foi demais assim, a gente tava muito por nossa conta assim, a gente foi no Museu de Cera, foi muito, muito bacana, foi a viagem mais gostosa, com certeza. Ah, a gente criou um laço muito forte ali entre os amigos, hoje, eu acho que a gente... cada um tomou o seu rumo ali, mas... é aquela coisa que você vê quando você encontra um amigo antigo assim que você parece que passou tanto tempo, mas que no fundo parece que vocês se encontraram ontem, entendeu? Que os assuntos são os mesmos, a ligação que vocês têm ali você sente que não perdeu, sabe? Que a gente criou ali foi muito bacana. E a minha proximidade com o Vitor, porque era o único menino que tava lá, então a gente... Eu e ele, então, era pra todo lugar juntos assim, pra todo lugar e dava risada, foi engraçado, foi gostoso.
P/1 – E qual você acha que foi a importância dessas viagens pro seu crescimento pessoal, humano?
R – Ah, eu sempre fui um cara muito desorganizado, muito, muito desorganizado, nunca... Bagunceiro essas coisas, e aí lá na Suíça, se eu não me organizasse, eu perdia a minha passagem de volta, perdia meu passaporte, perdia minhas coisas, não voltava para o Brasil, né (risos). Não, agora, vamos, é óbvio, meu quarto era uma zona assim, tinha que entrar e parecia campo minado praticamente. Mas, eu acho que, de certa forma, eu aprendi a me virar sozinho, melhor assim, aqui em São Paulo a gente tem uma vida muito dentro, assim, e lá não, lá é cada um por si, entendeu. Se eu não ajudasse meu lado, ninguém ia ajudar, meu irmão perdeu o passaporte dele no Canadá, quando ele foi pro Canadá, acho que é de família, e assim quase que ele não volta, quase que ele não volta. A professora que tava com ele, a professora quase chorando pro cara da polícia federal pra deixar o menino entrar no Brasil, e falava vai, tava com 30 crianças, tava quase morrendo e aí passou meu irmão, não sei como que ele passou, mas voltou pro Brasil sem passaporte. Aí lá na Suíça, que eu achei que foi muito bacana, também foi você aprender a conviver com diferentes culturas. Eu tava num quarto que tinha um mexicano, um saudita e eu. O mexicano acabou ficando muito amigo meu e a gente tá até organizando há “mó” tempão dele vir passar um tempo aqui e eu ir passar um tempo lá, mas a gente tá acabando se desencontrando, o cara é muito bacana mesmo. E o saudita, eu lembro que ele tinha o fantástico hábito de acordar as cinco da manhã pra rezar (risos), coitado, só que não podia rezar no escuro, ele tinha que ler os bagulhos lá, aí acordava todo mundo as cinco da manhã, velho, por favor, pede pro Alá aí, mas uns diazinhos você pode pular a reza (risos), me deixa dormir aqui, não, tinha que rezar e rezava alto ainda, gritava, apontava pra Meca lá e rezava cinco da manhã todo dia, é embaçado. Mas, ah hoje é história pra dar risada assim, na época você acaba aprendendo a conviver com essas coisas, porque como era um lugar, é um lugar onde vem gente de todo o mundo, então tem francês, italiano, mexicano, saudita tinha muito, libanês, brasileiro, americano, suíço, tinha gente de todo pedaço, todo canto. E na época que eu fui, era época de copa do mundo, 2006, que o Brasil deu aquele vexame. Então, putz, a gente torcendo lá pra caramba, aqui a TV era uma tevêzona grandona e aqui ficavam o lado dos brasileiros e aqui ficava o lado dos franceses, Brasil e França, nossa eu queria matar (risos), tinha vontade de avançar nos franceses, ficavam abanando aquelas bandeirinhas pra gente, minha vontade era matar. E aí, ah, foi muito gostoso, a gente... o Vitor tava aprendendo a tocar bateria naquela época, já largou, mas ele tava tocando direitinho e a Giu, que era a outra menina que foi com a gente, ela tocava baixo e aí teve uma semana que tinha lá show de talentos, a gente tocou lá uma música, foi bem... Todo mundo curtiu, foi bem legal. E o negócio que eu via lá na Suíça é que árabe e judeu convivendo no mesmo espaço, não tinha essas coisas, foi um pedacinho de lugar ali que não tinha nenhum tipo de... a gente praticamente ignorava as culturas e de onde vinha cada pessoa e se misturava ali, cada um parecia uma pessoa era igual, foi muito bacana isso.
P/1 – E mais um pouquinho da PlayPen, voltando um pouco só pra não perder, você lembra de alguma bienal que você participou?
R – Lembro, lembro do Ianelli, a gente tava na segunda série, acho que a gente tava no Alfa, eu acho no Alfa, a gente fez um veleirão assim de lã, com fios de lã, putz, ficou bem bacana, quer dizer, na minha cabeça, hoje você vê e, provavelmente, não tenha ficado tão bacana assim. Mas, na minha cabeça, tinha ficado bem legal, foi bem gostoso fazer. Lembro do Lasar Segall também, lembro de um outro maluco que pintava a bandeira do Brasil, que teve a bienal dele também, o cara foi lá na escola, o cara bem legal, um cara muito louco, bem figura, foi bem legal fazer também. Acho que estas três foram as mais marcantes assim, a gente foi na casa do Ianelli lá visitar o ateliê dele, foi bem legal.
P/1 – E como é que era ter esse contato com o artista, poder trabalhar a obra dele e depois ir conversar com ele?
R – É, vou falar desse último aqui que pintava bandeiras do Brasil que eu não lembro o nome dele...
P/1 – É o Aguilar? José Roberto Aguilar?
R – É, é, esse mesmo, com cabelo grisalho.
P/2 – É ele mesmo.
R – Obrigado. Ele foi lá na escola e contou as coisas legais da ditadura assim que ele viveu, da opressão, do exílio que ele passou, e eu achei que esse contato foi o mais legal assim, porque meu pai é novo, relativamente, não pegou essa fase, meu avô também nunca me contou essas histórias, mas porque minha família nunca passou por esse tipo de situação assim, ninguém era muito esquerdista lá, putz, nunca teve nenhum tipo de repressão. Mas ver esse outro lado assim do cara contando do que ele passou, da situação de exílio, aí ver isso refletido nas obras dele, foi muito bacana assim, você poder analisar como que ele, o quê que ele viveu e depois passar isso pra obra dele assim, ver lá a bandeira do Brasil toda manchada de vermelho, da forma como ele retratou ali, você começa a entender mais a cabeça do cara assim, porquê que ele fez? Não foi a toa. Você ter esse contato ali com o artista é muito bacana, é muito importante.
P/1 – E nessa fase da PlayPen, no finalzinho, quando você vai decidir mudar, ter que escolher pra onde você vai e tal, tinha na cabeça assim o que você queria ser quando crescesse? Olha, quando eu for, eu vou querer seguir essa carreira ou não, você tinha alguma?
R – Ah, acho que desde moleque eu sempre quis fazer música assim, mas aí você acaba crescendo e você acaba vendo que, querendo ou não, precisa de uma profissão ali que seja, que dê o mínimo de... que seja mais tranquila pra se conseguir um sustento e tal. E aí, eu acabei pensando na Administração ou na Publicidade, mas meu sonho de moleque assim sempre foi fazer Música, eu lembro de comentar com o irmão da Giu, que fazia com a gente, o Caio, fez música e tal e adora, e eu lembro que era um puta exemplo assim, pô, o cara faz música, que legal. E eu sempre quis fazer, mas eu acabei desencanando. Hmm... quando a gente tava saindo da PlayPen, eu lembro que teve uma fase bacana que foi a fase de escolhas da escolas que a gente ia, no primeiro ano e direto eu sempre ouvi que “ah, PlayPen é uma escola fraca tecnicamente, que não sei o que, que não forma bons alunos, alunos mesmo, forma seres humanos”, mas eu acho que, pô, a PlayPen aprovou aluno no Bandeirantes, um aluno do Porto Seguro, um aluno no Gracinha, dois alunos na Móbile e dois alunos no Santa Cruz, se você for pegar dado estatístico mesmo, PlayPen é uma escola fantástica tecnicamente também. São escolas difíceis de entrar, não é tão simples, e eu lembro que eu acabei escolhendo o Gracinha porque eu achei que tivesse um perfil mais próximo da PlayPen assim e realmente tinha. Tinha um perfil mais, mais...eu apanhei assim, bombei o segundo ano e tal, mas foi por, não foi por eu estava mal acostumado com a PlayPen, foi porque eu não estudei mesmo, entendeu? Eu acho que a PlayPen não teve nada a ver com isso. A PlayPen me deu todas as armas necessárias pra poder fazer o que eu quisesse, aí vai de cada um ser... receber essas armas ou não. Mas eu lembro que eu pensava que todo mundo fosse mais ou menos pro mesmo canto assim, mas não, acabou dividindo bastante, foi cada um pra um lado. E aí, acabou cada um fazendo seus amigos novos, nas escolas, aquele “mundaréu” de gente, você chega numa sala de sete pessoas, é um baque ali. Eu já tinha passado por essa experiência no Porto Seguro, foi tranquilo, mas eu lembro que meus outros amigos sofreram um pouco essa mudança assim. Eu lembro que foi o Vitor pro Porto Seguro, a Bia e a Giulia pra PlayPen, desculpe, Santa Cruz, foi o Rafael Dister pro Bandeirantes, a Paola e a Carol pra Móbile e eu pro Gracinha. Eu lembro que foi uma fase meio estressante assim, a gente tinha o chamado vestibulinho, que a gente tinha que fazer a prova e tal, fiz uma aulas de reforço de redação, de coisa, mas acabou que todo mundo passou, foi isso aí.
P/1 – E do quê que você mais sentiu falta da PlayPen quando você chegou na escola nova, como é que era adaptar outra vez, com outra dinâmica?
R – Ah, o Gracinha, eu acho que é uma escola nessa linha construtivista assim, de ter essa impessoalidade, eu senti falta mesmo no começo, talvez, mais dos meus amigos que eu tinha feito na PlayPen, mas eu acabei fazendo no Gracinha igual, e, às vezes reunia meus amigos do Gracinha com meus amigos da PlayPen, saía todo mundo junto. O que eu sentia falta no Gracinha? Da PlayPen pro Gracinha? Ah, esse contato que você tem, não com os professores, mas com as pessoas que englobam a escola em si, te conhecem desde que você nasceu. Tipo a Marinalva, a Guida, as diretoras, as coordenadoras, não os professores em si, mas o pessoal que engloba tudo ali, o pessoal da limpeza, eu jogava bola com eles, era uma coisa muito próxima. Lá no Gracinha isso não existe, a escola é grande e tal. O Rafa jogava bola com a gente, professor de matemática, jogava bola com a gente no recreio. Tudo isso que englobava a escola tinha um ar diferente assim do Gracinha. O Gracinha, por mais que seja uma escola bacana, ter me dado super certo lá também, adoro o Gracinha, mas esse contato mais próximo que você tem, não com os professores, mas com todo o entorno da escola, desde a moça da portaria, desde a limpeza, desde o cara da informática, todo mundo ali é muito mais próximo que em qualquer outra escola que eu já tenha estudado assim, de verdade.
P/1 – E agora conta um pouquinho da sua relação com a música, quando que ela começou, porque tocar guitarra?
R – Ah, desde pequenininho eu sempre gostei assim, meu pai me fez gostar de rock, aí na PlayPen eu sempre tive... a gente teve bastante contato com música, uma professora bem bacana, não vou lembrar o nome dela, que dava aula de música lá e acho que foi um dos meus primeiros contatos com instrumentos assim, xilofone, essas coisas. E aí eu, a Ju que era essa minha outra amiga minha, a família dela é toda de músicos, então ela tocava piano, flauta, a mãe dela toca piano, se não me engano o irmão dela toca guitarra e eu acabava convivendo com ela e sempre ouvi música, muita música e eu sempre tive essa vontade assim de que fosse fazer o que essas pessoas fazem, sempre tive essa admiração por essa coisa. E eu lembro que tava na sexta série, tava na PlayPen, eu comprei a guitarra e tal e eu comecei a estudar, depois me apaixonei, logo de cara, e aí eu saí da PlayPen sempre, toquei...tinha professor na PlayPen que era músico, o Fernando, professor de Ciências, o cara era um super músico, tocou no Capital Inicial já, um cara super bacana, a gente trocava várias idéias, a gente fez um som já várias vezes. A Ju, eu toquei com ela várias vezes também, então esse entorno de todo mundo curtir pra caramba música e som acabou me incentivando bastante. Aí quando eu mudei pro Gracinha, continuei tocando, fazendo aula, e aí, mas eu nunca tive banda mesmo, aí quando eu bombei o ano eu conheci uma amiga que canta super bem e tem o mesmo gosto musical praticamente que eu, aí juntei com essa amiga, roubei o guitarrista que era de uma outra banda, que eu tinha os meus melhores amigos, eu tocava com outras pessoas e aí roubei ele da outra banda. Aí meu irmão toca baixo, meu irmão acabou entrando na brincadeira porque eu comecei a tocar guitarra e ele começou a tocar baixo, e aí... o mais novo, e aí a gente pegou um baterista lá do Dante, e aí formou a bandinha. E eu tô super feliz com ela, faz uns seis meses que a gente toca juntos e eu adoro assim. A gente é muito unido, a gente fala que antes da gente ser músico a gente é muito amigo, então a coisa acaba sendo prazerosa. Mas meu primeiro contato com música, o meu irmão tocava violão e toca bem e aí eu via ele tocando, acho que foi daí que iniciei essa coisa com a música.
P/1 – E qual que é o nome dessa banda ? O que vocês fazem, vocês tocam em alguns lugares, vocês ensaiam?
R – A banda chama Samsara. Uma vez eu tava vendo um documentário num negócio sobre o budismo e tal e aí o cara falou que Samsara é o furacão onde as almas são criadas e aí eu achei isso muito bacana assim pra colocar, aí eu coloquei o nome da banda, acho que todo mundo gostou. Não tá registrado também, aí a gente colocou. E a gente teve um período de ensaio, de composição, tal, e a gente foi tocar, umas duas semanas que passaram agora, a gente fez um show no Clube Pinheiros, que era um festival de dez bandas lá, e a gente ficou em terceiro colocado, foi bem bacana. Aí, a gente tocou num rock bar que chama Black Mor, ali em Moema, também passaram pra final do festival, aí temos uma outra... a final agora vai ser em fevereiro, e a banda que ganhar a final entra pro (crédito?) que eles chamam, pra tocar todo mês. Aí, a gente vai fazer um outro show em dezembro ali, mas eu acho mais legal agora é a gente juntar todo mundo ali pra fazer mais música e composição, que é um negócio que eu adoro assim, desde moleque, eu gosto de escrever, gosto de compor. Lembro de umas fases nas aulas do Rafa, que tava explicando uns negócios de matemática, e eu escrevendo música, ele queria me matar (risos). Mas uma coisa que eu me lembro muito do Gracinha, do PlayPen, que não vi no Gracinha e não vi em nenhuma outra escola, era o contato que a gente tinha com os alunos mais velhos, isso era uma coisa muito bacana. A gente viu uma distância muito grande assim pro pessoal que tava na oitava série. Pô, o pessoal tá terminando a escola e a gente na terceira série, mas ao mesmo tempo, era uma relação próxima, talvez por causa do negócio da Quinta Dimensão ali, mas a gente conhecia todo mundo, né? Conhecia todo mundo ali, e era amigo da pessoa da quinta série, da quarta série, da terceira série, sétima série, entendeu? Conhecia todo o pessoal e eu não sentia que existia essa distância tão grande do pessoal da oitava com o pessoal da terceira série, eles trocavam idéia, conversavam com a gente e não vejo isso em outras escolas, em nenhum lugar. O pessoal cada um com a sua série, no máximo uma pra trás, uma pra baixo. Mas essa proximidade que tinha na PlayPen não tem em outros lugares, de verdade.
P/1 – E já que você falou do Quinta Dimensão, como é que era pra você esse projeto?
R – Quando eu descobri que eram as professoras quem faziam os bilhetinhos eu quase morri (risos), tô brincando, era muito bacana. Ah, rolava um mistério ali, tinha uma coisa meio, meio teatral, não sei explicar, era bem bacana, tinha um negócio do golfinho que era o símbolo lá do Quinta Dimensão, a gente tinha um labirinto lá, tinha que cumprir todas as tarefas que eram os diferentes jogos ali, mas eu lembro que sempre roubava e pegava o jogo de futebol que tinha (risos), jogava só o futebol, completava 20 vezes. Tinham vários jogos diferentes que a gente jogava, eram os computadores verdes da Macintosh, umas salas redondas, umas mesas redondonas fechavam todos os computadores ali. E toda vez eles mandavam uns bilhetinhos pra gente ali e deixava chocolate, deixava coisa, era bem bacana. O que mais eu lembro? Ah, eu me lembro desse contato com o pessoal da oitava série que era o pessoal que organizava esse projeto aí, e aí eu lembro que o ano que eles foram embora foi bem, foi no mesmo ano que eu fui embora da PlayPen, foi bem marcante, de ver o pessoal triste assim com o fato deles deixarem, eu acho que eles viveram muito, aquele pessoal que saiu da escola, eles viveram bastante, fizeram vários projetos sozinhos ali, iniciaram várias coisas no PlayPen, foi muito bacana pra gente, marcou bastante a gente. Teve uma rádio que eles fizeram, não sei se vocês ficaram sabendo, rádio PlayPen, pra falar no recreio, reunia a escola inteira pra ouvir a rádio, era muito engraçado, várias piadas, era muito engraçado, pra gente, eles eram tipo símbolos assim pra nós, um dia eu vou chegar lá na oitava série (risos). Mais, e aí a gente chega na oitava série e vê que acaba... é parecido assim com a terceira série, não é uma coisa tão distante quando a gente pensava que... ah, é isso aí.
P/2 – Deixa só eu te fazer uma pergunta, queria perguntar como é que foi essa mudança de (diretores?), entrada da Célia, do Mr. French, você lembra?
R – Lembro. Ah, no começo a Célia foi punk. A gente bateu de frente, a Célia e todo mundo, mas a Célia botou o jeito dela na escola e, putz, hoje a gente... eu amo a Célia, todo mundo, a Célia vai embora da escola agora, eu acho, né, e assim, meus irmãos ficaram super tristes tal, porque, no começo a Célia sempre foi aquela bravura assim, dava bronca, dava advertência, mandava pra casa, não sei o quê, todo mundo tinha medo dela, mas, no fim, a gente viu que era uma pessoa fantástica, uma profissional super competente, o que ela tava fazendo com a escola era muito importante assim, porque ao mesmo tempo que a escola tinha essa coisa muito legal da pessoalidade, da coisa, ela tinha uma questão de comportamento que fugiu um pouco da raia. E a Célia chegou lá pra botar ordem na casa e eu achei que deu super certo ali e Mr.French com o inglês também ali, ele implantou umas coisas na escola que não tinham antes que são fantásticas. Os diplomas da Cambridge, foi o Mr. French que colocou na escola pra gente fazer. As viagens, Mr. French que colocou na escola. O Mr. French trouxe benefícios pra gente que, putz, fantásticos. Agora a mudança em si, eu não lembro que quando... eu lembro quando Mr. French chegou, eu lembro de quando a Célia chegou. Eu lembro que Mr. French era alto pra caramba, foi marcante, pô, um cara daquele tamanho você marca, mas eu acho que foi na mesma época ali que eu entrei, quando eu voltei da Porto Seguro. Ah, tinha gente que não gostava, tinha gente que batia de frente, porque tava acostumado com esse jeitinho do Gracinha, ô, errei de novo, desculpa, de ser uma coisa familiar assim, quando a Célia chegou lá e botou ordem ela, não bateu assim, bateram de frente mesmo e a Célia segurou bastante bronca ali. A Célia segurou umas broncas de pai que foram reclamar de coisa, mas ela botou o jeito dela na escola, e eu achei que deu super certo, achei que casou bem. Agora vamos ver quem é que a escola vai colocar no lugar dela, né, não manjo, mas eu acho que o período que eu fiquei lá com a Célia foi a relação de amor e ódio muito legal aí (risos), foi muito gostosa.
P/1 – E indo assim pro futuro como é que você vê a PlayPen daqui há uns cinco anos?
R - Ah, a gente sempre acha que quando a gente sai, a gente foi a última série daquela coisa gostosa, mas eu acho que cada turma vai ter a sua, cada turma vai fazer a sua PlayPen, e vai fazer do jeito que ela curtir, aquela casa pra montarem e viverem ali. Acho que a escola tá crescendo muito, as séries que estão vindo lá debaixo tão vindo cheio de gente, tem duas, três séries ali. A Guida vai precisar montar um projeto pro futuro porque, tenho certeza que o futuro da escola é ótimo, vai ficar enorme o negócio ali, começou com uma casinha montada no quintal da casa dela e depois hoje virou uma super empresa. Essa parceria com a Alemanha que eles estão fazendo é muito bacana também, encheram a escola de tecnologia, de coisa. E eu acho que a PlayPen tem um futuro brilhante assim, as séries que estão vindo lá debaixo estão vindo cheio de gente, não é mais aquela coisa, com quatro pessoas na sala, com sete pessoas, que por mais que eu tenha adorado assim, formou quem eu sou hoje, se não fosse isso aí não... Talvez eu teria uma cabeça completamente diferente daquela pessoalidade que tinha, tinha amigos ali com o professor, talvez tenha me dado uma noção de mundo que eu não teria com 40. Mas vai dar uma vida pra escola bacana. Putz, esse pessoal que tá vindo lá debaixo, com certeza, eu acho que pro bem que não mantenha uns 40, mas mantenha uns 20, série de 20 pessoas na oitava série acho que, eu acho que é o rumo que a PlayPen tá tomando.
P/1 – Certo. Como é que você avalia o seu impacto, a sua passagem pela PlayPen?
R – Ah, eu acho que a PlayPen deixou uma marca em mim, na minha formação, rolava parceria minha vida inteira lá, minha formação inteira lá, praticamente minha segunda casa, mas eu acho que não só eu assim, mas minha família inteira, meus pais, meus irmãos. Acho que a gente vai deixar uma coisa pra escola muito bacana assim de vivência de todo o tempo que a gente passou lá dentro, de relacionamento com os professores, de relacionamento com a direção, de meus pais terem feito muitas amizades com direção, às vezes, era horrível pra mim, porque ligavam pra casa pra falar que eu não fiz lição (risos),mas eu ficava, nossa, eu odiava. Mas teve uma vez que eu não fiz uma lição, não levei uma coisa assinada e falei que meus pais estavam em Monte Verde, inventei uma desculpa, aí o Mr. French ligou pra minha mãe e ô... Eu falei: “Xii, não brilhei.” Mais, foi engraçado. Mas eu acho que a nossa história foi muito bacana e eu me senti muito honrado de poder tá aqui dando esse depoimento, representando ali o ano de 2006 que se formou e acho que, tomara que o que a minha família deixou lá na escola, que meus amigos deixaram lá na escola e aquilo que a gente viveu lá dentro, me senti muito honrado de verdade, de tá fazendo tudo isso aí.
P/1 – E qual que você achou que foi o seu maior aprendizado da PlayPen?
R – Meu maior aprendizado com a PlayPen? Foi... acho que aprender o valor das relações humanas ali, tem coisas que não cai no vestibular, mas você não aprende com matéria, com coisa entendeu? Acho que, às vezes, uma escola que prepara o aluno, essa é uma discussão que eu tenho com o meu irmão direto, prepara o aluno, olha tem 99% de aprovação na USP, ah, tudo bem, os caras saem como máquinas de lá, entendeu? Não é o que eu tenho em mente pra minha vida, e o meu aprendizado, putz, muito mais do que química, física, biologia, matemática, português, muito mais do que isso, meu aprendizado de me relacionar com as pessoas, meu aprendizado de, putz, saber resolver os problemas ali, saber dar o meu jeito de passar de ano, dar o meu jeito de fazer as coisas, isso é um diferencial muito bacana. O fato de eu saber me relacionar com as pessoas da forma como eu me relaciono, que eu considero uma coisa bacana assim, essa coisa de ser extrovertido de não ser tímido... acho que tudo isso eu aprendi na PlayPen. Se eu tivesse feito uma outra escola, se eu tivesse me formado na Porto Seguro, seria zero da pessoa que eu sou, posso saber dez vezes mais do que eu sei de química, entendeu, mas... se eu tivesse formado no Bandeirantes posso passar direto na USP e saber milhões de vezes mais matemática do que eu sei, mas seria zero da pessoa que eu sou e eu sou muito feliz com a pessoa que a PlayPen me formou. Não teria feito outra escola nem a pau e eu acho que essa coisa de aprender a se portar em público, aprender a conviver, aprender a respeitar a diferença, aprender todas essas coisas foi uma coisa muito bacana.
P/1 – Você queria deixar registrado alguma coisa que a gente não tenha te perguntado?
R – Não, acho que vocês cobriram tudo. Eu queria dizer que eu sou muito grato, primeiro pelos meus pais, pelas escolhas que eles tiveram feito ali, e tenho muito orgulho de ter feito a escola que eu fiz, eu morria de vergonha de falar que o nome da minha escola era PlayPen então (risos), eu sempre falava era uma escola pequena, Cidade Jardim, não, mas tô brincando, morro de orgulho de ter feito a escola que eu fiz, os professores que eu fiz, de ter sido parte do crescimento da coisa ali, putz, ter acompanhado todo o crescimento da escola e ter sido parte disso tudo, ter deixado meu pedacinho ali na história da escola foi uma coisa que eu tenho muito orgulho de verdade.
P/1 – E aproveitando essa brecha que você falou da história da escola, o que você acha que a escola da PlayPen tá comemorando os 30 anos com um projeto de memória que vai contar a história dela através da história das pessoas que fizeram parte?
R – Ah, eu acho que o que forma a PlayPen assim foram as pessoas que passaram por lá, entendeu, e a escola foi se moldando, não é que os alunos foram se moldando a escola, a escola foi se moldando aos alunos, entendeu? A gente chegou lá todos muito diferentes e a escola não tentou mudar a gente, acho que isso não é certo, todo mundo chegou lá com a sua formação familiar que recebeu e caráter que tem, e a escola tentou encaixar essa pessoa no molde que a escola tem, só que como certo nela. Tendo o molde da pessoa ali e a escola, a PlayPen vem e fala o quê que eu posso melhorar dali entendeu? O que a gente esculpir pra deixar a coisa mais bacana, tudo sempre com o auxílio da família. E, putz, 30 anos hein, quem diria, vamos lá, eu acho que é justamente isso, a escola é o que é hoje por causa dos alunos que... por causa dos alunos nem tanto, mas por causa de todo mundo que passou por lá. Por causa dos professores, por causa do relacionamento que a gente tem com o pessoal da limpeza, com o pessoal de cada... da Marinalva, a escola ela é isso aí, a PlayPen é as pessoas que estão lá dentro, ela não é uma instituição e as pessoas que entram têm que se moldar a instituição. Ela é as pessoas que estão lá, relacionamento humano que você tem lá dentro. E acho que não tem jeito mais bacana da escola contar a história sem ser contando a história das pessoas que passaram por lá e a escola elegeu pra ser o representante dessa história toda.
P/1 – E o que você achou de ser um deles? De ser um representante dessa história?
R – Eu achei, eu fiquei muito orgulhoso, muito honrado, eu acho que se a escola tivesse tempo poderia pegar o depoimento de cada um que seria, putz, muito legal, e eu tenho certeza que era a vontade da escola assim, conhecendo bem a PlayPen, eles queriam pegar a vozinha de cada um ali. Mas eu me sentia muito parte da coisa toda, muito dentro dos amigos, muito dentro dos professores, muito da coordenação, sempre fazia esse lobby, mas eu não esperava que fosse ser, mas fiquei muito honrado de poder dividir a minha história com vocês dentro da escola e poder contar um pouquinho do que a PlayPen foi pra mim (risos).
P/1 – Tá certo Felipe, obrigada.
R – Imagina.
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