P/1 – Bom, Luiz Antônio, primeiro eu queria agradecer por você ter tirado um pouquinho do seu tempo, para dar essa entrevista para a gente. E para começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, a data do seu nascimento e a cidade do seu nascimento.
R – O meu nome é Luiz Antônio Pereira Tobias, eu sou de Assis, São Paulo, dia dois de agosto de 1961.
P/1 – Qual que é o nome dos seus pais?
R – Leonildo Tobias e Maria de Lurdes Pereira Tobias.
P/1 – Você sabe um pouquinho a historia da tua família, como foi que foram parar em Assis?
R – Sei, sei. Minha família por parte de mãe é portuguesa, Pereira, e por parte de pai, Tobias, Tobiá, que é italiano, que meu pai foi para Assis, e era do interior de São Paulo, tinha uma colônia italiana ali perto de Bauru, de Avaí pra ali e ele foi pra lá, porque o primo dele já estava lá, que chamava Mario Mantovani e o Mario Mantovani que recebeu o meu pai lá em Assis. Meu pai já foi casado com a minha mãe, com a dona Maria e começou uma vida ali trabalhando com seguro de vida, trabalhou para Sul América Seguros. E ele foi um homem especial, porque era um homem que sabia vender, tinha o dom da venda, o dom da palavra, um homem que sofreu muito, teve muita dificuldade, mas era um cara que botava um caminhão de japonês e fazia em cima de todos eles. O cara tinha… muita estrela, mas era muito estressado, né, com 42 anos, ele faleceu, ele fumava muito cigarro, muito estressado, muito dinheiro, muita coisa e ele veio a falecer, isso marcou muito a minha vida porque eu que atendi o telefone, me contaram, o cara que me contou falou: “Ai é da casa da onde?” “Do seu Leonildo. Quem tá falando é o filho dele” “Faleceu”, eu tinha 13 anos, né, uma coisa assim, chata, né, me marcou muito. Eu tenho um irmão mais velho e a minha mãe. E ele foi um cara muito legal, deixou um padrão legal, mas talvez tenha me criado...
Continuar leituraP/1 – Bom, Luiz Antônio, primeiro eu queria agradecer por você ter tirado um pouquinho do seu tempo, para dar essa entrevista para a gente. E para começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, a data do seu nascimento e a cidade do seu nascimento.
R – O meu nome é Luiz Antônio Pereira Tobias, eu sou de Assis, São Paulo, dia dois de agosto de 1961.
P/1 – Qual que é o nome dos seus pais?
R – Leonildo Tobias e Maria de Lurdes Pereira Tobias.
P/1 – Você sabe um pouquinho a historia da tua família, como foi que foram parar em Assis?
R – Sei, sei. Minha família por parte de mãe é portuguesa, Pereira, e por parte de pai, Tobias, Tobiá, que é italiano, que meu pai foi para Assis, e era do interior de São Paulo, tinha uma colônia italiana ali perto de Bauru, de Avaí pra ali e ele foi pra lá, porque o primo dele já estava lá, que chamava Mario Mantovani e o Mario Mantovani que recebeu o meu pai lá em Assis. Meu pai já foi casado com a minha mãe, com a dona Maria e começou uma vida ali trabalhando com seguro de vida, trabalhou para Sul América Seguros. E ele foi um homem especial, porque era um homem que sabia vender, tinha o dom da venda, o dom da palavra, um homem que sofreu muito, teve muita dificuldade, mas era um cara que botava um caminhão de japonês e fazia em cima de todos eles. O cara tinha… muita estrela, mas era muito estressado, né, com 42 anos, ele faleceu, ele fumava muito cigarro, muito estressado, muito dinheiro, muita coisa e ele veio a falecer, isso marcou muito a minha vida porque eu que atendi o telefone, me contaram, o cara que me contou falou: “Ai é da casa da onde?” “Do seu Leonildo. Quem tá falando é o filho dele” “Faleceu”, eu tinha 13 anos, né, uma coisa assim, chata, né, me marcou muito. Eu tenho um irmão mais velho e a minha mãe. E ele foi um cara muito legal, deixou um padrão legal, mas talvez tenha me criado com muito mimo, né, como ele não criou o meu irmão com mimo, me criou com mimo, falei que eu comecei cedo, porque muito cedo, com 11 pra 12 anos, ele me colocou pra ser escoteiro, fui no grupo de escoteiro, Grupo Carajuru de Assis, tive pela primeira vez conhecimento de selos, filatelia, com o irmão Egídio, que era o irmão do meu primo italiano, no colégio italiano que tinha em Assis, um seminário. E a primeira coisa que eu vendi na minha vida foi selo, como escoteiro, numa feira de Assis, numa feira de orquídea, que tinha uma banca, né, dos escoteiros, do Grupo Carajuru, e aquele monte de selo do irmão (risos). Então, a primeira coisa na minha vida que eu lembro que eu vendi foi selo. E dai pra frente, nunca gostei de estudar, nunca levei a vida muito a sério, eu sempre fui um… tinha dinheiro, a família tinha dinheiro, gente sempre comerciante, meu irmão mais velho, comerciante, sempre gostei… tive uma… até os 18 anos, tive uma infância… vida legal, vamos dizer assim, tinha tudo, naquela altura, ninguém tinha carro, tinha moto, eu tinha carro, eu tinha moto, eu tinha dinheiro, né, eu era meio vagabundo, tava… mas eu queria… colecionava os meus selos, mas não vendia selos nessa época. Ai, eu fui para o Mato Grosso, né, fui me aventurar no Mato Grosso com 18 anos, eu abandonei minha mãe, o meu irmão, parte da sociedade e fui sozinho para Rondonópolis, eu cheguei com 18 anos, com 18 anos, eu cheguei, montei uma loja de utilidades domesticas e numa sexta-feira… eu já tava em Rondonópolis há 15 dias, montando a loja, tal, numa sexta-feira, eu fui no barzinho, que era o barzinho da vez da época, e vi uma menina muito bonita, uma morena muito bonita que tava com um rapaz, era o poeta da cidade, chamava-se Celso Farias. Ai eu falei com ela, ela: “É meu primo…”, eu sei que eu me apaixonei por aquela menina e eles iam para uma boate, a inauguração de uma boate e eu fui junto. Eu fui junto e falei pra ela: “Me apaixonei por você”, ela ficou meio assim, porque ela era noiva, né, ela tinha uma relação, ela tinha 18 anos e tinha uma relação (risos), mas ela era noiva, né, aqui no Rio de Janeiro, ela é gaúcha, eu paulista, ela gaúcha e nós no Mato Grosso. E fomos pra boate, no outro dia, eu levei-os para conhecer um lugar místico, que era em Guaratiba, né, eu sempre fui muito ligado ao misticismo, desde muito novo, ocultismo, misticismo, o que envolve magia, magia dentro do ocultismo, né, sempre mexeu muito comigo, sempre foi um negocio que eu sempre me interessei realmente foi isso dai. E ai, eu conheci ela na sexta, fiquei com ela no sábado e pedi ela em casamento no sábado à noite mesmo, eu fiz de uma forma que a gente fosse pra um lugar tão longe, que a gente não conseguiu voltar pra ela pegar o ônibus pra ela ir embora para o Rio de Janeiro, ela e o primo. Dai, fui pra fazenda, fiquei mais uma semana com ela, de lá, nós nunca se largamos, 30 e poucos anos de casado, 34 anos de casado. O meu filho tem 32 anos. Eu casei com ela, três anos depois, a gente foi ter o Laercio, que é meu filho, depois vou falar dele, que é uma joia de menino, né, um bom rapaz. Isso, eu tava no Mato Grosso com loja que eu vendia utilidades domesticas, mas eu era muito novo, as coisas da vida, você tá entendendo? Dali, eu quebrei, a primeira vez que eu quebrei na vida foi no Mato Grosso, ai eu fui pra Campo Grande, montei uma fábrica de coletor de energia solar, aquecimento de água por energia solar, com um gaúcho, muito bacana, fiquei lá um ano e pouco, mas a minha esposa, Marli, nunca gostou do Mato Grosso, ela queria porque queria vir para o Rio de Janeiro. Ai eu vim para o Rio de Janeiro. Até hoje eu me lembro o dia que eu cheguei no Rio de Janeiro, a Avenida Brasil, entrei na Avenida Brasil, quando o carro entrou na Avenida Brasil, eu me tremia todo, toda aquela gente correndo e correndo, túnel novo, quando foi pra Barra então… até hoje é gozado, eu moro no Rio há 20 e tantos anos, até hoje eu me sinto que não sou daqui, você tá entendendo? Não é gozado isso? Uma cidade tão louca, né? E ali, quando eu cheguei no Rio, fui ser vendedor de equipamento de energia solar, trabalhar com um judeu, muito bacana, aprendi muito com esse cara. Ai, eu vendia equipamento de energia solar, banheiro, esse tipo de coisa, mas eu não queria mais isso. Ai então, montei uma oficina de prata, então eu achava… sempre eu achei que eu podia fazer qualquer coisa que eu quisesse, né, ai comecei a fazer prata, anel de prata, brinco de prata, tudo de prata e eu expunha em Ipanema, em Ipanema eu expunha aquilo tudo, ganhava um dinheiro, comia bem, o apartamento que eu tinha já era herança do meu pai, ia vivendo, vendendo peça, fazendo prata, ai veio o Collor, e quando o Collor veio, a coisa ficou muito ruim, porque o que a gente tinha acumulado de tudo, foi… perdemos tudo, ficamos duro, e ai, Marinei conseguiu um emprego para ser babá de uma criança excepcional na Espanha. Ela trabalhava no Fórum de Ipanema, ela foi na frente, meu filho ficou na casa de uma tia, que veio a faleceu até por sinal, essa semana, tia Nilza, meu filho ficou seis meses lá, ai eu mandei o meu filho na frente, meu filho nasceu no Mato Grosso, sou paulista, casado com uma gaúcha, com um filho que nasceu no Mato Grosso, que mora no Rio de Janeiro, bem brasileiro, né? Ai, eu arrumei um emprego antes disso, de cobrador numa empresa do Rio de Janeiro, então eu andei todas as estradas do Brasil, todas as estadas que você pode imaginar, eu chegava, primeiro, eu ia para capital e depois, para o interior, fazendo cobrança, né, sempre de terno e gravata e conheci muita gente. Conheci o Brasil inteiro, mas na verdade, você nem lembra nada, né, porque você chega no hotel, dorme, acorda. Gostava muito da Bahia, para a Bahia, eu fui muitas vezes. E fui embora pra Europa também. Fui embora pra Europa, quando cheguei na Europa, fui morar em Cais Cais, primeiro, fui morar num lugar tipo a Tijuca lá, chama Bem Fica, isso o selo sempre esteve dentro da minha vida, quando eu fui pra Europa, eu levei minhas coleções, eu levei duas malas de selo, que eu tinha acumulado das minhas coleções pessoais e eu levei, porque o selo pra mim, sempre foi moeda, sempre foi papel moeda, sempre foi negocio assim, né? Não tenho falado muito dele, mas sempre nesse período… todos os períodos da minha vida, eu comprei selo e estive acumulando selos, sempre gostei de selos, sempre e levei os selos para a Europa e vivi os primeiros meses do que eu vendi de selo. Primeiro, eu fui morar na Espanha, da Espanha, eu conheci uma empresa americana, essa empresa ia abrir em Portugal, fui pra Portugal com essa empresa, mas a empresa era time share e eu vendia apartamentos, né, de praia, pessoal comprava uma fração, uma vez por ano… uma coisa de louco, né, a venda mais complicada que eu já tinha feito na minha vida. Ao mesmo tempo, eu trabalhava nessa empresa americana, que tava entrando em Portugal, que era marketing de rede e com essa empresa americana, eu consegui subir, fazer sucesso, fazer uma grande rede ali em Portugal, sai de uma posição e cheguei a uma posição grande, de repente estava ganhando dez mil dólares por mês. A empresa ia abrir no Brasil, nisso, eu fui para Itália, já tinha vendido todos os meus selos, já tinha vendido tudo, vendi um pouco em Portugal, um pouco na Espanha, depois na Itália. Ai eu fui pra Itália, com essa companhia, chamava Herbalife, chama até hoje, Herbalife, companhia maravilhosa, produtos de nutrição, produto nutricional, base de soja, um grupo fantástico. E eu era apaixonado pelo líder da companhia, que era um cara carismático, chamava Martin Moore. E eu seguindo essa companhia, abriu em vários países da América Latina e eu comprava selo, nesse tempo, eu comprava selos, tá entendendo? Sempre comprava selos, selo sempre foi minha fissura, só quem gosta de selo sabe o que é isso. Ai, há um tempo atrás, alguns anos atrás, esse Marquinho morreu, ele apareceu lá na empresa, na Herbalife, e eu que tinha conhecido ele em vários eventos, vários… e ele morreu, aquilo acabou pra mim, sabia, entendeu? O produto era maravilhoso, a empresa era… mas, acabou pra mim aquilo, não tinha mais interesse naquilo. Ai, voltei a trabalhar nesse mundo de… e o selo, a partir dai, na Praça XV, eu sempre tive uma banca de selo, né, então, independente de que eu trabalhava com vendas, eu sempre comprei selo e vendo selo nos sábados e no domingo lá no passinho publico. Chegou uma época que… há um tempo atrás que por incrível que pareça, essa paixão por selo levou o meu filho, não sei porque, hoje ele é funcionário dos Correios, até hoje ele tá fazendo uma peça, todo dia, ele participa da peça, faz parte do grupo de teatro do Correios. E a nossa vida é ligada a selo, né, tanto a selo, como aos Correios, sempre foi, né? Sempre adorei receber carta, mandar carta, né? Logo cedo. E eu tive… os grandes caras da minha vida sempre foram os caras de selo, eu tive um cara que era um judeu, um judeu ortodoxo, um senhor que não acreditava em nada, que Deus não existia, mas um cara fantástico, mas o primeiro que me ensinou de selo foi um padre (risos), depois foi um cara que não acreditava em nada e o terceiro grande homem que me ensinou de selo foi um cara que tinha uma igreja, tipo uma Rosa-cruz, ele tinha uma igreja que não era uma igreja, era um centro esotérico, né, quer dizer, sempre selo e esoterismo me acompanharam, né? E ai, as minhas coisas que eu me dediquei sempre, que eu gostei, foi de estudar, hoje eu me dedico a estudar Física Quântica, tempo, divulgar, falar das pessoas, as pessoas deficientes que existem no mundo ai, vida não é dinheiro que a vida é você ser feliz, que a única coisa que importa na vida é você mudar você para melhor todo dia, né, e você gostar de você, dar valor para você mesmo, ser uma pessoa boa pra você, para sua mãe, para o seu pai, para o seu tio, que o próximo é você, hoje ou amanhã, né? Sou espiritualista, acredito em vida após a morte, sei que já tive várias vidas e sei que vou ter várias delas. Então, eu tô tentando melhorar como pessoa, né? E coisa de três anos, a única coisa que eu faço é estudar Física Quântica, a mecânica quântica, mesmo, a espiritualidade e vendo selo no Mercado Livre, é o que eu faço o dia inteiro, todo dia eu acordo cedo, preparo o lote, boto no Mercado Livre, acompanho os leiloes, fecho leilão, abro leilão, mando carta, recebo carta, então a minha vida é uma vida em volta de selo. Onde eu andei no mundo, eu falei do Brasil, quando eu vendia, né, brasileiro tem que ter uma historia, eu contava a historia que eu achava que era do Brasil. Eu contava que o Brasil, na verdade, vai acontecer, tá acontecendo no centro-oeste do Brasil, região do Mato Grosso, de Goiás, onde todo Brasil converge, gaúcho, baiano, todas as etnias de cada estado e ali tá nascendo o brasileiro jambo, né, coisa bacana que tá acontecendo. Sempre que eu posso, eu vou para o Mato Grosso, que eu tenho família no Mato Grosso e a minha vida é correr atrás de selo, né? Hoje, tô aqui na feira, por causa que é uma feira de selos, vou voltar, porque vai ter palestras sobre selo, sobre historia postal, tem uma historia postal aqui dentro, tem um monte de envelope… se você pensar na física quântica, cada envelope tem uma historia, uma pessoa que outra pessoa, que movimentou uma outra pessoa, que… não é? São fragmentos, né, de energia. Eu gosto de ler um cara que chama Hélio Couto, pra mim, qualquer coisa fantástica esse cara, que na minha vida inteira, eu estudei todo tipo de misticismo, tudo isso, mas eu não consegui juntar essas coisas, sabe? Ficava um pedaço ali, sem acabar, ficava um pedaço aqui e ai, esse cara veio trazer assim, uma informação muito legal, eu faço propaganda dele, porque eu gosto, porque realmente mudou a minha vida, o meu conceito… eu consegui ter um novo conceito de vida. E o selo passou a ser mais importante do que era, a partir do momento que eu consegui entender que a primeira coisa que eu fiz na minha vida foi vender selo, quando eu tinha 12 anos, como escoteiro, que minha vida então sempre eu corri dele, mas a minha vida é o selo, engraçado, né? Então, eu tô ligado a selo. Então, a minha situação econômica depende do selo, o que eu ganho depende do selo, eu vivo do selo, vivo do Correios. Hoje eu tava falando pra menina, eu achava que os Correios devia pagar melhor os funcionários dele, Petrobras paga tão bem, porque a única instituição que eu confio é o Correio, que é mesmo, onde você for no Brasil, tem uma agência dos Correios e aquele chefe que é o chefe da agência é um cara correto, sempre são corretos, os caras super do bem, tudo isso sempre mexeu comigo, umas coisas gozadas, né? Um pensamento que eu sempre tive e depois, desenvolveu essa coisa filatelista. Eu venho tentando melhorar o trabalho dentro do selo, dentro do Mercado Livre, dentro do online, empreendendo cada dia, tentando melhorar, estou tentando agora porque tô ficando velho, acho que fico com medo de morrer (risos), ai começa… é o resultado da vida, né, se a minha crença até hoje não me levou a nada, tem que ficar buscando uma crença nova, uma coisa mais interessante na minha vida, né? Foi o que eu te falei naquela hora, qual a minha religião? Religião de Deus, qual a religião de Deus? Nenhuma, Deus não pode ter religião, senão ele não é Deus, não vai ser Deus, né?
P/1 – E Luiz Antônio, o que te fascina tanto que durante toda essa trajetória que você levou, você permaneceu no selo? Conta pra gente o que tem de tão especial ai?
R – É tudo selo, o selo é uma loucura, porque o selo, primeiro de tudo, você consegue viajar para todos os países do mundo, você consegue entender a politica, a religião e a economia de cada país pelo selo e as mudanças de cada país, um país que tinha uma situação econômica, mudou a situação econômica, mudou o tipo de religião, mudou o tipo de politica, mudou a tendência, tudo pelo selo, o selo te conta todas as historias, né, você tem selo do mundo inteiro, não é, o selo… agora nós temos a internet, agora, nós temos e-mail, mas até então, era cartas. Eu tenho historias de cartas, que eu compro lotes de cartas, são historias de amor, que ela tava lá e ele tava cá e era uma historia que se desenrolava, são coisas lindas, tudo isso graças ao Correios e ao selo, por sinal, eu participei uma pontinha desse tamanho no filme agora Dom Pedro, que é um filme que ele fala disso, o cara vai na minha banca, você tá entendendo, vou lembrar o nome dele, agora eu esqueci, eu esqueço o nome… eu sou muito esquecido, né, e ele vai lá comprar um lote de carta e justamente, são cartas de amor, porque tudo era pelo Correios. As pessoas não se viam, ficavam um ano, dois anos sem se ver, quer dizer, era carta, era correspondência, eu te mandava, você me respondia, você me mandava… era um jeito de se comunicar, você tá entendendo? E nisso tem o carimbo… dentro da filatelia, você tem o carimbo, o carimbo é um símbolo lindo, você tá entendendo? São os locais, são datas, então dentro da filatelia tem a carimbologia, são os tipos de carimbo, você tem a historia postal, são as cartas completas, que você tem um monte de envelope que conta a historia da onde saiu e de onde chegou aquela carta e ela vem… ela traz, energeticamente, a historia de alguém, entendeu? Porque alguém mandou, tem historias, fragmentos de energia dentro daquilo, então eu tenho essa energia, você tá entendendo? É como na pecinha que eu vi agora há pouco do Correios, essa que o meu filho trabalha, ele fala que os selos são lindos, são artistas plásticos, grandes artistas, são grandes artistas que fazem o selo. Então, você tem temáticas, que são as divisões de… você vai colecionar, por exemplo, coleciona só fauna, só flora, e tem gente que coleciona dentro da fauna, só cavalo, só cachorro, só pássaros, só peixes. Já dentro da flora, só frutas, só flores, só arvores frutíferas, quer dizer, existe uma imensidão, um ser quase infinito dentro da filatelia, né, que é quase que impossível de você conhecer tudo de selo numa vida só, entendeu, porque é muito detalhe, por exemplo, aqui nós temos no Brasil, o nosso primeiro selo é o Olho de Boi, Olho de Boi, ele tem vários tipos de impressão, de papel, de um monte de coisa que determina o selo. Então, tudo isso faz com que o colecionador estude para aprender, para entender, para saber da onde veio isso, como foi feito isso e nós somos o terceiro país a emitir selos no mundo, somos vanguardistas, você tá entendendo? Nossa emissão tem os selos mais lindos do mundo, né? Que se você pegar a nossa historia filatélica dom Brasil, você vai descobrir peças maravilhosas, né? A historia mexe com você, você tá entendendo? Então eu amo o selo… pra mim é muito bacana. Às vezes, eu compro lote de selos e escondo de mim mesmo para não vender, porque eu quero pra mim, que gozado, né, é o apego da matéria, mas são tão lindos, você tá entendendo? O selo é tão legal, é isso, eu gosto muito de selo, a verdade é essa.
P/1 – E Luiz, me conta um pouquinho da sua vida também, um pouquinho distante do universo dos selos ou caminhando junto, como que foi para você ser pai, fala um pouquinho da sua família pra gente.
R – A minha vida foi muito… a minha vida é uma vida… todo mundo tem uma vida única, a verdade é essa, mas a minha vida nunca teve uma rotina, assim, com 18 anos, 19, eu conheci a minha esposa, com 23 eu já era casado, não… quando eu conheci ela, eu já casei com ela, são 33 ou 34 anos, 35, sei lá, é ano que não acaba mais. Eu curti muito com ela três anos sem ter filho, ai veio o Laercio, que é o nosso filho, eu sempre quis mostrar pra ele um mundo diferente, eu sempre quis que ele pensasse, né, eu sempre quis que ele… tanto é que até hoje não come carne, né, não come carne, tem os pensamentos dele, quer dizer… enfim, sempre quis que ele pensasse, que analisasse as coisas, nunca de primeira, entendesse nada, nunca de primeira, aceitasse nada, sempre contasse até dez para qualquer situação, né? Então, é um filho maravilhoso, eu tenho uma vida maravilhosa, uma esposa maravilhosa, sempre me apoiou em tudo, todas as loucuras que eu fiz, ela sempre me apoiou, né, tudo, tudo, tudo! A gente, agora, tem um hotelzinho de cachorro em casa, né, então você tem o seu cachorrinho, você vai viajar, ai você deixa o seu cachorrinho em casa,. só que não é assim, jaula, grade, nada disso, seu cachorrinho fica comigo, dorme comigo, meu cachorro mesmo, quando ele vai embora eu choro, quando me encontra na rua, ele fica maluco, porque eu tenho amor pra dar pra ele, você tá entendendo? Eu amo de verdade os bichinhos, né? Tudo isso é amadurecimento de vida, que você vai aprendendo, né, tem uma época da vida que você pensa: ‘eu quero pra mim, só pra mim e vocês três que se dane’, depois você começa a achar: ‘poxa, mas se eles se danarem, os três, o quê que eu vou fazer sozinho, né?’, depois você começa: ‘poxa, se os três se de bem, eu vou me dar bem’, entendeu, você vai mudando a sua vida, o seu pensamento, né? É que nem é possível Jesus… Deus ter feito o mundo em seis meses e foi descansar no sétimo, porque senão, não continuava a evolução, parava ali: pronto, tá feito, tá feito, você não tava sentado com uma câmera, nem você aqui com… a gente tava naquele mundo. Né, quando foi feito, né? Então, a gente tá aqui como eu falei pra você, tentar melhorar todo dia, aprender todo dia, evoluir todo dia, ser responsável por esse planeta, você tá entendendo? Quer dizer, é duro achar que eu sou responsável por aquelas moças que são escravas lá na Europa, poxa, eu sou, nem sei como fazer nada para ajudar aquela gente, eu sou responsável pelo o que tá acontecendo em Singapura, na China, naqueles países da África que estão na miséria, eu sou! Sou, porque eu também sou um dentro de tudo isso, entendeu? E o quê que eu tenho feito para ajudar essa gente? Nada, eu não consigo nem me ajudar, eu tô tentando melhorar, né, como pessoa, né? Ai tem essa falsa ilusão, porque eu tenho um mercado, eu tenho um mercado de selo, que eu trabalho com ele, então, eu sou top no Mercado Livre, então, eu tenho uma lista de gente, isso assim, eu só tenho positivo, positivo, não tenho uma qualificação negativa, não tenho uma qualificação negativa, não tenho uma… tudo é positivo, então essa gente gosto porque eles compram, eu mando o que… sempre mando mais do que eles compraram, então tudo o que você faz, sempre tem que fazer mais daquilo que a gente combinou, um pouquinho mais eu acho, né, tem que levar para as pessoas essa ideia, olha, você tá aqui, dá uma horinha a mais, que você vai ter um retorno, não seja como as outras pessoas, senão você vai ser só mais um no meio da multidão, não é? Tente fazer por você, ame você primeiro, né, olhe pro espelho todo dia e fale: “Cara, você é o cara mais legal que eu já vi na minha vida. Eu te amo cara, você é a pessoa mais fantástica que eu tive o prazer de conhecer”, dá aquela risada pra você, né, levantar, né, porque se você não gostar de você, quem vai gostar de você? Quem? Ele? Não me conhece, ele tá preocupado com ele, com o mês dele, com o dinheiro dele, com a viagem dele, quem sabe, ele vai pra América o ano que vem, né? Ele tá com desejo de ir, porque a gente é assim, tá entendendo, a gente vive o ego, a gente é o ego, a gente é um ego que tá no RG, quando você me pediu o RG, eu quase te falei: “Eu vou te dar o meu ego, toma o meu ego é esse, Luiz Antônio, esse é o meu ego”, né? É isso que eu acho.
P/1 – E Luiz Antônio, qual que é o seu maior sonho?
R – Meu maior sonho? Meu maior (risos) sonho é que venha muito selo para a minha mão, você tá entendendo? Meu maior sonho é ser eu mesmo, é que eu tô em casa, alguém me liga e fala: “Cara, olha, tem aqui um lote enorme de selo, que eu quero vender pra você”, é esse o meu maior sonho, é louco, mas o meu sonho é esse, o meu sonho de consumo é esse, até porque o cara que gosta de selo, o maior sonho dele é ver aquelas caixas de selo e começar a ver tudo aquilo, você tá entendendo? E descobrir mundos que ele nunca viu, peças que nunca viu, porque muitas pecas filatélicas são únicas, são coisas… se você andar ali, aqueles envelopes são peças únicas, não tem duas iguais, os selos podem ter dois iguais, mas a peça, o envelope, a historia postal é uma só, entendeu? Então, esse é o maior sonho da minha vida, né? E poder ajudar gente a ser feliz, a poder… que pessoas entendam que só depende delas serem felizes, só elas podem fazer por elas, não adianta buscar nenhum tipo de bengala, não adianta buscar nenhum tipo de… nada, a única pessoa que pode me ajudar sou eu mesmo, ninguém mais pode me ajudar, nada pode me ajudar, só eu e a minha mente e por isso, eu tenho que estar satisfeito comigo mesmo, se eu não tiver feliz comigo mesmo, eu não vou a lugar nenhum, né? Eu nem quero ver o meu irmão, você quer ver o seu irmão aleijado, tudo inundado? Não, né, a gente não vê isso, porque a gente fecha o olho, passa de lado, você tá entendendo? Que a gente tem um ego, sabe, eu sou melhor que você, você tá entendendo? Eu muito melhor do que vocês três, vocês não entendem nada, vocês são jovens ainda, entendeu? Quer dizer, é assim que a gente pensa, a vida da gente é assim, né, até um dia que ou pela dor ou pelo amor, você vai ter que mudar a sua vida, você tá entendendo? Você vai precisar dele, né, doeu aqui, com dinheiro ou sem dinheiro, você vai precisar de alguém para te levar para o hospital, vai precisar de alguém te dando água, não é? Então, a vida é uma coisa muito engraçada, porque você vem sozinho na vida, você nasce sozinho, vem carequinha, peladinho e vai embora sozinho, você não leva nada, nada! Não tem como levar, não tem gavetinha em caixão, né? Do mesmo jeito que você chegou, você vai embora, né, então vale o que você viveu, nem fotografia você leva, né? (risos)
P/1 – Então, muito obrigada Luiz Antônio…
R – Por nada…
P/1 – Pela parceria dos Correios com o Museu da Pessoa, agradeço você ter contado um trechinho da sua historia pra gente. Obrigada.
R – Obrigado vocês.
FINAL DA ENTREVISTA
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