Meu nome é Nataniel Tadeu de Torres Vieira. Hoje é dia 24 de Julho de 2020, e esse é o segundo dia da minha jornada de sete dias.
Fechar os olhos e pensar em um objeto foi dificil. Não porque minha mente não visualizasse alguns, mas porque o objeto que aparecia como imagem fixa, como um sino batendo insistentemente, quis negar, rechaçar e substitiuir por outros mais interessantes. Eu queria falar de algum objeto que me trouxesse alguma lembrança afetuosa, bonita, ligada ao passado ou a alguém especial, ou mesmo que fosse algo significativo, extraordinário ou singular. Mas, esse item se revelou e persistiu para que fosse sobre ele que eu deveria falar: o termômetro.
Por causa da pandemia e ciente que um dos sintomais principais, nem sempre presentes, mas comumente associados à Covid-19, é a febre. A existência dela seria a confirmação de uma contaminação.
No começo do isolamento social, o que ocorreu logo após o carnaval, pois a doença estava se alastrando pelo mundo e o número de casos estavam aumentando, eu estava bastante resfriado. Naquele primeiro momento, acreditava que era por causa das chuvas que havia tomado nos blocos de carnaval, mas quando me deparei com a possibilidade de que aquilo poderia ser um corona, apeguei-me ao termômetro para acompanhar a temperatura. Melhorei daqueles sintomas. Isso aconteceu nas primeiras semanas de março e, como nunca realizei exames, não sei se contraí o virus ou não. Creio que não. Mas como essa chance persegue os nossos dias, não consegui me separar mais do termômetro. A cada tosse, cansaço, espirro, recorro a ele. E hoje, quando preciso pensar em um objeto, ele gruda na tela da minha mente e não larga.