Projeto Ópera Urbana
Entrevista de Zizi Pimentel
Entrevistado por Danilo Eiji Lopes
São Paulo, 5 de agosto de 2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista OPSESCSP_CB037
Transcrito por Jennifer Serra
P/1 – Zizi, então, pra gente começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, a data e o local de nascimento.
R – Meu nome é Zizi Pimentel, nasci em Alegre, Espírito Santo. Tenho 51 anos, nasci em 9 de abril de 1958. E sou criada no Rio de Janeiro, morei 27 anos em Copacabana.
P/1 – Então, conta pra gente, quando você veio aqui pra São Paulo?
R – São Paulo é um sonho, eu acho que de uma parte muito grande dos brasileiros. São Paulo é uma cidade que dá oportunidades. São Paulo é uma cidade que acolhe. São Paulo é uma cidade que tem fama de fria, mas, só pra quem não a conhece. Porque São Paulo faz você crescer, faz você acontecer. E vim pra São Paulo, hoje moro na região da linda e bela Avenida Paulista. Eu sei que sou uma privilegiada. Morar aqui não é fácil não, viu, gente. Porque é muita emoção, ou, são muitas emoções. Avenida Paulista é o sonho. Avenida Paulista, ela é um concreto com tantas almas, com tantas pessoas, com tanta gente, com tanta solidão, que vocês não imaginam. Você anda pela Paulista e você vê solidão. Eu, que sou escritora, hoje São Paulo também me deu a oportunidade de lançar o meu primeiro livro, que é o título "Somos o que Decidimos Ser". E aqui em São Paulo tem um monte de gente que vem porque decide vir. Decisão é uma coisa muito importante, né? E aqui, na Avenida Paulista, especial... Vou falar muito da Avenida Paulista porque é uma coisa que eu moro e que eu amo, que eu adoro. Conheço também pouco ainda da cidade, mas, a Avenida Paulista é um palco. E é um palco iluminadésimo. Se você ainda não conhece, essa é a emoção da vida, você vem aqui pra Avenida Paulista. Então, quando eu cheguei na Avenida Paulista, a primeira vez que eu pisei na Paulista, foi...
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Projeto Ópera Urbana
Entrevista de Zizi Pimentel
Entrevistado por Danilo Eiji Lopes
São Paulo, 5 de agosto de 2009
Realização Museu da Pessoa
Entrevista OPSESCSP_CB037
Transcrito por Jennifer Serra
P/1 – Zizi, então, pra gente começar, eu queria que você falasse o seu nome completo, a data e o local de nascimento.
R – Meu nome é Zizi Pimentel, nasci em Alegre, Espírito Santo. Tenho 51 anos, nasci em 9 de abril de 1958. E sou criada no Rio de Janeiro, morei 27 anos em Copacabana.
P/1 – Então, conta pra gente, quando você veio aqui pra São Paulo?
R – São Paulo é um sonho, eu acho que de uma parte muito grande dos brasileiros. São Paulo é uma cidade que dá oportunidades. São Paulo é uma cidade que acolhe. São Paulo é uma cidade que tem fama de fria, mas, só pra quem não a conhece. Porque São Paulo faz você crescer, faz você acontecer. E vim pra São Paulo, hoje moro na região da linda e bela Avenida Paulista. Eu sei que sou uma privilegiada. Morar aqui não é fácil não, viu, gente. Porque é muita emoção, ou, são muitas emoções. Avenida Paulista é o sonho. Avenida Paulista, ela é um concreto com tantas almas, com tantas pessoas, com tanta gente, com tanta solidão, que vocês não imaginam. Você anda pela Paulista e você vê solidão. Eu, que sou escritora, hoje São Paulo também me deu a oportunidade de lançar o meu primeiro livro, que é o título "Somos o que Decidimos Ser". E aqui em São Paulo tem um monte de gente que vem porque decide vir. Decisão é uma coisa muito importante, né? E aqui, na Avenida Paulista, especial... Vou falar muito da Avenida Paulista porque é uma coisa que eu moro e que eu amo, que eu adoro. Conheço também pouco ainda da cidade, mas, a Avenida Paulista é um palco. E é um palco iluminadésimo. Se você ainda não conhece, essa é a emoção da vida, você vem aqui pra Avenida Paulista. Então, quando eu cheguei na Avenida Paulista, a primeira vez que eu pisei na Paulista, foi nos idos de 1978. Era uma coisa. Depois, voltei, acho que em 1982, outra coisa. Em 1990, outra coisa. Nós estamos agora em 2009, é outra coisa.
P/1 – O que você está chamando de outra coisa? Conta pra mim, assim, a primeira vez que você viu, o que é que você achou? Descreve pra mim essa vez.
R – A primeira vez nós, os cariocas... Porque popularmente eu sou carioca, porque fui pra o Rio de Janeiro com dois anos. A primeira vez era a terra da garoa, era muito frio. E você via o carioca "Não, São Paulo não tem praia". Aí vim, achei bonito e fui embora. A segunda vez você vem, você se sente importante, porque a Avenida Paulista cresceu, se tornou esse centro financeiro que é hoje. É uma avenida que as pessoas do mundo inteiro querem conhecer. Quando eu vou dizendo outras coisas, é o crescimento, é como isso tudo evoluiu. A Avenida Paulista, na primeira vez que eu vim aqui, era um desfile de modas. Você via aquelas mulheres elegantésimas, tudo era muito elegante. Hoje, continua sendo, mas, ela se abriu. Hoje, você vê... Eu moro aqui na ponta, como eu estou andando aqui hoje. Então, ela hoje, ela abraça, ela aceita, todo tipo de pessoa anda pela Avenida Paulista. Hoje, nasceu na Avenida Paulista uma coisa que é, assim, que me emocionou muito esse ano, é a Parada Gay. A Parada Gay na Avenida Paulista, esse ano, eles cantaram num dos caminhões, nos trios elétricos, eles cantaram aquela música gospel, "Muda a Minha Vida". Venha me renovar. Eu senti muita emoção porque eu vi as pessoas cantando e pedindo mesmo, pra que Deus chegasse aqui e mudasse a vida. E Deus muda a vida da gente e muda a vida da Paulista toda hora. A Paulista é um lugar que, eu sou moradora, tá? Não vejo violência. Eu estou na Paulista há quatro anos, eu vi uma violência aqui, que foi uma turma de pessoas tinham seus objetivos, ou rebelde com causa ou sem causa, que tentaram apedrejar uns bancos aí, mas, só foi isso. Então, violência aqui é muito pouca, eu não vejo. Estou falando como moradora, não sou transeunte. A Paulista é um lugar que você passeia. Domingo na Paulista é muito lindo. Domingo são feiras, você compra, você vê coisas. Tem feira de artesanato. Na Paulista nós temos pet shop dos cachorros abandonados, não sei se vocês sabem. Cachorrinhos abandonados, que você vai, eles têm que ter uma loja onde você pega os cachorrinhos pra você. Na Paulista você tem boas comidas, né? Nossa, que gastronomia. Não é tão caro como pensa. Eu posso contar uma história pra você.
P/1 – Eu queria uma história sua.
R – Minha mesmo. Tô falando muito da Paulista porque eu amo a Paulista.
P/1 – Acho muito importante, quero ver a sua experiência.
R – Quando eu vim para São Paulo, eu antes de vir para São Paulo saí de Copacabana para Campinas, Campinas para São Paulo. E fui morar no [bairro] Campos Elíseos. Lá onde morou também Santos Dumont. Santos Dumont? Acho que foi ele mesmo.
P/1 – Não, é verdade.
R – Foi Santos Dumont. Santos Dumont mesmo. Então, morei ali no Campos Elíseos, mudei do Campos Elíseos para a Avenida São João. Uma outra tradição de São Paulo. Saí da Avenida São João para a Paulista. Mas, quando eu vim pra cá, pra São Paulo, eu pensava "Meu Deus, como eu vou andar no trânsito de São Paulo?". Que eu vi tantas motos, tantos carros, que eu não sabia como eu ia dirigir. Hoje eu dirijo maravilhosamente bem aqui. Totalmente à vontade, não sou mais à vontade pra dirigir no Rio de Janeiro, dirijo totalmente à vontade aqui. E essa cidade, ela me transformou por causa da oportunidade que me deu. E as histórias minhas com São Paulo são coisas, assim, engraçadíssimas. É uma vida que eu tenho aqui. Hoje eu vou ao Rio de Janeiro de manhã e volto à tarde. Porque eu não aguento ficar sem São Paulo. Passei um reveillon no Rio de Janeiro, agora, e achei horrível, porque eu tenho que vir pra São Paulo. Então, a minha história com São Paulo, quando eu vim pra São Paulo, eu cismei. Eu quero ir pra São Paulo. E eu saí de um apartamento em Campinas, com 200 m² e vim pra um kitnet. O porteiro ficou com pena de mim e pediu pra eu guardar as minhas coisas perto da lixeira, porque não cabia numa kitnet. Porque eu queria vir pra São Paulo. E chegando em São Paulo, eu quero falar pra você, que está assistindo esse vídeo, que você que tem a idade que eu tenho, São Paulo te dá oportunidade. Em São Paulo eu não fico sem emprego. Em São Paulo eu não fico sem comer. Em São Paulo eu não fico sem trabalhar. Fora o lazer que eu tenho aqui. Precisa-se de dinheiro? Sim, precisa. Mas, quando eu não tenho eu ando pela Paulista. Aqui você tem muito lazer. Você tem a Feira do Bexiga. Você vai ali na Treze de Maio, que tem artesanato, tem comida das melhores. Adoro comida, gente. Já viu pelo tipo. São Paulo, você tem alegria. São Paulo não olha pra você, que roupa você está vestindo. Estou dizendo nas ruas. São Paulo, você reconhece classe sim, em São Paulo. Uma coisa que até, a princípio, me chocou um pouco, depois eu me acostumei. Você reconhece uma classe aqui em São Paulo. São Paulo não despreza você, mas, tem. Existe essa coisa da seleção, em São Paulo. São Paulo te dá muitas coisas. E pra mim deu, eu sou muito grata. Eu amo São Paulo. E, quer que eu fale mais alguma coisa?
P/1 – Vamos lá. Finalizar o nosso dia de hoje, heim, quero aquela história, sua. Tá, eu sei que você já tem aqui uma história com São Paulo já, longa. Tem aqui, já morando na região. Queria que você escolhesse aquela história mais marcante pra você. Que você descrevesse em detalhes, pra gente, uma história sua, aqui na Avenida Paulista. Uma experiência sua.
R – Bom, certo dia eu, quando resolvi sair da Avenida São João para a Avenida Paulista, eu convidei uma amiga para que viéssemos passear na Paulista, andar. Eu queria morar na região da Paulista. E andando por aqui, nós começamos a olhar os apartamentos na Avenida Paulista. Que eu dizia pra minha amiga assim: "Eu vou morar aqui". Ela disse: "Mas, como? Na Avenida Paulista só mora rico, só mora quem tem dinheiro. É muito caro o metro quadrado". Eu disse pra ela assim: "Mas, eu vou morar aqui na Paulista". Quando você sonha, quando você determina, você conhece. E eu fiquei com aquilo na minha cabeça. Eu falei: "Eu vou morar na Paulista". E um dia, eu voltei pra o meu apartamento na Avenida São João e eu resolvi, naquele dia, que eu iria morar na Paulista. Só que eu não tinha dinheiro pra morar na Paulista. Eu não tinha dinheiro pra o depósito de um apartamento, eu não tinha fiador. Mas, eu vou morar na Paulista. Porque era o meu sonho. E resolvi procurar um apartamento. E andei, emagreci. Andei bastante. Eu vinha lá da Avenida São João, subia toda a Augusta, pra procurar esse apartamento. E os meus amigos _______________ "Você não vai conseguir, que é caro". "Eu vou conseguir, porque é o que eu desejo". E começamos a andar, procurando apartamento. Mas, eu tinha alguns problemas. Eu tinha uma restrição no meu nome. Você sabe o que é restrição, né? Não estava com o nome limpinho. Eu não tinha dinheiro. Mas, eu queria na Avenida Paulista e não queria morar num kitnet. Eu queria morar num apartamento bom e grande, que é o que eu moro hoje. E cheguei, andei, andei. E olhava pra esses prédios. E entrava em prédio, entrava em outro. E ligava pra as imobiliárias "Olha, eu quero morar, mas, eu quero alugar, mas, eu tô com restrição no nome". As imobiliárias eram educadas, sutis e mandavam eu rodar, né? Até que um dia eu entre num apartamento, que eu moro nele há quatro anos, quase cinco. E falei: "Eu quero morar nesse apartamento". Peguei o telefone e liguei, pra a pessoa responsável em alugar aquele apartamento. E eu disse pra ele assim: "Olha, meu nome é Zizi Pimentel, eu vim do Rio, eu moro na Avenida São João, eu quero morar na Paulista" "Ah, vem falar comigo". Quando eu cheguei lá, o dono do apartamento que eu moro, ele é um cara muito rico. Ele tem dinheiro, tem vários imóveis. Eu falei pra ele: "Olha, eu quero alugar o apartamento. Eu sou proprietária no Rio, eu tenho os meus inquilinos lá, mas, agora eu não tenho dinheiro. Eu quero alugar o apartamento". E ele disse pra mim assim... Eu falei "E tem uma restrição no nome". "Tudo bem, eu alugo pra você". Ele me alugou esse apartamento. Eu moro no apartamento. Hoje eu não tenho mais restrição no nome, não. Moro nesse apartamento até hoje. E daí pra frente, quando eu falo muito da Avenida Paulista é porque eu sou fanática, louca e apaixonada por essa região aqui. É que aqui o seu astral levanta, tudo em você muda. Então, tudo pra mim mudou, sou feliz no meu apartamento. Eu tenho meu bebezinho, que eu engravidei quando eu tinha 40 anos. E veio pra São Paulo carioca, agora é paulistana. Ela já fala até o porrta, o porrteiro e o porrtão. E eu também, hoje já sou uma paulistana.
P/1 – Tá certo, muito obrigado, Zizi.
FIM DE ENTREVISTA
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