IDENTIFICAÇÃO
Meu nome é Roberto de Castro Ribeiro, nasci no dia 24 de janeiro de 1948. Sou carioca nascido em Vaz Lobo, morei muitos anos também em Madureira.
PETROBRAS / TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Trabalhei em três órgãos da Petrobras. Comecei em 1974, quando entrei para a Petrobras, no Serviço Financeiro, Serfin. Depois fui transferido para o Sermat, Serviço de Material, e depois fui para a Fronape, Frota Nacional dos Petroleiros, onde me aposentei em 1997.
APOSENTADOS E PENSIONISTAS
Desde 1974, quando entrei na Petrobras, sempre participei de todos os movimentos, paralisações e greves a favor dos trabalhadores, como base, nunca como dirigente sindical. Só entrei na política, vamos dizer assim, como dirigente sindical, logo após a minha aposentadoria, em 1997, e por entender que – pois comecei a sentir em 1998, 1999 – os aposentados eram discriminados. Nessa oportunidade – durante esse um ano e pouco, dois anos, até 1999, 2000 –, vimos a necessidade de nos organizarmos, quer dizer, tanto aposentados, como pensionistas. Nessas nossas conversas, pois nós tínhamos um encontro mensal, durante esse tempo, resolvemos criar uma comissão de base dos aposentados e pensionistas do Rio de Janeiro. Começamos com a base de cinco a 10 pessoas, numa reunião mensal e, cada uma procurou ligar para aqueles seus conhecidos, aposentados e pensionistas. Esse número foi aumentando mês a mês em cada reunião. Em 1999, nós já tínhamos um grupo de umas 15 a 20 pessoas. E esse grupo foi aumentando. Chegamos em 2000, nós vimos que já era preciso tirar uma coordenação desse grupo de 15, 20 pessoas, tiramos cinco pessoas para serem os coordenadores responsáveis, para dar essa linha política na organização. Nessas cinco pessoas, eu estou incluso, eu e um outro companheiro também lá de Niterói – pois eu moro em Niterói –, Roberto Castanheira, o companheiro Alcyr Nordi e duas companheiras, a Célia e a Dulce. Éramos cinco pessoas na...
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Meu nome é Roberto de Castro Ribeiro, nasci no dia 24 de janeiro de 1948. Sou carioca nascido em Vaz Lobo, morei muitos anos também em Madureira.
PETROBRAS / TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Trabalhei em três órgãos da Petrobras. Comecei em 1974, quando entrei para a Petrobras, no Serviço Financeiro, Serfin. Depois fui transferido para o Sermat, Serviço de Material, e depois fui para a Fronape, Frota Nacional dos Petroleiros, onde me aposentei em 1997.
APOSENTADOS E PENSIONISTAS
Desde 1974, quando entrei na Petrobras, sempre participei de todos os movimentos, paralisações e greves a favor dos trabalhadores, como base, nunca como dirigente sindical. Só entrei na política, vamos dizer assim, como dirigente sindical, logo após a minha aposentadoria, em 1997, e por entender que – pois comecei a sentir em 1998, 1999 – os aposentados eram discriminados. Nessa oportunidade – durante esse um ano e pouco, dois anos, até 1999, 2000 –, vimos a necessidade de nos organizarmos, quer dizer, tanto aposentados, como pensionistas. Nessas nossas conversas, pois nós tínhamos um encontro mensal, durante esse tempo, resolvemos criar uma comissão de base dos aposentados e pensionistas do Rio de Janeiro. Começamos com a base de cinco a 10 pessoas, numa reunião mensal e, cada uma procurou ligar para aqueles seus conhecidos, aposentados e pensionistas. Esse número foi aumentando mês a mês em cada reunião. Em 1999, nós já tínhamos um grupo de umas 15 a 20 pessoas. E esse grupo foi aumentando. Chegamos em 2000, nós vimos que já era preciso tirar uma coordenação desse grupo de 15, 20 pessoas, tiramos cinco pessoas para serem os coordenadores responsáveis, para dar essa linha política na organização. Nessas cinco pessoas, eu estou incluso, eu e um outro companheiro também lá de Niterói – pois eu moro em Niterói –, Roberto Castanheira, o companheiro Alcyr Nordi e duas companheiras, a Célia e a Dulce. Éramos cinco pessoas na coordenação dessa comissão de base dos aposentados e pensionistas do Rio de Janeiro. Essa comissão tinha um objetivo: lutar pelo nosso direito; fazer com que a Petrobras e a Petros cumprissem o nosso contrato. Nós temos o nosso fundo de pensão na Petros, no qual constam várias clausulas e nós vimos que, desde 1996, essas cláusulas não estavam sendo cumpridas. Por isso nós nos organizamos e participamos de todos os atos e congressos pela FUP (Federação Única dos Petroleiros); e agora recente, nos últimos dois anos, pela FNP, que é a Frente Nacional dos Petroleiros. Achamos que toda a nossa luta foi boa, foi válida, mas continuamos sendo discriminados nos acordos coletivos, em função da política de Governo.
SINDIPETRO-RJ
O sindicato tinha um companheiro, que hoje é gerente, o Mozart Schimitd, que também era diretor da FUP. Essa reunião mensal passou a ser oficial. Tem até hoje, já são 10 anos. Dentro do sindicato, nós nos reunimos à primeira terça-feira do mês, às 14 horas; toda primeira terça-feira do mês tem a reunião dos aposentados e pensionistas. [A partir] dessa comissão, nós vimos que era preciso colocar aposentados dentro da direção [do Sindicato], pois naquela época só tinha um aposentado, que era o companheiro Isnard. Também tinha poucos aposentados na Petrobras na época. Resolvemos: “Temos que ter diretor lá”. [Para] as chapas que concorriam em 2000, 2002 nós colocamos uma cláusula, que tinha que haver 30% de aposentados na direção. Naquela oportunidade, eram 24 diretores, então nós queríamos oito aposentados. Essa imposição não foi bem vista. Mas nós colocamos ali que, para apoiar qualquer uma das três chapas, tinha que aceitar oito aposentados na direção. Mas entre nós mesmos também não houve um consenso de que oito pessoas estariam dispostas a fazer parte de uma direção e só ficamos cinco. Desses cinco, duas chapas se uniram, que era a oposição na época à chapa que estava na direção, que era o companheiro Mozart. Uniu-se a chapa que era encabeçada pelo Abílio Dozim e o Emanuel Cancela, ou seja, essas duas chapas se uniram fazendo oposição à direção, que era do companheiro Mozart. Nós entramos com cinco aposentados nessa chapa, que ficou então uma chapa única de oposição e ficamos, os cinco, como diretores. Isso foi de 2002 a 2005. Em 2005, também vieram outros aposentados. Agora, em 2008, nós entramos com 15 aposentados e aumentou também de 24 para 33 o número de diretores.
ESTRATÉGIAS DE LUTA
Na comissão de base dos aposentados, nós escrevemos a nossa tese. Até hoje tem uma tese que a gente atualiza a cada ano, em função dos acordos coletivos, em função da política, tanto nacional quanto internacional, em função das perdas. De 1996 pra cá [nos] foi imposta uma remuneração variável. Naquela época, nós entendemos que a política era pela privatização da Petrobras. E isso ocorreu lá no Rio Grande do Sul, ocorreu com a Interbrás e com a Fronape que também foi retalhada e hoje é a Transpetro [Petrobras Transporte S.A]. Nós já batíamos nessa política neoliberal. Nesses congressos que havia da FUP, nós colocávamos lá nossa bandeira, que éramos contra a privatização da Petrobras, contra essa política de remuneração variável, que discriminava o aposentado e pensionista. Isso porque, no acordo coletivo, a Petrobras vinha com índice de reajuste e esse índice era para todos, ou seja, ativo, aposentado e pensionista, mas a partir de 1996 ela começou a aplicar uma remuneração variável. Em 1996, 1997, 1998 ela deu um abono, como um abono de contingência, só para os ativos. Aí nós começamos a perder e entramos com ações na justiça, através do sindicato, através do departamento jurídico. Mas os juízes entendiam que nós não tínhamos direito. A Petrobras mudou a estratégia, então, a partir de 1998, até hoje, a Petrobras veio com outra remuneração. Ela dá níveis para os companheiros da ativa e esses níveis não são estendidos para os aposentados. Ela fez isso em 2004, 2005 e 2006. Mas as ações que nós temos na justiça, na primeira e segunda instância, estão favorecendo os aposentados e pensionistas. A Petrobras, então, já mudou os dois últimos acordos, nesses últimos dois anos. Ela não deu níveis, mas criou uma outra remuneração variável que nós achamos que também é uma fraude salarial, não só para com os aposentados e pensionistas, mas também para os companheiros da ativa. Ela fez um novo PCAC, um novo Plano de Cargos e Salários, no qual os aposentados ficaram com a sua tabela congelada em dezembro de 2006. E ela colocou ali, de 2006 pra cá, uma parcela da remuneração variável que se chama RMNR, Remuneração Mínima Nacional de Reajuste Regional, para os companheiros da ativa, [ou seja] para quem está no Rio é diferente de quem está lá no Amazonas. Um tem direito a 2%, outro 4%, outro 6%. A RMNR é diferencial em cada Estado. Isso já é uma fraude salarial dentro da política dos companheiros da ativa. Enquanto um está ganhando 32%, outro está ganhando 34%, outro 36%. Por que isso? Porque os admitidos novos, de 2002, não tinham a periculosidade, que era de 30%. A Petrobras, para aqueles novos que não tinham esses 30% de periculosidade, procurou dar através dessa RMNR, mas isso não está englobado no salário dele. Veja só o que vem acontecendo com essa remuneração variável: ele não desconta para o fundo Petros.
A PLR (Participação nos Lucros e Resultados), nós também achamos que essa participação nos lucros e resultados é uma remuneração variável, porque ela também não engloba no salário. [Quando] esses companheiros forem se aposentar, o salário deles vai estar bem pequeno. Nós, aposentados e pensionistas, vamos para os atos, para as assembléias, para os congressos e passamos isso para os companheiros da ativa, que quando eles aposentarem vão estar pior do que nós, que estamos aposentados há 10, 15 anos ou 20 anos. Essa política é fraudulenta, é a política de governo aplicada em várias estatais e, principalmente, dentro da Petrobras. Isso é fraude salarial. Não sou eu quem está falando, não é o Roberto Ribeiro que está falando, quem disse que isso é fraude salarial foram os juízes, dentro dos processos. Hoje nós estamos desmascarando essa fraude, estamos já no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, e nós estamos ganhando. Ninguém recebeu ainda esses níveis e esses percentuais que foram dados, esses abonos. Nós já temos a grande possibilidade de ganhar e recompor as nossas perdas, principalmente esses níveis que foram dados em 2004, 2005 e 2006. Quanto a RMNR, nós já estamos entrando também com ações na justiça. Essa remuneração variável é uma fraude salarial para os aposentados e pensionistas e também para os companheiros da ativa, porque eles também não descontam para o INSS [Instituto Nacional de Seguridade Social], não descontam para o fundo de garantia, não ganham nas férias. Enfim, essa remuneração variável só é descontada em imposto de renda. Então, num global, eles vão perder lá na frente e assim é a PRL, a participação de lucro e resultado. São descontados no impostos de renda, não é englobado no salário deles. Então, daqui mais uns cinco, 10 ou 20 anos, quando forem se aposentar, o salário vai estar pequeno, reduzido.
SINDIPETRO RJ / CONQUISTAS
Fui eleito como diretor do Sindipetro-RJ em função dessa comissão, em função desse trabalho em 2002; [permaneci] até 2005. Em 2005, eu não quis, fiquei decepcionado com toda essa política. Não quis vir mais no movimento, como diretor do movimento sindical. Fui eleito para diretor da FUP, Federação dos Petroleiros. Agora fui eleito como conselheiro, para o conselho deliberativo da Petros. Dentro desse movimento, movimento petroleiro principalmente, dentro do movimento dos aposentados e pensionistas, fui eleito no ano passado, em 2008. Isso não deixa de ser uma conquista pelo trabalho, pelo reconhecimento não só dos aposentados e pensionistas; acredito que eu tenha também uma credibilidade junto aos companheiros da ativa. Enquanto diretor e até mesmo agora que eu voltei em 2008 – fui eleito nessa direção atual, nova direção do Sindipetro-RJ –, não sou só diretor de aposentado e pensionista, eu sou coordenador da secretaria dos aposentados e pensionistas do Sindipetro, sou também diretor de toda a categoria: pensionistas, aposentados, os antigos da ativa e também os novos companheiros da ativa. Sou diretor da categoria num todo. E como conselheiro na Petros, sou suplente do Paulo Brandão, conselheiro deliberativo, para todos os participantes do fundo Petros.
GREVE DE 1995
A greve mais marcante para mim foi a de 1995. Foram 32 dias de greve, onde nós tivemos algumas conquistas e ainda tem companheiros que foram mandados embora, que não foram anistiados. Isso é um outro problema. Muitos companheiros que foram demitidos na greve de 1994, na greve de 1995 e também foram demitidos quando o Collor extinguiu a Interbrás, foram anistiados, não podemos dizer que no Governo Lula não tivemos alguma conquista. Tivemos. Mas ainda tem um número grande [de companheiros demitidos]. É uma luta que nós estamos fazendo para que esses companheiros voltem ao local de trabalho, que voltem a Petrobras. Então, 1995 marcou. Foi uma greve nacional que repercutiu na mídia; repercutiu porque nós tivemos paralisações de refinarias, nas plataformas, foi um movimento unificado. Tivemos a participação dos Sindipetros, todos os 17 sindicatos petroleiros que nós temos no sistema Petrobras. Foi importante Tivemos [também] a participação da CUT [Central Única dos Trabalhadores]. A CUT teve uma atuação importante ali. O movimento político partidário, os partidos tiveram um movimento ativo. Foi muito importante essa greve, ficou marcada no sistema Petrobras.
GOVERNO LULA
Levando para o lado político, hoje, infelizmente, nós lutamos, conseguimos eleger o companheiro Lula, o Partido dos Trabalhadores, e houve uma divisão. O que acontece hoje no sistema Petrobras? Alguns companheiros militantes, com a eleição do Lula, estão na gerência da Petrobras. Temos mais de 230 companheiros que estão na gerência. Não vou dizer se está certo ou está errado, mas o movimento de oposição ao Governo, com isso, caiu muito. Então, hoje nós não temos o movimento de rua, principalmente puxado pela CUT e pelo PT [Partido dos Trabalhadores], porque eles estão no Governo. Esses companheiros, outrora companheiros combativos, hoje estão na gerência da Petrobras. Então eu vejo, aí sou eu falando particularmente, que eles hoje representam o Governo, representam a direção da Petrobras, não representam mais os trabalhadores. Estão nos cargos, ganhando bem e aí estão fazendo o outro lado da função deles: defendendo o Governo, defendendo a empresa. Para mim, eles estão contra os trabalhadores, porque eles estão aceitando o que está acontecendo. Nós não temos hoje oposição de rua, de movimento, porque o PT se aliou a quase todos ou todos os partidos e todos hoje são Governo. Isso também é uma parte da política; o movimento sindical está hoje ainda mais alinhado com isso. É uma pena, vejo isso até como tristeza. O movimento político hoje está totalmente voltado para o seu interesse e o interesse capital. Todos nós estamos perdendo com isso.
A maioria dos partidos hoje está aliada ao PT, ao Governo. Aí você vai dizer assim: “Mas não tem oposição?” Sim. Está surgindo o Psol [Partido Socialismo e Liberdade], que vem do PT, o PSTU [Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados] com lutas. Mas nós não podemos dizer que o PCB (Partido Comunista Brasileiro), o PC do B (Partido Comunista do Brasil), o próprio PT são partidos de oposição hoje, não são. Nosso [apoio] hoje, [em relação aos] partidos políticos, para fazer o movimento sindical, está reduzido. O PSTU e o Psol ainda não têm força como partido de oposição, que possa dizer que os nossos partidos hoje estão organizando os trabalhadores, ainda não tem essa força. Acho que o movimento sindical ficou muito enfraquecido com isso. Vamos tentar. Não quer dizer que a gente vai cruzar o braço. Amanhã, dia 20 [de abril], a partir das 10 horas, nós aposentados faremos um movimento na Candelária, um movimento nacional dos aposentados. De qualquer maneira, temos certeza de que vão aparecer políticos, vão aparecer vários partidos. Mas é um movimento puxado pelo movimento dos trabalhadores aposentados e pensionistas. Muitos são ligados a partidos políticos. Eu nunca fui filiado a partido político, sou totalmente independente. Sempre procurei votar com o movimento dos trabalhadores e aí na época era o PT, o PC do B ou o PC. Mas hoje [para] nenhum dos partidos se pode dizer: “Esse representa de fato a classe trabalhadora e é oposição ao Governo”. Não são. Nós estamos aí com os leilões do petróleo e gás e o presidente da Agência Nacional de Petróleo é do PC do B. E ele dizia que era um comunista. Hoje ele é o presidente, está lá na Agência, está fazendo o leilão de petróleo. Mas é só ele? Não. Para mim, o principal se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Como o Fernando Henrique mudou a lei do petróleo em 2007, se o Lula quisesse, ele mudaria agora também. Em 2002, nós fomos procurar pelo Lula e pela Dilma, estava no quarto leilão de petróleo, e eles falaram: “Esse quarto não tem como cancelar, não podemos fazer nada. A partir do ano que vem, em 2003, 2004 nós poderemos ver o que a gente pode fazer. De repente, podemos cancelar”. Mas, infelizmente, foi o inverso. Já tivemos o quinto, o sexto, o sétimo, o oitavo, o nono e o décimo leilão agora em dezembro, no Governo Lula. E “levamos pau”, apanhamos. Tivemos diretor do Sindipetro com oito pontos na cabeça; o Emanuel Cancela com o braço quebrado; o Brayer Grudka, dedo quebrado; vários outros companheiros que levaram “borrachada”, entre homens e mulheres; vários foram para o hospital; outros foram presos. Então, nós estamos no Governo trabalhador do PT. E aí? É problemático.
Amanhã nós estaremos lá, aposentados e pensionistas, em frente à Leopoldina, reivindicando as perdas nossa que já desde 1991 até agora, estão em 105%. Nós estamos reivindicando que o mesmo índice de reajuste que é dado para o salário-mínimo, também venha para os pensionistas, para o nosso benefício; estamos reivindicando pela recuperação das nossas perdas. Nós estamos apoiando o projeto do Paulo Paim, que é do PT. São três projetos dele, um já passou no Senado, agora vai para a Câmara, Deputados Federais. Nós esperamos, pelo menos, que esses deputados, que votaram contra em maio, agora aprovem esse projeto do Paulo Paim, que entendam que os aposentados e pensionistas estão brigando pelo que é de seu direito. Amanhã muitas dessas pessoas, desses companheiros, vão estar aposentados. Apesar de que, eles se aposentam e ficam vitalícios, não vão precisar da previdência. Mas nós, mesmo petroleiros, precisamos da previdência. Nós temos a complementação da Petros, mas nessa complementação nós temos também a parte da previdência. Nós precisamos olhar para a previdência, não podemos nos preocupar só com nosso fundo de pensão Petros, nós temos a parte da previdência.
GOVERNO LULA
Por incrível que pareça, está sendo [mais difícil] agora, de 2002 pra cá. Porque, como eu falei, é o Governo trabalhador, é o partido do trabalhador. Não tem movimento de rua, não tem movimento de oposição. Na época da ditadura, nós íamos pra lá “tomar pau da policia”. Estamos tomando agora também, mas havia um movimento de rua; os partidos, quase a sua maioria, ia pra rua; a classe trabalhadora se unia, ia pra rua. De 2002 pra cá, você não vê isso, vê uma grevezinha ali: “Os bancários, os metalúrgicos, os petroleiros vão fazer greve”. Vão nada. Me diz qual foi a greve que nós tivemos em 2002 pra cá, dentro da Petrobras? O Correio fez aí alguns dias de greve, bancário fez alguns dias de greve. Mas cadê a CUT? Cadê o movimento unificado dos trabalhadores? Não. Foi um setor ou outro, um dia ou dois. Não passa de três dias e não há apoio. Então, a maior central, que é a Central dos Trabalhadores, hoje se omite. Eu vejo que a maior dificuldade no movimento sindical está sendo agora nesse Governo, no nosso Governo, que nós colocamos lá, do Partido dos Trabalhadores. Para mim, o movimento está inexpressivo, ele não existe. A gente, pra fazer o movimento, teria que criticar o Lula, tem que criticar o Partido do Trabalhador. E a maioria não quer fazer isso. Como eu falei, tem muitos hoje que estão na “boquinha”. Então, é problemático. Eu vejo que o movimento hoje se torna difícil porque a maioria dos companheiros e ex-companheiros está no Governo. Temos no Sindipetro-RJ companheiros da direção que fazem parte do PT. Mas eles continuam ainda tentando dizer, pelo menos dizer e colocar no seu jornal – que é o “Jornal Surgente” – que, em certa parte, o governo está errado. Nós vamos pra rua. Fomos em dezembro e apanhamos. Fizemos um acampamento dentro do Edise, no dia 17 de dezembro. Fomos pra rua no dia 18 de dezembro contra o décimo leilão de petróleo. Continuamos falando que a política está errada. Mas a ferida está lá em Brasília. Tivemos em Brasília sim, mas num ato pequeno, porque não adianta só um sindicato, dois ou três.
FRENTE NACIONAL DOS PETROLEIROS
Em 2006, nós fundamos a Frente Nacional dos Petroleiros, que é a FNP, no congresso da FUP em São Paulo. Em 2006, já achávamos que não poderíamos aceitar a imposição, o sindicato tinha que ficar independente do Governo. Os companheiros da Federação dos Petroleiros quiseram impor a repactuação, no congresso da FUP. Cinco sindicatos não aceitaram isso, nós tentamos fazer o acordo: “Não vamos colocar isso. Então, cada sindicato, se achar que deve fazer um trabalho de repactuação, que faça. Caso contrário, vai ter um racha.” Eu fazia parte da direção da FUP em 2006. A maioria da direção majoritária achou que não, que tinha que ser votado ali no congresso. Aí houve a divisão. Cinco sindicatos saíram, fizemos plebiscito e nós nos desfiliamos da FUP e fundamos a Frente Nacional dos Petroleiros. Ficaram 11 sindicatos na FUP. Ano passado, o Sindipetro do Rio Grande do Sul também fez seu plebiscito, se desfiliou da FUP e hoje está na FNP. Hoje são seis Sindipetros na FNP e 11 ainda filiados a FUP. Já houve até um racha dentro do movimento petroleiro. Nós estamos agora discutindo como fazer uma greve unificada, mas, ao mesmo tempo, o boletim da FUP, que é o “Primeira Mão”, bate nos seis Sindipetros. No boletim de um desses seis Sindipetros ou da Frente Nacional dos Petroleiros, a gente critica o “Primeira Mão”, critica os 11 sindicatos, principalmente a FUP, a atual direção da FUP. Está complicado a gente se unificar para poder fortalecer uma briga do movimento sindical. Quem perde somos todos nós. São os trabalhadores, tanto da ativa, quanto aposentados e pensionistas. Em função, novamente, de problemas político partidários no movimento sindical.
SINDIPETRO-RJ
O Sindipetro teve uma participação marcante. Na segunda-feira dia 23 [de abril], ele fará 50 anos. Amanhã, sexta-feira, dia 20, nós temos até um coquetel. Convidamos o primeiro presidente do Sindipetro, que está morando em Santa Catarina, se não me engano; ele era da Refinaria de Manguinhos. O Sindipetro, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, começou na refinaria de Manguinhos e o primeiro presidente foi de lá, é o Fernando Autran. Sempre que nós fazemos aniversário, chamamos o Autran; é uma homenagem, principalmente agora, 50 anos. [Convidamos] não só o primeiro presidente como o primeiro associado – que também é vivo – e nós vamos trazê-lo. Nós vamos fazer essa homenagem, essa festa, na Associação dos Empregado no Comércio, na Avenida Rio Branco, a partir das 18 horas. Vamos ter vários políticos presentes. O Sindipetro-RJ teve uma participação muito importante nas lutas durante esses 50 anos, nas “Diretas Já”, contra o leilão de petróleo, enfim, contra as mudanças da previdência. Tem também uma participação histórica, em todas as greves o Sindipetro-RJ esteve presente, encabeçando, até porque nós estamos aqui no centro do Rio de Janeiro e a sede da Petrobras é aqui e a capital da República também foi aqui. O Sindipetro-RJ participou de tudo e ainda participa, mesmo com alguns companheiros atrelados ao Governo, ainda temos o movimento. Infelizmente, como eu disse, o movimento não cresce porque hoje ele está muito misturado com o movimento político partidário. Mas o Sindipetro-RJ tem uma marca dentro do movimento petroleiro. Isso está registrado. No Sindicato, tem os nossos jornais, nossas fotografias e todo o movimento desde as “Diretas Já” até agora, contra os leilões de petróleo.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Me aposentei em 1997, são 12 anos. Eu achava que poderia curtir a minha vida como aposentado. Para não ficar parado, com uma parte da minha indenização, comprei um pequeno estabelecimento comercial, um barzinho lá na praia de Itaipu. Amo Itaipu e sou freqüentador assíduo. Comprei um comerciozinho para saber que, pelo menos no verão, eu teria uma atividade para fazer; no inverno, eu iria curtir a minha vida de aposentado. Comecei a trabalhar no meu comércio no verão, mas, em 1997, 1998 comecei na comissão. Em 2000, eu já tive que largar o comércio e estou direto, todos os dias, dia-a-dia no sindicato, no movimento. Não consegui ainda, durante esses 12 anos, curtir como aposentado, viajar com minha família, minha esposa, meu filho. Estou direto no movimento sindical, brigando pelo meu direito. Foram 24 anos na Petrobras, mas me aposentei com 32 anos de trabalho. Era para eu estar descansando e essa luta era para os companheiros da ativa, não mais para os aposentados e pensionistas. Portanto, eu tive que voltar, estou aqui. Daqui a pouco, tenho uma reunião da FNP com a FUP, tentando unificar uma greve em função da PRL, a qual nós não temos direito. Nós, aposentados, ajudamos a construir esse patrimônio que hoje é a Petrobras, que poderá, com a descoberta do Pré-sal, ser a segunda do mundo em termos de petróleo e nós não temos direito a participação nos lucros e resultados. Muitos trabalharam 20, 30, 40 anos; ajudamos a construir esse patrimônio e somos discriminados até nisso. E não é só nessa parte financeira; como eu falei, nos direitos que eles estão tirando da gente nos reajustes, no nosso fundo de pensão. Enfim, tenho que estar no movimento, gritando que sou contra a repactuação, sou contra abrir direitos que a gente perde dentro do artigo 41, artigo 48. São várias coisas de que nós estamos abrindo mão. A empresa deu três salários ou 15 mil reais para quem é repactuado. Onde é que já se viu alguém oferecer um salário, 15 mil no mínimo, e dizer: “Que é bom, isso aqui é bom, você vai repactuar, vão fazer um novo contrato.”? E pagar por aquilo? Se fosse tão bom como eles dizem, nós é que teríamos que pagar os 15 mil. É mentira Dizem que 73% repactuaram. Talvez, mas eles não mostram esse número pra gente. Estou no movimento sindical para defender nosso direito, direito do aposentado e pensionista, do trabalhador da ativa, mas estou abrindo mão da minha aposentadoria, do meu lazer. Nesses 12 anos de aposentado ainda não consegui curtir. Estou mais ainda ativamente nessa briga para manter, já que nós estamos perdendo o nosso direito.
LUTAS ATUAIS
Falei sobre os leilões de petróleo, que é uma questão de soberania nacional, não é só uma questão do petroleiro; é uma questão de todo brasileiro. Infelizmente, a gente convoca para os atos e são poucos que comparecem. Pior ainda é ver que os companheiros petroleiros, que são mais de 50 mil, não estão preocupados com isso, o que é triste. Eu acho que todos tinham que estar no movimento contra o leilão de petróleo. Mais triste é ver que um presidente que nós colocamos lá, um operário, trabalhador, continua com a mesma linha neoliberal, privatizando a Petrobras, continua com esse leilão de petróleo. Isso é triste. E mais triste é a Petrobras discriminar os aposentados e não reconhecer que nós tivemos uma participação grande onde ela está. São coisas que eu lamento. Quero convocar os companheiros que estão na ativa para que entendam que essa briga do aposentado não é só do aposentado, também é deles. É para o futuro deles também. Tudo que nós, aposentados, estamos falando, estamos perdendo, se os companheiros entenderem que tem que estar do nosso lado, eles estão garantindo o futuro; principalmente na remuneração variável e nessa participação de lucro e resultado, que tinha que ser no salário. Tinha que incorporar no salário, que é para garantir a aposentadoria deles. Nós, aposentados e pensionistas, também teríamos direito a isso. Eu entendo que é uma questão da categoria petroleira. Dizer que o aposentado não tem direito a participação de lucro e resultado não está em lugar nenhum. A lei nº. 10.101, que rege a participação de lucro e resultado, ela fala “trabalhador”. Eu sou trabalhador aposentado, tenho vínculo com os companheiros da ativa lá no meu fundo de pensão, lá está escrito que eu tenho vínculo, por isso eu ganho o mesmo reajuste deles. Por isso eu sou contra abrir direito, sou contra a repactuação. Eu quero estar vinculado aos companheiros da ativa. Não abro mão do contrato que tenho com a Petrobras e que tenho com a Petros. Quero deixar um recado para os companheiros da ativa: fazer greve pela participação de lucro e resultado é um direito. Mas teríamos também que fazer pelo ganho real de salário e na hora do acordo coletivo. O que vem acontecendo nos últimos 12 anos? A maioria dos companheiros da ativa vai lá e aprova aquela proposta de acordo coletivo, porque a empresa chega assim: “Mês que vem, daqui a dois meses, nós vamos discutir PRL. Vamos fechar logo esse acordo coletivo”. Nós, aposentados e pensionistas, estamos sendo prejudicados por isso. Os companheiros da ativa têm que entender que nós temos que brigar, fazer greve para o ganho real de salário, porque aí todos sairão ganhando e eles também, quando se aposentarem. É um recado que eu deixo.
MEMÓRIA PETROBRAS
Eu acho muito bacana, é interessante recordar essas lutas, essas vitórias, essas brigas. Eu tive também uma participação muito grande na parte esportiva da Petrobras, pois sou professor de Educação Física, participei muito de todos os campeonatos, que hoje infelizmente a Petrobras não faz mais. Eram os jogos internos no Edise. Todas as unidades participavam. Fizemos olimpíadas, abrindo no [Estádio] Célio de Barros, com várias pessoas participando. O esporte fazia essa integração. Infelizmente, hoje, só temos alguns clubes, como o Cepe Rio [Clube dos Empregados da Petrobras]. Fazem lá longe, na Barra da Tijuca. Não é mais centralizado aqui no Centro. Vocês estão de parabéns por fazer essas entrevistas com essas pessoas, tanto da parte sindical, da parte social, da parte esportiva. Fica aqui meu agradecimento. Acho que o caminho é esse e tem que recordar mesmo, porque a Petrobras já tem mais de 50 anos. O Sindipetro está fazendo 50 anos, também faz uma parte dessa história. Nós, aposentados, com certeza, fazemos parte dessa história. Nós estamos todos de parabéns. Agradeço imensamente. Só para encerrar: a minha matrícula é 0074615, entrei em março de 1974.
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