Me chamo Rosana Cristina Leite Azevedo. Claro que este último nome veio junto com o marido. No dia 20 de junho de 1967, mais ou menos às 12:20, eu nasci em Paraibuna-SP. Como era de praxe colocar nome composto, saiu o meu Rosana Cristina, que deveria ser Fátima, pois fui entregue a Nossa Senhora ...Continuar leitura
Me chamo Rosana Cristina Leite Azevedo. Claro que este último nome veio junto com o marido. No dia 20 de junho de 1967, mais ou menos às 12:20, eu nasci em Paraibuna-SP. Como era de praxe colocar nome composto, saiu o meu Rosana Cristina, que deveria ser Fátima, pois fui entregue a Nossa Senhora de Fátima. Num dia de inverno bastante rigoroso, bem na hora do almoço, de parto normal, eu chorei para vir ao mundo.
Tive uma infância rica para os costumes e padrão de vida daquela cidadezinha. E, apesar da bronquite e das alergias, cresci com saúde e tive regalias. Quando bebezinha, passava os dias no berço, pois meus pais tinham comércio e eu já era a segunda filha. À noite, meu vovô Antonio Vitelgo do Nascimento, um negro carinhoso, me tirava para me dar colo. Dizia que era para descansar o corpo da cama. E assim cresci com vestidos feitos por minha mãe, que sempre combinavam com a calcinha de rendas, meias e sapatos. Minha avó Mariana, irmã de meu vovô já citado, era dona de uma pensão que nesta época acolhia trabalhadores da empresa Camargo Correia. De sua pensão hoje existe somente a fachada na Rua da Bica, centro da cidade.
Tenho fotos desta época. Esta negra brava logo ficou viúva e, de seus descendentes, nenhum era seu filho legítimo – nem minha mãe, que foi criada longe de seus irmãos de sangue.
Nas festas da cidade, eu e meus irmãos, que éramos em três quando morávamos em Paraibuna, éramos quase que uma atração à parte, pois todos sabiam que os netos de D. Mariana nunca sairiam mal arrumados. Na procissão da missa estávamos lá, eu e minha irmã, vestidas de anjinho. Que mico
Após completarmos idade, já devíamos ter algum pecado e, por isso, não saíamos mais de anjinho, e sim de pastorinha, para cantar nos presépios da cidade. Ficamos longos anos nesta cidade e fomos felizes principalmente nos períodos de festas, quase sempre religiosas.
Ainda existe em funcionamento um mercado, o pastel do Manezinho, a festa da pamonha, a feira de domingo, a barraca de festa no mercado (onde minha mãe ficava horas fritando pastéis de vento). Muita coisa mudou, é claro. Mas a lembrança fica para sempre.
Quando eu tinha mais ou menos 6 anos de idade, em 1977, nos mudamos para São José dos Campos. No bairro do Satélite, meu pai continuou sendo dono de bar autônomo, e minha mãe, sua ajudante e dona de casa. Aqui nesta cidade, quando criança, aprendi a costurar, cozinhar, ser gentil e educada como toda mocinha deveria ser para se casar.
Tivemos dificuldades financeiras com o nascimento de minha irmã caçula e todos tiveram que se virar, ou seja ajudar com dinheiro em casa. Minha irmã mais velha foi trabalhar numa empresa de remédios. Eu era mais prendada fui trabalhar como babá, mas logo desisti e entrei em uma fábrica que hoje se tornou um shopping às margens da rodovia Presidente Dutra. Era a Alpargatas. Com carteira registrada, trabalhei por três anos e meio e, quando saí, ganhei meus direitos trabalhistas, um ótimo marido e uma gestação da qual nasceu meu filho, que hoje tem 18 anos, e uma filha de 17 anos.
Após nascimentos, retomei os estudos, me dividindo entre ser mãe, estudar e ser dona de casa. Quase me formei no magistério. Na época, meu marido, formado em biológicas pela UNITAU de Taubaté, ficou desempregado e nos mudamos para Pindamonhangaba, onde moramos por um ano. Retornando a São José dos Campos, entrei na faculdade UNIVAP, de onde saí historiadora, depois psicopedagoga e, mais tarde, na UNIBAN em São Paulo, fiz pedagogia administrativa. Hoje leciono em escola do Estado de São Paulo, onde fiz concurso com aprovação e aguardo ser chamada para efetivação. Em meu município também realizei concurso e neste ano de 2006 será minha estréia nesta rede de ensino. Como será?Recolher