Projeto A gente na Copa – História de Gente que Faz o País do Futebol
Depoimento de Marcelo Palaia Giannoni
Entrevistado por Rosana Miziara
São Paulo, 18/12/2013
Realização Museu da Pessoa
PCSH_HV_440_Marcelo Palaia Giannoni
Transcrito por Liliane Custódio
P/1 – Você pode começar falando seu nome completo, o local e data de nascimento?
R – Meu nome é Marcelo Palaia Giannoni, nascido em São Paulo, capital, na Avenida Paulista.
Mais paulistano, impossível.
P/1 – Em que data?
R – Eu nasci em dia 21 de outubro de 1969.
P/1 – Você, Marcelo, seus pais são de São Paulo?
R – São Paulo também, São Paulo capital.
E meus avôs da Itália.
P/1 – Seus avôs paternos ou maternos?
R – Os dois.
P/1 – Tanto por parte do seu pai quanto da sua mãe vieram da Itália?
R – Tanto por parte de pai quanto por parte de mãe.
P/1 – Então, vamos pegar primeiro o lado do seu pai, depois a gente vai para o da sua mãe.
Seus avôs vieram da Itália por quê?
R – Na verdade, não tem mistura, eu sou italiano, mas é uma mistura entre Brasil e Itália, porque meu avô de parte paterna é brasileiro e minha avó é italiana.
E o meu avô de parte materna é italiano e minha avó é filha de italiano, é brasileira, todos são italianos.
E é uma mistura interessante, porque é uma mistura da baixa Itália com a alta Itália, então eu realmente sou italiano, em todos os sentidos.
P/1 – Então, a sua avó paterna era brasileira?
R – Italiana.
P/1 – E seu avô também italiano?
R – Brasileiro, filho de italiano.
P/1 – O paterno?
R – O paterno.
P/1 – E a sua avó veio para cá por quê?
R – Ah! Acho que como todo italiano que vinha naquela época, vinha em busca de fuga da pobreza, de um novo horizonte, busca de dinheiro, da guerra, aquela história toda da vinda do povo italiano para o Brasil.
P/1 – O que seu avô paterno fazia?
R – Meu avô trabalhava com ferro e aço.
Ele fazia compra e venda de ferro e aço, inclusive, meu pai até hoje faz isso também.
P/1 – Ele comprava? Como era?
R – Ele era comerciante, então ele trabalhava com chapas, tinha uma empresa de venda de ferro e aço, então trabalhava muito com a indústria automobilística, muito com a indústria automobilística no feitio do carro, na fabricação dos carros.
Ele trabalhava no ramo de ferro mesmo.
P/1 – E a sua avó?
R – Ah! A minha avó dona de casa, Rosana, dona de casa, cozinheira de primeira.
Dona de casa.
Cuidava lá dos filhos.
P/1 – E seus avôs maternos?
R – A mesma história.
Basicamente a mesma história, com a diferença de meu avô ter vindo como sapateiro.
E assim, veio como sapateiro, depois foi dono de fábrica de sapato, depois meus tios montaram uma imobiliária, então mexeu com compra e venda de imóveis, locação de imóveis.
Então, meu avô de parte de mãe começou como sapateiro mesmo, ele veio para o Brasil para trabalhar como sapateiro.
P/1 – E eles moravam aonde, seus avôs maternos?
R – Pinheiros.
Sempre Pinheiros e Vila Madalena.
P/1 – E seus avôs paternos?
R – Bom Retiro, sempre nas colônias italianas, nos locais de colônia italiana: Bixiga, Bom Retiro, nessa área.
P/1 – E seu pai faz ou fazia o quê?
R – Trabalha com ferro e aço também.
P/1 – Seguiu o caminho do seu avô.
R – Sim.
Seguiu o caminho do meu avô.
P/1 – E você sabe como seu pai conheceu sua mãe?
R – Sei.
Os pais eram amigos.
Como eram italianos, eles eram amigos.
O pai da minha mãe, meu avô materno, era amigo do meu avô paterno e aí acabou que os filhos se casando.
P/1 – E eles se casaram e foram morar aonde?
R – Pinheiros também.
Sempre por aqui assim, por Pinheiros.
P/1 – E você nasceu em Pinheiros? A sua casa de infância é em Pinheiros?
R – Minha primeira casa foi na Heitor Penteado, Vila Madalena ali, Sumaré com Vila Madalena ali.
Depois eu vim para Vila.
Engraçado, que eu fiz o caminho inverso, porque eu nasci no Sumaré, Pompéia, ali, depois eu passei minha vida inteira em Pinheiros e Vila Madalena, depois agora eu moro na Pompéia de novo.
Então, eu voltei para as raízes.
P/1 – E como era? Qual a sua primeira lembrança de casa de infância? Você tem irmãos?
R – Tenho.
P/1 – Quantos?
R – Tenho dois irmãos.
P/1 – Qual você é na escadinha?
R – Sou o último.
Dois irmãos: tenho um irmão mais velho e tenho uma irmã.
P/1 – Como é o nome deles?
R – Meu irmão chama Renato, minha irmã chama Nair.
Na escadinha é meu irmão, minha irmã e eu.
P/1 – E como era essa sua casa de infância?
R – Superlegal.
Adoro meus irmãos.
P/1 – Essa é da Heitor Penteado?
R – É.
P/1 – Você se lembra dela? Qual você lembra mais?
R – Eu me lembro de todas, mas assim.
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P/1 – A primeira.
R – As relações em todas sempre foram mais ou menos parecidas.
Os meus irmãos mais velhos, eu mais novo, a diferença é uma diferença relativamente interessante, meu irmão tem nove anos de diferença para mim, a minha irmã tem seis, então eu fui raspinha do tacho.
Então, eu era o último, o pequenininho, cheio de cuidados pelos meus irmãos.
Então, eu tinha uma relação com eles muito legal e até hoje perdura assim.
P/1 – E como era a casa assim? Descreve a casa.
R – Minha casa? Minha casa era grande, tinha um quintal, a gente jogava bola, começou ali a paixão pela bola.
Um sobrado, tinha uma cozinha grande, casa antiga, sabe? Aquelas casas grandes, antigas, numa área ainda pouco utilizada.
A Heitor Penteado na época era.
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P/1 – Como era a região?
R – Ah! Era bem diferente do que é agora assim.
Era uma avenida, ainda lembro claramente de ser uma avenida, mas diferente de hoje, que é uma avenida de tráfego intenso.
A região da Pompéia, das Perdizes ainda eram muito pouco explorada, havia poucos prédios, uma área mais residencial, muita casa.
Hoje não, só prédio atrás de prédio, mas era uma área interessante.
Um caso interessante é que minha casa virou sede do metrô da Vila Madalena, da Estação Vila Madalena.
Hoje é umas das bases de controle de metrô a minha casa.
Não tem mais casa, é o metrô.
(risos)
P/1 – Marcelo, quais eram suas brincadeiras de infância?
R – Minhas brincadeiras? Ah! Bola.
A bola sempre esteve muito presente, sempre gostei muito de esporte, meu irmão também sempre gostou muito de esporte, meus primos também.
Então, era bola, era basicamente a bola.
P/1 – E vocês jogavam aonde?
R – No quintal de casa a gente jogava bastante bola, nos colégios onde eu passei, que eu também joguei muita bola, mas não necessariamente o futebol, eu pratiquei todos os esportes, sempre.
O esporte que eu me dediquei mais foi o handebol, onde eu joguei mesmo em clube, depois até fez parte da minha vida profissional num momento.
Mas na verdade eu acho que o esporte em si, ele fez parte da minha vida desde a infância, em todos os momentos.
Eu não me lembro de algum momento que não seja fazendo esporte, praticando esporte.
P/1 – E na sua casa tinha hábito de ver futebol? Ou ir a estádio?
R – Ah! Minha casa é casa de italiano, Rosana.
Tem muito.
Muito.
P/1 – Como era?
R – Cresci no estádio de futebol, cresci vendo jogo de futebol.
Eu me lembro do primeiro jogo que eu fui.
P/1 – Qual foi?
R – Palmeiras e São Paulo no Pacaembu.
Se você me perguntar o resultado, eu lembro que foi um resultado de empate, mas eu não lembro efetivamente de quanto.
Eu acho que 0 a 0, decepção.
Ir a primeira vez e não ter gol.
Eu não lembro exatamente, mas eu sei que foi no Pacaembu, foi meu pai que me levou.
P/1 – Seu pai torce para qual time?
R – Não, a pergunta tem que ser mais ampla.
Não existe qualquer pessoa da minha família que não torça para o Palmeiras, não existe, não existe essa possibilidade.
Essa possibilidade é nula.
(risos)
P/1 – Você já nasceu palmeirense?
R – Nasci palmeirense.
Todos nascem palmeirenses na minha família.
P/1 – Você era sócio do Palmeiras?
R – Fui sócio do Palmeiras.
Na verdade, a minha história com o Palmeiras é uma história que vem de família, porque meu avô de parte de pai já era conselheiro do Palmeiras, foi conselheiro vitalício do Palmeiras por muito tempo.
P/1 – Qual é o nome dele?
R – Angelino Giannoni.
A gente tem ainda um sítio em Valinhos, perto de Campinas, onde meu avô era tão palmeirense, tão palmeirense, que ele construiu uma concentração para o Palmeiras, um alojamento para o Palmeiras.
Então, naquela época, que faz muito tempo atrás, a gente está falando de quase 50 atrás, quando o Palmeiras ia jogar no interior, ele se hospedava na chácara.
Engraçado, porque eu não lembro, eu não era nascido, mas a minha avó cozinhava para todos os jogadores, era aquela coisa bem caseira, diferente do profissionalismo que tem hoje, com hotel e outras coisas, eles ficavam lá.
Então, começou assim, meu avô de parte de pai.
E a minha família de parte de mãe, ela tem uma profunda participação na história do Palmeiras.
O meu tio, o irmão da minha mãe, foi basicamente todos os cargos possíveis do Palmeiras, até presidente.
P/1 – Como é o nome dele?
R – Chama Salvador Hugo Palaia.
Ele foi diretor de futebol, diretor financeiro, vice-presidente, chegou a ser presidente numa época.
Então, é muito ampla a história da família com o time.
P/1 – Qual a primeira lembrança que você tem? Você foi a esse jogo?
R – A primeira lembrança do Palmeiras?
P/1 – Do time ou de jogador que tenha te.
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R – Quando você nasce torcedor de um time, você não tem muita coisa que faça com que você lembre efetivamente daquilo.
As lembranças eram as camisas, era a cor, a cor do Palmeiras é uma cor verde, então é muito impactante.
Então, quando você é criança, aquilo te atrai demais.
Então, eu lembro vestidinho de criança de palmeirense sempre, já ficando nervoso, já torcendo, desde pequenininho.
Desde muito pequeno eu lembro assim, claramente do Palmeiras.
No caso do futebol, em geral, eu tenho algumas lembranças da seleção, uma lembrança que eu tenho muito clara na minha cabeça foi na Copa de 74, assistindo à Copa em TV branco e preto ainda, era na Alemanha.
Depois a Copa da Argentina, em 78, eu lembro muito mais.
Lembro-me da tristeza da Copa de 82, essa claramente, essa eu tenho uma lembrança muito triste, era luto, parecia que alguém tinha morrido.
E aí vai.
P/1 – Vamos voltar um pouquinho.
R – Vamos.
P/1 – Você costumava ir ao estádio?
R – Sim.
Sempre.
P/1 – Que estádio você ia?
R – No Parque Antárctica.
P/1 – No Parque Antárctica.
R – É.
Antigo Parque Antárctica.
E no Pacaembu também, são dois estádios de maior frequência.
P/1 – Você ia como? Vocês iam de carro, a pé, de ônibus?
R – Carro.
Carro.
P/1 – O que você sentia quando entrava no estádio?
R – O estádio é um local de culto, é um local onde você consegue transferir algumas emoções, transferir não é a palavra certa, mas talvez soltar algumas emoções, onde na vida real você é mais contido, você tem algumas barreiras, onde você não pode demonstrar tanto amor, tanta paixão, tanto nervoso, tanta alegria, tanta felicidade, como dentro de um estádio de futebol.
Eu realmente tive o prazer e a minha vida inteira eu fui um torcedor de estádio, eu não fui um torcedor de televisão.
Existem pessoas que dificilmente vão a estádio ou foram a estádio, não é o meu caso, eu sou um cara que fui muito a estádio.
Eu fui desde finais de Campeonato Brasileiro, de Libertadores, até jogos sem a menor importância, tipo, já desclassificado numa quarta-feira chuvosa para cumprir tabela, e eu estava lá.
Então assim, eu sempre fui um torcedor de estádio.
Eu tenho grandes lembranças de estádio de futebol.
P/1 – E você escutava pelo rádio também?
R – Não.
Nunca gostei de escudar pelo rádio.
Eu não gostava daquele “delayzinho” que tinha do rádio para o campo.
Eu gosto de olhar e também nem tinha necessidade, como um apaixonado, eu conhecia quem estava tocando na bola, que tinha feito o gol, então essa sacada para mim sempre foi muito rápida, eu não precisava do rádio para me orientar dentro do jogo.
P/1 – E você aprendeu logo o hino do time?
R – Ah! Sim.
Muito cantado nas arquibancadas, muito tocado, aprendi rápido.
P/1 – E você guardava flâmulas, essas coisas, esses suvenires de torcedor?
R – Não.
Eu nunca fui um colecionador.
Eu nunca fui um cara que tinha bandeiras.
Olha! Algumas coisas que eu guardei, assim: algumas faixas de campeão, algumas camisetas, mas logo o tempo também fez com que elas sumissem.
Então, nunca fui um torcedor colecionador, eu sempre fui um torcedor de presença.
P/1 – E assim, na sua infância tinha algum jogador que era um ídolo seu?
R – Eu sou da época que as pessoas da minha idade sofreram muito com o Palmeiras na infância.
O Palmeiras ficou um tempo sem ganhar título, então, a gente teve uma carência muito grande de vitória naquela época de infância.
O último título tinha sido em 73, se eu não me engano, ou 76, eu tinha sete anos, depois foi ganhar em 93.
Então, esse buraco trouxe para gente muito sofrimento.
Em compensação, depois que ganhou os títulos, a gente teve muita alegria, ganhou o título em 93.
P/1 – Mas tinha um jogador assim?
R – Não.
Na minha infância, não.
Eu, por exemplo, tenho muito pouca lembrança de Ademir da Guia, que os mais antigos falam que foi um excelente jogador e tal.
Não tive assim um jogador que eu tivesse na infância muita empatia.
Tive depois, depois de 93, eu posso te falar de alguns que são meus ídolos dentro do futebol até hoje.
P/1 – Quais são?
R – O primeiro, sem dúvida nenhuma, o Edmundo, sem dúvida nenhuma.
Na minha modesta opinião e no que eu vi em campo, talvez o maior jogador que tenha vestido a camisa do Palmeiras, deu muita briga por causa disso.
(risos) Principalmente, com o meu irmão, mas para mim, espetacular, genial, um dos gênios da bola.
Tem outros, óbvio, São Marcos, que é o nosso eterno ídolo, também um cara que trouxe muita emoção para gente, suas defesas extraordinárias, seu jeito de ser, sua forma palmeirense, aquela coisa, aquela conexão com a torcida do Palmeiras.
É talvez o maior ídolo que o Palmeiras tenha tido em toda a sua existência, em todos os cem anos aí, o Palmeiras faz cem anos agora em 2014.
Talvez o Marcos seja o maior jogador de todos em várias questões, por exemplo, o Palmeiras ano passado, a gente está falando de 2012, o Palmeiras sendo rebaixado, no momento que o Palmeiras estava sendo rebaixado, quer dizer, esse momento é um momento complicado para torcida, complicado para você poder trabalhar a torcida, e o Marcos fez a despedida dele com quase 40 mil pessoas no Pacaembu.
Então, o que falar disso? As pessoas não foram pelo Palmeiras, as pessoas foram pelo Marcos.
Então, ele talvez tenha sido o maior ídolo que o Palmeiras teve.
Outros jogadores também me encantaram muito, Evair me encantou demais, também um craque, Mazinho me encantava demais também, Paulo Nunes me encantava demais, Antônio Carlos, Cafu, Roberto Carlos, tiveram muitos jogadores bons.
P/1 – O que você queria ser quando crescesse? Você tinha alguma coisa assim quando você era pequeno?
R – Atleta.
Sempre quis trabalhar com esporte.
P/1 – Desde pequeno?
R – Desde pequeno, apesar de gostar muito de música também, me encantava, tive muitas bandas, toquei bateria um tempo, mas atleta, atleta sempre foi meu alvo.
P/1 – Com quantos anos você entrou na escola?
R – Não lembro, Rosana.
É uma pergunta.
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P/1 – Você era pequenininho.
R – É.
Pequenininho.
Acho que sete anos.
P/1 – Você se lembra da escola? Que escola era?
R – Rainha da Paz, acho.
P/1 – Como você ia para escola?
R – Com a minha mãe.
Mamãe levava e buscava.
P/1 – E tem alguma professora que te marcou?
R – Não.
P/1 – Alguma lembrança desse período?
R – Não.
A não ser braços quebrados praticando esporte.
Eu acho que mais me marcou foi isso, meus braços quebrados, os dois.
Sempre na quadra.
P/1 – E você estudou no Rainha da Paz até quando?
R – Eu estudei em muitas escolas.
Estudei na Rainha da Paz, estudei no Palmares, estudei no Rio Branco, estudei no Fernão Dias Paes, estudei no Objetivo.
Sempre pouco, nunca tive uma escola que eu fiz minha vida inteira, sempre foram dois, três anos, e eu mudava.
P/1 – Por que você mudava?
R – Não era muito bonzinho, nunca fui muito bonzinho.
Sempre fui da quadra, então quem é muito da quadra é difícil ser da classe.
É um pouco diferente.
P/1 – Aí você tinha que trocar de escola?
R – Trocar de escola.
Mas eu praticava muito esporte nas escolas, disputava no colégio campeonatos.
Isso era ruim, porque você saía da tua equipe, do teu time, mas trocava de escola.
Para mim também nunca foi muito problema isso.
O que eu queria era saber da quadra, sempre a primeira coisa que eu olhava numa escola era como era a quadra.
P/1 – Mas você chegou a repetir de ano, alguma coisa assim?
R – Sim.
Reprovei ano, reprovei um ano, reprovei no Colégio Rio Branco, a sexta série.
P/1 – Por causa do esporte?
R – Basicamente.
P/1 – O que era? Era futebol?
R – Eu praticava todos os esportes, todos esportes com bola, eu estava lá brincando, jogando, chutando, sempre praticava.
E alguns eu jogava mesmo, no caso o handebol, jogava pela escola e tal.
Mas tinha uma horinha lá, uma bobeira, eu estava jogando bola.
Não trocava a minha bola por nada.
P/1 – Você se lembra do primeiro título que o Palmeiras ganhou?
R – Na minha vida?
P/1 – É.
R – Lembro.
P1 – Qual foi?
R – Em 93.
Claramente, eu estava lá.
Palmeiras e Corinthians no Morumbi.
Eu estava lá.
P/1 – Como foi? Você se lembra do time?
R – Lembro.
Era praticamente uma seleção, lembro, muitos jogadores conhecidos: Antônio Carlos, Roberto Carlos, Zinho, Mazinho, Edmundo, Evair, Edilson, César Sampaio, todos que passaram pela seleção brasileira.
Não existia a menor possibilidade de não ter ganhado, era um time muito forte mesmo, era praticamente uma seleção brasileira.
P/1 – Teve alguma jogada que você lembra até hoje? Algum lance nesse dia?
R – Olha! Era uma felicidade tão grande, que é difícil eu falar para você qual jogada.
O Morumbi não é um estádio muito agradável de você assistir jogo, dependendo do lugar que você fica, você fica muito longe do campo, então, aquela história da torcida e time, ela fica um pouco afastada no Morumbi, por causa da sua característica física mesmo.
Então, eu lembro dos gols, efetivamente, lembro da comemoração, lembro do time adversário, que foi uma delícia ter ganhado, mas efetivamente de uma jogada em si, não tenho muita lembrança.
Lembro do geral assim, lembro do Morumbi, lembro daquela euforia de estar ganhando um título depois de tanto tempo, lembro disso.
P/1 – Saiu para comemorar depois?
R – Saí.
Avenida Paulista, todo aquele circuito que tinha antigamente, que você ia para Paulista comemorar e tal.
Chorava abraçado aos meus primos, a minha irmã, a minha irmã sempre foi uma companheira de estádio.
É engraçado isso, mas era a minha irmã.
O meu irmão foi muito a estádio comigo, mas a minha grande companheira de estádio, por muito tempo, foi a minha irmã.
Ela realmente era uma palmeirense fanática, tanto quanto eu.
Ela também ia assistir da derrota do Asa de Arapiraca, até a final de Libertadores.
Então, eu tenho muito tempo ao lado da minha irmã de estádio de futebol.
E é engraçado isso, porque normalmente é mais o lado masculino.
Mas não, a minha irmã era a minha grande companheira.
A minha irmã, a gente já passou por brigas em arquibancadas, ela é pequenininha, então eu ter que levantá-la e protegê-la.
A gente já passou.
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P/1 – Como foi esse caso?
R – Esse caso não foi tão curioso, foi uma briga normal entre torcidas.
Eu tenho dois casos mais curiosos com ela, que são mais interessantes.
P/1 – Ah, conta.
R – Nesse jogo da final de 93, como nós temos a família muito envolvida no Palmeiras, esse jogo especificamente a gente assistiu de tribuna de honra.
E para chegar à tribuna de honra, a gente entrou, na época, eu não lembro se era geral o nome do local, mas é onde as pessoas assistiam em pé.
Hoje não, hoje é numerada inferior, cadeiras inferiores do Morumbi, antigamente existia uma área que era uma geral assim.
E para gente chegar à tribuna de honra, a gente acabou entrando pelo portão que passa pela geral.
A tribuna também era do mesmo nível, era ao lado da geral.
E a gente entrou pela torcida do Corinthians na verdade, pelo lado da torcida do Corinthians.
E a minha irmã é uma loirinha, pequenininha, lindinha e assim, a gente estava passando no meio da Gaviões da Fiel, entramos no meio da Gaviões da Fiel.
E aí eu me lembro da Gaviões passando por trás da gente, e eu e um primo, que estava comigo no jogo, colocar minha irmã na parede do estádio e colocá-la assim, ficar com as costas para torcida e colocá-la na frente da gente, entre a gente e a parede para ninguém vê-la, porque dá meio medo.
Não só da Gaviões, mas qualquer torcida organizada, mas naquele caso, naquele momento, a gente era palmeirense e estava no meio da Gaviões com a minha irmã.
Então, eu me lembro disso.
Outro caso interessante também foi em um dos jogos que ela foi comigo, a gente pegou uma briga de rua, saímos exatamente na hora que estava acontecendo um tumulto, no Morumbi também, engraçado que foi no Morumbi.
E estava passando a cavalaria para dispersar a confusão e os caras estavam com espadas, eles dispersam com espadas, espadas mesmo, não é brincadeira, é espada, parece medieval, (risos) e os caras dando espadada e eu morrendo de medo da minha irmã tomar uma espadada, e ela atrás de mim, ela pequenininha, aquela história.
Então, eu tenho essas duas histórias legais com ela assim, fora outras sensacionais que a gente passou no campo.
Como eu te disse, eu sou torcedor de campo, então ela esteve na minha companhia por muito tempo.
Parou depois que nasceu a primeira filha dela, ela deu uma parada.
Eu acho que ela falou: “Não, eu não vou mais me arriscar agora que eu sou mãe”.
Mas até lá, a minha irmã frequentou o campo assim, até, acredito, que uns 40 anos a minha irmã frequentava campo de futebol.
P/1 – E Copa, qual a primeira Copa do Mundo que você lembra?
R – De 74.
Me lembro de assistir numa televisão branco e preto, numa Copa na Alemanha.
P/1 – Estava na casa de quem?
R – Na minha casa.
P/1 – Quem estava assistindo?
R – Não me lembro.
Não me lembro.
Não tenho essa lembrança.
P/1 – Qual que era o jogo?
R – Também não me lembro.
Lembro-me da Copa em si, a primeira lembrança assim efetivamente.
Depois eu me lembro de 78, a Copa na Argentina, eu lembro claramente da Argentina sendo campeã, mas também não lembro com quem e como.
E depois eu me lembro de 82, aquela grande tristeza, o luto do Brasil perdendo da Itália ainda, que era assim, nossa família, nosso amor.
Que hoje é um dos meus amores.
P/1 – Quando joga Brasil e Itália, como fica?
R – Não faça essa pergunta.
É óbvio que eu torço pelo Brasil, eu sou brasileiro, mas eu fico bem complicado.
Na final de 94, quando o Brasil ganhou da Itália nos pênaltis, eu assisti ao lado o meu avô, que era italiano, e o Brasil não ganhava o título há muito tempo, há 24 anos, na verdade.
Ele ganhou em 70, depois ele foi ganhar em 94.
Ganhou na Itália em 70, contra a Itália, e em 94 ganhou da Itália de novo nos pênaltis.
E eu lembro que eu assisti à final ao lado do meu avô, de mão dada com o meu avô, inclusive, meu avô italiano, e assim, eu via nos olhos do meu avô a tristeza pela Itália perdendo, mas a alegria de ver a família toda feliz, porque a família dele era brasileira, ele tinha feito uma família brasileira.
Mas assim, esse contraste sempre foi uma coisa que me deixou meio, assim, aquele sentimento dúbio de você falar: “Poxa, o cara constrói uma vida no Brasil, o Brasil tetracampeão, mas a terra natal dele é na Itália, ele é italiano”.
E hoje assim, eu te confesso que os jogos da Itália eu assisto e torço tanto quanto, mas se jogar Brasil e Itália, eu torço pelo Brasil, torço.
P/1 – Qual foi a maior maluquice que você já fez para ir num jogo, ou para assistir Palmeiras, ou um jogo da Copa? Se é que você tenha feito.
R – Eu tenho um caso que foi um caso bem complicado.
A gente foi com os meus primos (risos), fui eu e dois primos.
Eu passei um jogo inteiro de futebol com as mãos na cabeça assim, nessa posição, para não tomar pedrada.
O estádio da Ponte Preta, em Campinas, ele é um estádio que fica abaixo do nível da rua.
Ele não é um estádio para cima, ele é um estádio para baixo, entende? E as pessoas que passam na rua, elas têm basicamente uma parede para arquibancada, o resto da arquibancada é para baixo.
Então a torcida da Ponte Preta passava na rua e jogava pedra.
É muito fácil jogar pedra dentro daquela área, porque a pedra não precisa fazer um caminho para cima, ela só passa um muro, então o cara joga pedra ali como se estivesse jogando.
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Entendeu? Como se estivesse atirando a metros de distância, é fácil.
Então, começou a voar pedra ali, a gente passou o jogo inteiro com a mão na cabeça para não tomar pedrada na cabeça, não conseguia ver o jogo, foi meio tenso aquele momento.
P/1 – Deixa eu te fazer uma pergunta.
O que você achou da mudança do mascote do periquito para o porco?
R – Ah, para mim é sensacional.
Para minha geração não existe o periquito, para minha geração e acredito que para as gerações após não existe.
O nosso símbolo é porco sem sombra de dúvidas.
P/1 – Por que você acha melhor?
R – Ah! Identificação, carinho, sei lá, o grito da torcida.
Isso é uma coisa engraçada, não sei se você sabe, mas era uma ofensa à torcida do Palmeiras.
Assim como os caras chamam a torcida do Corinthians de gambá e a torcida do São Paulo de Bambi, eles chamavam a torcida do Palmeiras de porco.
Começou como uma ofensa, isso é muito interessante, eu que trabalho com marketing, é uma estratégia muito legal de posicionamento, como você quer ver, como você quer ser visto.
Então, a torcida do Palmeiras incorporou essa pseudossacanagem, e, a gente adora ser chamado de porco.
Nós somos os porquinhos, entendeu? A gente adora estar no chiqueiro, a nossa casa é o chiqueiro.
É muito louco isso, mas é o sentimento, isso aí se transformou numa característica.
Eu não tenho dúvida que para minha geração, por mais que as pessoas tentem falar do resgate, daquela história.
Não, o Palmeiras é o porco, não é o periquito, não tem nenhum tipo de vínculo com o periquito.
P/1 – E aí na adolescência você foi pensando em fazer faculdade? Em se formar? Como é que foi?
R – Na verdade, pelo meu lado esportista, meu caminho sempre foi trabalhar com esporte.
Eu sempre quis trabalhar com esporte e na época ainda era atleta, então a minha graduação foi em Educação Física.
Eu desejava o esporte, eu queria o esporte, eu queria trabalhar com esporte.
P/1 – Você fez Educação Física aonde?
R – Eu fiz Educação Física em Mogi, em Mogi das Cruzes.
P/1 – Como foi esse período da faculdade?
R – Muito legal.
Muito legal.
Ainda mais quando você faz fora de São Paulo, é muito legal.
Muitos amigos, uma turma de amigo muito legal, foi muito legal.
Assim, casos e casos e casos bem interessantes.
P/1 – Você ia e voltava? Como você ia para lá?
R – Ia e voltava.
Ia e voltava todo dia.
Muita gente fazia esse trajeto de trem, a gente fazia num ônibus fretado.
A gente pegava um ônibus fretado de manhãzinha bem cedo e voltava depois do almoço.
E a faculdade de Educação Física é muito legal, você pratica muito esporte, você faz muito esporte, você aprende muito esporte, você está o tempo inteiro sem camiseta tomando sol na pista de atletismo, na piscina.
Você está trabalhando aquilo, o esporte em si, e normalmente é outdoor, em alguns momentos ginásios e tal, mas, poxa, na pista de atletismo, na piscina, nas quadras descobertas.
A gente está sempre bronzeado e não está naquela coisa da sala de aula.
Obviamente que a gente tinha aulas teóricas também, mas era uma proporção igual.
Então, enquanto as outras profissões faziam 100% de aulas teóricas, a gente fazia 50, e 50 aulas práticas.
Então, foi uma faculdade muito legal, uma fase muito legal da minha vida a minha época de faculdade, eu tenho amigos até hoje dessa época.
Eu acho que eu tenho muito mais lembrança dessa época do que da minha época de escola, eu acho que a faculdade foi muito marcante para mim.
P/1 – Tem algum causo que tenha te marcado na faculdade que você gostaria de contar?
R – Tem muitos.
P/1 – Conta um.
R – Putz! Tem muitos, Rosana, eu não sei assim, separar um efetivamente.
Mas interior, cara, acabei de sair da adolescência, garotão, no interior, cheio de energia, cheio de gás, sacanagem atrás de sacanagem, brincadeira atrás de brincadeira.
A gente tinha uma turma muito legal, uma turma muito bacana.
As aulas de anatomia eram muito engraçadas, porque aquilo era um respeito muito grande, afinal de contas você estava mexendo com cadáveres, mas ao mesmo tempo, assim, a gente sentia muito receio de estar mexendo naquilo, principalmente as meninas.
Então, qualquer brincadeira era apavorante assim.
Tiveram casos na aula de anatomia “engraçadérrimos”, tipo, de partes de corpos que a gente estava estudando e as meninas desmaiavam de medo.
Corpos inteiros, sendo uma autópsia e elas passavam muito mal.
E a gente também, aquele cheiro de formol, aquela coisa fica muito na mente.
As aulas de anatomia ficaram muito na minha mente, na minha lembrança.
P/1 – E você tinha já assim na faculdade, foi se delineando algum lado que você queria seguir para trabalhar?
R – Na verdade, na área de educação física, eu fiz um pouquinho de tudo.
Eu trabalhei em academia, eu trabalhei em escola e eu trabalhei com esporte, especificamente, sendo técnico de handebol por muito tempo.
Então, a área onde eu mais me identifiquei foi na parte de treinamento, como técnico.
Fiquei quase oito anos trabalhando como técnico de um colégio em São Paulo, tinha muito título, formei grandes atletas.
Então, isso foi muito legal.
P/1 – Que colégio?
R – Colégio Magno.
É um colégio no Jardim Marajoara, zona sul, foi muito legal, foi muito bacana.
Essa área era uma área que eu gostava muito, mas naquele momento eu comecei a entender que eu queria buscar para minha vida algo, é engraçado, porque normalmente quando dou as palestras hoje, quando eu falo em faculdades e na própria faculdade que eu dou aula, eu falo que a minha vida foi traçada assim, eu primeiro estava dentro da quadra, depois fui para o banco, depois fui para fora do banco, para olhar o esporte como gestão, como marketing.
Então, eu passei por todas essas fases, e aí quando eu percebi que estava na hora de eu ficar fora do banco, de eu sair daquela posição do banco e olhar para o esporte como um todo, como gestão mesmo, eu percebi que eu tinha que estudar, que eu tinha que voltar a estudar.
P/1 – Por que você decidiu mudar?
R – Porque eu sabia que estava me faltando algo dentro da cadeia do esporte, eu queria alcançar outros objetivos mesmo, como objetivo de vida, nada fora isso.
E aí, eu fui procurar estudar, fui me especializar em algo que eu não sabia.
Comecei com uma pós-graduação de Comunicação na ESPM, que é a maior faculdade de Comunicação e Marketing da América Latina, sem dúvida nenhuma, muito forte, muito boa.
Fiz essa pós-graduação, dessa pós-graduação eu já comecei a trabalhar em agências específicas em marketing esportivo.
P/1 – Que agências você trabalhava?
R – Ah, eu comecei numa agência chamada Impact Sports Marketing, depois eu trabalhei numa produtora de eventos portuguesa chamada João Lagos, que trabalhava com tênis e golfe.
Aí, eu tive a minha primeira agência, chamava Visa Esportes.
Eu tive os meus primeiros clientes, que foram a Oi, a gente fez todo o plano estratégico de esportes da Oi por quase quatro anos.
O término desse trabalho foi o patrocínio da Oi no Pan-americano do Rio de Janeiro.
Aí, a Oi tirou o seu investimento de dentro do esporte, porque ela estava entrando no mercado de São Paulo e isso ia ser um investimento muito alto, então ela teve que equilibrar esse investimento.
Depois disso eu trabalhei, assim, eu estou te contando os principais, mas eu tive outros, “N” clientes importantes e outros projetos bem importantes dentro do esporte.
Mas depois disso eu comecei a trabalhar com a Gol, empresa de aviação, também num projeto de plataforma esportiva, onde a gente teve todo tipo de ações.
Começou com uma equipe de atletas patrocinados e virou vários eventos.
A gente teve uma plataforma ligada, foi muito legal essa estratégia, a gente buscava esportes ligados à água e a férias, prazer, praia, porque isso remetia à viagem e trazia uma lembrança da Gol.
P/1 – Mas você que fazia a.
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R – Sim.
A gente desenhava os.
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P/1 – Você que desenhava a estratégia sobre qual esporte ou qual modalidade apoiar?
R – Sim.
Sim.
P/1 – Você fazia isso como vinculado ao business?
R – Vinculado à contratação que a empresa fazia da agência.
Ela dizia que queria trabalhar com esportes, e dentro disso a gente desenhava quais eram os melhores caminhos.
P/1 – E como você escolhia esse caminho?
R – Baseado no posicionamento da empresa, baseado nos objetivos e posicionamento da empresa.
Lembrando da segmentação, para qual público alvo, é um trabalho estratégico, bem estratégico, entendia a concorrência.
Eu sempre trabalhei muito tecnicamente, porque foi, sou técnico, sou teórico, sou muito teórico na minha profissão.
Eu acho que o que eu ganho na minha posição é o fato de eu conhecer muito a teoria e conhecer muito a prática, porque e já fiz muito, muito trabalho prático.
Então, paralelo a esses desenhos de estratégias das empresas que a gente fazia, eu passei a dar aula na ESPM, isso foi uma parte bem interessante da minha vida profissional.
A ESPM em um determinado momento, a gente está falando de 2001, 2002 mais ou menos, a ESPM passou a enxergar o marketing esportivo, ela começou a entender que era um caminho que a faculdade tinha que enxergar, porque era uma ferramenta de marketing, de comunicação muito importante, e a gente está falando isso antes de o Brasil ganhar o direito de fazer o Pan-americano, então nem existia Copa do Mundo, nem existia Olimpíadas, e a ESPM já enxergava esse lado de olhar para o esporte como uma ferramenta.
E eu comecei a dar aula, eu fui o primeiro professor de Marketing Esportivo da ESPM, e eu estou na ESPM.
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P/1 – Que ano você começou?
R – Eu não lembro exatamente, mas acho que 2001 ou 2002.
P/1 – Não tinha essa cadeira lá?
R – Não.
Não tinha.
A gente começou com oficinas para alunos de graduação, aí depois a gente começou com cursos de férias, inclusive cursos de férias que eu dou até hoje.
Hoje eu saí de todas as cadeiras que eu já trabalhei, que foram aulas na graduação, aulas na pós-graduação, aulas no MBA, oficinas.
Hoje eu estou só no curso de férias, que é o meu carro-chefe há 12 anos na faculdade.
Eu acredito que eu já tenha formado mais de mil alunos nos meus cursos de férias.
Sempre falando dos negócios relacionados a esporte, de como você consegue trabalhar com a ferramenta esporte.
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P/1 – Mas com todas as modalidades?
R – Esporte em geral, não focado ao futebol.
P/1 – Mas inclui futebol também?
R – Então, eu acho que, talvez a parte mais importante do meu depoimento é essa, eu nunca quis trabalhar com futebol, eu nunca na minha vida trabalhei com futebol, não sei se um dia eu vou trabalhar com futebol.
É engraçado isso, como um apaixonado pelo futebol, como um amante do futebol e trabalhando com esportes em todas as suas estâncias, pode não ter trabalhado com o futebol.
Eu te digo que é claro que durante todo esse tempo existiram oportunidades de isso ter acontecido, menos do que outros esportes, eu te confesso, mas eu sempre fui muito reticente a trabalhar com futebol.
Eu sempre fui muito medroso em trabalhar com o futebol, e te explico por que.
Sou muito profissional no que eu faço, sou muito correto no que eu faço, eu sou muito certo no que eu faço.
Será que a paixão pelo meu time, a paixão pelo futebol, o que eu o Palmeiras trouxe na minha vida, tanto de alegrias, quanto tristeza, ele poderia influenciar meu lado profissional dentro do esporte? Eu não pago para ver.
Eu prefiro deixar o futebol e, principalmente, o Palmeiras como o meu objeto de lazer, a minha forma de extravasar, a minha forma de torcer, a minha forma de amar, a minha forma de paixão.
E vamos dizer que um dia eu fosse trabalhar no Palmeiras, por exemplo, até que ponto eu poderia ser profissional? Até que ponto eu realmente poderia enxergar as coisas que eu enxergo trabalhando em outras áreas no esporte? Porque como qualquer outra paixão, como qualquer outro amor, ele de vez em quando cega, você faz atitudes irracionais.
Então, na tua profissão as atitudes irracionais são perigosas, elas te causam problemas, na tua vida pessoal é mais administrável, agora na vida profissional, não, causam danos financeiros.
Então, eu sempre pensei nisso: até que ponto eu conseguiria não misturar as duas coisas? E eu nunca misturei.
Eu acredito que dificilmente eu vá misturar.
P/1 – O no seu curso você trabalha com lei de incentivo ao esporte, essa que tem agora?
R – Não.
Você quer saber a minha opinião sobre isso?
P/1 – É.
R – Não acredito.
Acho que a lei do incentivo ao esporte não favorece o esporte, ela é muito pequena, o percentual é muito pequeno.
Qual empresa consegue ter o seu 1% do imposto de renda destinado a esporte e que esse montante seja realmente um número que fomente a formação, a formação do esporte, o desenvolvimento do esporte, os lucros que o esporte tem que dar para os profissionais envolvidos, entende? Eu acho que a lei do esporte precisaria ser revisa.
Na verdade, ela já deveria ter sido revista.
P/1 – E além do curso, você hoje faz prestação de serviços para empresa?
R – Sim.
Claro.
P/1 – Qual é um caso que você destacaria de atuação sua de marketing esportivo? Esse da Oi?
R – Ah! Eu tive muitos casos interessantes na minha vida.
P/1 – Você poderia contar? Citar um ou dois cases?
R – Essa case da Oi foi muito importante, porque foi o começo da empresa no Brasil.
A empresa foi montada, fora a forte campanha de televisão que a Oi teve, ela atuava, eles chamavam na época do País Oi, que era do Rio de Janeiro, Belo Horizonte para cima.
Eles atuavam só num pedaço desse “país” e a capital desse “país” era o Rio de Janeiro, que era o mais forte, onde a Oi tinha o seu público maior.
E ela já prevendo a entrada para o Brasil inteiro, ela trabalhava patrocínios que realmente eles espirravam para o Brasil inteiro.
Então, às vezes as pessoas de São Paulo, ou do sul, ou de lugares que não tinham Oi, viam o logo da Oi, que era a amebinha, e falavam: “O que é que é isso?”.
Às vezes nem sabiam o que era, mas eles viriam saber, a Oi já estava prevendo essa entrada no Brasil inteiro.
Então, o esporte foi uma ferramenta de muita comunicação da Oi, muita, muita.
A Oi entrou no mercado brasileiro e a plataforma de esporte era uma coisa muito clara.
A gente teve mais de 20 atletas patrocinados, foram três equipes esportivas: duas de vôlei e uma de basquete.
O basquete não entrava com a marca Oi, entrava com a marca Telemar, mas que depois viria a ser Oi.
A gente teve vários eventos proprietários, o Oi Vert Jam, que era um evento de skate, o Oi Kitesurf, que era um evento de kite, vários eventos esportivos proprietários.
A gente trabalhou do boxe até a vela, então englobou vários esportes de várias segmentações, de vários públicos, então foi realmente um case bem interessante que a gente trabalhou.
E o fato de terminar com um patrocínio do Pan-americano foi muito interessante.
O Pan-americano foi o primeiro grande, é uma coisa que eu sempre falo, as pessoas têm mania de falar de legado: “Ah, qual é o legado do grande evento? Qual é o legado?” Para mim, o legado do Pan-americano foi realmente gabaritar o Brasil para a Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos, esse foi o grande legado do Pan-americano, muito mais do que qualquer coisa, principalmente, para o Rio de Janeiro com os Jogos Olímpicos.
O Pan que trouxe os jogos, se não fosse o Pan, a gente não teria os jogos.
E o Pan foi um superevento, um evento muito bacana, muito interessante, muito bem feito.
E teve seus problemas, claro, mas como todos os eventos.
O último Super Bowl acabou a luz por 30 minutos, a gente tem audiência de bilhões e acaba a luz, então, existem problemas em qualquer tipo de evento, em qualquer área.
Então, o Pan ele teve seus problemas, mas ele foi um superevento, um evento muito bem organizado e muito bem feito.
E foi interessante a Oi estar presente nesse evento, até como ativação de patrocínio, que foi feito de ativação, como foi feita a ativação, isso foi muito legal.
E outro case que eu destaco, o case da Gol também foi muito legal, a Gol também estava entrando no mercado brasileiro, uma empresa aérea nova naquele momento.
E a estratégia dentro do esporte, em começar o patrocínio com atletas patrocinados e depois passar para os esportes de água e buscar o surf, buscar o kite e buscar o wake, tudo que era relacionado à praia, até frescobol, a gente trabalhou até frescobol no litoral paulista, então foi sensacional, foi uma coisa muito bem sacada você buscar esse momento que o cara está viajando para falar de uma companhia aérea.
E falar baseada no esporte, que também é um momento que a pessoa está com a cabeça extremamente aberta a receber informações, que também foi muito interessante.
E até como retorno, eu lembro na Olimpíada de Pequim em 2008 a gente teve dois atletas medalhistas, que foram dois judocas.
Um case legal, bacana, até como retorno de mídia, como o esporte ele traz realmente um retorno de mídia espontânea bem interessante, mesmo em valores.
Em todo o projeto da Gol que a gente fez, teve um caso bem interessante, a gente patrocinou um time de atletas para a Olimpíada de Pequim, e dentro desse time a gente teve dois judocas.
Eram alguns judocas, dentre esses atletas, dois judocas medalharam, e não foram nem medalhas de ouro, foram medalhas de bronze, que foi o Tiago Camilo e o Leandro Guilheiro.
E o retorno de mídia que esses caras trouxeram quando vieram para o Brasil foi assim, mais ou menos quase cem vezes o valor investido.
Então, realmente é uma case interessante, porque mostra que quando você investe em esporte, você tem um retorno de mídia espontânea muito grande, principalmente, quando o esporte está ligado à vitória, quando existe a vitória, a medalha, ou o título mundial.
É isso.
P/1 – Daqui a pouco você lembra.
Às vezes quando a gente quer lembrar, não rola.
P/1 – Você disse que foi em 2001 que se criou a cadeira do Marketing Esportivo na ESPM.
R – Isso.
A primeira vez.
P/1 – Você acha que essa implantação desse curso, ela está vinculada ao crescimento do investimento do esporte no Brasil?
R – Não.
Eu não acho que ela está vinculada ao crescimento do esporte, não.
Eu acho que foi.
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P/1 – Ao investimento.
R – Ao investimento.
Eu acho que foi um pensamento estratégico, um pensamento de visão mesmo.
Eles tiveram a visão que o esporte cresceria, mas naquele momento.
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P/1 – Ainda não estava.
R – Não estava.
P/1 – Quando começa a ter esse maior investimento no esporte?
R – Ah! Eu acredito que no futebol sempre teve.
No futebol, quando a gente fala de investimento, a gente está falando já um tempo maior, uma história mais antiga.
Mas no esporte realmente, eu acho que quando o Brasil anunciou o Pan-americano, isso foi em 2004, mais ou menos.
Mais ou menos em 2004, 2003, 2004, quando o Brasil anuncia que vai ser sede de Pan-americano.
Eu acho que aí as pessoas começam a enxergar o esporte como realmente uma ferramenta.
P/1 – E o Governo em relação à política pública ao esporte, nesse momento também você acha que tem um crescimento?
R – Não.
Não vejo crescimento.
Não vejo nenhum tipo de crescimento.
P/1 – Por parte do Governo não tem uma política?
R – Sim, casos esporádicos, craques, pipocas que pulam no meio de uma multidão, que poderiam ser muito maior, muito mais homogênea.
Existem um, dois, três, quatro, cinco atletas que têm nível mundial, o resto está muito longe ainda.
Existem alguns esportes que têm muita tradição: vela, judô, alguma coisa no atletismo, alguma coisa na ginástica artística, no hipismo que tem sempre tradição, e principalmente no voleibol, que aí sim eu acho que é o grande exemplo de desenvolvimento de um esporte no país.
Nada é comparado ao voleibol, nem o futebol.
Nada é comparado ao voleibol, nada.
O voleibol é o maior exemplo de desenvolvimento esportivo dentro do país.
O voleibol hoje ganha todos os títulos em todas as categorias, tanto masculino quanto feminino, na quadra e praia.
Então, quer dizer, é a maior potência do mundo do voleibol é o Brasil disparado.
Então realmente, dentro do voleibol, o trabalho da CBV, o trabalho da Confederação Brasileira de Vôlei, ela é realmente um ponto de destaque mesmo, mesmo.
Entenda, não existem ídolos no voleibol, claro que existem, existem ídolos do momento e não, como por exemplo, César Cielo.
Olha o exemplo do César Cielo, existiu Gustavo Borges, existiu Fernando Scherer, mas o César Cielo foi campeão olímpico, ele foi campeão mundial, ele é um cara que está acima desses caras todos, de todos os nadadores brasileiros de todos os tempos.
No voleibol não existe isso, no voleibol existe o ídolo do momento, daqui a três anos vão existir outros ídolos que também ganharão, daqui a seis anos vão existir outros ídolos que também ganharão.
Existem os ídolos do masculino, existem os ídolos do feminino, existem os ídolos da praia no masculino, existem os ídolos da praia no feminino, quer dizer, ele é um celeiro de ídolos, ele não se prende a um ídolo efetivamente, ele não se prende a um expoente do esporte, ele fabrica grandes jogadores, ele forma grandes jogadores anualmente.
Então, é claro que existem os ídolos, mas os ídolos, assim como no nosso benchmark, que teria que ser um esporte americano, você está falando da NBA que a cada ano surgem novos jogadores e craques, e novos talentos, e os caras se transformam em novos mitos do basquete, o voleibol faz isso no Brasil.
Então, eu acho que o grande exemplo de desenvolvimento do esporte brasileiro é o voleibol, é a Confederação Brasileira de Voleibol.
Achou?
P/1 – E hoje você pratica esporte?
R – Nas minhas limitações, sim.
Eu tenho uma hérnia de disco que me incomoda um pouquinho, eu tenho um joelho meio baleado.
Eu pratiquei muito quando era pequeno, hoje eu apanho um pouquinho, dói.
Mas eu gosto, sim, faço academia, gosto de esporte de praia, jogar um voleizinho na praia.
P/1 – Você vai a estádio hoje?
R – Vou.
P/1 – Continua indo?
R – Continuo.
P/1 – Você vai com quem?
R – Não sei se alegre ou triste, mas eu continuo.
Ah! Eu tenho alguns companheiros hoje de estádio, mas eu acho que talvez o meu maior companheiro de estádio hoje seja meu filho/enteado.
Eu tenho um enteado que considero como filho, que é palmeirense também.
Tive a sorte de encontrar um palmeirense na minha vida também, já nascido palmeirense.
P/1 – Ele já era quando você o conheceu?
R – Já, já era.
E ele hoje é meu grande companheiro de estádio, ele vai, sim, a estádio comigo, também é palmeirense, também é doido, também é louco, também é muito parceiro.
E ele é meu grande companheiro hoje, então a gente vai sempre, hoje a gente continua indo.
O estádio do Parque Antárctica, o estádio Palestra Itália é uma coisa, agora mudou, está em reforma e tal, mas era uma coisa muito marcante para o palmeirense que ia a campo, a gente gostava muito de ir ao nosso estádio.
Eu te confesso que eu não gosto de ir muito ao Pacaembu, não é muito a nossa casa, a gente gostava do nosso estádio.
Depois que ele foi fechado para reforma a gente ficou meio órfão assim, ficou meio sem casa, meio homeless, meio abandonado.
Mas na medida do possível, que eu tenho oportunidade, eu vou ao Pacaembu, mas eu confesso que diminuiu muito a frequência.
Eu ia a todos os jogos, hoje eu vou a 20% dos jogos, mas na nossa casa, eu ia a todos, quase 100%.
P/1 – Quais são seus sonhos hoje?
R – Sonhos de vida? Sonhos profissionais?
P/1 – De vida, profissional e para o seu time.
R – (risos) O meu time está um pouco difícil.
Meu time que não está vivendo um momento muito bom.
Apesar de ser centenário, apesar de a gente inaugurar talvez o estádio mais importante em termos de localização, de estrutura, talvez um dos melhores que vai existir no mundo, ele não vem muito bem, não trabalha um time competitivo, e aí eu estou falando mais o meu lado de paixão, tá?
P/1 – Mas o seu sonho, qual seria para ele então, para o seu time?
R – Ah! Eu adoraria que meu time voltasse a figurar entre os grandes campeões.
Esse é para mim o meu sonho, talvez conquistar um título mundial, que faltou para gente, voltar a disputar uma Libertadores de igual para igual com os grandes clubes.
Voltar ao lugar que ele nunca deveria ter saído e que é dele, que é estar entre os grandes.
Meu sonho de vida é continuar exercendo o meu trabalho, continuar promovendo ideias criativas dentro do esporte, buscar estratégias, buscar oportunidades dentro do esporte para as empresas que queiram investir.
Na verdade, as oportunidades elas chegam nos momentos mais críticos, e eu acho que o país está vivendo num momento tão crítico, em todos os sentidos: social, político, esportivo, o país está vivendo problemas sérios.
E eu acho que esse talvez seja o momento de se investir pesado numa ferramenta social, numa ferramenta de saúde, numa ferramenta de comunicação, que é o esporte.
Eu acredito plenamente que o Brasil poderia se reconstruir através do esporte, em todos os sentidos.
Os Estados Unidos é um país baseado no esporte e é a maior potência mundial.
O esporte nos Estados Unidos é levado muito a sério em todas as camadas, o atleta, ele vai até à universidade.
O esporte é uma ferramenta de educação para o americano, não é uma ferramenta só de entretenimento, ele é uma ferramenta de educação, ele é tratado na escola, na high school, depois ele é tratado na universidade, para depois o cara virar profissional.
Até ele virar profissional, ele não recebe um tostão, essa é a regra do esporte americano.
Então, o cidadão se forma dentro do esporte.
O meu sonho seria que o Brasil trabalhasse o esporte como formação do cidadão.
Mas aí, logo a gente desanima, olha o lado da paixão e já vê virada de mesa no Campeonato Brasileiro de novo, pontos ganhados em tribunais, aí a gente se desanima e pensa que o Charles de Gaulle falou lá atrás: “O Brasil não é um país sério”.
E realmente o Brasil deixa a desejar na seriedade, e no esporte não é diferente.
P/1 – Marcelo tem alguma coisa que você queira deixar registrado? Alguma jogada, algum lance, ou algum caso seu de marketing esportivo?
R – Eu acho que o que mais me interessa deixar registrado nesse momento é que profissionais de marketing esportivo, eles não nascem sabendo.
A gente acha que porque a gente é apaixonado pelo esporte, e tem muita gente apaixonado pelo esporte, porque o esporte traz alguns atributos como paixão, emoção, amor, dedicação, vários atributos, porque a gente tem esses atributos no esporte, a gente acha que a gente sabe trabalhar com o esporte, a gente sabe ser um profissional dentro do esporte, e não é verdade isso, não é, você precisa estudar, você precisa procurar cursos, você precisa procurar profissionais sérios no mercado para aprender.
Eu acho que as pessoas que querem trabalhar com o esporte, elas têm que procurar conhecer como se trabalha com esporte.
Então, eu queria deixar aberto os nossos cursos de férias na ESPM, é sempre em janeiro e em julho.
Eu posso deixar um site?
P/1 – Pode.
R – Se quiser qualquer tipo de informação dos cursos é www.
espm.
br, é um site da faculdade, vá lá em “Curso de Férias” e a gente tem dois cursos de Marketing Esportivo bem interessante, que é Marketing Esportivo I e Marketing Esportivo Avançado, que já são para profissionais da área.
Então, eu acho que é isso que eu queria deixar registrado, que para gente poder desenvolver o esporte no país, a gente precisa realmente conhecer como trabalhar com o esporte.
E eu sinto muita falta disso, eu sinto falta das pessoas que são do mercado publicitário, por exemplo, e migram para o esporte, mas eles têm outro produto na mão, eles têm outra ferramenta de comunicação completamente diferente daquilo que eles faziam.
O esporte tem as suas características singulares, os processos de ativação de patrocínio, os processos de escolha de uma plataforma de patrocínio esportivo.
Conseguir enxergar toda a parte de planejamento de uma empresa, para quem a empresa fala, como ela fala, qual esporte fala com essa empresa, como que ele fala, onde ele atinge, ele tem as suas características básicas, que é difícil a gente transferir de outras profissões quando a gente deseja e quer trabalhar com o esporte.
Então, às vezes os caras conseguem por meio de relacionamento uma superconta, uma coisa que poderia ser um trabalho sensacional, magnífico, mas o cara para por falta de conhecimento mesmo.
Então, a dica que eu dou é que se especializem e que procurem cursos, porque eu acho que aí é que a gente vai desenvolver o esporte no país.
P/1 – Obrigada.
Queria agradecer a entrevista.
R – Obrigado.
Valeu.
Era isso?
P/1 – Era isso.
FINAL DA ENTREVISTA
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