Nosso pai era funcionário público do Estado, e lá pelos anos de 1952 foi agraciado com uma casa no bairro dos Expedicionários. Até então morávamos no bairro de Jaguaribe, considerado um bairro nobre de João Pessoa. A mudança não nos afetou muito, pois tínhamos bastante espaço para nossas brincadeiras. Como a rua não possuía calçamento, podíamos brincar de enfinca, bola, bila, pião entre outras. A noite era tão tranqüila que ouvíamos a zoada das ondas do mar que ficava a uns 6 km da nossa casa. O bairro mais próximo dos Expedicionários era a denominado Torre. Apesar de ser um bairro de classe pobre já continha diversas casas comerciais, mercearias, mercado publico, farmácias etc. Nossas compras todas elas eram feitas na Torre. À noite as ruas eram desertas e mal iluminadas. Naquela época o medo da garotada era de ladrões que arrombavam as casas durante o período noturno. Certa noite lá pelas 10h00, fui acordado pela minha mãe, pedindo para eu ir comprar um Melhoral na Drogaria do Sr.Cabral. Mila, minha irmã estava contorcendo com dor de dente. O remédio era um simples comprimido de Melhoral. Peguei o dinheiro e com a cara de sono e medo sai em direção à farmácia do Sr. Cabral. Ao chegar à primeira esquina, tive uma idéia. Era de permanecer sentado por uns minutos dando a impressão que tinha comprado o referido remédio. Assim procedi. Ao chegar em casa corri para a cozinha, preparei um copo dágua coloquei açúcar bati com força dando a impressão que estava dissolvendo um comprimido. Em seguida dirigi até o quarto da paciente e lhe dei o suposto remédio. Disse-lhe: Toma esse Melhoral e vê se dorme. No dia seguinte quando tomava o café matinal ouço Mila dizendo a minha mãe: “Ai de mim se não fosse aquele Melhoral, a dor passou minutos depois e dormi a noite toda. Coitada Não sabe ela que tinha tomado uma garapa de açúcar...