P/1 – Boa tarde Mauro, queria começar com você falando o seu nome, data e local de nascimento.
R – Boa tarde! Meu nome completo é Mauro Alberto de Oliveira Morais, sou nascido na cidade de Elias Fausto, na data de 01 de outubro de 1955.
P/1 – E atualmente, qual é o seu cargo na Tetra Pak?
R - Sou gerente de desenvolvimento de embalagens.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Rubens de Oliveira Morais, minha mãe Nadir da Mendes Cruz Morais.
P/1 – E eles nasceram aonde?
R – Elias Fausto, também.
P/1 – E qual é a atividade deles?
R – Meu pai hoje é aposentado, mas antes de aposentar ele era padeiro e a minha mãe tomava conta de casa.
P/1 – E você morou até que idade em Elias Fausto?
R – Isso é uma coisa interessante porque até os meus 18 anos, naquela época todo mundo sonhava quando pudesse trabalhar fora, trabalhar aqui em São Paulo porque a quantidade de emprego era muito grande, então com 18, 19 anos eu vim para São Bernardo do Campo. Eu vim para trabalhar na Chrysler, em São Bernardo do Campo, e fiquei por quatro anos aqui. Daí eu falei: “Não, estou cansado da cidade de São Paulo, vou retornar para o interior!”, foi quando eu voltei para o interior, na cidade de Elias Fausto, que eu nasci, que está próxima à Monte Mor, foi quando eu conhecia Tetra Pak.
P/1 – E quando você veio para São Paulo você veio sozinho?
R – Eu vim sozinho, aí tem uma história interessante. Porque na verdade, você pode não acreditar, mas eu vim trabalhar em São Paulo por causa de jogar futebol.
P/1 – Você queria ser jogador de futebol?
R – Não, é que na verdade foi um time daqui de São Bernardo jogar que é da Chrysler, jogar futebol lá em Elias Fausto e naquele dia eu joguei contra eles e eles acabaram gostando de ver eu jogar e me fizeram um convite para eu vir trabalhar aqui em São Paulo, para trabalhar e jogar...
Continuar leituraP/1 – Boa tarde Mauro, queria começar com você falando o seu nome, data e local de nascimento.
R – Boa tarde! Meu nome completo é Mauro Alberto de Oliveira Morais, sou nascido na cidade de Elias Fausto, na data de 01 de outubro de 1955.
P/1 – E atualmente, qual é o seu cargo na Tetra Pak?
R - Sou gerente de desenvolvimento de embalagens.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Rubens de Oliveira Morais, minha mãe Nadir da Mendes Cruz Morais.
P/1 – E eles nasceram aonde?
R – Elias Fausto, também.
P/1 – E qual é a atividade deles?
R – Meu pai hoje é aposentado, mas antes de aposentar ele era padeiro e a minha mãe tomava conta de casa.
P/1 – E você morou até que idade em Elias Fausto?
R – Isso é uma coisa interessante porque até os meus 18 anos, naquela época todo mundo sonhava quando pudesse trabalhar fora, trabalhar aqui em São Paulo porque a quantidade de emprego era muito grande, então com 18, 19 anos eu vim para São Bernardo do Campo. Eu vim para trabalhar na Chrysler, em São Bernardo do Campo, e fiquei por quatro anos aqui. Daí eu falei: “Não, estou cansado da cidade de São Paulo, vou retornar para o interior!”, foi quando eu voltei para o interior, na cidade de Elias Fausto, que eu nasci, que está próxima à Monte Mor, foi quando eu conhecia Tetra Pak.
P/1 – E quando você veio para São Paulo você veio sozinho?
R – Eu vim sozinho, aí tem uma história interessante. Porque na verdade, você pode não acreditar, mas eu vim trabalhar em São Paulo por causa de jogar futebol.
P/1 – Você queria ser jogador de futebol?
R – Não, é que na verdade foi um time daqui de São Bernardo jogar que é da Chrysler, jogar futebol lá em Elias Fausto e naquele dia eu joguei contra eles e eles acabaram gostando de ver eu jogar e me fizeram um convite para eu vir trabalhar aqui em São Paulo, para trabalhar e jogar futebol para eles. Daí o cara fez a proposta para mim, para eu trabalhar aqui em São Bernardo, falei: “Tudo bem, eu quero!”, "Então você vai tal dia lá na Chrysler, lá você faz a sua ficha e os testes!”. Aí cheguei na Chrysler, fiz a ficha, quando fui fazer o teste ele falou: “Você não precisa fazer o teste, se você quiser ficar, a vaga é sua!”, aí então, como eu não sabia fazer nada eu falava que eu era jogador de futebol.
P/1 – E você quando trabalhou na Chrysler fazia o que, além de jogar futebol?
R – Nas horas vagas eu fazia a parte administrativa, eu trabalhava em contas a pagar. Então na verdade eram coisas totalmente diferentes daquilo que eu faço hoje, hoje eu faço a parte administrativa porque eu tenho uma gerência, mas eu sou muito mais técnico.
P/1 – E voltando um pouquinho para a tua infância, como foi? Vocês moravam na cidade, na zona rural?
R – Sim, nós sempre moramos na cidade, Elias Fausto é uma cidadezinha muito pequena, até bem pouco tempo atrás tinha seis mil habitantes. Então todos eram conhecidos ou eram parentes, então praticamente era uma grande família, hoje já não existe mais isso, mas naquele tempo existia. Então praticamente naquela época, televisão quase não existia, o que existia era uma ou outra, então a minha infância era muito mais brincar na rua, fazer aquelas peraltices de criança, quebrar vidraça do vizinho, esse tipo de coisa, jogando bola, que era o meu forte. O meu pai sempre trabalhava na padaria. Detestava estudar, o meu negócio era ser jogador de futebol porque estudar mesmo eu não queria nem saber, às vezes ia para a escola e fugia para jogar bola, depois o meu pai me pegava de volta para a escola, foi complicado. A minha infância foi bastante agitada.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho dois irmãos. Um já é falecido, que é o um irmão mais velho, e a minha irmã caçula, então somos em três irmãos.
P/1 – E as idades são próximas?
R – São próximas!
P/1 – Então quando vocês, na infância, adolescência, conviviam muito?
R – Muito, muito. Mesmo porque era uma coisa que, acabou se perdendo, eu acho que a família acabou perdendo muito porque hoje, eu falo por mim, às vezes você senta na frente de uma televisão e esquece do que está na sua volta. Naquela época como não tinha televisão, você tinha que conversar com as pessoas, então a família era muito unida. Às vezes você saia da sua casa, mas você ia à casa da sua tia, de um conhecido, mas era para conversar, não para assistir televisão ou fazer uma outra coisa. Então era muito mais unida.
P/1 – Era uma cidade que tinha alguma produção? Produtora...
R – Não, lá sempre foi uma cidade que trabalhava com cana-de-açúcar. Tinha várias usinas, se não estou enganado, três usinas de açúcar, porque hoje, além do açúcar produz álcool, que acabou sendo uma riqueza brasileira, então praticamente vivia disso, da cana-de-açúcar, tomate, praticamente uma cidade agrícola.
P/1 – E como você se lembra dessa sua época? Tem algumas coisas que te marcaram? Lembranças que você gosta de estar resgatando?
R – Ah, eu sempre gosto das fugidas que eu dava na escola para jogar futebol, por exemplo. Isso aí me marcava muito porque eu fazia isso constantemente, porque às vezes a minha mãe ia comigo até a porta da escola, pensava que eu estava na escola, eu saia e tava jogando futebol no campinho do lado. Fugir para nadar escondido, então eram aquelas coisas que marcavam bastante. Teve até uma vez, foi bastante interessante, existia Maria-Fumaça e próximo a uma lagoa que tinha ali, passava o trilho da Maria-Fumaça e para a agente não ser pego de surpresa pelos pais, então nós íamos nadar todo mundo pelado, depois molhava a roupa e como ia chegar em casa? E escondemos a roupa no meio do mato, só que tivemos uma azar porque passou a Maria-Fumaça e derrubou, sei lá se era carvão, aí pegou fogo e queimou tudo a nossa roupa, sabe? Isso aí marcou bastante, não tinha como ir embora! Quando fomos procurar a roupa, não tinha mais nada, não tinha caderno, não tinha roupa, não tinha nada porque queimou tudo!
P/1 – E como vocês foram para casa?
R – Do jeito que nós nascemos!
P/1 – E quando chegou em casa? Como foi?
R – Nem te conto...Tenho vergonha até hoje! Sem as roupas, sem os cadernos, sem nada! Isso foi muito engraçado, mas nós aprontávamos muito, eu, meus irmãos, meus colegas na cidade ali aprontava, quer dizer, não existia maldade, era saudável esse tipo de coisa!
P/1 – Você falou várias vezes que você não gostava de estudar! Como foi essa sua trajetória educacional?
R – Bom, quando eu vim para São Paulo eu tinha o segundo grau completo e chegando aqui em São Paulo comecei a trabalhar na parte administrativa. De certa forma acabou me levando para a área contável, mas eu não gostava daqui. Comecei a fazer contabilidade, tal, mas não era o meu negócio e reprovei acho que uns três, quatro anos. Porque eu não ia, não gostava! Quando eu voltei para Monte Mor, para Elias Fausto que eu comecei a trabalhar na Tetra Pak, que eu fui para a área de produção, aí eu percebi que existia bastante oportunidade e era uma coisa que eu gostava. Daí eu comecei a fazer Química, mas achei que Química para mim ainda era pouco, eu queria fazer alguma coisa mais. Daí eu fui fazer Engenharia Química e recentemente eu fiz pós em Engenharia de Papel.
P/1 – Olha, para quem não gostava...
R – Para você ver! Mas na verdade a Tetra Pak acabou direcionando para isso porque além dela te dar oportunidade, ela fazia com que você sentisse falta disso, não é que ela falava: “Não, você tem que fazer!”, ela mostrava que se você tivesse, você teria oportunidade, entendeu? Então foi mais ou menos isso que foi acontecendo, daí eu fui seguindo o caminho da...
P/1 – Vamos só voltar um pouquinho. Você tem filhos? Casado?
R – Tenho três filhos. Tenho um inteligente que não casou ainda e tenho dois casados, um que é o mais velho e a outra que é a caçula. São casados.
P/1 – Você poderia falar o nome deles, a atividade, o que eles fazem?
R – O mais velho é o Rubens de Oliveira Morais Neto, ele é veterinário, mas não exerce a função, ele tem uma micro empresa de torrefação de café, então ele trabalha no comércio com café. O Mauro, que é Júnior, seguiu o caminho do pai. Ele é Engenheiro Químico, trabalha em um dos nossos fornecedores que é a Klabin, inclusive hoje ele está no Canadá fazendo inglês, esse é solteiro. O mais velho é casado e tem um filho, que é o Rubens, o Junior não é casado, é aquele inteligente que eu falo e tem a Milena de Oliveira Morais que também é casada, ela é Engenheira de Alimentos, desempregada e tem um filho também, então na verdade eu sou avô de dois netos!
P/1 – Mauro, me fala uma coisa, depois que você veio para cá, ficou quatro anos, você foi embora e você voltou para casa?
R – Não, eu esqueci de contar um detalhe! Como eu era muito malandro, eu acabei casando muito novo, então, quando eu vim para São Paulo eu já era casado, com 19 anos eu já era casado, por isso que eu tenho filho. E eu vim para cá sozinho por dois motivos, primeiro porque o salário não era tão grande assim para trazer eles para cá porque o custo de vida daqui era muito mais alto, e segundo que o Rubens, meu filho, tinha problema de bronquite, então aqui em São Paulo ele tinha um monte de problema, então eu ficava para cá a semana toda, quando não tinha jogo no final de semana eu ia para casa, porque como eu ganhava para jogar futebol, praticamente, então os jogos eram em final de semana e tinha que jogar. Então quando não tinha jogo em final de semana eu ia para o interior para ficar com eles. Aí quando eu voltei os quatro anos que eu fiquei aqui, eu voltei para lá, para a minha casa e depois que eu voltei eu tive os dois outros filhos.
P/1 – E quando você voltou você já tinha seu emprego lá?
R – Não, eu voltei desempregado, eu me cansei e falei: “Não, vou voltar para o interior!”. Eu passava todo o final de semana em frente a Tetra Pak e falava: “o que será que é a Tetra Pak?”, eu nuca imaginava que era, ouvia falar que era fábrica de embalagem, mas embalagem do quê? Eu não sabia, aí como eu estava desempregado, eu tinha um conhecido de Monte Mor, nós jogávamos futebol junto na região e ele falou assim: “Olha, a Tetra Pak está admitindo pessoas, não quer arriscar lá?”, “Eu vou!”, só que eu pensei que eu ia para a Tetra Pak trabalhar na parte administrativa porque era o que eu fazia aqui, mas quando eu cheguei lá havia vaga na produção, e eu nunca tinha trabalhado na produção, não sabia nem o que era, falei: “Bom, já que estou desempregado mesmo, vamos arriscar!”. O meu primeiro trabalho na Tetra Pak foi fazer clichê, não sei se alguém sabe o que é clichê, mas meu primeiro trabalho foi isso.
P/1 – Quantos anos você tinha? Quando foi isso?
R – Isso foi em 79, eu tinha 24 anos!
P/1 – Tinha acabado de inaugurar a Tetra Pak!
R – Praticamente. Era uma coisa interessante porque a Tetra Pak, nós éramos no máximo 100 pessoas na fábrica e nós trabalhávamos praticamente três dias por semana porque a produção era muito pequena. Nós tínhamos cinco clientes, No máximo, então, ligava a máquina na quinta-feira e quando chegava no sábado desligava porque não tinha mais produção. Até dois meses depois que eu estava empregado ali, eu pensei comigo: “Vou procurar outro emprego porque isso daqui vai fechar!”, verdade, porque eu falei: “Que empresa vai conseguir se manter trabalhando três dias por semana? E como é que ela vai pagar o salário de funcionário e tudo mais?”, falei: “Essa aqui vai fechar?”. E era interessante porque hoje, por exemplo, quando nós, não sei se vocês tiveram a oportunidade de visitar a Tetra Pak, mas quando vê uma bobina daquela lá, hoje passa pela máquina uma vez só, mas naquela época ela passava quatro vezes na mesma máquina para ficar pronta porque ela não tinha linha completa. Então você imagine só um pouco, você trabalhando três dias por semana e para o material ficar pronto tem que passar quatro vezes na mesma máquina para ficar pronta porque ela não tinha linha completa, então você imagina só um pouco, você trabalhando três dias por semana e ainda o material para ficar pronto precisa passar quatro vezes na mesma máquina para poder...”Isso aqui vai fechar logo logo!”. E na verdade, eu comecei a procurar novos empregos porque na época você tinha emprego abundante, era só uma questão, você praticamente escolhia em que fábrica você queria trabalhar, a verdade era essa. Aí eu tive o primeiro instrutor da Tetra Pak de qualidade, um sueco que veio da Suécia para cá para nos ensinar e eu sempre fui curioso para aprender inglês, esse tipo de coisa, então aproveitava porque ele conhecia e eu não sabia nada e falava para ele: “Você me ensina inglês que eu te ensino português!”, aí conversando com ele eu falei que estava procurando outro emprego e ele falou: “Não Mauro, não sai da Tetra Pak! A Tetra Pak é muito grande e vai crescer muito no Brasil, confie em mim!”, aí eu falei: “Está bem, vou confiar em você!”, e passou todo esse tempo aí.
P/1 – E me falaram que assim, em 79 tinha acabado de inaugurar. Como que era esse período aí, a quantidade de funcionários? Pelo que você está me falando eram muito poucos.
R – Muito pouco, acho que juntando o pessoal de produção e administrativo não chegava a 100 pessoas, tanto é que meu registro é 104, então não chegava a 100 pessoas, talvez tivesse 90, 80 pessoas ao todo. E era uma coisa assim, para mim diferente, não sei se em outro lugar acontecia, porque parecia uma família, nós estávamos sempre junto, sempre brincando, nós fazíamos a nossas festas, nós não conseguiamos distinguir quem era o chefe e quem era o funcionário, era como se fosse tudo uma coisa só. Nessa época o nosso presidente era o Lars, Lars-Erik Janson, o meu diretor era o mesmo que é hoje que é o Benny Heide, tinha o diretor técnico que era o Alf Lindgren e um colega nosso que faleceu agora, semana passada, Roberto Raven, que era da parte administrativa também. Então era muito unida, era uma coisa muito interessante. A Tetra tem uma história engraçada, porque naquela época o nosso presidente Lars tinha um Galaxie Landau e naquela época era um carrão, era o topo e ele chegou na Tetra Pak para entrar, só que o guarda não sabia que ele era o presidente, aí o guarda não deixou ele entrar e ele acabou gostando disso porque: “Ele fez muito bem, se realmente eu não fosse o presidente!”, depois que ele chegou na sala dele ele mandou até o nosso departamento de RH, que cuidava da segurança na época, dar os parabéns para o guarda, mas foi muito engraçado porque estava todo mundo lá para trabalhar e todo mundo sabia, todo mundo vendo que ele não podia entrar. Ele se sentiu impotente diante da situação, foi uma coisa muito engraçada na época. Mas era assim, não foi punido porque não deixou o presidente entrar, talvez, não sei se hoje aconteceria isso, mas, porque era uma empresa familiar, acho que era isso.
P/1 – E aí você foi morar em Monte Mor nesse período?
R – Não, em continuei morando em Elias Fausto junto com os meus pais e aí aconteceu uma coisa muito interessante, porque o meu poder aquisitivo na época era muito baixo. Não que hoje seja, mas é bem melhor do que naquela época, e eu não tinha carro e dependia de ônibus para trabalhar e quando eu comecei, eu fazia de tudo, então... Só que a quantidade de ônibus que tinha para Monte Mor era muito pouco e não coincidia o horário, então veja como é diferente, para que eu pudesse continuar trabalhando, no departamento que eu trabalhava foi feito uma mudança de horário, ou seja, a Tetra Pak começava a trabalhar às seis horas, por exemplo, na segunda-feira, o meu departamento começava às oito, porque era o horário que eu tinha para chegar, o ônibus que eu tinha para chegar. Então vamos supor, das seis as duas, eu fazia das oito às dezesseis, então na verdade a empresa acabou se adaptando a mim e não eu a ela, que foi uma coisa que para mim marcou muito.
P/1 – Muito interessante!
R – Marcou muito porque foi uma adaptação que, não vou falar para você que hoje não acontece, mas acho que é muito mais difícil, então essas são pequenas coisas que foram marcando. E muitas vezes não tinha ônibus e eu ia de bicicleta, pegava aquela rodovia lá e ia de bicicleta para trabalhar, naquela época eu era jovem, não cansava, tinha energia!
P/1 – Não tinha problema!
R – Não tinha problema, se fosse hoje...
P/1 – Mauro, eu queria que você contasse para nós como era o seu dia-a-dia, como era o seu trabalho de início, de trabalhar com os clichês, como que funcionava isso?
R – Então, isso aí é uma coisa que, como eu falei para você, eu não conhecia nada de produção, chegaram lá para mim e falaram: “Mauro você vai fazer clichê!”, “Está bom! O que é fazer clichê?”, “Ah, você vai pegar esse fotopolímero vai colocar na máquina aqui, vai dar uma disposição de luz, depois você vai lavar ela pá pá pá”, “Está bom!”, “você pega esse fotolito!”, “mas o que é fotolito?”, eu não sabia. E aí, um colega, para me sacanear, chegou com um carbono e falou: “Mauro, faz um clichê desse negócio aqui!”, porque o carbono parece com o fotolito e eu, muito bobão, não conhecia, peguei o carbono e fui fazer. Na hora que eu peguei sujou toda a minha mão e: Opa, isso aqui não é!”. E naquele tempo também tinha alguns problemas de, como nós trabalhávamos com muitos solventes, então a sala onde fazia os clichês, por exemplo, era uma sala bastante fechada como essa daqui agora e como tinha muita evaporação de solvente tinha um cheiro muito forte e não podia entrar luz porque era como se fosse uma fotografia mesmo, então muitas vezes eu saia da sala para poder ter um pouco de ar puro porque era muito forte o cheiro, mas naquele tempo a Tetra Pak já mostrava uma preocupação com isso. Porque hoje, por exemplo, se você vai ao mesmo setor, você nem percebe que isso existe, então quer dizer, ela sabia que tinha um problema ali e ela começou a trabalhar para que aquilo fosse resolvido, entendeu? Então naquela época eu ficava um pouco cansado fisicamente por causa desses problemas que tinha na confecção de clichê e tudo mais, a grande vantagem era que como tinha pouco cliente não se fazia muito clichê, então você não trabalhava muito tempo, não ficava muito tempo exposto na sala. E ela também dava essa liberdade, como eu também não tinha que fazer muito clichê, ela me dava a liberdade de eu sair para conhecer outras coisas, foi quando eu comecei a entrar em contato com o controle de qualidade, com o laboratório, que começou a me chamar a atenção, aquilo ali começou a me acender uma luzinha para mim: “Opa, isso aqui é diferente, isso aqui eu gosto!”, então especificações, o porque que aquilo era especificado para isso, o que era especificado para aquilo, qual era a diferença, então isso aí começou a me chamar a atenção e era diferente para mim, e como eu tinha muito tempo para poder ver isso aí eu comecei a me interessar por outras coisas e quando eu me cansava um pouco do laboratório, eu falava: “Agora vou aprender um pouquinho na máquina!”, aí ia para a máquina e xeretava: “Ah, o que você está fazendo aqui? Porque...", eu sempre gostei muito do “por que”: “Mas por que?”, “Por causa disso!”, “Mas por que?”, “Ah, não sei porque!”, mas daí eu ia querer saber o porquê e ia procurar alguém que me explicasse o porquê, entendeu? Então isso aí foi enriquecendo o meu conhecimento, vamos dizer assim e fez com que eu trabalhasse praticamente em todas as áreas de produção da Tetra Pak porque como eu era muito xereta, todo mundo falava: “O Mauro é muito xereta, ele quer saber de tudo!”, então eu ia à impressora, laminadora, cortadeira….
P/1 – E essa de trabalhar um pouco em cada área foi iniciativa tua, não que você trabalhasse na verdade, mas você...
R – Exato, era iniciativa minha porque eu tinha essa liberdade.
P/1 – Isso era permitido?
R – Era permitido, então isso aí acabou enriquecendo muito o meu conhecimento no processo Tetra Pak.
P/1 – E você se lembra desses primeiros clientes, quem eram?
R – Lembro, eu que fazia o clichê! Olha, um cliente que era muito forte nosso na época era a CCPL do Rio de Janeiro, dava um trabalho para fazer clichê que você nem imagina, tinha a Paulista que hoje é a CCL, acabou trocando de nome, tinha a Leco, a União, Mococa, Parmalat e depois nós tínhamos alguns clientes da Argentina que era muito forte, que era Kasdorf, nós produzíamos muito, entre aspas, para a Kasdorf, que era o maior cliente da Argentina, na verdade, então basicamente esses aí. E é por isso que eu falo que nós trabalhávamos três dias por semana só, passando o rolo três, quatro vezes na máquina para poder ficar com a embalagem pronta. Sem contar a nossa perda, a nossa perda era altíssima, nós tínhamos uma perda, que eu vou chutar para você, em torno de 30, 40 por cento, era uma coisa...Tudo isso aí me fazia acreditar que a Tetra Pak não ia vingar!
P/1 – Não vai ter jeito!
R – Por tudo isso aí eu falava: “Não, isso não tem jeito. Com toda essa perda, essa produtividade baixa!”, enfim. Hoje a máquina que nós rodamos a 600 metros por minuto, nós virávamos 100, nossa aquilo para nós era um deleite, era uma coisa...
P/1 – era para comemorar!
R – Isso é uma coisa gostosa também na Tetra. Que nós comemoramos muito! Isso é muito gostoso porque todas as vitórias nossas, na verdade, nós comemoramos de alguma forma, ou com alguma festa, ou com algum brinde, sempre existe essa comemoração e isso é desde quando ela começou, não é agora, acho que isso aí vem da cultura Tetra Pak, comemorar, vibrar com as suas conquistas, vamos dizer assim...
P/1 – Você estava falando dos seus pouquíssimos clientes que teve no início e no início como funcionário da Tetra Pak, mas você também era consumidor e convivia com consumidores, como era, essas pessoas compravam leite?
R – Não, não, eu não era consumidor, pelo menos eu não era consumidor da minha embalagem porque naquele tempo se imaginava ou talvez fosse, não posso lembrar disso, que a embalagem Tetra Pak era uma embalagem diferenciada que tinha o custo alto, então, não sei se eu posso falar, desculpa Nelson, mas vamos lá, nós consumíamos saquinho que era bem mais barato. Então quem consumia as embalagens Tetra Pak era a classe média, classe alta, então não era, acho que até por isso que não tinha cliente porque o consumo era muito baixo, então a maior parte consumia o barriga mole, como nós chamamos. Você ia todo os dias na padaria e comprava o saquinho, consumia, o então a leiteira que passava em frente da tua casa e vendia garrafa de leite, que ele pegava no balde dele: “Oh, está aqui um litro de leite!".
P/1 – Quando você acha que deu um boom nessas embalagens, pelo consumidor? Você faz alguma ligação com um produto que foi lançado?
R – Olha, isso não foi nem a longo nem a curto prazo, acho que foi a médio prazo, tá? Esse trabalho começou a ser feito... Nem tudo que eu estou falando aqui, às vezes pode ser que não esteja 100 por cento certo!
P/1 – Não, mas é a sua lembrança!
R – É a minha lembrança. Esse trabalho começou a ser feito, por exemplo, com a chegada do Tommy, Tommy Bartschukoff, o Tommy foi o nosso segundo presidente aqui no Brasil. Porque eu me lembro perfeitamente, nós vivíamos do leite, quando chegava nessa época de entressafra, por exemplo, nós podíamos estar com a produção até razoável, quando chegava na entre safra a produção ia lá embaixo porque não tinha leite para envasar! Aí então para nós ali era um sufoco, nós tínhamos funcionários para produzir muito mais, mas como não tinha leite para envasar a produção caia e a Tetra Pak sempre criou a política de não dispensar funcionários, ela sempre foi, vamos dizer assim, paternalista. Então com a chegada do Tommy ele começou a trabalhar com a diversificação de produto, então começou a trabalhar um poço com tomate, então chegava essa época que não tinha leite, mas tinha tomate, então o tomate alavancava a produção, vamos dizer assim. Então o Tommy começou a fazer essa diversificação, mas o grande boom mesmo, na minha opinião, foi quando o Nelson assumiu a presidência na Tetra Pak. Porque ele é um grande empresário e conseguia, nas dificuldades, trazer benefícios, então na época da grande inflação, por exemplo, aonde que na Tetra Pak nós recebíamos sempre o nosso salário semanalmente para não ter aquela perda tão grande de salário que tinha que chegava quase a 100 por cento, então eu acredito que ele deve ter percebido isso e falou: “Opa, se eu tivesse produto no mercado, que é um produto de longa vida e com bastante diversificação, eu vou conseguir vender mais!”. Então o que ele começou a fazer? Ele começou a fazer um trabalho de desenvolvimento de cliente, então não importava se o cliente era grande ou pequeno, se você ao pode pagar a sua máquina com dinheiro você aluga, você faz o que você quiser, mas você vai ter a minha máquina e vai produzir a minha embalagem e quando você começou a ter bastante cliente na Tetra Pak, os preços começaram a cair porque começou a ter bastante no mercado, ele deixou de ser um produto diferenciado, então o consumo começou a aumentar também. Foi uma coisa assim que, e outra, na época da inflação, se você comprasse uma caixa de leite com 12 embalagens, você tinha embalagem para 12 dias, quer dizer, você ganhava dinheiro também! Se você fosse comprando, porque subia! Subia a cada hora, vamos dizer assim, não era nem todos os dias, se você fosse no mercado ao meio dia e voltasse em meia hora o preço já era diferente, então foi uma vantagem que ele acabou tirando do benefício que a embalagem oferece, e ele sacou isso, então acho que foi aí que a coisa começou a ter o crescimento que nós tivemos por volta dos anos 90, 91. Mas antes houve o trabalho, vamos dizer assim, do alicerce do Karl-Viggo, por exemplo, do Tommy, que antecederam o Nelson para fazer essa diversificação de produto e tudo mais.
P/1 – Você falou de alugar a máquina caso não tenha para comprar, como que era isso no início? Vocês faziam só embalagem e o cliente tinha a máquina de envase que era da Tetra Pak ou não? Como que era essa relação?
R – A Tetra Pak nunca foi uma fábrica de embalagem, ela sempre vendeu sistema porque nessa época ela ainda tinha embalagem e máquina de envase, o que depois ela acabou tendo todo o processo, quer dizer, há um tempo atrás se você chegasse e dissesse assim: “Eu tenho leite para vender!”, tudo bem, se você tem leite e mercado, o resto nós fazemos tudo!”
P/1 – Mas isso dentro da Tetra Pak ou...
R – Dentro da Tetra Pak, então digamos o seguinte, no início, praticamente era assim, o cliente comprava a máquina e não era qualquer cliente que tinha cacife para comprar uma máquina daquela. Então era difícil, porque quem podia comprar essas máquinas era a Parmalat, CCPL, enfim... Depois não, depois com a genialidade do Nelson ele acabou fazendo com que, se você não pode pagar, conforme você vende a embalagem, por exemplo, você aluga, você faz um commodity, quer dizer, ele acabou dando opções para os clientes, coisa que antes não tinha, antes você comprava ou você não tinha a máquina. Você poderia até comprar financiado, mas você tinha que comprar! Hoje, por exemplo, não vou falar para você, mas clientes que envasam em máquinas de outros clientes, isso aí são coisas que ajudou, quer dizer, eu não posso ter uma máquina, mas você tem, então a Tetra Pak facilita para que você envase a minha marca, entendeu? Então isso aí é uma coisa que fez com que a Tetra Pak crescesse.
P/1 – E Mauro, você falou do seu início, da sua primeira função. E depois dentro da Tetra Pak, quais as funções que você foi assumindo e mudando?
R – Ta. Mais ou menos no ano de 1982 a Tetra pak decidiu que a qualidade do nosso cartão não era boa, ou seja, o nosso fornecedor de cartão tinha uma qualidade que deixava a desejar e nessa época eu já trabalhava mais no laboratório, já tinha uma outra pessoa que tinha sido contratada para ficar fazendo clichês, e eu já tinha isso para trabalhar no laboratório. E eu não sabia nada de papel, eu era muito ruim, mas, curioso. Em 82 nós fizemos o primeiro teste com papel fornecido pelo nosso fornecedor atual, Klabin, e que também não era boa, mas comparando com o outro fornecedor nosso era muito melhor, e a Klabin tinha os problemas dela porque era uma empresa com uma mentalidade muito antiga, onde ela não investia em equipamentos, não investia em funcionário, em treinamentos, então era uma empresa que deixava muito a desejar com relação à qualidade. Então a Tetra Pak resolveu fazer um acordo com a klabin que cada vez que a Klabin fosse produzir o nosso cartão, teria alguém da Tetra Pak acompanhado ele e falando assim: “Esse material está bom, esse material está ruim!”. E para a minha sorte a pessoa escolhida fui eu, e eu era o cara que falava: “Esse papel está aprovado, esse material não está aprovado!”. E eu comecei a gostar da coisa porque fábrica de papel é uma coisa muito viva, você nunca consegue fazer um dia igual ao outro, porque a sua matéria prima é diferente, é orgânica, é árvore. Dependendo da árvore você corta do tamanho, da idade da árvore, então isso varia muito. Isso ai começou a me fascinar e eu comecei a gostar da fabricação de papel e comecei, já fazendo engenharia, eu fui me direcionando para a fabricação de papel. E eu tive um grande professor na Klabin que é um Finlandês, ele está vivo até hoje, só que não mora mais no Brasil, mora na Finlândia que, como sou xereta, como já falei, eu ia perguntando as coisas para ele e ele ia me ensinando. Então todas as vezes que ele estava produzindo Tetra Pak e eu estava lá acompanhando, acontecia alguma coisa diferente e eu perguntava: “Por que está acontecendo isso?”, e ele ia me explicando. Muitas vezes eu estava dormindo, porque eu tentava ficar o máximo de tempo possível na fábrica, mas tem uma hora que você precisa descansar, muitas vezes eu estava dormindo, tocava o telefone e ele me chamava: “Vamos descer para a fábrica que nós temos um problema para resolver lá!”, aí eu fui aprendendo o que é uma fabricação de papel. Isso daí, para você ter uma idéia, foi até o ano de 96, praticamente começou em 82 e praticamente eu tinha duas casas, uma lá em Telêmaco Borba no Estado do Paraná onde fica Klabin e a outra aqui em Campinas. Então toda a hora que estava produzindo eu estava acompanhando e praticamente me tornei um especialista de papel porque eu tinha um professor que me ensinava. Em 96 quando a Tetra Pak e a Klabin falaram: “Vocês podem agora andar com a suas próprias pernas", eu voltei para a Tetra Pak onde eu fui gerenciar a Produção de Tetra Rex, mas fiquei pouco tempo, fiquei oito meses gerenciando a Produção de Tetra Rex, porque daí houve uma oportunidade na gerência da Qualidade de Assegurada e eu fui gerenciar a Qualidade de Assegurada, fiquei por três anos e em 2001 eu passei para Desenvolvimento e estou até hoje, então esse foi o meu caminho dentro da Tetra Pak.
P/1 – Queria que você falasse um pouco dessa atividade atual de agora, como que é, como é o seu dia-a-dia, o que você faz...
R – Essa atividade atual me fascina, eu até estava falando para, ih, agora eu esqueci seu nome, porque imagine só um pouco, eu tenho que buscar aquilo que você pensa, por exemplo, foi um exemplo que eu dei até para ela, digamos que você chegue para mim e diz: “Mauro, eu quero uma embalagem que depois que eu consumo leite ele se torne um porta-jóias!”, isso aí é uma coisa que está na sua cabeça, o que eu tenho que fazer? Tenho que tirar isso da sua cabeça e de alguma forma, utilizando metodologia e utilizando conhecimentos teóricos e práticos, isso daqui, aqui na frente eu te devolva, senão exatamente igual, mas muito parecido com aquilo que estava na sua cabeça. Então esse trabalho é muito fascinante porque, por exemplo, digamos que nós temos um cliente que quer envasar, fala um produto que você não conhece, por exemplo? Sei lá, uma água de coco, então eu tenho que imaginar uma água de coco, o que essa embalagem precisa para poder ser uma embalagem atraente, interessante porque o consumidor acha isso aí, ao invés de querer o coco na praia ele fala: uma embalagem Tetra Pak é suficiente e não precise do coco. Vamos fazer com que a embalagem artificial seja melhor do que a embalagem natural que é o coco, vamos tentar colocar um ovo dentro de uma caixa que seja melhor que dentro de uma casca de ovo, por exemplo, então o meu trabalho é praticamente isso, é fazer com que a nossa embalagem Tetra Pak seja melhor do que a embalagem que a natureza fez, que é a casca do ovo, que é o coco e assim por diante, então esse meu trabalho aqui me fascina porque nós temos três pólos de desenvolvimento, um na Suécia, um na Itália e outro aqui no Brasil, onde praticamente estamos ligados, então todo o desenvolvimento que está acontecendo lá eu participo aqui, assim como o que está acontecendo aqui eles participam lá. E eu percebo que hoje, muitas coisas que nós fizemos aqui, hoje estão no mercado do mundo inteiro, mercado mundial.
P/1 – Eu ia te perguntar isso, eu não sabia que tinha três pólos, esses três pólos vocês estão sempre conversando e as embalagens acabam sendo as mesmas para o mundo, é global?
R – Para o mundo, global. Ou seja, hoje, por exemplo, digamos que por algum problema, lá não tem fábrica, mas digamos, por exemplo, que a Tetra Pak peru tivesse um problema com terremoto lá, qualquer fábrica poderia fornecer as mesmas embalagens que eles três, sem nenhuma alteração porque é tudo igual, ou seja, mudam-se os fornecedores, mas o produto é o mesmo, entendeu? Então a embalagem que você vê lá na Europa é a mesma embalagem que tem aqui, é a mesma especificação, então estamos praticamente totalmente globalizados.
P/1 – Mas não ocorre assim, uma embalagem que funciona muito bem no Brasil e ela não é aceita na Europa, isso acontece?
R – Isso existe, sem dúvida. Por exemplo, o nosso carro chefe aqui no Brasil é a TBA 1000 base, que é essa embalagem de leite, na Europa, por exemplo, na Suécia é TB 1000 square, isso depende de cada mercado, mas a mesma embalagem que eles fazem aqui, nós podemos mandar para lá que vai ser a mesma coisa, depende do gosto de cada país, sem dúvida. Agora o Brasil é muito diferente, porque no Brasil tem de tudo. O que você imaginar no portfólio Tetra Pak, aqui no Brasil tem coisa que em outras fábricas não têm, na Suécia, por exemplo, já não tem coisas, têm muitas coisas que ela tem que importar para o país. Nós não, nós somos talvez, do grupo, as mais complexa, digamos assim, porque nós sempre dizemos que somos campeões em fazer setup, porque toda a hora está mudando o volume ou a embalagem ou especificação, nós temos... E isso foi um diferencial na Tetra Pak Monte Mor que é um pouco diferente da Tetra Pak Ponta Grossa. Por quê? Tetra Pak Ponta Grossa foi desenvolvida para ter uma alta capacidade de produção, ou seja, é uma, das plantas Tetra Pak, é mais eficiente com maior velocidade, por quê? Porque ela tem poucos setups, vamos dizer assim, ela produz, 99 por cento do tempo dela, um litro especificação leite, o restante é praticamente tudo feito em Monte Mor. Então esse é um diferencial de Tetra Pak Monte Mor e Ponta Grossa, apesar de que nós dizemos que não existe Tetra Pak Monte Mor nem Ponta Grossa, Tetra Pak Brasil, nós não fazemos essa diferencial.
P/1 – Você estava falando que passou por várias etapas, conheceu tudo, quais foram os maiores avanços tecnológicos que ocorreram esses anos?
R – Pergunta difícil! Eu acho que um grande avanço que nós tivemos para a nossa embalagem foi, não sei se foi a maior, mas foi uma das maiores, foi quando nós descobrimos, entre aspas, o polietileno que nós chamamos de wide, na verdade esse polietileno wide é um metaloceno, onde ele tem uma característica, uma resistência muito forte com relação ao alongamento do polietileno, por quê? Porque nós tínhamos uma grande quantidade de reclamação, por exemplo, que os nossos clientes tinham no ponto de venda, por quê? Imagine só um pouco, quando nós estamos falando de Brasil, que é totalmente diferente da Europa, nós saímos de Porto Alegre e entregamos leite aqui em São Paulo, uma distância de aproximadamente 1500 quilômetros, saímos de Salvador e entregamos leite aqui em São Paulo, que deve dar mais ou menos dois mil quilômetros, sei lá quanto. Quer dizer, esse percurso na Europa, você atravessa a Europa de ponta a ponta, de Norte a Sul de Leste ao Oeste, e aqui no Brasil o que acontecia? Como as nossas estradas também não são das melhores, muitas embalagens chegavam no ponto de venda amassadas, claro, e com esse amassamento havia o rompimento da camada de polietileno interna e com isso havia muito produto estragado, estufado, porque ele permitia a entrada de ar no produto, então com isso contaminava. Com esse polietileno que nós chamamos de wide, que na verdade é um nome fantasia, que é justamente para que não de abertura para os nossos concorrentes, com essa característica ele tem um poder de alongamento maior, isso não acontece, a embalagem continua amassando porque o transporte nosso não é dos melhores, as estradas nossas não são das melhores, porém, mesmo tendo esse amassamento, não ocorre esse rompimento da camada de polietileno e com isso nós diminuímos muito a quantidade de leite que se contaminava por esse problema. Então eu acredito que isso foi uma das grandes contribuições que nós fizemos para as embalagens Tetra Pak.
P/1 – Você falou agora uma coisa que me chamou a atenção que eu não consigo imaginar que tenha no Brasil, um concorrente?
R – Nós temos! Dependo do que você chama de concorrente, para mim concorrente são todos, é a lata, o plástico, o vidro e isso nós temos muitos. Se nós formos pegar no grande mercado aí, a Tetra Pak ainda é muito pequena, ou seja, ela ainda tem muito que crescer se você for comparar com lata, vidro, plástico, enfim. Agora se você pega embalagem cartonadas, a Tetra Pak é maior, sem dúvida, porque nós temos um concorrente muito pequeno no Brasil que ainda está chegando e encontrando as suas dificuldades, mas está chegando. Eu não sei se isso é bom ou ruim, mas está aí, cerca de quatro, cinco anos atrás começou esse trabalho deles aqui. Mas esse eu acho que não preocupa porque como nós falamos, a Tetra Pak não vende embalagem, ela vende sistema! Então eu acho que é até uma oportunidade para os nossos clientes comparar quem é Tetra Pak e quem é a outra, vamos dizer assim. Agora, temos um concorrente fortíssimo que é a lata, por exemplo, muito forte, temos concorrentes fortíssimos que são os vidros e aí nós temos bastante oportunidade para crescer!
P/1 – O vidro, a lata, talvez a concorrência seja em bebidas carbonadas, não é?
R – Sim, sim, principalmente o pet, tomou conta do mercado praticamente dos vidros com relação a esse... Mas esse mercado para nós, ainda nós não estamos preparados para ele, nós temos que estudar um pouquinho mais.
P/1 – Mas está no futuro, é uma meta?
R – Eu vou falar uma coisa para você, nós não sabemos como vai ser a embalagem do futuro, nós sabemos quem vai fazer, isso é claro, Agora, já temos uma linha de frente para combater as latas, os atomatados, por exemplo, hoje o Tetra Recart deixou de ser um projeto, ele já é uma realidade, acho que vocês já podem encontrar isso no mercado. Então isso daí eu acredito que vai ser um novo passo para a Tetra Pak, Brasil e mundial. Dentro do Tetra Recart nós estamos trabalhando no mesmo segmento Recart, porém com especificações diferenciadas para que ela possa ser envasadas com tomates, que tem um valor agregado não muito alto, pouco diferente de quando você coloca uma ervilha, um milho, alguma coisa assim, então nós aqui no Brasil estamos trabalhando para que o Recart, com essa especificação específica para atomatados ganhe um mercado ainda maior do que nós temos, então eu acho que isso aí, nos próximos 10 anos vai ser um trabalho interessante na Tetra Pak. Eu diria que em... Nós estamos falando muito em 2012, e eu acredito que em 2012 o Tetra Recart vai ser um dos nossos carros chefe.
P/1 – Como você explica o sucesso da Tetra Pak?
R – Trabalho, muito trabalho. Veja bem, você pode se preparar para produzir, mas você tem que ter uma equipe de frente muito competente. Essa equipe de frente, essa equipe de marketing, essa equipe de vendas. E nesse trabalho a Tetra Pak foi muito forte, tanto é que, por exemplo, eu não conheço nenhum vendedor, a Tetra Pak não tem nenhum vendedor, ela tem gerente de vendas. Então é uma coisa muito forte na Tetra Pak, eu sempre falo que produzir, se uma máquina não é capaz, você compra outra, você tem que ter uma linha de frente competente para poder vender isso aí e não é só vender, porque vender é fácil, é saber vender, saber procurar cliente, porque se eu quiser vender aí eu vendo muito, mas não recebo nada. Então essa equipe de frente da Tetra Pak, eu acho que é responsável por esse crescimento. E a diversidade também, sem dúvida, a tecnologia da Tetra Pak, porque a tecnologia da Tetra Pak fez com que essa comissão de frente, que eu costumo chamar, fizesse com que as coisas se tornassem muito fáceis, porque é muito fácil você convencer um cliente de uma tecnologia boa, que te dá segurança, você não precisa fazer nenhum esforço para vender isso, ao passo que para você convencer um cliente de uma coisa que você mesmo não tem certeza daquilo, é complicado. Então na verdade eu acho que é um acúmulo de coisas que faz com que esse sucesso se torne grande, e é claro, você tem que ter a batuta de alguém lá em cima mostrando o caminho para você e qual caminho que você tem que ir. Você tem que ter um líder. Em todo o lugar você tem um líder e esse líder que define se você vai ser grande ou se vai ser pequeno. Então, eu acho que na verdade é a cadeia, mas sem dúvida tem que ter um grande líder lá em cima.
P/1 – Nós falamos de sucesso, de futuro, mas em uma empresa como a Tetra Pak tantos anos no Brasil, com o porte que ela tem, ela deve ter passado por alguma crise?
R – Passamos.
P/1 – Você poderia falar um pouco desse período?
R – É até interessante, a primeira crise que nós passamos foi mais ou menos por volta de 1981 e como eu havia comentado aqui anteriormente, a Tetra Pak era pequena, eu já tinha até pensado em procurar outro emprego. Em 1980, 1981 foi feito um estudo que a Tetra Pak iria crescer, sei lá, na época 20 por cento. A Tetra Pak se preparou para isso, contratou pessoas, fez investimentos, só que aquele plano não foi verdade, não aconteceu e daí, nessa época aí, eu ainda fazia turno, então eu dependia de ônibus e tal e me lembro como se fosse hoje, uma semana antes, se nada tivesse acontecido, naquela semana seguinte eu iria fazer o primeiro turno, ou seja, eu ia começar a trabalhar às oito horas da manhã, mas por algum motivo o meu gerente chegou e falou: “Mauro, semana que vem você vai fazer o segundo turno! Vai ter aqui um remanejamento de pessoas e tal!”; “Tudo bem!”, eu ia discutir? Não vou discutir! E como eu falei para você, tinha problema de ônibus, então eu chegava muito cedo na cidade para poder começar a trabalhar e quando eu cheguei na cidade eu comecei a encontrar algumas pessoas que deveriam estar trabalhando, era o turno, e eu achei aquilo estranho. Até que eu encontrei um e tive o cuidado de parar, aí falei assim: “O que está acontecendo? Você não está na fábrica?”, ele falou: “Como? Você não está sabendo?”, falei: “Não, o que está acontecendo?”, ele falou assim: “O facão pegou pesado lá hoje!”, “Como o facão pegou pesado hoje?”, “Ah, a Tetra Pak mandou um monte de gente ir embora!”, aí eu liguei os pratos, pô, eu ia fazer o primeiro turno e vim para o segundo, eu falei: “Ah, a hora que eu chegar lá o meu pescoço já foi!”, foi o que eu pensei. Eu cheguei na fábrica lá e comecei a trabalhar e vi o meu chefe lá e corri do outro lado: “Ah, vai mandar eu ir embora agora!”, fiquei fugindo dele. E eu tinha um trabalho que eu estava fazendo fora da fábrica, estava selecionando algumas bobinas de alumínio, então eu olhava o alumínio e só de canto de olho para ver se não chegava o meu chefe e falar: “Pára com tudo aí e vai procurar outra coisa para fazer!”. Bom, resumindo, eu não fui, claro, estou aqui até hoje, tenho um colega que nessa época foi, eu não sei se vocês tiveram a oportunidade de falar com ele já, e depois ele foi recontratado, que é o Luiz Ribeiro, que é gerente de Impressora, ele deve estar com os seus 25 anos de empresa também, e ele vai contar essa história, porque ele é um dos caras que foi essa época embora e depois ele foi recontratado. Aí teve aquele corte de pessoas, porque realmente não aconteceu o que nós havíamos programado. Depois, crise igual a essa, praticamente, não tivemos, nós tivemos assim, nós vamos crescer 30 por cento e crescemos 28! Quase chegamos! Então para nós era a crise. Praticamente foi isso, eu lembro que o que marcou foi isso, marcou muito.
P/1 – Mauro, o que mais mudou na Tetra Pak esses anos?
R – Ah, mudou muito. Eu diria o seguinte: que nós hoje somos muito profissionais, nós deixamos de ser um pouco aquela, como vou falar, nós éramos muito, trabalhava muito no dia-a-dia, por exemplo, nós não tínhamos uma visão de a curto, médio, longo prazo, então nós trabalhávamos muito assim: “Chegou o pedido vamos produzir”, nós não tínhamos metodologias de trabalho, nós fazíamos, nós não tínhamos tecnologia, nós trabalhávamos com equipamentos obsoletos, hoje não, hoje a Tetra Pak Brasil não tem nada a desejar para nenhuma outra Tetra Pak, em tecnologia, tudo que tem de melhor lá fora nós temos aqui dentro, nós recebemos treinamentos todo o dia. A Tetra Pak investiu muito em treinamento. Eu sou testemunha viva disso porque quando eu fiz a Engenharia, por exemplo, eu já trabalhava na Tetra Pak, como que ela fazia? Eu não tinha horário para trabalhar! Eu ia à escola, estudava de manhã e quando chegava na Tetra Pak eu cumpria as minhas oito horas de trabalho. Mas eu não tinha horário para chegar! Entendeu? Se eu chegasse meio dia ou se chegasse às quatro horas ou às seis horas da tarde, eu tinha que fazer as minhas oito horas, mas o horário que eu tinha que chegar não interessava. Então ela deu essa oportunidade dos funcionários poderem estudar e poder crescer junto com ela, não só em treinamento assim de universitário, mas treinamentos técnicos, coisa que nós não tínhamos, nós fazíamos tudo no jeitinho brasileiro, na raça mesmo. Então a evolução da Tetra Pak nesse sentido e muito grande! Hoje nós temos metodologias, por exemplo, de WCM, World Class Manufacturing, aonde uma grande quantidade de empresa vem nos visitar para ver como é que nós fazemos. Antes não, antes nós pegávamos bobina na mão, não tinha nem guincho para pegar nessa época de 79, entendeu? Quando nós fazíamos aquela “paletização” de bobinas não existia máquinas, as pessoas pegavam na mão e colocavam no pallet. Então a evolução dela foi muito grande, não dá nem para se comparar, só que por um outro lado acabamos perdendo um pouco daquilo que nós chamávamos de família, como nós conhecíamos todo mundo, hoje tem muita gente que eu não conheço na Tetra Pak, como tem muita gente que não me conhece também. Então tudo tem o seu preço e talvez nós perdemos um pouco disso.
P/1 – Ela investe, ela faz investimento no...
R – Investe muito! Você não imagina o quanto que ela investe. Você chega na Tetra Pak, qualquer dia, “cadê fulano de tal?”; “está lá fazendo treinamento” e até hoje, por exemplo, ela tem esse subsídio para pessoas que querem fazer universidade, nem tanto quanto eu, porque eu fui um privilegiado, na verdade, porque se eu não tinha um horário, ela arrumou um horário para mim. Hoje as pessoas têm que se ajustar a ela! Mas assim mesmo ela dá um incentivo à universidade e tudo mais, isso é uma grande diferença.
P/1 – Você está falando e eu estou pensando. Ela investe muito, ela dá essa possibilidade, essa flexibilidade, mas a pessoa não pode, usando o termo, dormir, ela tem que estar atenta!
R – Tem que estar atenta. É aquela tal história, o cavalo não passa duas vezes na sua frente, se passar você tem que montar, então ela te dá essa oportunidade, você não pode ficar esperando que ela chegue e fale assim: “Ó, está aqui o cavalo! Monta!”, ela não vai fazer isso, mas vai até mostrar o cavalo para você, entendeu? Então ela acaba fazendo com que os funcionários, de certa forma, se interessem por um aprendizado, porque ela vê que as oportunidades vão aparecendo. Como eu falei para você eu comecei lá no chão de fábrica, hoje eu tenho uma gerência! Então muitas pessoas que olham o Mauro, por exemplo, falam assim: “Bom, se o Mauro conseguiu, se eu seguir o mesmo caminho, eu posso fazer a mesma coisa!”. E você vai encontrar um monte de funcionário da Tetra Pak antigo porque a rotatividade é muito baixa, por dois motivos, primeiro que, é claro que se você sair procurar, você vai encontrar alguém ou alguma empresa igual ou até melhor que a Tetra Pak. Mas ela te dá tanto recurso que você fala assim: “O que eu vou procurar se tenho aqui?”, quer dizer, o funcionário tem satisfação de trabalhar na Tetra Pak. Hoje estou aqui, mas se você for a qualquer lugar é muito fácil você perceber, principalmente um Monte Mor, é muito fácil você perceber quem trabalha na Tetra Pak, tem prazer: “Eu trabalho na Tetra Pak!”. Então isso aí é um motivo que faz com que as pessoas fiquem lá por muito tempo, e outra é a própria empresa, como ela investe muito em treinamento, ela não tem interesse, por exemplo, de treinar alguém...
P/1 – A Tetra Pak tem um investimento grande, ela começou a investir muito na questão ambiental, e está muito ligada à sua área também.
R – Sem dúvida, porque todo o projeto que eu estou fazendo, primeira coisa que eu tenho que pensar é qual o impacto que eu vou causar no meio ambiente? Se eu estou mudando uma matéria prima, se eu estou acrescentando uma matéria prima, então isso aí está muito ligada à área de meio ambiente. E isso daí é um ponto forte na Tetra Pak porque é um ponto que de certa forma acabou fazendo com que as pessoas consumissem mais. Eu lembro bem há pouco tempo atrás, não muito distante, que muitas pessoas falavam: “Ah, a embalagem Tetra Pak não é reciclável! Essa aí é um problema para o meio ambiente!”. Sim, é um problema para o meio ambiente, sim, mas não por culpa da nossa embalagem e sim por culpa nossa, que nós não fazemos a coleta das embalagens. Porque hoje ela tem solução a ser reciclada. Reciclada, não estou falando recuperada! Porque muitas pessoas falam assim: “Eu reciclo!”. Não recicla! Porque, por exemplo, eu não considero quando a Tetra Pak fala assim: "Eu faço telha na minha embalagem!”, para mim isso não é reciclagem, é uma operação. Reciclagem para mim é quando faz papel voltar a ser papel, alumínio voltar a ser alumínio, polietileno voltar a ser polímero, isso para aí para mim é reciclagem, e hoje ela tem essa tecnologia graças a muito investimento que foi feito, então isso é um ponto muito forte na Tetra Pak. Hoje, eu não vou lembrar os números, mas acredito que nós devemos reciclar em torno de 20 por cento daquilo que nós produzimos, é pouco, mas eu tenho certeza que quando nós começarmos a fazer uma coleta das nossas embalagens, nós vamos poder chegar a isso daí em um número muito mais alto que isso, e isso é um ponto muito forte na Tetra Pak porque ela tem investido muito nisso.
P/1 – Você falou agora que quando você pensa em uma embalagem, você pensa na reciclagem, na questão ambiental. O processo, eu queria que você me falasse um pouquinho, você pensa em um material, você pensa em um designer, são todas as etapas dessa embalagem?
R – Todas as etapas. Uma outra coisa quando você está pensando uma nova embalagem, ou uma nova especificação, você não pode esquecer também de segurança, porque não adianta nada desenvolver uma embalagem excelente só que para eu produzir ela vou machucar cinco pessoas dentro da fábrica! Então não é só meio ambiente, então quando você está pensando em uma embalagem, você está pensando na cadeia como um todo, desde o desenvolvimento gráfico até a palatização dela ou alimentação da máquina de envase. Então não dá para você pensar, por exemplo, eu citei do polietileno wide, que eu achei que foi uma grande, onde que eu uso polietileno wide? Eu uso na laminadora, mas não dá para você pensar somente na laminadora, por quê? Uma vez isso aí aplicado ele tem outras interações com outras máquinas que você não pode pensar só alí, você tem que pensar na cadeia como um todo, o quê? Na impressora eu não vou ter que pensar porque ali eu não utilizo polietileno, vamos pensar da laminadora para frente, mas depois disso eu tenho a laminadora, a cortadeira, tenho o Doc, Doctor Machine, de envase, tenho a palatização e tenho o consumidor, então quer dizer, não dá para você pensar que um polímero que é 100 por cento, mas chega lá na frente o consumidor não consegue abrir a embalagem, por exemplo. Então você tem que pensar mesmo na cadeia, porque nós somos uma cadeia, nós não somos um processo pequeno, como eu falei anteriormente, nós não vendemos embalagem, nós vendemos sistemas, então nós temos que pensar no sistema.
P/1 – Nessa criação da embalagem, vou chamar de criação todo esse processo, normalmente, em média, leva quanto tempo para você criar isso?
R – Você sabe que aqui no Brasil nós somos ligeirinhos, inclusive é por isso que nós temos um desenvolvimento aqui no Brasil. Depende muito, Beth, depende daquilo que você está, por exemplo, nós fizemos no ano passado uma embalagem aqui no Brasil aonde um cliente nosso queria uma embalagem com volume de 600 ML que nós não tínhamos no nosso portfólio. Mas ele queria uma embalagem, que ela fosse elegante, vamos dizer assim, não estou falando o que é feio ou bonito, mas, por exemplo, todo o gordinho fica meio esquisito, se você pega um magrinho ele fica mais elegante. E embalagem é a mesma coisa, se você pega a embalagem de leite, por exemplo, aquela quadradona, ela não é elegante, ela é prática, mas não é elegante, ao passo que se você pega uma de suco daquela que nós estávamos tomando agora pouco, ela é mais elegante, mais quadradinha e tal. E nosso cliente queria uma embalagem assim só que com 600 mililitros, que não existia no nosso portfólio. Isso daí se fosse feito na Europa, tranqüilamente levaria três anos, quatro anos para fazer essa embalagem. Aqui no Brasil em oito meses nós colocamos isso no mercado! Nós trabalhamos o designer, trabalhamos o desenho técnico, trabalhamos a embalagem, alteramos as nossas máquinas de envase, por quê? Porque esse cliente que estava buscando essa embalagem era um cliente do Rio, que ele queria aproveitar a Copa do Mundo para fazer esse lançamento e o tempo que nós tínhamos era oito meses, então nós dividimos em times, aonde eu fui o projectlider e em oito meses nós colocamos a embalagem no mercado. Então depende muito, como, por exemplo, tem um projeto que estou trabalhando com ele que já faz um ano que estou trabalhando com ele. É um projeto global, esse aí era um projeto para o Brasil que agora está se estendendo para a Europa e tudo mais. Mas esse projeto que estou trabalhando é um projeto global onde envolve todas as fábricas e que já faz um ano e dois meses que estou trabalhando com ele e a idéia é terminar com ele em fevereiro de 2008, então quer dizer, vai mais seis meses, vai dar quase dois anos, vamos dizer assim. Então depende muito!
P/1 – Nossa, você tinha falado uma coisa que eu não tinha pensado ainda, cada alteração, cada coisa nova, uma abertura, um formato, e as máquinas? Elas são adaptadas, elas são novas? Como se dá isso?
R – Fazemos qualquer negócio! Hoje, por exemplo, nós temos, quem teve a oportunidade de visitar a FISPAL viu que nós estávamos fazendo um lançamento de uma embalagem nova e para cada embalagem nova é uma máquina nova, talvez esse seja uma falha nossa, entre aspas, porque nós não temos uma máquina que nós fazemos todas as embalagens, nós temos máquinas exclusivas para cada embalagem, certo? Então o que nós temos? Por exemplo, nós temos a nossa máquina A3 Flex, por que ela tem esse nome de Flex? Porque eu consigo fazer mais de uma embalagem nela, ou seja, eu consigo fazer embalagem de um litro, como eu consigo fazer uma embalagem de 200 mililitros, mas não mais do que isso. E temos as nossas máquinas, por exemplo, que nós reformamos, como essa dos 600, por exemplo, nós pegamos uma TBA/8 que era, ela foi produzida para um litro e nós a modificamos para que ela produzisse 600, ela só vai produzir 600, essa é uma deficiência que nós temos, entendeu? E também temos alguns casos que nós reformamos máquinas, vamos supor, um exemplo, a Parmalat há um tempo teve todo aquele problema muito das máquinas que eles tinha no mercado, por exemplo, voltou para a Tetra Pak, quando teve aquele problema econômico, o que a Tetra Pak fez? Pegou essa máquina, reformou e vendeu para outro cliente, então...
P/2 – Existe essa possibilidade...
R – Existe.
P/1 – Mauro, logo no começo você contou uma coisa muito interessante que foi o guarda barrando o presidente. Você tem outros casos assim que você lembra, devem ter muitos, que você possa contar para nós, coisas pitorescas, uns causos...?
R – Tem muita sacanagem. Eu, por exemplo, me divertia muito quando acontecia alguma coisa com chefe, eu dava risada! Tem um caso, por exemplo, que tinha um rapaz que trabalhava na manutenção e ele e um outro colega tinham o costume de brincar, tem um, acho que ele já este aqui, o pessoal da Tetra Pak chama ele de Baiano, Mário Pereira, é antigo também, talvez ele venha para cá também, se não já veio. E esse Mario Pereira tinha o costume de ligar para esse cara da manutenção e imitar o Benny, falando como se fosse sueco! E aí saía de tudo, não preciso nem falar o que saía. Só que uma vez realmente foi o Benny que ligou e o cara pensando que era o Mário fazendo brincadeira, aí o Benny falava umas coisas lá, ele trucava em cima e respondia, até uma hora que ele percebeu que a coisa não era como ele estava acostumado, então, quando ele percebeu, ele pegou e desligou o telefone e daí ele falou: “O que vou fazer?”, só que, você veja bem, é esse tipo de coisa que eu acho interessante, ele foi se explicar para o Benny sobre o que estava acontecendo e quando o Benny o viu na frente, inclusive eu estava com o Benny por isso que eu sei dessa história, o Benny falou assim: “Quer dizer que você que é fulano de tal?”, não posso falar o nome aqui agora, ele falou: “Seu Benny, sou eu mesmo!”, entendeu? Mas tinha muita brincadeira desse tipo aí, coisas engraçadas, como também teve muita coisa, eu presenciei, por exemplo, coisas ruins, eu presenciei, por exemplo, o primeiro acidente que teve na Tetra Pak, que um colega nosso perdeu um dedo na laminadora por falta de conhecimento, por falta de treinamento, isso em 79!
P/1 – Logo no início!
R – Logo no início. E tinha muitas brincadeiras porque na época nós éramos muito... Tinha tempo, então tinha muita brincadeira, muitas festas. Nas festas, por exemplo, misturava muito chefe e empregado, não sabia quem era, então fazia muita piada, tinha muitas coisas engraçadas, mas assim de cabeça eu não vou me lembrar, não.
P/1 – Mauro, você poderia falar dos investimentos sociais da Tetra Pak? Como é que você vê isso?
R – Olha, investimento social na Tetra Pak, ali na cidade de Monte Mor é muito grande, eu sei, por exemplo, que a Tetra Pak tem uma participação muito grande nas escolas, com alimentação, no hospital, porque só tem um, a participação da Tetra Pak também é muito grande no asilo. Com a Prefeitura mesmo, eu sei que existe a Praça Rausing que foi doada pela Tetra Pak pelo município. Para os funcionários existe o clube que está à disposição. A participação da Tetra Pak no município é muito grande, em todos os aspectos que você pensar. Eu não sei dizer para você o quanto, mas eu, por exemplo, presenciei três anos atrás, por exemplo, quando a Tetra Pak doou ao hospital a única ambulância da UTI que tem lá na cidade. A reforma do hospital, enfim, é muito grande, muito grande!
P/1 – A Tetra Pak tem valores, você estando lá, você vê esses valores. Queria que você falasse um pouquinho disso, e fora isso eu acho que ela, independente desse que está fixado, ela tem outros valores que são percebidos por cada funcionário, cada pessoa. Como que é isso para você?
R – Eu acredito em dois valores que para nós, ali é muito forte, mas acho que foi até especificado justamente por causa disso, que a liberdade com responsabilidade é muito forte na Tetra Pak, não tem ninguém tomando conta de ninguém, cada um sabe exatamente até aonde pode ir. Acho que isso é muito forte dentro da Tetra Pak e a outra coisa que eu acho que é muito forte é a parceria dela com os fornecedores, com os clientes dela, muito forte. Acho que esses dois valores na Tetra Pak fazem a diferença, isso aí me chama muito a atenção. Eu não saberia dizer outro agora, mas para mim, esses dois destacam muito, acho que até por isso, não é que se pratica porque foi colocado, eu acho que é o contrário, foi colocado porque se pratica! Entendeu?
P/1 – E qual é a importância da Tetra Pak para a indústria brasileira?
R – Eu não diria para a indústria brasileira, eu diria para a economia brasileira! Eu estava até comentando há uns minutos atrás. Imagine só um pouco, quanto custaria um litro de leite hoje, aqui na cidade de São Paulo se não existisse Tetra Pak? Porque hoje, para suprir a necessidade de São Paulo, da onde vem leite? Do rio Grande do Sul, de Goiás, do Norte, se não existisse Tetra Pak, como esse leite seria transportado? Porque para vir do rio Grande do sul para cá leva um dia, quer dizer, já estaria estragado o produto! Então se não existisse tecnologia Tetra Pak, eu tenho certeza que em muitos lugares ou não teria leite para ser consumido ou então o preço sairia muito alto. Sem contar que para você manter esse produto refrigerado, quantas geladeiras não iam ter para manter isso refrigerado? Quanto de energia nós iríamos gastar? Será que o Brasil estaria preparado para consumir toda essa energia? Só para a refrigeração desses alimentos? Não sei, então eu acho que a tecnologia Tetra Pak, o sistema Tetra Pak, na economia brasileira é muito grande. Pelo tamanho do país, pela diversidade que o pais te. Essa é a minha opinião.
P/1 – Pegando esse gancho, você vê que a Tetra Pak revolucionou o mercado alimentício?
R – Sim, sim, coisas simples, tenho certeza que muita gente aqui não sabe disso, mas há bem pouco tempo atrás, se pegava as embalagens de produto e não tinha nem data de validade! A Tetra Pak, desde o processo dela, ela sempre colocou data de envase e vencimento. Isso para nós sempre foi lei, entendeu? Então quer dizer, isso é uma coisa tão simples, mas que no Brasil não se praticava, dá para contar na mão esquerda e ainda sobram dedos os produtores de alimentos que usavam isso, porque não tinha! Você ia ao mercado às vezes, pegava produto vencido...
P/1 – É meio recente?
R – É uma coisa simples. Então ela revolucionou as indústrias de alimento no Brasil, com certeza!
P/1 – E para você, qual é o diferencial da embalagem da Tetra Pak?
R – Protege o que é bom
P/1 – Você acha que é esse o...
R – Ah, eu acredito que sim. É difícil você falar da embalagem, porque como nós acabamos de falar, não é só a embalagem, é o sistema, entendeu? O que seria da embalagem se não existisse o Sistema UHT, de Ultra High Temperature? O que seria do sistema UHT se não existisse a embalagem? Então quer dizer, é uma combinação que...
P/1 – Você acha que o Sistema UHT revolucionou a…?
R – Sem dúvida, sem dúvida! Principalmente em um país como o nosso, tropical com uma área tão grande como nós temos, por exemplo, se nós não tivéssemos esse Sistema, estaríamos morto, acho, quer dizer, estaríamos pagando muito mais caro do que pagamos! Vou contar uma história para vocês, esses dias eu estava no mercado pegando uma caixa de leite, ouvi nas minhas costas: “O leite está caro!”, eu falei: “Está!”, quando eu peguei a caixa e virei, quem estava ali? A EPTV Emissoras Pioneiras de Televisão, falei: “Nossa...".
P/1 – Vai responder sem olhar...
R – Não estava filmando nem nada, aí não me identifiquei, não falei que trabalhava na Tetra Pak, daí ela falou assim para mim: “O leite está caro!”, aí eu falei assim: “Se você comparar o leite hoje com seis meses atrás, ele realmente está caro, mas eu diria que ele está no preço justo!”, a menina quase caiu da cadeira! Aí ela falou: “Porque você está falando isso?”, “Vou responder a tua pergunta fazendo outra pergunta! Quanto custa uma garrafa de cerveja?”, “É, mas a cerveja você não consome todos os dias!”, aí eu falei: “Eu não consumo e você não consome, mas tem gente que consome todos os dias! Com certeza deve estar o mesmo preço que o leite! Mas eu não quero partir por esse lado, eu quero partir da seguinte forma, você já parou para pensar, pegando toda a cadeia, desde a ordenha do leite, o tratamento do leite...”, eu não citei sistema para não direcionar para a Tetra Pak, “o envase, a embalagem, a distribuição, depois o alimento que é e você falar que paga um real no litro do leite? Você não acha que está barato?”, ela: “Mas há uns seis meses estava um e quinze!”, eu falei: “Realmente estava! Mas com certeza na cadeia, alguém não estava tendo lucro para manter. Certamente o leite ia sair do mercado porque alguém estava perdendo!”. Bom, conclusão, eu fiquei esperando para ver se ia passar na EPTV e não passou porque eu não falei o que ela queria!
P/1 – Você foi boicotado! E Mauro, a Tetra Pak esse ano está comemorando 50 anos de Brasil. O que você conhece dessa trajetória dela no Brasil? O que mais te chama à atenção?
R – O que eu conheço dela? Olha, o que mais me chama atenção na Tetra Pak desses 50 anos é que, a Tetra Pak saiu de um escritório técnico que era o que nós tínhamos aqui em 57 para uma empresa de porte, a maior empresa do grupo está praticamente aqui e eu acho que em 50 anos você conseguir fazer isso é porque você tem muito valor, porque se não você certamente já teria ficado no caminho ou então estaria como muitos concorrentes que eu sei que tentaram chegar aqui, por exemplo, e não vingaram. Então isso me chama muito atenção porque, olha eu acompanhei muito a Tetra Pak, teve anos que nós tivemos crescimento de 20 por cento, enquanto o Brasil estava engatinhando. Então isso me faz com que eu vejo que tem muito trabalho, sabe, tem pessoas que se dedicam muito para essa empresa, para ela poder crescer dessa forma, tem pessoas que se doam para isso e isso é uma coisa que, não é uma barganha, não é, por exemplo, você trocar o seu trabalho por salário, é você sentir prazer, você sentir satisfação de fazer parte da Tetra Pak. Então isso me chama muito atenção, sabe, é o poder que ela tem de contagiar as pessoas para trabalhar em torno de um único objetivo.
P/1 – Mauro, nós estamos quase no final e eu queria te perguntar se você queria falar alguma coisa que nós não abordamos, que não falamos, que você acha que é importante estar colocando?
R – Não, o que eu acho que, eu vou falar por mim, mas tenho certeza que se eu tivesse com muitos colegas aqui, por exemplo, eles não iriam discordar de mim e até falavam antecipadamente. Que eu, por exemplo, não consigo me ver sem a Tetra Pak! Eu acho que a Tetra Pak teve uma influência tão grande na minha vida que ela me fez me tornar essa pessoa que eu sou, esse conhecimento que tenho, ela me deu toda essa liberdade, me deu essa condição, me proporcionou, eu e meus colegas a conhecer coisas que nós jamais iríamos conhecer se a Tetra Pak não nos tivesse dado essa oportunidade. E que na festa de 50 anos muitas pessoas escreveram muitas coisas para que, 10 anos, abrir e ver se realmente aquilo que foi escrito vai ser concretizado e eu fui uma das pessoas que escreveu alguma coisa. E que se a Tetra Pak continuar com essa filosofia de trabalho, dando toda essa assistência social, essa consciência de meio-ambiente, segurança educacional, a Tetra Pak vai se tornar uma das empresas ou a maior empresa de embalagens do mundo. Então o que eu quero dizer é que eu sou grato à Tetra Pak e acho que a Tetra Pak é uma empresa que talvez os meus netos possam comprovar isso, ela vai ser, talvez o Bill Gates de hoje no futuro, porque ela vai ser a embalagem diferenciada no mundo, pode ter certeza disso.
P/1 – A Tetra pak ela tomou essa iniciativa de estar fazendo esse projeto memória, que são os depoimentos, ouvindo os funcionários, ex-funcionários, de estar montando um acervo, de estar preocupada com a história dela. Você acha essa iniciativa positiva? E importante para a história da Tetra Pak, para a história do Brasil?
R – Eu acho que até demorou um pouco porque eu digo o seguinte, por isso que eu brinquei assim: “Eu sou um homem sem história!”, e quem não tem história não tem nada, então eu acho que a Tetra Pak tem que fazer essa história porque como é que nós vivemos o futuro se você não tem um passado ou uma história para contar? Como é que, por exemplo, alguém vai entender do porquê da Tetra Pak ter crescido tanto se não soubesse que nós trabalhávamos três dias por semana ou que nós passávamos um rolo quatro vezes na mesma máquina para ficar pronta! Então tudo isso aí, amanhã eu não vou poder contar isso, mas em algum lugar alguém vai poder pesquisar isso e saber qual foi a importância da Tetra Pak. Qual foi a importância da Tetra Pak, por exemplo, de poder tirar o leite lá do Sul e trazer aqui para São Paulo, alguém vai ter que saber disso, como foi. Então se não tivesse história como vai ser? Então quando você deixa passar muito tempo, para você lembrar isso é difícil, então eu, se eu pudesse montar uma empresa hoje eu começaria a contar a história dela já porque todas as coisas estariam gravadas.
P/1 – senão vai se perdendo!
R – Certamente eu poderia falar aqui três dias, mas a minha cabeça não vai lembrar disso. Então eu acho que esse trabalho que vocês estão fazendo é essencial para a Tetra Pak.
P/1 – E Mauro, eu estou observando, você tem um pin. E qual é a história dele?
R – Não, isso daqui eu acabei na FISPAL, é novo. Eu tenho alguns antigos ali de eventos que eu participei da Tetra Pak na Suécia, enfim, mas esse daqui é recente, então a história dele é muito novinha, têm outros mais antigos.
P/1 – Tem outros mais antigos que a Tetra Pak sempre deu? Ela tem essa?
R – Nós comemoramos muito, falei para você, ou por uma festa ou por um brinde, então nós sempre temos esse tipo de coisa assim.
P/1 – Tem algum que te marcou muito? Que você sempre se lembra dele?
R – Ah, tem um que não está aqui comigo, mas que, por exemplo, foi quando nós comemoramos os 10 anos de Tetra Pak, então esse aí eu tenho guardadinho comigo, é uma relíquia minha, mas tem bastante sim.
P/1 – E Mauro, você falou agora pouco do lema da Tetra Pak: “Protege o que é bom", e o que é bom para você?
R – O que está protegido pela Tetra Pak.
P/1 – E o que você achou de dar o depoimento?
R – Olha, não é fácil, vou ser sincero, falando ali nos bastidores é muito mais fácil do que aqui, mas é legal, na medida em que você vai perguntando a nossa memória vai buscando algumas coisas, sem dúvida tomando uma cerveja em um barzinho sairia muito mais coisas, porque, quer queira, quer não queira, acaba inibindo um pouco, nós não temos muita afinidade com as máquinas, mas foi bom.
P/1 – Você quer falar alguma coisa para a Tetra Pak? Deixar mais alguma coisa registrada?
R – Tetra Pak!
P/1 – Algum recado?
R – Eu quero deixar marcado que a Tetra Pak é importante porque as pessoas que estão nela são importantes e que ela cultive essas pessoas e não esqueça essas pessoas, porque se não existisse essas pessoas não teria Tetra Pak. Então o que eu queria deixar de recado é isso, que esse depoimento que amanhã ou depois, quando não tiver mais o Mauro aqui, quando não tiver mais as outras pessoas, as pessoas saibam que elas fizeram parte da história da Tetra Pak e a Tetra Pak existe porque as pessoas existem e as pessoas existem porque a Tetra Pak existe.
P/1 – Mauro, nós agradecemos o teu depoimento, a Tetra Pak agradece por você ter vindo, muito obrigada.
R – Eu que agradeço!
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