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Personagem: Kaká Werá Jecupé
Por: Museu da Pessoa, 24 de maio de 2007

O pássaro de mil vozes

Esta história contém:

O pássaro de mil vozes

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Minha família morava no extremo sul da cidade de São Paulo, quase no início da Serra do Mar. Meus pais vieram do norte de Minas, para tentar uma nova vida. E para isso eles se submeteram a diversas situações como, por exemplo, ocultar justamente seus valores e a sua cultura indígena. Eles se submeteram ao modo de vida da cidade grande. Meu pai trabalhou em sítios e fazendas próximas – mais tarde, essas propriedades se tornaram bairros. Para sobreviver, ele também lavou pratos em cozinhas de restaurantes. Já minha mãe trabalhava em casa, era a curandeira. Ela cuidava de ervas e plantas em geral no quintal.

Convivi com minha mãe até meus oito anos, quando ela fez a passagem, morreu cedo. Mas lembro muito dela observando determinada planta e dizendo: “Essa planta é boa para a asma. Se alguém aqui ficar com esse problema eu posso fazer um chá”. Meus irmãos e eu vivíamos sumidos, caminhando por trilhas, brincando de esconde-esconde, pega-pega, mas conforme crescemos, a mata foi sumindo. Quando eu estava para concluir o colegial, meu pai também faleceu. Meus irmãos tomaram rumos diferentes. Me senti livre, não tinha mais uma família para me segurar e fui conviver com os guaranis, como voluntário, para ajudar em alguma coisa que ainda não estava clara para mim.

Na tradição guarani, os nomes vêm por intuição. Participei de um ritual chamado Nhemongaraí, em que todos podem receber o nome, não importa a idade. Os guaranis se reúnem e o pajé canta invocando a Mãe Terra e o Grande Espírito. As pessoas vão até o pajé, que sopra o nome no ouvido. Ele me disse: “Werá Jecupé. Quando você for para outra aldeia, você participa de outro ritual e vai ter a confirmação desse nome”. Isso aconteceu três anos depois em uma outra aldeia. A partir daquele momento, já não era só uma afinidade com a cultura guarani, nem voluntariado. Era uma coisa muito mais forte. Estava inserido nessa cultura.

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