No ano seguinte à conclusão do curso prestei concurso para a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada no concurso passei a trabalhar no horário noturno (Supletivo de 5a. a 8a. série), pois pretendia dar continuidade aos estudos , agora em nível de pós-graduação.Já havia prestado exame para ingressar no mestrado de História, recém-inaugurado na UFF , e conseguira, ao mesmo tempo uma vaga para o curso de Realidade Brasileria e Desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES).
O curso do IBRADES se constituiu numa preparação para o mestrado de Ciência Política do IUPERJ. Estava, já a essa altura , insatisfeita com o mestrado da UFF ,que se concentrava no estudo de História da América e História do Brasil. No caso de Brasil, área por mim escolhida, os estudos voltavam-se para a questão da escravidão. Como meu interesse estava centrado na História Contemporânea, em especial a discussão política , busquei uma pós-graduação que aprofundasse essa temática. Desde modo concorri a seleção do Mestrado de Ciência Política do IUPERJ e ingressei na instituição em 1975.
Com a entrada no mestrado de Ciência Política abandonei o mestrado de História que frequentara durante um ano. Foi uma experiência dura e bastante diferente das anteriores. O projeto de pós-graduação do IUPERJ seguia o modelo do "schoolar" norte-americano. Seu corpo docente era integrado por professores que, na sua maioria, haviam conquistado o título de PHD nos Estados Unidos. Vinham de Berkeley, Stanford, Michigan dispostos a construir um centro de excelência em Ciências Sociais. Trabalharam inicialmente com o curso de mestrado articulado à produção de pesquisas, geralmente encomendadas por órgãos do geverno.
A passagem pelo IUPERJ foi importante para aprofundar e atualizar conhecimentos teóricos em Ciências Sociais e pela oportunidade de trabalhar como pesquisadora .Destaco aqui o contato com uma literatura de...
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No ano seguinte à conclusão do curso prestei concurso para a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada no concurso passei a trabalhar no horário noturno (Supletivo de 5a. a 8a. série), pois pretendia dar continuidade aos estudos , agora em nível de pós-graduação.Já havia prestado exame para ingressar no mestrado de História, recém-inaugurado na UFF , e conseguira, ao mesmo tempo uma vaga para o curso de Realidade Brasileria e Desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (IBRADES).
O curso do IBRADES se constituiu numa preparação para o mestrado de Ciência Política do IUPERJ. Estava, já a essa altura , insatisfeita com o mestrado da UFF ,que se concentrava no estudo de História da América e História do Brasil. No caso de Brasil, área por mim escolhida, os estudos voltavam-se para a questão da escravidão. Como meu interesse estava centrado na História Contemporânea, em especial a discussão política , busquei uma pós-graduação que aprofundasse essa temática. Desde modo concorri a seleção do Mestrado de Ciência Política do IUPERJ e ingressei na instituição em 1975.
Com a entrada no mestrado de Ciência Política abandonei o mestrado de História que frequentara durante um ano. Foi uma experiência dura e bastante diferente das anteriores. O projeto de pós-graduação do IUPERJ seguia o modelo do "schoolar" norte-americano. Seu corpo docente era integrado por professores que, na sua maioria, haviam conquistado o título de PHD nos Estados Unidos. Vinham de Berkeley, Stanford, Michigan dispostos a construir um centro de excelência em Ciências Sociais. Trabalharam inicialmente com o curso de mestrado articulado à produção de pesquisas, geralmente encomendadas por órgãos do geverno.
A passagem pelo IUPERJ foi importante para aprofundar e atualizar conhecimentos teóricos em Ciências Sociais e pela oportunidade de trabalhar como pesquisadora .Destaco aqui o contato com uma literatura de peso para a minha formação ( a análise de textos clássicos e contemporâneos da Ciência Política,o aprofundamento de temas sobre relações étnicas, metodologias de pesquisa,epistemologia das ciências sociais,etc).Dos trabalhos de curso destaco a pesquisa realizada no primeiro semestre de 1976 na Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira. O estudo , com uma abordagem etnográfica (observação participante), partia do pressuposto de que ,numa situação de hegemonia, a possibilidade de equivalência entre a ideologia dominante e a ideologia veiculada pelas agências de socialização da sociedade civil é maior exatamente pela eficácia da classe dirigente em difundir os seus valores como universais.Utilizando os conceitos gramscianos de ideologia e hegemonia buscamos investigar a possibilidade de encontrar registros de crítica à ideologia dominante nas letras das músicas de compositores da Escola. O estudo coincidiu com a fase de transição da escola de samba como espaço de manifestação da cultura popular para objeto de consumo da indústria cultural.
Quando conclui as disciplinas obrigatórias fui convidada a trabalhar na Instituição em duas pesquisas. A primeira coordenada pelos professores Renato Boshi e Eli Diniz estava levantando dados sobre as relações entre o empresariado e o Estado no Brasil. Nela permaneci até a elaboração do primeiro relatório parcial.O estudo, tendo como objeto de análise a empresa privada visava demonstrar que a eficiência operacional da empresa é função de dois conjuntos de fatores: o perfil estrutural de sua organização e os recursos humanos. O relatório de trabalho expôs os primeiros resultados da pesquisa no tocante ao levantamento de empresas sediadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerias.
A segunda pesquisa em que atuei , coordenada por Cléa Sarmento, estava voltada para a construção do perfil do Administrador Público de Alto Nível, tendo como estudo de caso o Ministério da Agricultura ( anos 70). A pesquisa resumiu-se a dois aspectos: (1) formular a proposta metodológica aplicável a toda administração pública federal ;(2) testar o modelo proposto no Ministério da Agricultura, procurando caracterizar seus "administradores de alto nível", através de um "survey" que foi realizado de outubro a dezembro de 1977, em Brasília.
O estudo, de caráter exploratório, cobriu um amplo expectro de questões relacionadas à absorção pelo setor público brasileiro , de administradores de alto nível, para atender às necessidade emergentes de expansão do Estado . Como fato marcante acentuou que na burocracia pública estava presente a combinação de forças tradicionais e forças modernizantes.Nela se multiplicavam os espaços de poder propiciando a convivência da administração tradicional com a tecnocracia.
Tomou-se por base que o critério preponderante de recrutamento das elite administrativa brasileira obedecia basicamente a reprodução desse contingente humano, absorvido pelo Estado, como elemento novo na estrutura de decisão, favorecendo desta forma a estabilidade e a sobrevivência das organizações burocráticas.
Nos seus comentários finais o Relatório levantou algumas considerações relevantes: (1)estudos sobre a burocracia brasileira não devem deixar de levar em conta sua diversidade interna com lógicas próprias de funcionamento; (2) há diferenças marcantes entre o setor burocrático e o setor empresarial do Estado. No último havia maior grau de autonomia decisória e, consequentemente, maior disponibilidade de recursos de poder. Além disso, os níveis de seu status econômico eram maiores , o que resultava em maior satisfação profissional; (3) não se identificou grandes diferenças de padrões educacioanis e profissionais entre os burocratas de alto nível.
Concluída a pesquisa, com Cléa fui convidada a permanecer na Instituição para elaborar minha dissertação de mestrado que seria financiada com recursos da FINEP, juntamente com a dissertação de doutoramento de minha orientadora, Maria Regina Soares de Lima, já que ambas versavam sobre as relações Brasil-Estados Unidos.Pedi demissão da instituição em 1978 já que a experiência de se elaborar teses em conjunto apresentou momentos de tensão , atrapalhando minha relação com a orientadora. Preferi concluir minha tese , sacrificando o emprego na Instituição.
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