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Personagem: Françoit Moise Bamba
Por: Museu da Pessoa,

O homem que escutava

Esta história contém:

O homem que escutava

Vídeo

Onde eu nasci tinha o fenômeno dos cortadores de cabeça na cidade. Corríam rumores de que as pessoas cortavam as cabeças das pessoas e, com fórmulas mágicas, essas cabeças eram enterradas e viravam ouro ou diamante. Verdade ou mentira, a gente encontrava muitos troncos humanos sem cabeça. Teve até pessoas que foram presas, julgadas e reconheceram que tinham feito isso. Então, eu tinha saído - porque eu tinha pedido permissão ao meu pai. Então, eu voltei bem tarde e encontrei um monte de gente em volta da casa. As pessoas já estavam vindo apoiar a família com as condolências e tudo já estavam apresentando os pêsames à minha família, porque eles achavam que os cortadores de cabeça tinham conseguido me pegar e cortado minha cabeça. Foi quando me viram, que puderam me agarrar, e o meu pai me deu umas palmadas nesse dia. Quando eu terminei de chorar, ele reuniu todo mundo e contou essa história. Essa vez foi a primeira vez que me lembro de meu pai contando uma história..

Na escola de narração do meu pai, a gente começava para todas as crianças; a gente podia começar para três crianças e, antes do fim, a gente já estava em 50 crianças. Como a gente podia começar com 50 crianças, e, à medida que ia passando, alguns dormiam. E a história continuava até que o último que estava ouvindo dormisse. Enquanto tivesse ouvidos para escutar, a pessoa mais velha que está contando, nunca adormece. Ela só pode se calar quando, realmente, todo mundo dormiu. E estar deitado não quer dizer que a pessoa está dormindo. Muitas vezes aconteceu que a gente deitava e a pessoa adulta que estava contando, olhava... Pensava que estávamos dormindo e parava. A gente, deitado, dizia: "Não, não estamos dormindo, a gente está ouvindo". Então, aconteceu algumas vezes e eu tenho imagens que vêm na minha cabeça, onde eu vejo nós todos deitados e ouvindo, simplesmente, a voz da pessoa que contava a história embalando a gente. Isso fazia com que a mesma...

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Dados de acervo

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Projeto Afinadores de Ouvido

Depoimento de François Moïse Bamba

Entrevistado por Jonas Samaúma e Rosana Miziara

Traduzido por Laura Tamiana

São Paulo, 10/12/2019

PCSH_HV780 _ rev.

Gravado por Alisson da Paz

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Ana Beatriz Cunha

Revisado por Paulo Rodrigues Ferreira

P/1 – Então... Eu gostaria, profundamente, de agradecer... Realmente, é uma honra para o Museu e para todo o Brasil e, para começar, eu gostaria que você se apresentasse, falasse o seu nome, o local e a data do seu nascimento.

R — Para mim é que é uma honra. Eu agradeço a vocês o interesse. Eu me chamo François Moïse Bamba e nasci no dia 21 de agosto de 1968, às 15 horas e 10 minutos. Filho de Eloá Bamba e (nome africano)[01:37]. Eu sou filho de uma família de 14 filhos - sete meninos e sete meninas - e eu sou o décimo primeiro.

P/1 – E o que você sabe sobre a história do seu nascimento?

R – A história do meu nascimento, eu aprendi por uma reclamação que fiz. Eu reclamei uma vez que não tinha um nome botânico ou um nome biológico. Eu reclamei porque eu tinha dois nomes, mas os dois eram cristãos. Me disseram: "Não, o Moïse é uma referência ao seu nascimento, porque no 21 de agosto de 1968 sua mãe já estava no fim da gravidez e durante todo o dia ela lavou roupa. Por volta das 14 horas, uma grande chuva começou. Ela terminou de lavar a roupa debaixo dessa grande chuva, e aí o trabalho de parto começou". Então, eu nasci debaixo dessa grande chuva. Moïse quer dizer: "o que foi salvo das águas". Dito numa outra língua, mas é uma referência a um fato do meu nascimento. O que sei do meu nascimento é isso.

P/1 – E se ele pudesse me dar uma pincelada do que ele sabe da história dos avós dele...

R – O que eu conheço sobre os meus avós. Do lado do pai, primeiro. Meu pai nasceu… A gente encontrou, na verdade, duas Certidões de Nascimento: uma dizia que ele nasceu em 1905 e uma outra...

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