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Por: Museu da Pessoa, 9 de novembro de 2006

O defensor dos Sateré-Mawé

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O defensor dos Sateré-Mawé

Eu tinha toda esta formação e na Faculdade de Direito, eu já tinha percebido que havia um distanciamento muito grande entre o que muitos professores diziam e aquilo que faziam e que apoiavam na prática. E aí pra mim ficou clara a existência de professores que já poderiam ser classificados como homens da direita, que tinham uma opção pela direita, que faziam belos discursos, escreviam livros falando do Liberalismo, mas que apoiavam totalmente o capitalismo com toda a sua cadeia de efeitos negativos, especialmente a discriminação, discriminação econômica e social.

Eu estava vivendo esse ambiente muito atento a isto e, de certo modo, já começando a ter problemas na Faculdade de Direito porque eu era já então visto, por alguns professores, como um rebelde. E foi, então, que eu pude assistir de perto um aspecto da preparação do Golpe de 64. Professores da Faculdade de Direito, aí vem o Professor Gama e Silva, que foi o autor do AI-5, professor Ernesto Leme, o professor Miguel Reale, Moacir Amaral Santos, tinham intensa participação nas articulações que resultaram no Golpe de 64, e eu me lembro muito, foi um momento muito marcante que me causou enorme indignação. Lembro do dia em que nós estávamos na sala dos professores conversando informalmente e tomando café quando chegou o professor Ernesto Leme exultante para dizer: “derrubamos o Jango, derrubamos o Jango!” O Jango era o João Goulart, o presidente constitucional da República que tinha chegado à presidência eleito pelo povo. E o professor Ernesto Leme disse: “o Jango fugiu, então, na verdade não houve nenhuma ilegalidade, sem um arranhão” - eu me lembro muito bem dessa expressão que me agrediu muito - “sem nenhum arranhão na Constituição, nos livramos do Jango!” O que era mentira! O Jango teve que sair do Brasil para não se preso, e na verdade ele foi deposto, mas eu assisti a estas coisas, de certo modo, dos bastidores, vendo de...

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Dalmo de Abreu Dallari

Nascimento: 31/12/1931, Serra Negra

Profissão: Advogado

P/1 – Então professor, eu gostaria que o senhor primeiro nos dissesse seu nome completo, a data e o local de nascimento.

R – Bom, Dalmo de Abreu Dallari. Nasci em Serra Negra, no Estado de São Paulo, em 31 de dezembro de 1931.

P/1 – Eu gostaria que o senhor falasse um pouco sobre a origem da sua família, como os seus pais se conheceram.

R – Eu sou neto de imigrantes italianos. O meu avô, Alfredo Dallari, minha avó Maria Dallari, vieram para o Brasil no final do século XIX e logo se instalaram em Serra Negra e ficaram vivendo ali. Meu avô era sapateiro e meu pai começou também nessa atividade e, depois, abriu uma pequena loja de sapatos e ficou, então, comerciante na cidade de Serra Negra. E minha mãe é de uma antiga família brasileira ligada à família Leme e, antigamente, isso remonta lá século XVIII, XIX, eles tinham sido grandes fazendeiros. Depois, a família foi se desmembrando, foi se dissolvendo de certo modo e já quando chegou a geração de minha mãe, o pai dela tinha um pequeno sítio na cidade de Serra Negra e ela viveu, então, alguns anos no sítio, depois mudaram para a cidade. Ela estudou lá no grupo escolar e tinha uma particularidade curiosa, que talvez se deva a essa origem familiar, ela era culta embora tendo só o grupo escolar, ela conhecia autores clássicos e tinha inclusive uma biblioteca muito interessante, que pra mim foi extremamente útil, assim por exemplo, eu li Camões quando era aluno do grupo escolar porque minha mãe tinha o livro de Camões. E ela influi muito para a definição da minha opção pelo Direito, porque ela, entre outras coisas, falava muito da Faculdade de Direito de São Paulo, conhecia os poetas românticos e inclusive mencionava alguns professores com certa veneração. Isto pesou muito, claro que aí pesou também a própria atitude do meu pai que era de fato um líder, porque a sua pequena loja de...

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