Meu nome é Joice Yumi Matsunaga, escrevo da Zona Leste da cidade de São Paulo. Hoje é 2 de agosto de 2020, o sétimo dia da minha jornada de sete dias. O que vem acontecendo só vem demonstrar como somos frágeis diante da natureza e que não somos donos do mundo. Diante de tantas incertezas, é difícil projetar minha vida no futuro. Embora nunca tenha sido possível saber do dia amanhã, eu tinha mais confiança em alguns projetos e nos passos que estava dando até a pandemia. Não quero perder o horizonte de vista, mas tenho pensado mais um dia de cada vez, agradecendo diariamente pela minha saúde e das pessoas que fazem parte da minha vida e cada conquista social. No futuro, eu espero estar cercada das pessoas que amo, desenvolver atividades que façam bem e façam sentido dentro daquilo que acredito. Quero ser valorizada e respeitada, como todas as pessoas deveriam ser e, em especial, dar um abraço na minha vó. Eu espero que ano que vem todos estejam imunes contra o coronavírus e possamos nos reunir sem medo; que as pessoas estejam mais preparadas para outros males que possam surgir e conscientes em todos os sentidos, principalmente, em relação à política. No meu futuro ideal, o país não será governado com uma política da morte, que nega a ciência e vai contra as conquistas da luta social de muitos anos. Deixo registrado que poderíamos sim ter evitado milhares de mortes com mais responsabilidade e respeito pela vida. Meu desejo é que amanhã não siga a impunidade e que as injustiças fiquem na memória coletiva para não serem repetidas, acredito que esse diário seja uma ferramenta para isso.