Projeto Museu do Futuro CTBC Telecom
Programa de Memória Oral
Realização – Museu da Pessoa
Depoimento de Geny Darc Tavares Nunes
Entrevistada por Luiz Egypto de Cerqueira e Rosali Henriques
Local de gravação: Uberlândia
Data: 26/04/2000
Código do depoente: CTBC_HV012
Transcrito por Surya Aaronovich Pombo de Barros
Revisado por Teresa de Carvalho Magalhães
P/1 - Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 - Eu queria que para início de conversa você por favor dissesse seu nome completo, a data do seu nascimento e onde você nasceu.
R – Meu nome completo é Geny Darc Tavares Nunes nasci em Perdizes, Minas Gerais, dezenove de fevereiro de 1952.
P/1 – E como é o nome do seu pai?
R – Evaristo Venâncio Tavares.
P/1 – E a sua mãe?
R – Odorica Rosa Tavares.
P/1 – Fala um pouco do seu pai e da sua mãe, o que seu pai fazia?
R – Ah, meu pai viveu na fazenda a vida toda dele, até que, eu não tenho pai mais, até falecer, e ele só lidava por fazenda desde que eu entendi, já faz mais de quinze anos que eu perdi meu pai e desde que eu conheci ele só mexia em fazenda.
P/1 – E como que era essa fazenda?
R – Ele tinha tipo um sítio, uma fazenda que ele vivia, era dele mesmo. Cuidava, trabalhava, mexia com agricultura, era com gado, e a gente tinha lá essa fazendinha e ele vivia daquilo.
P/1 – E a sua mãe?
R – Minha mãe sempre lutou para trabalhar em casa mesmo, de doméstica, para criar os filhos e até hoje, até hoje que não tem quase ninguém com ela mais, ela vive sozinha, bem dizer.
P/1 – Como é que era essa sua casa da infância lá em Perdizes?
R – Era uma casa simples, não tinha nada, assim, casa de fazenda mesmo, que viviam nove filhos lá, todo mundo junto, depois que foram casando os filhos, mas era uma casa simples, não tinha nada de importante.
P/1 – Mas você é capaz de descrever como é que ela era?
R – Sim, era uma casa, uma telha eternit, mas era assim bem organizadinha, mas simples, não tinha...
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Programa de Memória Oral
Realização – Museu da Pessoa
Depoimento de Geny Darc Tavares Nunes
Entrevistada por Luiz Egypto de Cerqueira e Rosali Henriques
Local de gravação: Uberlândia
Data: 26/04/2000
Código do depoente: CTBC_HV012
Transcrito por Surya Aaronovich Pombo de Barros
Revisado por Teresa de Carvalho Magalhães
P/1 - Bom dia.
R – Bom dia.
P/1 - Eu queria que para início de conversa você por favor dissesse seu nome completo, a data do seu nascimento e onde você nasceu.
R – Meu nome completo é Geny Darc Tavares Nunes nasci em Perdizes, Minas Gerais, dezenove de fevereiro de 1952.
P/1 – E como é o nome do seu pai?
R – Evaristo Venâncio Tavares.
P/1 – E a sua mãe?
R – Odorica Rosa Tavares.
P/1 – Fala um pouco do seu pai e da sua mãe, o que seu pai fazia?
R – Ah, meu pai viveu na fazenda a vida toda dele, até que, eu não tenho pai mais, até falecer, e ele só lidava por fazenda desde que eu entendi, já faz mais de quinze anos que eu perdi meu pai e desde que eu conheci ele só mexia em fazenda.
P/1 – E como que era essa fazenda?
R – Ele tinha tipo um sítio, uma fazenda que ele vivia, era dele mesmo. Cuidava, trabalhava, mexia com agricultura, era com gado, e a gente tinha lá essa fazendinha e ele vivia daquilo.
P/1 – E a sua mãe?
R – Minha mãe sempre lutou para trabalhar em casa mesmo, de doméstica, para criar os filhos e até hoje, até hoje que não tem quase ninguém com ela mais, ela vive sozinha, bem dizer.
P/1 – Como é que era essa sua casa da infância lá em Perdizes?
R – Era uma casa simples, não tinha nada, assim, casa de fazenda mesmo, que viviam nove filhos lá, todo mundo junto, depois que foram casando os filhos, mas era uma casa simples, não tinha nada de importante.
P/1 – Mas você é capaz de descrever como é que ela era?
R – Sim, era uma casa, uma telha eternit, mas era assim bem organizadinha, mas simples, não tinha muita importância não. Eu lembro dela. E a gente morou perto também, antes da gente adquirir esse sítio tinha uma casa que a gente morava que era só de barro, feita de capim, nós já moramos numa casa dessa antes da gente adquirir esse sítio.
P/1 – E os seus irmãos?
R – Meus irmãos são quatro homens e cinco mulheres, hoje são todos casados, não tem nenhum solteiro, e minha mãe vive sozinha.
P/2 – Ela ainda mora lá nesse sítio?
R – Não, não, minha mãe mora aqui com a gente.
P/1 – E quando é que você saiu de Perdizes? Perdizes fica perto de onde?
R – Perto de Araxá. Nós saímos de lá, meu pai decidiu vender e comprar uma casa aqui em Uberlândia para ter uns estudos, para poder estudar os filhos, ter uma… Poder melhorar de vida. Que a vida que a gente levava lá não era boa, não era vida muito boa, era uma vida sacrificada, os filhos não estudavam. Então ele resolveu vender o sítio e comprar uma casa aqui em Uberlândia para estudar os filhos, e foi isso que ele fez.
P/1 – O que você chama de vida sacrificada?
R – Sacrificada assim, não tem uma oportunidade para você ter um estudo, não tem nada, é aquela vida de fazenda, só ali, não é uma vida boa. Sacrificada nesse sentido, de não ter, não poder estudar um filho, o que fazia era para comer, então aquilo lá ele sentia sacrificada aquela vida, de não poder estudar os filhos. Então ele resolveu fazer isso.
P/1 – As crianças trabalhavam, ajudavam na lida?
R – Ajudavam, todas ajudavam desde pequeno.
P/1 – Você se lembra o quê que você fazia?
R – Lembro. Eu lembro uma vez que eu fui levar um caldeirão de comida pros peão na fazenda e fui de cavalo, o cavalo virou, o arreio do cavalo virou e eu caí de lado com o caldeirão de comida e derramou a comida tudo e meu pai me bateu (risos), foi horrível.
P/2 – Quais eram as brincadeiras que vocês faziam?
R – Ah, muitas. Rodinha, era pique-de-esconder, era maravilhoso. Era assim, um tipo de fazenda, um tipo de infância que a gente gostava também, entendeu? Era muito divertido, chegava à tarde a gente chegava da roça onde que a gente ajudava meu pai, então a gente ia brincar, a gente tomava um banho rápido ali, aqueles banho de chuveiro de latão amarrado no teto (risos) e ia divertir, brincava, era a diversão da gente. Mas passou, né, não tem mais. Eu sinto saudade.
P/2 – Tinha luz elétrica no sítio?
R – Não, não tinha, era luz de lamparina mesmo.
P/1 – Vocês saíram de lá quando?
R – Olha, nós saímos de lá em 1970.
P/1 – Foram para...?
R – Viemos para cá.
P/1 – Para Uberlândia?
R – Para Uberlândia.
P/1 – Nessa época de Perdizes vocês frequentavam escola?
R – Sim, a gente tinha uma escola rural lá que a gente frequentava, mas não era escola muito boa, né, mas frequentava uma escolinha rural.
P/1 – Você se lembra da sua professora?
R – Lembro, chamava Yeda, não esqueço dela até hoje. Ela me punha de castigo, chegava atrasada, eu era muito custosa, eu era uma das alunas mais custosas da sala. Então ela me punha de castigo, punha atrás de uma porta lá, mas ela não punha de joelho não. Tinha uma porta, eu lembro direitinho, era uma escolinha de pau-a-pique de bambu, e umas carteira comprida assim, a gente sentava, e eu fazia muita bagunça com os meninos e ela me punha de castigo atrás de uma porta lá, ai que horrível. (risos) Mas foi bom.
P/1 – Bagunceira?
R – Era. (risos)
P/1 - E depois aqui em Uberlândia vocês foram frequentar uma escola também?
R – Sim, depois que a gente veio para cá todos foram estudar. Então a gente começou, teve um pouco de dificuldade em adaptar, assim que a gente chegamos aqui, né? Meu pai comprou uma casa, até que controlou, eu comecei trabalhar como, assim, primeiro emprego meu foi trabalhar de babá, eu trabalhei ajudando uma senhora cuidar de uma criança que ela trabalhava fora e eu cuidava da criança dela. Depois disso aí eu saí para CTBC, não trabalhei de carteira assinada nem nada.
P/1 – Nessa casa para onde vocês mudaram, como é que era?
R – Uma casa simples também, não era casa boa onde que meu pai comprou. Depois que a gente foi reformando ela. Mas era uma casinha muito simples, tinha só dois quartos, nós éramos nove filhos, não tinha nenhum casado quando nós mudamos para cá, dormia tudo num quarto só amontoado lá, mas passou. Depois meu pai melhorou um pouco a situação, ele aumentou a casa e foi passando. Depois ele vendeu ela e comprou outra onde que a minha mãe vive até hoje, e tudo bem.
P/1 – E atividade do seu pai aqui foi, veio fazer o quê?
R – Não, meu pai chegou aqui ele não fez nada, ele parou. Porque meu pai já era um pouco de idade e não estava muito bem de saúde. Então no chegar aqui ele não foi mexer com mais nada, ele ficou quieto. Aí deixou pros filhos.
P/2 – Essa casa que seu pai comprou, essa primeira casa, que bairro em que é?
R – O mesmo bairro, Tubalina, até hoje.
P/1 – E como que era o dia a dia da casa, você é capaz de lembrar que horas vocês acordavam, como que eram as refeições?
R – Olha, a gente continuou assim na mesma vida como se fosse na fazenda até a gente adaptar melhor à cidade. A gente acordava cedo, horário de almoço era faixa de onze horas, dez e meia, e demorou para mudar o ritmo de vida da gente, depois que a gente foi pegando o ritmo da cidade, foi mudando, foi arrumando emprego, foi conhecendo as pessoas. E daí por diante a gente foi desenvolvendo.
P/1 – E que idade você tinha quando veio para cá?
R – Eu tinha dez anos.
P/1 – Como é que era para uma criança de dez anos chegar numa cidade como essa?
R – Ah, achei super estranho, né? Até que adaptava tudo achei super estranho, não conhecia ninguém, então era só aquilo ali. Depois a gente foi pegando amizade, aí foi melhorando a vida. Comecei a arrumar meu primeiro emprego, conhecendo as pessoas, entrando na escola, aí foi bom, fui conhecendo as pessoas e adaptando ao clima da cidade.
P/1 – Fala um pouco dessa escola, da sua escola aqui em Uberlândia.
R – Primeira escola minha foi Alda Mota Batista, lá no bairro mesmo. A gente chegou lá para matricular, minha mãe foi lá para matricular um monte de menino de uma vez, que eram nove filhos, né, um monte; aí conversando com a diretora até que controlou tudo que não tinha muita vaga, mas até que deu certo. Mas foi bom, um tempinho muito bom também da primeira escola.
P/1 – Por que?
R – Uai, a gente assim, uns professor novo, que na fazenda era só uma professora, não tinha, os professores, o diretor, era mais rígido, a gente foi entrosando com a turma de escola, foi muito bom, ótimo.
P/1 – Você ficou nessa escola até quando?
R – Eu estudei até a 4ª série lá.
P/1 – E depois?
R – Depois eu mudei para uma escola ali no, Angela Teixeira, no bairro perto do Rei Massas ali, eu não lembro o nome daquele bairro, aí eu fiquei lá até terminar o 1o. colegial, 2o colegial, depois o 3o colegial eu já vim fazer cá no colégio ali Inconfidência mais perto da CTBC, que eu saía de lá e já ia para escola, e ali eu terminei o curso de contabilidade, fiz contabilidade lá.
P/1 – E esse seu primeiro emprego de babá que você havia se referido, quem era, como é que era essa pessoa, como era essa casa?
R – Era uma casa muito chique, uma senhora muito elegante, ai que bom que era trabalhar lá! Nossa, parece que eu estava num outro mundo. E uma criança assim muito levada, que me dava muito trabalho para cuidar dela e a mulher era muito enjoada também. Nossa senhora, como me dava trabalho! E eu não fiquei lá muito tempo não, que eu não aguentei aquela vida de cuidar de menino, que eu não sou muito de cuidar de filho, de criança, assim, não tenho muita paciência. Então eu fiquei mais ou menos o quê? Uns seis meses junto com ela lá trabalhando, depois eu saí. Depois eu fiquei desempregada, depois fiquei um bom tempo aí, procurando emprego, uma colega minha que trabalhava na empresa falou: “Olha, Geny, eles estão fazendo inscrição, vai lá”. Aí eu fui lá e fiz. Aí passou uns três, quatro dias, eles foi e me ligou, falou que era para eu ir lá, fazer uma entrevista. Aí eu fui.
P/1 – Isso foi quando?
R – Foi em 1975.
P/1 – E você tinha alguma vontade de ser alguma coisa na empresa, fez uma inscrição para quê?
R – Para trabalhar, para ganhar dinheiro, para conhecer coisa nova… Porque minha vida era assim: era mocinha novinha, então gostava muito de ganhar dinheiro para eu comprar trem bonito para mim. Então falei assim: “Nossa, vou arrumar, vou trabalhar lá para mim andar bem bonita igual as outras moça anda”. Porque a gente vem da fazenda, vem assim tão desleixado, não tem nada, não tem dinheiro para comprar nada. Então meu desejo era esse de trabalhar numa firma e graças a Deus estou lá até hoje. Deu tão certo que num instante, fui lá, fiz as entrevistas, eles me chamaram, eu fiz uns teste lá muito difíceis que, não era muito... eu era nova na cidade, mas deu tudo certinho, aí eles me chamaram, parece que uns três, quatro dias me chamaram para ir lá. Deu certo.
P/1 – E essa entrevista, como é que foi, você se lembra dessa entrevista?
R – Deixa ver se eu lembro. Mais ou menos. A gente sentou numa mesa redonda assim, eram umas dez pessoas que estavam fazendo essa entrevista. Aí a pessoa que foi fazer a entrevista com nós avisou para gente que a gente não podia estudar porque era em horário de rodízio, a gente trabalhava de tarde, de noite e de manhã. Então era revezado, a gente não podia estudar. E eu fiquei muito triste com isso que eu estava na escola e não queria sair da escola também. Aí eu pensei assim, mas, aí na entrevista ainda eu conversei com ela: “Mas mesmo se a gente trocar esses horário para gente poder estudar?”. “Não”, ela foi dura: “Não, aqui entrou é assim, estudar não pode, não pode estudar, você já sabe disso, você já está entrando aqui sabendo disso, não pode estudar”. Falei assim: “Ai, seja lá o que Deus quiser, né, mas eu preciso do emprego”, e entrei. E foi, e todo mês era um horário, ela colocava lá no quadro aquele horário de escala de trabalho. Ai meu Deus, o mês que eu pegava à noite, que eu estudava à noite, nossa mas eu chorava, e eu tinha que mudar o meu período de aula para manhã, e era completamente diferente. Aí eu fui na escola, conversei com o diretor a minha situação, ele pegou e: "Olha Geny, eu vou fazer isso para você porque você quer estudar, mas é complicado, porque a matéria de manhã é uma, à noite é outra, você vai ser prejudicada”, eu falei assim: “Mas tudo bem, eu vou”. Aí quando revezava meu horário para noite eu ia lá no diretor, conversava com ele, passava a estudar de manhã. Tudo diferente, tudo complicado, minhas matéria ficavam complicadas para fazer prova, né? Tudo bem, aí eu mudava o horário para noite de novo. Eu ia, eu pegava toda aquela matéria do mês inteirinho do pessoal, colega de escola da noite, copiava para poder fazer as provas da noite. Aí você ia mais ou menos dois a três meses podendo frequentar aula à noite. Depois mudava para noite de novo, aí era de manhã. Era a maior complicação mas graças a Deus essa batalha minha deu tudo certo. Eu dei conta de vencer. A única pessoa que fazia esse tipo de coisa era eu, as outras meninas desistiram da escola, que entraram comigo.
P/1 – Quando você chegou na companhia você chegou para fazer exatamente o quê?
R – Para trabalhar de telefonista, eu gostaria de mexer com telefone. Então foi o que me, o departamento que me contratou foi esse. E estou lá até hoje, de telefonista até hoje.
P/1 – E onde você começou a trabalhar?
R – Na CTBC? No tráfego, era tráfego, né, lá no 101, naquelas mesonas que tinham lá.
P/1 – E que endereço que era aquele?
R – João Pinheiro, 620.
P/1 – Como é que era seu trabalho?
R – Bom, primeiro eu cheguei lá, eu fiquei perdida lá no meio de tanta luz e de tanta pega, de tanto botãozinho que tinha lá. Eu fiquei perdida naquilo lá, falei: “Isso nunca que eu vou dar conta disso aqui, né?”. Eu fiquei ouvindo, ouvindo o serviço, ouvindo as menina trabalhar durante o período de um mês para aprender o trabalho e eu pensei que eu não ia dar conta, né, porque na minha cabeça vinha que eu não ia dar conta daquilo que eu achava super complicado, e ouvindo uma menina do serviço de informação que ela trabalhava numa mesinha sozinha no meio da sala lá, ela sabia tudo de cor, tudo quanto é telefone de Uberlândia, eu fiquei perdidíssima, falei assim: “Eu não vou dar conta disso aqui” . E eu cheguei no chefe e perguntei: “Escuta, a gente tem que saber tudo de cor rápido assim?”. Ela falou: “Não, você vai aprendendo devagarzinho”. Porque ela sabia tudo, batia nela ela falava tudo na hora. Falei assim: “Nossa senhora, eu é que não vou dar conta, né?”. Aí depois de trinta dias que a gente estava ouvindo o pessoal trabalhar, que aí já foi começando a pegar e uma pessoa atrás ouvindo a gente trabalhar. E era muito serviço naquela época, nossa senhora, era horrível! Assim, que as luzinhas ficavam tudo acesa, tudo acesa, e levava mais ou menos assim, faixa de metade de um dia para você completar uma ligação via Belo Horizonte, por exemplo, para conseguir, porque era muito. E a gente fazia tudo uns bilhetinhos, os bilhetinho ficava dessa altura assim para gente fazer via outras cidades, cidadezinha pequenininha que não tinha DDD e a gente conseguia, ficava o quê, duas horas, três horas até quatro, seis horas para conseguir uma ligação, para fazer. Era muito difícil, nossa como era! E foi passando o tempo e foi mudando, né, cada passagem que ia modificando mais.
P/1 – Você se lembra dessa pessoa que dava informação, do nome dela?
R – Lembro, Maria Abadia, só que eu não sei nem onde que ela existe mais.
P/1 – Quando você chegou já havia DDD, né? Mas não para todas as cidades.
R – Não, muito pouco, só pras capitais mesmo que tinha. E a gente dependia dessas capitais tudo para fazer as ligações via outras cidades pequenininhas que não tinha DDD, que era a maioria, né, não existia. Então a gente fazia tudo através das capitais que ligavam para a gente, e eram todas as cidades chamavam lá para fazer as ligações, tumultuava. Então dava congestionamento e a ligação não saía. E a gente ficava... Tinha umas mesa lá que era tristeza o dia que a gente era escalada para sentar nelas, por exemplo, de Araguari caía tudo aqui e era tanto serviço e a gente não conseguia, falava tudo via Belo Horizonte. Nossa, era tão difícil trabalhar lá! Quando chegava o dia de você ser escalada lá, falava: “Ai meu Deus, hoje eu vou morrer, porque não vou dar conta”. Mas passava. E o pessoal cobrava muito da gente, as chefes que eram as monitoras cobravam muito da gente aquilo ali.
P/1 – Como era o processo, o assinante pedia a ligação? Descreve o processo do princípio ao fim, até ele completar, até ele falar.
R – É, ele pedia uma ligação, por exemplo: “Eu quero uma ligação para…”. Deixa eu ver uma ligação difícil que era para fazer, deixa ver se eu me lembro... Ai, Paranaíba? É, ele pedia uma ligação para Paranaíba, a gente dependia de outra cidade para ligar. Então ele falava: “Olha, eu quero uma ligação para Paranaíba, eu quero, vê se você consegue o mais rápido possível, porque é problema de negócio, eu preciso falar”. Só que não completava rápido, a gente já avisava para eles: “Ó, sua ligação vai ser um pouco demorada, assim que a ligação sair a gente retorna pro senhor”. Aí ele chamava lá, reclamava, mas não tinha condição, a gente tinha que esperar, chamava em outra cidade, ela dava uma ordem, era tudo por bilhete, você fazia os bilhete de ordem, passava uma ordem para você, por exemplo: “Daqui quatro horas que a sua ligação vai sair”, você tinha que dar o retorno pro cliente que era daqui quatro horas que a ligação dele ia sair. Era desse jeito, cliente ficava nervoso. Mas as pessoas antigamente eram mais calmas, elas já entendiam a situação da telecomunicação antigamente, que era um pouco difícil, né? Então eles já até já sabiam o tempo que ia demorar, a gente avisava e eles ficavam esperando a ligação. Tinha vez que nem saía a ligação. Até o período de você trabalhar, seis horas, você ia embora e passava para outra atendente e começava o período de meio-dia às seis, no caso.
P/1 – E quando você dizia pro assinante que dali a quatro horas a ligação...
R – Ele entendia, ele entendia sim, mais ou menos, não aceitando, mas sim, entendia porque não era fácil completar a ligação. Já era a pessoa que já estava sabendo que a ligação era demorada mesmo.
P/1 – Mas você está querendo dizer que muitas vezes essas quatro horas eram mais do que quatro horas?
R – Mais. Porque às vezes não saía no período de quatro horas, venciam as quatro horas que você avisou pro cliente. A ligação não saía, a gente ligava para ele, avisava que a ligação dele ia demorar mais um pouco. Aí já começava a irritar, começava a ficar nervoso, que a gente tinha que fazer alguma coisa, tal. E a gente saía do serviço, passava para outra atendente que entrava aquele horário, aí ele já estava sabendo.
P/1 – E como era a relação com esse cliente, assim, as pessoas com as quais você falava? Porque você tinha que se manter...
R – É, as pessoas antigamente eram pessoas bem nervosas, bem assim irritadas, as pessoas não aceitavam aquele tempo de duração. Não aceitavam assim, mas a gente avisava para eles, tudo bem. Mas é, não aceitava. Era duro trabalhar, viu, a gente aguentava muita coisa, muito desaforo de cliente, porque não era culpa da gente, né, se fosse... Mas não era.
P/1 – Como é que era administrar essa irritação do cliente?
R – Olha, você tinha que ser paciente, né, calma, tratar o cliente bem, não podia ser irritada. Muitas pessoas lá não aguentavam, a pessoa se irritava, a monitora vinha, conversava com você, era passada para..., era monitora, ai gente, era Catarina que trabalhava na, não lembro, como, monitora? Não é supervisão, hoje é supervisão. Lá não, monitora... já passava para monitora e elas passavam para Catarina, Catarina que era chefe, antigamente era chefe (risos), agora hoje é supervisão, mudou.
P/1 – Sim, e esse tratamento com o cliente, vamos explorar um pouco mais isso.
R – Contato da gente com o cliente antigamente? Olha, era super irritante, muito irritado. As pessoas não aceitavam o que a gente falava para eles, tá, e você tinha que tratar ele bem, porque se não tratasse aí complicava.
P/1 – Como é que era essa sala das telefonistas que vocês trabalhavam, eram todas juntas?
R – Era. Uma do lado da outra, a gente sentava tudo “encarreadinho”, uma do lado da outra, tinha uma ala do lado de cá, a gente ficava de costas um pro outro, né, a faixa de vinte pessoas em cada ala. São quarenta pessoas ao mesmo tempo. E era muito barulho, as pessoas gritavam muito, fazia muito barulho, era muito serviço, falavam alto. Hoje não tem nada disso.
P/2 – Você tinha amizade com as telefonistas, como é que era esse convívio com as suas colegas de trabalho?
R – Muito pouco, não era igual hoje que você tem uma amizade, assim todo mundo junto, antigamente você não podia conversar muito, você não podia, você não tinha tempo para isso. Porque eram mais distante as pessoas da gente, era só a hora que chegava, oi, oi, tudo bem, e cada um sentava no seu local de trabalho, ia trabalhar, e a gente não tinha, assim, conversação. Você conversava o necessário, você não podia conversar com colega, tinham aquelas mesas, aquelas preguinhas que a gente ligava uma na mesa da outra mas para passar coisa de trabalho, nada de conversar outra coisa, então era assim. E horário de intervalo era assim: uma sentava para outra e a outra ia, a gente nunca deixava uma mesa sozinha igual a gente deixa hoje. Por exemplo, hoje é dia de eu dar o horário de intervalo para todas as pessoas, então eu era escalada para dar intervalo. Eu sentava no lugar dela, ela saía, eram quinze minutos só, durante o período de seis horas; hoje não, hoje nós temos de cada cinquenta minutos trabalhados a gente tem dez, e antigamente eram quinze minutos que você ia tomar café, e ir no banheiro. Depois voltava, a menina saía dali, pegava para outra, a outra ia até o final do horário. Agora para ir no banheiro depois do expediente também você tinha que ter uma planilha para ir no banheiro para marcar porque não podia deixar as mesas sozinha porque era muito serviço, então tinha o quê? Uma pessoa de cada vez, não podia sair duas, três para ir ao banheiro, você tinha que ter uma pessoa só ir, depois que aquela chegava você ia. Isso assim quase no periodo de você ir embora para casa, porque você tem quinze minutos de café para você tomar e ir ao banheiro. Agora o resto da tarde você vai ficar trabalhando direto sem ir, se você tem uma vontade de ir ao banheiro tem que ir de uma em uma, não pode sair duas de uma vez. Não podia, né, naquela época.
P/1 - O quê que você fazia, avisava para monitora?
R – Avisava, a gente ligava na mesa dela e falava assim: “Olha, eu quero dar uma saidinha, quero ir ao banheiro”, ela falava assim: “Agora você vai ter que esperar porque já tem duas na sua frente ou três na sua frente”, então você teria que esperar aquele momento da sua vez. Era um pouco difícil.
P/1 – Era igual nas ligações interurbanas?
R – Igualzinho. (risos)
P – Vamos dar uma interrompida um segundo, por favor, só para gente trocar a fita?
R – Vamos.
(TROCA DE FITA)
P/1 – Mas você dizia sobre essa sala onde vocês trabalhavam, né?
R – Certo.
P/1 – Então tinha horário para tudo, vocês não podiam levantar muitas vezes?
R – Não, tinha horário para tudo. Tudo que a gente ia fazer a gente tinha que comunicar à monitora, tudo. Você levantar você teria que chegar e trabalhar as seis horas, apenas quinze minutos de intervalo. Fora disso você teria que, nesses quinze minutos que eu te falei já tem uma pessoa que senta no seu lugar para levantar, fazer, tomar café, ir ao banheiro, tal. Agora fora disso você tem que comunicar a monitora, ela tem que estar ciente, ela tem que, se tiver alguém na sua frente que já pediu antes, você tem que esperar a sua vez. Então era desse jeito que o pessoal agia lá.
P/1 – E a relação entre as telefonistas, havia tempo de se tornarem amigas, de conversar?
R – Muito pouco, muito pouco, não tinha tempo. Era muito trabalho, a gente só tinha aqueles quinze minutos e não entrosava muito bem. Mas mesmo assim era legal, a gente conhecia todas, a gente conversava só, tinha uma preguinha que a gente abria lá, elas ligavam para a gente e a gente conversava, mas a maioria é só trabalho mesmo, não tinha bate-papo de nada.
P/1 – Por quê que muitas telefonistas não casavam?
R – Porque a empresa não permitia, né, não permitia gravidez dentro da empresa. Se casasse mandava embora antes de ficar grávida. Porque teria que pagar parece, não sei porquê, isso aí eu não estou sabendo, mas a gente não podia casar não. E nem levar namorado lá na porta também. Namorava lá de longe, deixava lá na rua de baixo, aí vai embora.
P/1 – Você tinha namorado nessa época?
R – Tinha, namorava com meu marido há muito tempo, só que ele não ia lá perto não, ele me deixava lá na esquina de cima e ia embora.
P/1 – Não podia chegar na porta?
R – Não. Namorar, namorar, namorar muitos anos, né? Depois a hora que liberou para casar nós tchuc, casou. Falou assim “agora pode casar, pode...” Porque teve uma época que eles não aceitavam mesmo, não aceitavam casamento dentro da empresa, nem que namorado chegasse na porta com a namorada da empresa, ficavam lá fazendo hora lá, não aceitava isso. Você tinha que chegar só perto e depois passou uma época parece que eles não, liberou. Falou assim: “ah, não está importando com alguém que...” Aí até contrataram pessoas casadas, começou contratar. E quando liberou foi um punhado que casou de uma vez. E eu fui uma delas. (risos)
P/1 – Você tinha falado sobre essa mesa de Araguari, qual era o grande problema dessa mesa?
R – Era um fluxo muito grande que era via Belo Horizonte. Todas as cidades de Minas Gerais que não tinham DDD, que dependiam da gente ligar, Araguari passava por nós, caía em Araguari e Araguari transmitia a ligação para nós, nós passávamos para Belo Horizonte, Belo Horizonte completava as ligações e era um fluxo muito grande de clientes. Parece não sei se Araguari tinha muita gente, mas era uma mesa que dava, era muito cheia de serviço mesmo, chamava muito. Era Araguari e quando a gente começava a trabalhar com Iturama, Iturama também dava muito serviço. Então caía tudo aqui, todos os clientes da região lá deles caía tudo aqui, e transmitia para nós, nós transmitíamos para Belo Horizonte e Belo Horizonte transmitia para outra cidade. Passava para nós, só que era muito difícil. Então ficava a gente fazendo aqueles bilhetinhos, ficava um monte de bilhetinho, a gente colocava tudo por ordem e ia, demorado, demorado, nunca... Toda hora chegava um, toda hora chegava um bilhetinho, toda hora chegava um, e ia acumulando, acumulando, então era difícil demais. Não completava a ligação, não saía a ligação, era serviço demais. O fluxo da região de Araguari passava por nós e ia para Belo Horizonte para completar as ligações por via Belo Horizonte. Então tumultuava, então o pessoal ficava: “Ai, hoje é dia de eu sentar na mesa de Araguari, ai, hoje é duro, não vou dar conta”, então ficava, cada dia uma era escalada naquela mesa e de Iturama também. Depois foi passando DDD, foi liberando, foi facilitando mais a vida, não era aquele tumulto de ligação mais. Cada vez foi melhorando mais. As cidadezinha começou a passar a ter DDD e a gente já completava a ligação direto, e naqueles tronquinho que a gente tinha você tinha direito a dois tronquinho só, para você vê o tanto que era demorado. Porque tinha mais ou menos na faixa de vinte tronquinho você tinha dois para você, se você desse bobeira a outra menina catava, e era a maior briga, né? Porque como que você vai, tem dois tronquinho saindo, você ocupava os dois para fazer aquele tanto de ligação você tinha só dois tronquinho, era dois para cada uma, dois tronquinho. Aí se você não está usando o seu ia outra menina lá e catava o seu, ah mas era briga na certa. “Você não tá usando ele e eu estou precisando”, mas a gente não aceitava isso aí. Aí a monitora tinha que ir lá e pedir para devolver: “A hora que você terminar a sua ligação você devolve que é dela” e ficava aquela complicação. (risos) Mas passava.
P/1 – Brigava pelo telefone?
R – Não, pelo tronquinho, sabe aqueles tronquinho sainte? Pois é, aqueles tronquinho sainte eram só dois e brigava por causa deles. Porque a gente usava eles constantemente. Então se você não estava usando você liberava ele um pouquinho até você organizar suas ligações lá, ia uma lá e catava ele, aí era briga na certa, aí tinha que chamar a monitora para ir lá na mesa da menina pedir para devolver. Era complicado aquilo lá. Mas a monitora ia lá e pegava de volta.
P/1 – Nessa relação com os clientes vocês eram treinadas para tratar o cliente de um certo?
R – Não, a gente não era treinada não. A gente trabalhava, você mesmo que deveria ver a maneira de você tratar o cliente, mas a gente não tinha treinamento sobre eles não, sobre isso aí não. Antigamente não. A gente sabia que tinha obrigação de tratar o cliente bem. Só que a gente não tinha instrução sobre isso, não tinha. Antigamente a gente não tinha esses treinamentos iguais a gente tem hoje, não tinha assim. Antigamente era assim: chegava, sentava, trabalhava e ia embora. Você não tinha nada, não tinha uma instrução, se não tinha... só as pessoas cobravam de você, mas instrução sobre o serviço a gente não tinha. Agora hoje não, hoje você tem vários treinamentos, você sabe como tratar o cliente, então, com o passar do tempo foi desenvolvendo, parece que sentiu necessidade que a gente tinha que ter um treinamento para como tratar o cliente. Aí foi desenvolvendo, tudo bem, eles davam uns treinamentos pra gente, mas antigamente a gente não tinha treinamento.
P/1 – E como é que você, a sua postura em relação ao cliente como é que era? Embora não tivesse treinamento.
R – Olha, minha postura perante o cliente eu tratava ele muito bem, eu não gostava de tratar um cliente mal. Eu gostaria de conversar com ele na maneira que, mesmo que ele ficasse irritado, porque vários cliente ficavam irritados, eu não saía assim do meu normal. Apesar de que eu sou uma pessoa muito nervosa, mas eu procurava tratar o cliente muito bem, não maltratava ele em ponto algum. Eu tentava resolver o problema dele, solucionar o problema dele, eu sentia que o cliente estava necessitando de falar, de resolver o problema dele, eu sentia aquilo, então eu procurava ajudar ele e não maltratar. Mesmo que se pessoa me xingava, me falava as coisas, eu procurava não falar nada para o cliente, eu ficava calada. Ouvia ele. Porque a pessoa quando tá nervosa se a gente falar alguma coisa fica pior. Então a gente ouve o cliente, ouve ele, deixa ele desabafar, deixa ele falar o que ele quiser. Você sente lógico, a gente sente por dentro. Quando você senta numa mesa para trabalhar a primeira pessoa que você atende já vem te dando mal resposta, você trabalha assim, não que você demonstra, mas você trabalha ruim por dentro, não é bom. Você trabalha assim sentida o dia todo: “Será que eu fiz alguma coisa para merecer isso?”, a gente pensa com a gente, mas a gente não demostra isso que a gente tá sentindo. Eu agia dessa maneira, entendeu? Então não falava nada pro cliente. Eu esperava ele terminar de falar, tal, perguntava para ele em que eu podia ajudar ele, mas maltratar o cliente eu nunca fui de maltratar cliente não, eu sempre ouvia ele. Ou quando ele estava muito nervoso, as vezes eu até saía da linha, e fica pior, a gente não poderia sair da linha, deveria de ouvir ele, esperar ele desabafar bastante e depois... Mas eu de vez em quando, as vezes quando o cliente estava muito nervoso, tal, xingando a gente de tudo quanto é nome, as vezes até eu saía da linha, deixava ele acalmar, depois eu voltava na linha, aí ele já estava mais calmo. Porque eu acho também que a gente não tem obrigação nenhuma de ouvir tanta coisa do cliente porque a gente tá ali para ajudar ele. Também não é servir de escravo pro cliente. Mas eu nunca fui de irritar o cliente, eu sempre tratei ele bem até hoje, graças a Deus não tenho nada contra os clientes.
P/1 – E havia casos assim de colegas suas que não resistiam?
R – Ihh! Chorava, nossa senhora, chorava, saía da mesa, chamava a monitora, falava assim: “Não estou aguentando, eu vou sair”. E dava voltinha e acalmava; porque o cliente de antigamente era muito nervoso, nossa senhora! Hoje não, hoje até que, dificilmente a gente pega uma pessoa assim nervosa, mas antigamente as pessoas eram muito nervosas, irritavam, xingavam a gente de tudo quanto é nome e fazer o quê, meu trabalho. Então tinham muitas pessoas que não aguentavam aquilo lá.
P/1 – Isso em qualquer turma de trabalho?
R – Qualquer turma.
P/2 – Qual que era o pior turno?
R – O pior turno era o da tarde, porque da tarde é um fluxo de serviço maior. Porque o pessoal de manhã geralmente até nove horas era um fluxo menor, mas o fluxo da tarde, você já chegava com o cliente ali te esperando. Então o fluxo da tarde era mais assim sofrido, mais corrido, cheio de complicação, das pessoas correndo atrás, de muita coisa. Então você tinha que resolver, você já chegava no serviço assim: pá! Chegava no serviço com aquele tanto de trabalho te esperando. Agora, quando trabalhava de manhã não, até você chegar você respirava bastante, até começar oito horas, oito e meia, nove horas começava o fluxo de serviço maior. Aí você já estava mais… Mas o período mais sofrido era o da tarde. A gente trabalhava no período da manhã, tarde e noite, né, então, o da noite já não era tão... Porque o pessoal queria resolver os problemas deles em horário comercial, né, eles não queriam nem saber, então o fluxo mais sofrido era o da tarde.
P/1 – Como é que era o rodízio dos turnos para vocês?
R - Turno antigamente tinha o horário de 6, 6:45 da manhã, tinha um horário de 6, 6:45, 9:45, eram quarenta e cinco, a gente tinha quinze minutos e esses quinze minutos eles descontavam da gente, eles não pagavam esses quinze minutos. Era 6, 6:45, 9:45, 12:45, 13:45, tinha esse horário também, eram uns horários todos picados, 18:45, 19:45 e 0:45, era tudo de quarenta e cinco assim. Era tudo picado. Eles faziam um tanto de escala.
P/1 – E como é que era o seu fluxo de trabalho, ficava na manhã um tempo, na tarde um tempo, como é que era?
R – Isso, era tudo picado. Era rodízio, então um mês você estava num horário, outro mês você estava em outro, outro mês você podia até repetir aquele horário. Então elas faziam assim. Todo mês você estava num horário diferente, dificilmente você repetia o mesmo mês. Por isso que era complicado para a gente estudar. Por isso que quando a gente entrava lá eles avisavam: “Não estuda, não estuda”. E eu fiz vestibular, fiz vestibular para Economia, passei na Federal, tentei mudar meu departamento para eu fazer faculdade, tranquei a matrícula um ano e não consegui fazer, perdi minha vaga por causa do serviço, infelizmente, me deu tanta tristeza com isso. Mas, fazer o quê, eu precisava do trabalho, né? Aí eu fui lá retrancar a matrícula e eles não quiseram retrancar mais, tive que perder a vaga.
P/1 – Lá na João Pinheiro você convivia assim com os diretores da companhia, eles passavam pela sala de telefonista?
R – Dificilmente. Era muito difícil eles irem lá. Aos domingos, assim, logo no começo que eu trabalhava, aos domingos depois do almoço quem costumava fazer uma visita para nós era a Dona Ophélia e o Seu Alexandrino Garcia. Aí eles iam lá e eles visitavam a gente, passavam de mesa em mesa, botavam a mão nas costas da gente, ficavam um tempão olhando a gente trabalhar. Mais ou menos esse tempinho que eles passavam lá. Mas era em um domingo ou em um feriado que eles iam fazer visita à empresa e passavam por nós lá. Mas dificilmente as pessoas passavam no nosso departamento. Assim, o Dr. Luiz, o Seu Alexandrino, muito difícil.
P/1 – Seu Alexandrino vinha aos domingos com a Dona Maria?
R – Isso, não é a Dona Ophélia não, a esposa dele, a Dona Maria.
P/1 – Que lembranças a senhora tem do Seu Alexandrino?
R – Olha, uma pessoa muito boa, legal demais da conta. Tenho uma lembrança muito boa dele, apesar que muito pouco a gente o via, mas uma pessoa muito legal. Não tenho nada a reclamar dele. E o Dr. Luiz também, o Dr. Luiz é uma pessoa super amiga. Não tem nada a reclamar deles, apesar de ver muito pouco. Mas eram muito bons.
P/2 – Ô Geny, vocês, por exemplo, final de ano, alguma coisa especial, tinha algum… Vocês faziam alguma festinha, algum amigo oculto, alguma coisa assim?
R – Tinha. Nesse caso aí até que tinha sim. A gente fazia amigo oculto. Assim que eu entrei, por um bom tempo não tinha não. Depois as pessoas foram se adaptando a fazer. Tinha, eles faziam umas festas muito boas de fim de ano que sorteavam muitos prêmios bons, inclusive eu ganhei um final de semana na Pousada do Rio Quente que eles me deram, eu fui para lá, fiquei um final de semana inteirinho lá por conta da empresa, bom demais. Então a gente ganhava uns prêmios muito bons. Depois a gente, quando era final de ano assim, as outras empresas de Uberlândia mandavam tanto presente para a gente… O Banco do Brasil mandava até dinheiro para a gente num envelopinho, mandava dinheiro, mandava cinto, o Moinho Sete Irmãos mandava um monte de farinha de trigo, mandava tanta coisa que era preciso levar um carro para gente levar para casa, tanto prêmio que a gente ganhava. Agora hoje não ganhamos mais nada. Foi acabando tudo.
P/1 – E no Dia da Telefonista?
R – Ihh, aí ganhava tanta coisa também! Era lembrancinha, era caneta, eram flores, nossa, ganhava tanta coisa! Hoje nada, hoje nem... Tanto cumprimento que a gente tinha, as firmas todas ligavam cumprimentando a gente, mandavam bombom, mandavam flores, mandavam tanta coisa. Hoje acabou tudo, hoje não tem mais. Era muito bom antigamente, nesse ponto sim.
P/1 – O Dia da Telefonista que dia que é mesmo?
R – 29 de julho, junho. 29 de junho.
P/1 – E as empresas ligavam porque, enfim, para agradecer a...
R – Agradecer porque a gente lutava muito para completar as ligações deles, né, e era um dia especial porque eles mandavam muita coisa. Ligavam e mandavam telegrama e mandavam muita coisa mesmo. Eles não esqueciam da gente. A empresa todinha de Uberlândia. Essas lojinhas, tudo, que a gente trabalhava muito com elas, então todas mandavam lembrancinha.
P/1 – Por que você acha que hoje isso não existe mais?
R – Olha, eu acho pelo motivo de desenvolvimento, tanto de quase não ocupar mais a telefonista, e também pela vida financeira, né? Acho que mais é isso. Porque antigamente as pessoas ocupavam muito as telefonistas, hoje a telefonista já não é tão lembrada igual antigamente. Hoje dificilmente o que, nós recebemos um telegrama, nós recebemos algum elogio do Dia da Telefonista, dificilmente. Antigamente não, era todo mundo que queria cumprimentar a telefonista, hoje a telefonista já é mais esquecida. O motivo não sei.
P/1 – Como é que a telefonista era reconhecida, assim, no meio social onde ela vivia? A profissão era...
R – Ah, muito discriminada, telefonista era muito discriminada. Telefonista parece que era tipo assim: “Nossa, lá trabalha só mulher, nossa senhora. Telefonista? Não presta, telefonista não vale nada porque conversa com todo mundo, dá...”. Era desse tipo, entendeu? Era muito discriminada a telefonista.
P/1 – Será por que?
R – Não sei. Certamente é porque conversa com todo mundo, conversa com homem, eles pensam que a gente… Antigamente só trabalhava mulher de telefonista, então eles pensavam que a gente ficava só conversando com os homens. Então a gente recebia muita resposta desse tipo: “Ah, credo, telefonista? Ah, não, telefonista não presta”, desse tipo de coisa assim. A gente já cansava de ouvir isso aí. Uma classe de telefonista é muito discriminada. Motivo? Conversar com o pessoal no telefone.
P/1 – Trabalhar de noite, talvez?
R – Trabalhar de noite. Sim, mas é discriminada. E até hoje é.
P/1 – Você chegou a sentir isso pessoalmente assim na carne? Um episódio que tenha te incomodado muito?
R – Cheguei. Não, é de ver as pessoas falarem, né, que “ Nossa, telefonista é igual soldado lá do quartel, pessoa não presta, soldado do quartel é muito mulherengo e a telefonista deve ser do mesmo jeito”. A gente sente isso aí, você entendeu? “Nossa, soldado do quartel? Deus me livre! Aquilo lá não presta para nada”. Agora telefonista sentia do mesmo jeito: “Nossa, telefonista? Nossa não presta”. Eu achava esquisito isso aí, tive que me adaptar com isso aí, esse tipo de coisa. Era muito discriminada, as pessoas se sentem… Que a classe das telefonistas era muito baixa. Inclusive dentro da empresa mesmo, a gente se sentia, assim, numa classe muito baixa, as pessoas discriminam muito a gente. Certos departamentos assim: “Nossa, telefonista?”. O motivo eu não sei... Porque eles discriminam tanto a telefonista… Eu acho que é um trabalho como outro qualquer. Ainda mais que a gente mexe com o público, é um serviço super interessante, você conhece pessoas de todo tipo, conversa com pessoas de todo tipo, e eu não sei porque eles discriminam tanto a telefonista, nesse sentido.
P/2 – Geny, já aconteceu um caso de algum cliente, naquela época vocês tinham mais contato com o cliente todos os dias e tal, e algum de repente gostar da sua voz e querer fazer outro tipo de proposta ?
R – Demais da conta, nossa senhora! Era o que mais tinha. Só que a gente não podia falar nada para o cliente, a gente saía, pedia licença: “O senhor dá licença que eu estou no trabalho”, tal, e saía. Mas existiam algumas que davam uma cordinha. Então certamente é por causa disso. Mas demais da conta, é o que mais tinha.
P/2 – E o quê que eles falavam?
R – Ora, chamavam a gente: “Eu vou te esperar na porta para gente marcar um encontro para gente sair, tal”. “Não, o senhor dá licença que eu estou em trabalho, não posso conversar com o senhor agora”; “Não, então eu vou esperar na porta pra gente sair, para a gente bater um papo”, esse tipo de coisa assim. Era constante isso aí. “Gostei muito da sua voz, quero te conhecer” (risos). Aí não.
P/1 – Tinha telefonista que dava trela para esse tipo de conversa?
R – Ah, com certeza, né? Eu nunca vi caso não, mas eu acho que sim, eu já ouvi sim. Um pouco, mas a gente já ouviu. Mas não dava muita importância para isso não.
P/1 – A partir desse momento que você já estava bem na ativa começou a ter uma tecnologia nova e um aporte de tecnologia grande no trabalho que foi abrindo espaço da telefonista, né?
R – Muito.
P/1 – Isso para vocês como é que vocês observavam esse desenvolvimento tecnológico?
R – Olhe, primeiro a gente sentiu um pouco de dificuldade que foi a instalação daquele aparelhinho. A gente já não usava mais o bilhete, né, era aquele aparelhinho que tinha nas mesas lá, se você for lá em cima ainda tem a mesa, ou embaixo ainda tem o Seb-iu, que era como chamava.
P/1 – Que quer dizer?
R – Seb-iu?. Seb-iu quer dizer não existe mais o bilhete, tirou o bilhete de mão, manual, para trabalhar nele. Aquele lá já foi um impacto muito grande que deu para nós, que a gente teve que aprender tudo de novo, teve que ter treinamento para fazer aquilo lá. E a gente sentiu assim, no ritmo que a gente trabalhava a gente sentiu assim um pouco de dificuldade. Mas foi maravilhoso na hora que tirou, que você não tinha que escrever nada no bilhete mais, então já foi um passo para melhor para nós, né? Aquilo lá já foi uma maravilha na nossa vida, que a nossa vida era escrever, você escrevia aquele monte, saía de lá com o dedo até duro tanto de escrever aquele tanto de bilhete, e aquilo lá eliminou todos aqueles bilhetes. E tinha um setor de tarifa também que a gente guardava aqueles bilhetes todos separados, tinha um escaninho assim que punha tudo separado e fazíamos manutenção daquilo tudo e atendíamos o cliente pedindo preço.... Era muito difícil aquilo lá. Agora não, hoje mudou completamente, já eliminou partes da dificuldade que a gente tinha.
P/1 – Como é que era esse processo do Seb-iu? Só para gente sair do manuscrito para maquininha, como é que era?
R – É, isso. Você colocava o número da cidade “a”, cidade “b”, origem. Na origem você tinha que por um numérico lá que a gente já tinha gravado tudo, você tinha uma pasta que você olhava tudo, você colocava lá e já dava início na ligação lá mesmo, você não precisava fazer nadinha na mão mais. Só que usava sempre as preguinha ainda, né? Mas aquilo lá já ajudou demais, já eliminou aquela bilhetada tudo, já terminou com aquela manutenção de tarifa, não teve mais nada.
P/1 – Isso gerava o quê? Essa maquininha gerava um documento?
R – Gerava uma fita que você imprimia. Ela tinha um processo que imprimia sozinha. As pessoas tiravam as fitas, umas fitas enormes no final do mês e tinham todas essas ligações lá, feitas. E tinha um processo de tarifa também. A gente atendia muito serviço de posto de serviço de outras cidades, que a gente imprimia a ligação, vinha naquela fita. Você informava os minutos para ela, para ela cobrar a ligação do cliente. Já foi um bom passo aquilo lá.
P/1 – Quando o cliente pedia a tarifa da ligação?
R – Você tinha que imprimir a ligação. A gente imprimia e saía uma fitinha lá na sua mesa mesmo, aí você via o minuto e tinha um telefone de uma tarifa que a gente chamava lá e a menina pegava e informava para ele o valor. Olhava numas pastas, tudo manual ainda, tudo de pasta ainda, e informava para ele o valor da tarifa.
P/2 – Ô Geny, só voltando um pouquinho. Nesses bilhetes vocês faziam à mão, né, anteriormente à esta...
R – É, à mão, eram todos à mão.
P/2 – E tinha algum problema de uma não entender a letra da outra? Por exemplo, você passava, terminava o seu plantão outra pessoa pegava, as pessoas se entendiam claramente?
R – Tinha muito problema de não entender, porque tinham pessoas que tinham uma caligrafia muito complicada, e você tinha que voltar a ligação para ela, para ela corrigir. E talvez nem ela estava entendendo o que tinha escrito lá. Porque escrevia muito depressa, então não entendia muito bem. Era difícil, nossa, e como era.
P/2 – Mas o que vocês escreviam, era o que? A cidade...
R – Nome da cidade de onde ia completar a ligação, o nome da cidade da onde que ele estava falando, o número do telefone e o número do telefone da cidade onde que ele ia falar. E era só isso, e classe, AT, TTR, este tipo de coisa. TTR era reduzida, TT era tarifa integral, dois tipos de tarifa.
P/2 – E aí vocês pegavam esse bilhetinhos e separavam nos escaninhos?
R – Todinho. Tinha uma moça que ficava só por conta disso, ela recolhia tudo assim toda hora e ficava aquele montão, ela ia separando de cidade em cidade e tinham uns escaninhos assim que iam colocando lá. Chegava o final da tarde estava cheinho. Aí tinha um processo que a Maria Ramos atendia, fazia com as meninas dela para negócio desses bilhetes, para cobrar as ligações. Agora acabou tudo isso, agora não existe mais.
P/1 – Agora nós vamos interromper um pouquinho só para gente continuar, tá?
R – Tudo bem.
P/1 – Bom, eu queria que você falasse, por favor Geny, sobre esse sistema ainda manuscrito de bilhete, como é que ele funcionava; você escrevia os bilhetes e tinha um controle de relógio, como é que era isso?
R – Isso, tinha um calculógrafo que você colocava o bilhete quando a ligação iniciava a falar, colocava o bilhete debaixo daquele calculógrafo, tinha uma coisinha debaixo que calculava, e puxava uma alavanca para cá. Hora que a ligação terminava você mandava a alavanca para lá, aí marcava os minutos certinhos nas costas daquele bilhete. Aí você olhava no reloginho de cá, era um cá e outro reloginho de lá, aí você via os minutos e os segundos, e contava lá e punha o tanto de minutos falado no bilhete, aí ia para tarifa, a tarifa ia calcular.
P/1 – Esse bilhete saía ai para uma outra pessoa?
R – Uma outra pessoa. A gente jogava, tinha um escaninho aqui em cima onde você jogava aqueles bilhete já calculados, já falados e iam para a seção de tarifa. Lá, a menina ia separar tudo, depois ia pro departamento da Maria Ramos para fazer o cálculo da cobrança.
P/1 – Alguém passava recolhendo esses bilhetes?
R – Passava, era a menina da tarifa que recolhia, toda hora ela passava, porque eram muitos, toda hora ela passava recolhendo os bilhetes.
P/1 – O Seb-iu acabou com essa bilhetagem dessa forma?
R – Acabou.
P/1 – O horário também era marcado automaticamente?
R – Automaticamente, no Seb-iu, né? Acabou tudo, o Seb-iu marcava tudinho, já acabou com a bilhetagem todinha, não tinha mais.
P/1 – Na verdade você foi acompanhando toda essa evolução, né? Depois do Seb-iu o quê que aconteceu?
R – Olha, depois do Seb-iu vieram os terminais de computador, né, que é o atual, que a gente está trabalhando agora. Porque depois dele não teve mais nenhuma mudança, então a gente veio fazer o treinamento para trabalhar nos computadores que são as URPs. A gente veio fazer um treinamento muito rigoroso, demorou muito, a gente demorou para entender porque era um pouco mais difícil, mas é maravilhoso trabalhar agora com o sistema que a gente está trabalhando.
P/1 – Como é que é o processo?
R – No processo a ligação vem para você, não tem nada de você ficar levantando o braço para atender, não tem pega, não tem nada, então você já espera a ligação, cai para você certinho ali, você senta e é só esperar a ligação cair. E a hora em que ela cai, você pergunta ao cliente para onde ele deseja falar, você já digita lá, já sai tudo na tela o que ele quer, e vem aquela tela já própria para o interurbano, já vem o telefone dele na tela, não precisa perguntar o telefone, e já digita o número da cidade de onde ele deseja falar, se for à cobrar você já disca o 9, por exemplo, quer falar à cobrar em Belo Horizonte você já disca o 9 com o 31 só, não precisa discar o código da operadora, já vem automaticamente, a gravação já vai, você já libera a tela, já cai outro cliente, é maravilhoso. Não existe um sistema melhor para trabalhar igual esse. Porque do começo até agora, nossa senhora, mudou demais. Muito bom, então é super rápido, não tem demora em nada, se tem alguma coisa que demora você passa para mesinha, para aquela mesinha antiga lá, aquela pretinha que tem lá embaixo, que a pessoa resolve lá com o cliente, então você não tem demora em nada, é rapidinho.
R – E também acabou a conversa com o cliente?
R – Acabou assim, o cliente de agora com o de antigamente, ele é um cliente assim, que te questiona mais, te pergunta mais, ele quer as coisas dele, é um cliente mais calmo, não é um cliente nervoso, um cliente que a gente entende o que ele quer, muito bom. Muito bom trabalhar com o cliente agora, e ele é bem mais calmo do que antigamente, então esse bate-papo de antigamente dele falar que telefonista é aquilo, não existe isso mais, agora a gente trabalha assim, sabe, uma equipe que dá assistência ao cliente no que ele quer. Então não é igual antigamente.
P/1 – Como é que é hoje o teu ambiente de trabalho?
R – Nossa, muito bom, ótimo. A gente se dá bem com todo mundo mesmo dos outros departamentos, a gente não é discriminada em outros departamentos igual antigamente que era, né, telefonista era discriminada, hoje não existe isso, hoje a gente trabalha numa equipe que todo mundo reconhece o trabalho de todo mundo. Trabalha muita gente no departamento, tem televendas, tem bureau, tem vários outros departamentos, a gente trabalha tudo junto, ninguém é discriminada, ninguém, todo mundo ajuda todo mundo, se você tem dúvida em alguma coisa se tem outra pessoa que sabe você vai lá e questiona com ela, ela vai e te passa direitinho. Nossa, mudou demais da conta, hoje você trabalha numa equipe, uma equipe que assim, uns ajudam os outros. Não é antigamente que a gente era super assim, a gente tinha até medo de conversar, de pedir as coisas. Hoje não, hoje a gente é super desenvolvida, aprendi muita coisa dentro da empresa, tive muitos treinamentos, muitos cursos bons, maravilhosos. No meu decorrer desse período todo foi muito bom mesmo, aprendi muita coisa ali dentro. Agradeço muito a empresa por isso, as pessoas que me ajudaram, nossa, foi bom demais. E hoje no que eu estou e se surgir alguma coisa boa, eu já estou para aposentar, já dei até entrada nos meus papéis para me aposentar, mas se surgir alguma coisa boa que eu ainda possa ajudar a empresa pretendo fazer, pretendo ir atrás, pretendo aprender, é muito bom. Então aquilo ali foi tudo para mim, e acho que para as minhas colegas também. Tem muita gente ali que já tem muito tempo que trabalha lá. Então a gente tem amizade, as pessoas tudo, assim, trabalha em grupo, uns ajudam os outros, o que eu não sei ela sabe, ela me passa, a gente vai atrás, tem um coordenador muito bom também que ajuda muito a gente. Então foi bom demais, desenvolveu, passou da água pro vinho, foi muito bom.
P/1 – É uma sala grande também?
R – É uma sala enorme, você não vai lá para conhecer? É enorme, trabalham várias pessoas, vários departamentos, de televendas, bureau, o pessoal tudo trabalha unido ali dentro. Mesmo outros departamentos, a gente tem amizade com tudo agora. Antigamente você nem, você passava assim, você séria, não conversava com ninguém, parece que as pessoas te discriminavam, você já sentia aquilo. Hoje não, hoje não, mudou muito, até com as pessoas assim, o Dr. Luiz, o Dr. Luiz super legal, vai lá, conversa com a gente, fala, brinca com a gente. Antigamente não era nada disso, as pessoas eram muito sérias, não sei porque, que devia de ser assim desde o início, né?
P/1 – E os turnos, mudaram também, de trabalho?
R – Não, não, o turno agora é fixo. Por exemplo, eu trabalho no período da tarde, só da tarde. Agora mudou tudo. Se eu quero trocar o horário com uma pessoa, se eu tenho algum problema que eu tenho que resolver à tarde eu posso pedir para uma pessoa trabalhar para mim à tarde, eu trabalho para ela de manhã. É super flexível, agora é maravilhoso, não tem nada de estar naquela… Para pedir uma troca para a gente fazer alguma coisa era o maior sacrifício, a gente sofria muito e chegava no chefe o chefe queria saber porque, o quê que eu ia fazer, era muito difícil antigamente. Hoje não, hoje é maravilhoso. Acho que a gente tem maior produtividade nisso aí do que antigamente que a gente vivia parece que preso ali, não podia falar nada que você levava palavras grossas no seu ouvido. Hoje não, hoje é super liberal, muito bom, não tem chefe de antigamente, né, nós trabalhamos todos juntos, então tem só uma pessoa que supervisiona o nosso trabalho que é super interessante, ajuda muito a gente, então é muito bom mesmo. Hoje mudou demais da conta.
P/1 – O número de horas por turno permanece o mesmo?
R – Permanece o mesmo, seis horas, só que de cinquenta em cinquenta minutos você tem dez minutos de intervalo. Então, quer dizer, você tem dez minutos, nós trabalhamos seis horas, tem cinquenta minutos de folga? Quanto que é?
P/1 – É.
R – É. Então de cinquenta em cinquenta minutos você tem dez de intervalo. Você vai no banheiro, você toma café… Dez minutos dá para você fazer bastante coisa, telefona, você faz o que você quiser. Lê um livro, você vai atrás de alguma coisa... De cinquenta em cinquenta minutos você tem dez de intervalo. E não precisa de ninguém sentando para você lá não, você bloqueia a mesa lá e sai, deu seu horário de ir você pode sair.
P/2 – E Geny, deixa só eu te perguntar uma curiosidade: lá na central tinha um espelho nas mesas.
R – Espelho?
P/1 – Nessas mesas que tem Seb-iu.
P/2 – Tem um espelho. É nessa que você ficava, não? Você ficava na 101?
R – É, no 101.
P/2 – No 101 não tem esse espelho?
R – Não, eu nunca vi espelho. Onde você viu espelho?
P/2 – Lá no segundo andar.
P/1 – É que tem uma central lá que tem um espelho mesmo, parece um espelho para...
R – É tipo assim um espelhinho transparente?
P/2 – Não, é um espelho mesmo, espelho para se olhar.
R – Não, na época que eu trabalhava lá não tinha espelho não, decerto eles puseram agora então. Não lembro do espelho.
P/2 – Não, é só curiosidade, eu queria saber se...
R – Não, não. (risos)
P/1 – Como é que é teu trabalho hoje, Geny, o que você faz exatamente, você atende o quê e quem?
R – Trabalho no 108, que é informação de preço de ligação interurbana e trabalho no 101, completo ligação para os clientes para várias cidades que eles quiserem. E a gente faz outras coisas também, trabalha nessa mesinha lá, a gente, é, 102 não, antigamente caía o 102 para nós, o 102 agora foi lá para ACS então nós não trabalhamos com o 102. Então a gente trabalha em, assim, faz muita coisa ao mesmo tempo, entendeu? Mas eu trabalho mesmo é no 101 de completar a ligação e o 108 que é informar valor de ligação para o cliente.
P/1 – Tem muita localidade que ainda não tem DDD para completar sozinha a ligação?
R – Não, quase não existe mais, só que o cliente com essa mudança de operadoras tem uma operadora, duas operadoras, três operadoras, ele tem dificuldade em conseguir as ligações, então ele pede auxílio a nós e nós completamos as ligações para eles. Porque tem vários que não conseguem, estão tendo dificuldade, então tá sendo um fluxo bastante grande de ligação para nós ainda.
P/1 – E a demora agora é mínima?
R – Mínima. Se você não consegue já vem na tela imediatamente, se o telefone está errado já vem na tela imediatamente que aquele telefone está errado, já vem uma gravação, avisa, a gente já deixa até o cliente ouvir também que ele já tira a dúvida dele, né? Ou tá ocupado, se o cliente quiser a gente vai tentando a ligação… Você joga um código, um post pone, a ligação volta em outra mesa para a menina tentar novamente, e é rapidinho.
P/1 – Como é que é hoje o teu dia a dia, Geny, teu dia típico como é que é?
R – Olha, meu dia é muito corrido, porque na minha casa eu faço minha obrigação de casa todinha, e vou para empresa trabalhar a tarde inteira, chego em casa ainda tem mais coisa para fazer… É muito corrido, eu não tenho tempo para nada, nada, nada. Hoje eu estou aqui, eu já fiz até o meu almoço, já tá prontinho lá, porque eu tenho duas filhas, todas as duas estudam, né, então não tem tempo, meu marido também não tem tempo, então tem que se virar. E é muito corrido o meu dia a dia. E eu gosto desse dia, eu não gosto de… Eu estava de férias esses dias para trás, estava horrível, estava com vontade de voltar essa vida agitada de novo. Descansei mas estava com vontade de voltar.
P/1 – Vocês casaram quando?
R – Nós casamos tem quinze anos já, 26 de junho de 1985.
P/1 – Como é o nome do seu marido?
R – Osvaldo Ferreira Nunes.
P/1 – E das suas filhas?
R – Valéria Ferreira Tavares e Andréa Ferreira Tavares.
P/1 – Que idade elas têm?
R – Uma tem catorze anos e a outra tem doze. Uma completa treze agora em outubro e a outra completa quinze em setembro.
P/1 – Quando você fala obrigações de casa que obrigações são essas? Limpar, lavar roupas?
R – Todas, todas que uma casa tem. Lavar, passar, arrumar, cozinhar e tudo, eu não tenho ajudante. Elas me ajudam, em hora vaga elas me ajudam, mas o tempo não vai, porque fazem curso fora do horário de escola, e tá pesado para elas também, então eu tenho que me virar. Mas tudo bem, dou conta.
P/1 – E o Osvaldo, qual é a atividade dele?
R – O Osvaldo mexe com aluguel de som, ele trabalha com aluguel de som, ele tem cinco sons que ele aluga todo final de semana. Então é aquela correria para ele também, ele tá sempre dando manutenção dos equipamentos dele, então é direto. Ele estava gravando lá a hora em que eu saí, mexendo com gravação. Ele mexe com MD, então tem que levar os MD’s para os locais de som, e trabalha o dia todo também.
P/1 – Você trabalha final de semana com alguma frequência, no sábado e no domingo?
R – O meu trabalho? Um sábado sim e um domingo, eu folgo um sábado e um domingo. É assim: uma semana eu folgo no sábado e outra eu folgo no domingo. Que a gente tem só uma folga por semana.
P/1 – E tem final de semana que vocês nem se vêem?
R – Não. Difícil, porque ele sai à noite muito e ele fica até de madrugada, é difícil.
P/1 – E para o futuro, Geny, o que você pensa do futuro, assim, como é que você vê, primeiro a empresa, como é que você está enxergando a empresa pro futuro?
R – Olha, o futuro da empresa eu acho que cada dia passa a gente sente, assim, que a empresa está modernizando muito. Só que essas concorrências que têm parece que, assim, não tá tão legal, né? É muita concorrência e as pessoas trabalhando muito para lutar, para ir junto com essas concorrências, parece que está um pouco tumultuada com essas mudanças todas, parece que tá tendo um pouco de dificuldade. Mas eu vejo a empresa lutando para vencer esses obstáculos aí. A empresa trabalha muito para vencer isso aí.
P/1 – Você acha que ela está preparada?
R – Ah, eu acho sim.
P/1 – Por que, hein?
R – Ah, porque é uma empresa que luta, né, que ela vai atrás, que tá por dentro dessas mudanças então ela vai atrás. Eu acho que tá preparado sim.
P/1 – E as pessoas dessa empresa?
R – As pessoas também. Eu acho que as pessoas também estão lutando bastante para compartilhar com o desenvolvimento.
P/1 – E você, o seu futuro, seus sonhos, quais são os seus sonhos?
R – Meus sonhos? (risos) Olha, o que eu tenho, enquanto eu estiver dentro da empresa, eu vou dar tudo de mim para acompanhar essas mudanças todas. Só que eu não espero muito de mim dentro da empresa não, porque esse negócio de terceirizar, essas terceirizações que estão acontecendo, a gente não tem mais segurança no trabalho. Você tá ali mas você tá pensando: “A qualquer momento a empresa vai me despedir, vai me mandar embora, porque tá terceirizando tudo.” Igual aconteceu em outubro, que terceirizou a maior parte, o pessoal foi muito chateado, contrariado com essas terceirizações, e você não tem mais segurança no trabalho. Então você tá ali, você tá assim: “Quando eu estiver aqui eu vou dar tudo de mim para estar aqui”, mas você tá sempre assim: “Eu não vou estar aqui amanhã”, você não tem mais estabilidade no emprego, entendeu, então a gente não espera muito disso aí.
P/1 – Você já tá fazendo vinte e cinco anos de empresa, né?
R – Já fiz, fiz vinte e cinco anos já.
P/1 – E do ponto de vista pessoal como é que você tá olhando para esse tempo que vem pela frente?
R – Francamente, eu não espero nada mais, de mim não. Eu, igual eu estou te falando, quando eu estou lá dentro, quando eu estou trabalhando pela empresa eu procuro acompanhar. Mas eu não espero muita coisa de mim não. Mas quando eu estiver lá dentro trabalhando eu dou tudo de mim para estar acompanhando, senão... Não espero muita coisa. Esses dias mesmo teve uma reunião que parece que desmotivou muito a gente, assim, sobre essa terceirização, vai acontecer e se terceirizando... Eu também estou esperando mais é para aposentar, para eu ter minha vida. Mesmo se eu aposentar se puder continuar trabalhando eu vou trabalhar mais um pouco, mesmo terceirizada mas eu vou. Porque eu acho que eu não acostumo ficar só em casa, eu vou ter que fazer alguma coisa para mim. Eu não acostumo mais, porque é uma vida muito longa que trabalhei, tive minha vida independente, individual de outras coisas, então vai ser muito difícil adaptar isso agora. Então eu quero, assim, se a gente for terceirizada eu quero trabalhar mais um pouco para eu ir desligando devagarzinho, entendeu? Para eu não sentir aquele baque de sair: “Estou assim, sem emprego, estou sem nada”. Então eu quero me preparar primeiro, porque a gente não espera muita coisa mais.
P/1 – Você gostaria de fazer alguma outra coisa na vida?
R – Gostaria, gostaria de montar alguma coisa para eu trabalhar, tipo um restaurante self-service, que eu cozinho muito bem (risos) e tal… Então eu gostaria de montar alguma coisa para mim e eu pretendo. Depois que eu sair da empresa eu vou pensar em alguma coisa para mim.
P/1 – Qual que é a sua especialidade na cozinha?
R – Ah, muita coisa boa! (risos) Muita coisa boa que eu faço.
P/1 – Isso é você que acha ou os outros é que acham?
R – Não, os outros acham também.
P/1 – Geny, quando você no seu trabalho encontra com uma pessoa jovem, que está começando ali, tá no primeiro ano do trabalho, como é que é a sua relação com ela e como é que é a sua conversa com ela?
R – Olha, a minha relação com as pessoas que estão entrando agora é muito boa, adoro as pessoas que estão entrando agora. E eu vejo nelas um futuro muito bom, é pessoa jovem, pessoa que está cursando faculdade, pessoas que têm uma cabeça muito boa… Então eu vejo nelas um futuro muito bom pela frente, que elas tenham um desempenho muito bom para a empresa, que vão dar muita coisa boa para empresa. Então minha conversa com elas é assim, as pessoas se sentem motivadas em trabalhar, eu procuro motivar elas mais dentro daquilo que elas estão fazendo, porque a gente tem mais experiência no trabalho, elas que estão começando agora então surgem com muitas perguntas assim: “Geny, isso é difícil, tal, isso é difícil?”, falo assim: “Não, não é difícil, você vai conseguir”, “É porque eu estou tendo dificuldade em isto”, “Não, você não vai ter não”. Aí depois a pessoa me procura: “Geny, eu estou saindo tão bem”. E eu sou muito amiga das pessoas que começam no serviço agora, das meninas novinhas que estão começando agora, que estão cursando faculdade… Nossa, demais da conta, eu me sinto muito bem perto delas. Sinto que elas têm um desempenho muito grande ali dentro. Eu sinto que as pessoas que entram têm uma vontade muito grande de crescer dentro da empresa, ajudar a empresa, então eu vejo aquilo nas pessoas. E elas comentam isso com a gente: “Eu vou conseguir, eu vou lutar, eu vou mudar de departamento, eu quero ter uma vida melhor, quero aprender mais coisas”. E você vê nas pessoas o entusiasmo, a vontade de trabalhar. A gente comenta muito isso aí e me dou muito bem com as pessoas que estão começando agora, e não tem ninguém estranho para mim ali dentro, as pessoas já começam, a gente já se apresenta, já se torna amiga, então ali dentro não tem diferença. É maravilhoso trabalhar ali junto com o pessoal jovem, que a maioria ali é jovem.
P/1 – Você diria que elas já chegam com esse espírito de time que você se referiu anteriormente?
R – Já, já chegam. As pessoas de antigamente não chegavam, mas as de hoje já chegam com vontade de ajudar, com vontade de aprender coisa nova, passar o que eles sabem para a gente, o que eles aprenderam, então a gente já chega, assim, um pessoal que já chega em equipe para trabalhar junto ali. O que a gente sabe passa para eles, o que eles sabem passam para a gente, então a gente trabalha muito em equipe, junto já ao pessoal novo que tá entrando, que entra, que já tem um ano, dois anos de empresa, então é muito bom. Ali não tem diferença, as pessoas ajudam a gente, mesmo sendo novatos o que já vão aprender eles vão atrás, aprendem, passam para a gente, o que a gente sabe passamos para eles e é assim. Muito bom.
P/1 – A quê que você atribui esse espírito novo, ao treinamento, à cabeça das pessoas, qual a justificativa para isso?
R – Olha, o treinamento ajuda muito. Muito, muito. Mas a cabeça das pessoas também é essencial, porque tem muitas pessoas de cabeça muito boa ali dentro.
P/1 – As chefias estão mais perto?
R – Estão. Muito! Muito perto da gente. Você precisar é só falar e as pessoas estão prontinhas para ajudar a gente. Antigamente não, botava no papel e ficava, ficava. Hoje as pessoas são mais rápidas para resolver as coisas, vão mais atrás, buscam para a gente as respostas mais rápidas. Antigamente levava muito tempo para você obter uma resposta de uma coisa que você questionava, então hoje não, hoje você tem o quê, muito mais rapidez no que a gente precisa. As pessoas estão mais próximas de você.
P/1 – Estamos terminando, Geny. Com esses turnos aí que você se envolve, com essas folgas poucas semanais, como é que é seu lazer? Como é que você faz para se divertir?
R – Não tenho. Eu não tenho lazer. Dificilmente eu tenho, vou ao clube, eu gosto muito de ir o clube, mas dificilmente vou. Eu não tenho lazer. O lazer ficou para trás. O dia que eu tenho de folga eu tiro para descansar, para ficar em casa quietinha, eu não mexo com nada. Porque eu me sinto muito cansada, eu canso, minha cabeça tá cansada. Então aquele dia que eu tenho de folga eu não gosto de sair de casa, porque parece se eu saio de casa eu canso mais. Então às vezes... Agora em férias, quando eu estou de férias tudo bem, eu aproveito bastante. Eu vou em shopping com as minhas filhas, vou ao cinema com elas, eu saio com o meu marido, a gente vai ao clube, a gente passeia um pouco. Mas fora disso eu não tenho lazer. Minha vida é só ali, é aquela batida, então não tem.
P/1 – Mas tem tempo de convivência com as filhas?
R – Tem, isso tem. Isso tem, sobra um tempinho. Pouco, mas sobra. Com ele e com elas, um pouquinho só, mas sobra. Nem eu e nem elas andamos tendo tempo para lazer, porque a vida é muito corrida. A gente devia de ter, mas... Porque faz parte da vida da gente o lazer, né? Mas infelizmente não tá tendo.
P/1 – Mas tem oportunidade para almoçarem juntos, jantarem juntos?
R – Isso tem, tem. Às vezes a gente faz uma loucura, sai, vai jantar junto, vai comer uma pizza, a gente sai nós quatro, às vezes. Num final de semana assim a gente sai. Porque o tempo dele com esse negócio de mexer com aluguel de som é muito corrido também, quase não sobra tempo. Mas o tempinho que sobra a gente dá uma escapadinha, sai, vai comer uma pizza, vai a um shopping dar uma passeada, a gente precisa de passear com elas. Elas estão mocinhas, a gente não tá gostando de deixar elas saírem sozinhas por enquanto. Elas tem as coleguinhas dela, levam de vez em quando, isso é de vez em quando. Mas quase não tenho, dificilmente.
P/1 – Elas quando pegam o telefone será que lembram da mãe? (risos)
R – Com certeza! (risos) Isso é o que mais lembra.
P/1 – E certamente agora elas não precisam de intermediação de telefonista, né?
R – Não, agora não precisa.
P/1 – É isso. Tem alguma coisa que você gostaria de ter dito e que a gente não te provocou a dizer?
R – Não, acho que foi tudo dito já, é só isso aí mesmo. Não tem mais.
P/1 – Quê que você diria para uma pessoa que tá chegando na empresa agora?
R – Que seja bem vinda, que eu desejo muito sucesso para ela, que ela chegou numa hora muito boa. Ela não pegou o que nós pegamos antigamente, o difícil, ela já chegou com as portas mais aliviadas, cheias de novidades, coisas fáceis para ela entrar e já aprender. Porque hoje não tem mais aquela dificuldade que a gente aprendia antigamente, hoje é bem mais fácil. O pessoal de hoje também eles já chegam preparados para um curso de informática, é tecnologia, né, já chegam sabendo o que eles vão fazer. Agora, antigamente a gente nem sabia direito, entrava na empresa nem sabia direito o que ia fazer.
P/1 – Obrigado, eu te agradeço muito.
P/2 – Obrigado.
P/1 – Obrigado mesmo, foi ótimo.
R – Obrigada.
P/1 – Gostou?
R – Muito bom, ótimo!
P/1 – Que bom. (risos)
(Fim da fita)
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