O meu nome é Ianarema
A minha mãe foi quem o escolheu para mim
Quando eu ainda nem havia nascido, ela já lecionava como professora da prefeitura da cidade em que ela nasceu.
Quando ela escolheu este nome para mim, ela estava alfabetizando uma tribo no sul de Biritinga, uma cidade pequena no interior da Bahia.
Lá, entre seus alunos indígenas, havia uma aluna de nome Ianarema.
A minha mãe logo se apaixonou pelo nome da índia.
Não sei dizer se ela era tão bonita quanto o nome dela, nunca a conheci, mas mamãe dizia que sim, linda e muito inteligente.
O meu pai não gostou muito do nome que mamãe havia escolhido para mim, eu era a segunda filha deles, mas como o meu pai escolheu o nome de meu irmão, o primogênito, ela pode escolher o meu, mesmo a contragosto de papai.
Teve ainda que disputar o meu nome com o compadre dela, cuja esposa estava grávida do primeiro e único bebê que o casal teve.
Acontece que a disputa ficou para ser definida pelo neném que nascesse primeiro, no caso eu, nasci dias antes da filha do compadre da minha mãe.
Não sei dizer se isso foi bom ou ruim, o que sei é que as pessoas do lugar, eram muito simplórias e mal conseguiam pronunciar o meu nome.
Resultado disso é que acabaram me apelidando de Nara.
Tudo porque as pessoas conseguiam às vezes pronunciar apenas Inara.
Assim o apelido foi diminuindo até que se transformou em somente Nara.
Na escola o problema era ainda maior, nem as professoras letradas, diga-se de passagem, conseguiam falar o meu nome.
além disso, lidar com as piadinhas ou gozações da época, me fazia até sentir vergonha do meu nome e por isso eu preferia que me chamassem pelo apelido, assim eu evitava vários aborrecimentos.
Quando eu fui me entendendo como pessoa, eu fui descobrindo o quanto belo e importante era o meu nome, mas só na fculdade, quarenta anos depois foi que comecei a exigir educadamente que as pessoas me tratassem pelo meu nome.
Acreditem se quiserem, havia ainda muito...
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O meu nome é Ianarema
A minha mãe foi quem o escolheu para mim
Quando eu ainda nem havia nascido, ela já lecionava como professora da prefeitura da cidade em que ela nasceu.
Quando ela escolheu este nome para mim, ela estava alfabetizando uma tribo no sul de Biritinga, uma cidade pequena no interior da Bahia.
Lá, entre seus alunos indígenas, havia uma aluna de nome Ianarema.
A minha mãe logo se apaixonou pelo nome da índia.
Não sei dizer se ela era tão bonita quanto o nome dela, nunca a conheci, mas mamãe dizia que sim, linda e muito inteligente.
O meu pai não gostou muito do nome que mamãe havia escolhido para mim, eu era a segunda filha deles, mas como o meu pai escolheu o nome de meu irmão, o primogênito, ela pode escolher o meu, mesmo a contragosto de papai.
Teve ainda que disputar o meu nome com o compadre dela, cuja esposa estava grávida do primeiro e único bebê que o casal teve.
Acontece que a disputa ficou para ser definida pelo neném que nascesse primeiro, no caso eu, nasci dias antes da filha do compadre da minha mãe.
Não sei dizer se isso foi bom ou ruim, o que sei é que as pessoas do lugar, eram muito simplórias e mal conseguiam pronunciar o meu nome.
Resultado disso é que acabaram me apelidando de Nara.
Tudo porque as pessoas conseguiam às vezes pronunciar apenas Inara.
Assim o apelido foi diminuindo até que se transformou em somente Nara.
Na escola o problema era ainda maior, nem as professoras letradas, diga-se de passagem, conseguiam falar o meu nome.
além disso, lidar com as piadinhas ou gozações da época, me fazia até sentir vergonha do meu nome e por isso eu preferia que me chamassem pelo apelido, assim eu evitava vários aborrecimentos.
Quando eu fui me entendendo como pessoa, eu fui descobrindo o quanto belo e importante era o meu nome, mas só na fculdade, quarenta anos depois foi que comecei a exigir educadamente que as pessoas me tratassem pelo meu nome.
Acreditem se quiserem, havia ainda muito adulto e vários professores universitários que não acertavam a pronúncia e assim, ficavam me chamando por conta própria pelos pequenos pedaços de nome:
Ianara, Iná, Inaraema, Narema, Lanarema, Tânia Mara e outros.
Persistente que sou, corrigia-os a todos, sempre, educadamente, mas corrigia e corrijo ainda hoje.
A minha justificativa é a de que basta ler um pouquinho mais devagar, com interesse e atenção e ainda friso que tenho um nome genuinamente nacional, indígena, representante de nosso povo, portanto peço gentilmente que me chamem pelo meu nome.
Até porque a partir dessa exigência, eu passei a conhecer, conviver, incorporar e assumir meu lindo nome.
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