Memorial de Mariangela Amendola 1. Introdução Em dezembro de 2002 completei 25 anos de formada em Licenciatura em Matemática, ocasião em que comecei uma reflexão sobre minha vida acadêmica e profissional, pois de repente me parecia pouco o tempo que faltava para alcançar a minha aposentadoria (prevista para meados de 2004). Enquanto cumpria minhas funções na FEAGRI/UNICAMP, e as leis da aposentadoria seguiam mudando, me dediquei, também, para exercitar o que não tivera tempo até então: buscar o que poderia revelar os caminhos que segui nessa minha trajetória acadêmica e profissional, o que fiz, inicialmente, comparando o que eu e os meus colegas docentes (antigos e atuais) vínhamos desenvolvendo. Nesse exercício, me deparei com uma série surpreendente de fatores e atores relevantes, o que motivou o esboço deste “histórico”, que apresento não na sua versão original, mas em uma versão refeita com o objetivo de apresentar tanto a análise de minha atuação acadêmica e profissional que evidenciam a associada contribuição científica, quanto para complementar a síntese do que já constou analisado nos relatórios SIPEX/UNICAMP, que foram elaborados, submetidos e aprovados a cada 3 anos desde 1996 – como exigido pela UNICAMP a partir da obtenção do título de doutor. 2. Descrição de minha formação acadêmica e análise de minha atuação e desenvolvimento profissional. 2.1 Antes do doutorado. Minha primeira lembrança acadêmica é um portão de ferro se fechando após um “adeuzinho” de minha mãe: era meu primeiro dia de aula no “Educandário São José”, na cidade de Rancharia/SP. Nesta escola onde fui alfabetizada, me lembro de ter aprendido outras coisas além do que consta na cartilha “Caminho Suave” e nos cadernos que guardo com carinho. Lembro em especial do incentivo de minha primeira professora, Profa. Maria Netto, a qual, por eu ter terminado não me lembro...
Continuar leituraMemorial de Mariangela Amendola 1. Introdução Em dezembro de 2002 completei 25 anos de formada em Licenciatura em Matemática, ocasião em que comecei uma reflexão sobre minha vida acadêmica e profissional, pois de repente me parecia pouco o tempo que faltava para alcançar a minha aposentadoria (prevista para meados de 2004). Enquanto cumpria minhas funções na FEAGRI/UNICAMP, e as leis da aposentadoria seguiam mudando, me dediquei, também, para exercitar o que não tivera tempo até então: buscar o que poderia revelar os caminhos que segui nessa minha trajetória acadêmica e profissional, o que fiz, inicialmente, comparando o que eu e os meus colegas docentes (antigos e atuais) vínhamos desenvolvendo. Nesse exercício, me deparei com uma série surpreendente de fatores e atores relevantes, o que motivou o esboço deste “histórico”, que apresento não na sua versão original, mas em uma versão refeita com o objetivo de apresentar tanto a análise de minha atuação acadêmica e profissional que evidenciam a associada contribuição científica, quanto para complementar a síntese do que já constou analisado nos relatórios SIPEX/UNICAMP, que foram elaborados, submetidos e aprovados a cada 3 anos desde 1996 – como exigido pela UNICAMP a partir da obtenção do título de doutor. 2. Descrição de minha formação acadêmica e análise de minha atuação e desenvolvimento profissional. 2.1 Antes do doutorado. Minha primeira lembrança acadêmica é um portão de ferro se fechando após um “adeuzinho” de minha mãe: era meu primeiro dia de aula no “Educandário São José”, na cidade de Rancharia/SP. Nesta escola onde fui alfabetizada, me lembro de ter aprendido outras coisas além do que consta na cartilha “Caminho Suave” e nos cadernos que guardo com carinho. Lembro em especial do incentivo de minha primeira professora, Profa. Maria Netto, a qual, por eu ter terminado não me lembro qual tarefa antes dos colegas, me deu como prêmio/incentivo, um livro com uma linda dedicatória, prática que incorporei e mantive por longo período durante minha atuação docente sem, até pouco tempo, lembrar da origem. Ainda no “primário”, porém na escola “Colégio Cristo Rei” em Presidente Prudente/SP, lembro do incentivo do professor de Matemática, Prof. Aristeu, que sempre colocava a nota 100 com estrelinhas nas minhas provas, o que contribuía para manter a média geral, quase sempre comprometida pela nota em comportamento. Já no “ginásio”, concluído em Presidente Prudente/SP, lembro de outro tipo de incentivo, também do professor de Matemática, Prof. Alécio, que soube contornar o referido problema de comportamento, pois sempre exigia que eu completasse mais tarefas que os outros alunos, inclusive ajudando-o a supervisionar as tarefas dos colegas, evitando que eu ficasse sem ter o que fazer (provavelmente daí a origem do referido comportamento no primário), prática que incorporei, em todas as atividades de ensino sob minha responsabilidade. Foi esse professor também que me incentivou a participar da “Primeira Olimpíada de Matemática”, realizada em 1967, quando ganhei uma medalha que sempre mantive em minha sala de trabalho, como uma forma de contar, a quem reparasse, parte do início da minha trajetória matemática. Da época do “colegial” concluído em Campinas/SP, quase não lembro de nada, talvez porque estivesse encantada com outras coisas próprias da idade e que não cabem aqui. Quando estava no terceiro e último ano, fiz um concurso para concorrer a bolsa de estudos, e ganhei 50% para fazer o cursinho preparatório para o vestibular da área de exatas, MAPOFEI, e só me lembro do nome de um professor, o de Matemática: Prof. Imenes. Aqui cabe uma observação, pois eu me encontrei com esse professor em um evento realizado em Presidente Prudente em 2003 e, na ocasião, fiz questão de me aproximar para me reapresentar, relatar um breve resumo da minha atuação e agradecer pelos seus ensinamentos, quando ele se desculpou, explicando que naquele tempo ele era muito imaturo, conduta que me fez refletir e que, portanto, incorporei a partir de então. Durante o referido cursinho, me dediquei com muito empenho aos estudos para o vestibular, eu vislumbrava ser aluna da UNICAMP ou da USP, e todos os cursos me encantavam em especial Física, Matemática e Oceanografia. Entretanto, neste ano meu pai foi novamente transferido de Campinas/SP para Presidente Prudente, e só me restou prestar vestibular na antiga Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Presidente Prudente – FAFI (atual UNESP – Campus de Presidente Prudente), o que fiz para o curso de Licenciatura em Matemática, no qual fui aprovada e ingressei em 1974. No período de 1974 a 1977, desfrutei ao máximo minha situação de estudante universitária, tendo sido aluna de muitos professores admiráveis, tanto de Matemática (todos!) quanto de prática e didática de ensino (destacando a exemplar Professora Tereza Marini). Pelo bom desempenho no primeiro ano do curso, em especial na disciplina “Cálculo I”, já no início do segundo ano fui incentivada e aceitei ser a monitora da disciplina “Cálculo I” sob a responsabilidade do até hoje referido como “querido professor da FAFI”, Professor Luis F. Galante; além de: fazer parte do Diretório Acadêmico “D.A. 3 de Maio”; promover atividades do Clube de Cinema; representar a universidade para a construção da Moradia Estudantil, organizar encontros de Matemática; etc. No final do segundo ano me inscrevi para concorrer a uma bolsa de estudos do CNPq para seguir um curso de verão (iniciação científica), no Instituto de Matemática Pura e Aplicada - IMPA/RJ, fui contemplada e fiz uma disciplina com o brilhante Professor Jacob Palis Jr.. Este professor, como coordenador do programa de pós - graduação do IMPA, me enviou uma carta com os dizeres: “Ficamos satisfeitos com seu desempenho; esperamos que continue seus estudos em matemática”, que me incentivou de tal forma que nos 2 anos seguintes (1976 e 1977), continuei sendo monitora, já da disciplina “Calculo II”, e fiz os dois (02) cursos de verão subseqüentes do IMPA, o último já contando como disciplina do Programa de Mestrado do IMPA, todos com bolsa de estudos do CNPq. Aqui também cabe observar que em 2002 tive a oportunidade de assistir uma conferência do Professor Palis (convidado de honra de um congresso em Paris/FR que culminou com a inauguração de um centro de Matemática Aplicada), a quem me dirigi para agradecer e relatar brevemente meu desenvolvimento profissional, citando, é claro, a referida carta. Ainda nesse período universitário prestei serviço remunerado junto a Prefeitura de Presidente Prudente/SP, contando com uma bolsa de estudos para cumprir meio período por três (03) anos; com recursos da própria FAFI e do CNPq participei de dois (02) dos então tradicionais Colóquios de Matemática, e tive minha primeira experiência docente, quando ministrei aulas de Matemática por um semestre como professora substituta em escola pública de segundo grau. Apesar de já ter iniciado em janeiro de 1978 o Programa de Mestrado em Matemática no IMPA/RJ, em fevereiro de 1978 também recebi bolsa de estudos do CNPq para o Programa de Matemática Aplicada do IMECC/UNICAMP, o que, na ocasião, eu não sabia muito bem o que era (e quase nenhum dos meus professores com os quais busquei orientação para a decisão pareciam saber, até porque era apenas a segunda turma aberta “nessa modalidade”), mas que, ainda assim, foi o Programa de Mestrado pelo qual optei dar continuidade também como uma forma de realizar o sonho antigo de estudar nesta universidade. Nota-se como fator revelador da motivação da continuidade nesse programa, que meu nome consta como sócia fundadora n 173 da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional – SBMAC, na ocasião do primeiro Simpósio Nacional de Cálculo Numérico, em 1978. Durante o período do mestrado tive a oportunidade de participar de muitas atividades de distintas naturezas na UNICAMP, o que completou minha formação profissional no sentido mais amplo, em especial pela orientação de meu grande mestre, amigo e companheiro Professor José Vitório Zago quem, além de transmitir aos seus alunos os conceitos, condutas e procedimentos essenciais envolvidos no processo de produção e divulgação científica, também nos inseria em um universo de reflexão sobre nosso papel na universidade e fora dela, prática de cidadania que também incorporei (certamente não tão brilhantemente). No período em que cursava o mestrado também realizei e fui aprovada em dois (02) concursos públicos estaduais para o cargo de professor III, um em 1978- que não assumi, e outro em 1980 - que assumi em julho de 1980 logo que concluí a dissertação “Cálculo de Zeros e Polinômios” do Programa de Mestrado, o que ocorreu seis (06) meses antes da maioria dos mestrandos do mesmo programa daquela época (o previsto era três (03) anos). Enquanto nesse cargo de professora III na Escola Estadual Agrícola de Presidente Prudente – EEAPP, quando era responsável por 22h/semana nas disciplinas de Matemática e Física, segui com objetivos voltados para a continuidade de minha formação em Matemática Aplicada, e, por orientação do Professor Zago, me inscrevi, fui aprovada e, com bolsa de estudos do CNPq, em março de 1981 iniciei o Programa de Doutorado em Meteorologia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE/CNPq, em São José dos Campos/SP. Fruto do meu desempenho, felizmente, em junho de 1981, fui contratada como pesquisadora do INPE/CNPq, e assim pude me demitir do cargo de professora III e me dedicar somente à continuidade de minha atuação em pesquisa na área de Previsão Numérica do Tempo, para o que tive o incentivo e orientação precisa do notável Professor Dr Antonio Divino Moura, mestre e amigo até os dias de hoje. Mesmo na função de Pesquisadora do INPE/CNPq, parte de meu tempo era dedicada às disciplinas do Programa de Doutorado (17!!!), e parte às atividades de colaboradora de pesquisas bem como às atividades de monitoria na disciplina de Matemática - obrigatória para todos os alunos ingressantes nos programas de pós-graduação do INPE/CNPq, o que fiz durante dois anos consecutivos, 1982 e 1983, junto ao “temível” Professor Dr Medrano, cujo rigor no ensino e na avaliação do aprendizado de Matemática incorporei nas minhas atividades docentes desde então. Além disso, no período de 1981 a 1985, participei de muitos seminários, encontros e congressos tanto da área de Meteorologia bem como das áreas de Matemática e Matemática Aplicada; fui aprovada em exame de proficiência em dois idiomas e aprovada em Exame de Qualificação do Programa de Doutorado em Meteorologia em março de 1985, tendo direito a dedicação para o desenvolvimento da tese de doutorado. Assim, em setembro de 1985, com bolsa de estudos do CNPq, me desloquei temporariamente para a PUC/Rio de Janeiro, para dar continuidade ao meu trabalho de tese, sob a co-orientação do Prof. Dan Marchesin. Entretanto, em meados de 1986, quando eu desanimara de meu trabalho de tese pela pouca aplicação real, ainda que de alto nível matemático, surgiu a oportunidade de trabalhar na FEAGRI/UNICAMP, que estava iniciando o ensino de Matemática Aplicada, mais especificamente em seu curso de graduação e pós – graduação, para o que não contava com docente especializado. Sendo assim, fiz a inscrição para o concurso, realizei o concurso, fui selecionada, e em maio de 1986 optei por: assumir o cargo de docente da FEAGRI/UNICAMP referente à parte do programa de graduação relacionado à Matemática Aplicada; demitir-me do INPE/CNPq e continuar o trabalho de tese do INPE/CNPq, o que exigia meu deslocamento freqüente para São José dos Campos. Esta situação, entretanto, demandava muito tempo e, mais entusiasmada com a docência e aplicações da Matemática Aplicada para os processos investigados na FEAGRI/UNICAMP, em 1987 optei por desistir daquele Programa de Doutorado. Cumpre informar que naquela ocasião eu ainda tinha direito a mais um ano de bolsa de estudos (e com direito a solicitação da usual prorrogação por mais um ano). Esta decisão trouxe conseqüências que na ocasião, imatura, eu não pude prever, em especial o atraso de minha atuação profissional envolvendo a pesquisa e orientação na pós-graduação da FEAGRI/UNICAMP. Na FEAGRI/UNICAMP, além da docência, na graduação desde 1986 e na pós-graduação a partir de 1989, desenvolvi atividades administrativas, em especial a de vice-chefia do departamento ao que me dediquei efetivamente enquanto muitos outros docentes completavam seus cursos de mestrado e/ou doutorado, no Brasil ou no exterior; preparei-me e realizei o concurso público para o cargo de professor assistente (MS2); assessorei alunos e professores em questões de minha área de formação, bem como acompanhei como ouvinte algumas disciplinas do Programa de Doutorado do IMECC/UNICAMP, enquanto desenvolvi trabalhos de pesquisa em co-autoria com discentes e participei de diversos eventos científicos. Em 1990, também pela exigência da UNICAMP, após contatos com pesquisadores para a busca de um tema de pesquisa (o que fiz com especialistas tanto da FEAGRI/UNICAMP quanto em outros centros da UNICAMP), me inscrevi e fui selecionada para o doutoramento no Programa de Doutorado em Matemática Aplicada e Computação Científica no IMECC/UNICAMP, o que iniciei em 1991 sob a orientação do mestre, amigo e parceiro de objetivos em aplicações da Matemática a problemas reais, Professor Carlos A. de Moura, do Laboratório Nacional de Computação Científica -LNCC/RJ, mas ainda com a co-orientação do já referido Professor Zago. Meu trabalho de tese de doutorado foi desenvolvido enquanto continuava com as atividades profissionais usualmente requeridas na FEAGRI/UNICAMP, em especial as de ensino e pesquisa, e foi concluído com sucesso em setembro de 1996, pouco antes do tempo previsto. Este trabalho buscou o desenvolvimento de uma ferramenta da Matemática Aplicada e Computação Científica potencialmente útil a vários tipos de problemas da Engenharia Agrícola, denominados Problemas de Fronteira Livre, como os que aparecem em modelos matemáticos das áreas de Água e Solo e de Tecnologia Pós Colheita, áreas da FEAGRI/UNICAMP em que posteriormente mostrei maior produção científica. 2.2 Após o doutorado. A partir de 1996, quando obtive o titulo de doutor (MS3), ainda com as mesmas responsabilidades junto ao curso graduação (inicialmente com a disciplina “Matemática Aplicada a Agricultura” (FA 408) e, posteriormente, com “Cálculo Numérico” (FA 374)), com mais dedicação e precisão, vim buscando elaborar projetos e desenvolver pesquisas de interesse das diversas áreas da FEAGRI/UNICAMP. Entretanto, tais projetos e pesquisas, para serem efetivas na contribuição do avanço do conhecimento da área agrícola, necessitam da disponibilização dos dados experimentais para serem analisados pelas ferramentas matemáticas, bem como, e principalmente, da parceria com os especialistas da área experimental, o que, num primeiro momento (e perdurou por alguns anos!), não se concretizaram de forma plena, revelando somente seus potenciais de aplicação. Sendo assim, procurei orientação com alguns mestres, entre eles a Professora Sonia M. Gomes, IMECC/UNICAMP, do que resultou a orientação pela minha persistência na referida busca, a qual segui com muita dedicação e empenho até que a partir de meados 1998 consegui revelar produção científica. A partir desse período comecei a colaborar no curso de pós-graduação junto a distintas disciplinas denominadas “Disciplina Geral da Área”, obrigatórias aos ingressantes em cada área da FEAGRI/UNICAMP: Planejamento e Desenvolvimento Rural Sustentável (PDRS) (AP 154), Água e Solo (AS) (AP 151), Construções Rurais e Ambiência (CRA) (AP 152), e Tecnologia Pós-Colheita (TPC) (AP 155); fui responsável pela disciplina específica “Análise Numérica Aplicada a Engenharia Agrícola” (AP 132) da área de Matemática Aplicada - na ocasião obrigatória a todos os ingressantes na pós – graduação da FEAGRI, e por disciplinas de “Estudo Dirigido” nas áreas de CRA (AP 182), AS (AP 181) e TPC (AP 185). Além disso, me empenhei para defender a continuidade da disciplina (AP 132) que, infelizmente e por iniciativa da CPG/FEAGRI/UNICAMP, teve seu conteúdo dividido em “Introdução a Matemática Aplicada e Computação Científica” (AP 508) e “Matemática Aplicada e Computação Científica” (AP 518) e acabou por ser excluída do programa de pós-graduação da FEAGRI/UNICAMP. Cabe observar que, por ser esta a disciplina que divulgava às diversas áreas de pesquisa da FEAGRI/UNICAMP aquelas pesquisas passíveis de tratamento pelas ferramentas da Matemática Aplicada, para atender a minha busca por candidatos ao mestrado ou doutorado me disponibilizei a colaborar na disciplina “Metodologia da Pesquisa” (AP 197)”. Ainda assim, ao longo do tempo pude compreender que as ferramentas necessárias, e viáveis de serem ensinadas para o uso em pesquisas da FEAGRI/UNICAMP, não eram das mais complexas (como as desenvolvidas na minha tese de doutorado) e sim as mais básicas (como as da formação acadêmica desta área de Matemática Aplicada) e, neste sentido lentamente, e somente com muito empenho, consegui ir me inserindo, ainda que informalmente, em alguns dos grupos de pesquisa da FEAGRI/UNICAMP (ou o que eu entendia por grupo de pesquisa), insistindo em difundir uma série de projetos de pesquisas envolvendo a resolução numérica de equações diferenciais associadas a problemas das referidas áreas, mas já com as indicações precisas das necessidades tanto do desenvolvimento das ferramentas da Matemática Aplicada quanto do tipo de dados experimentais para a sua efetivação. Neste sentido, mas tomando resultados experimentais da literatura, orientei onze (11) alunos em trabalhos de Iniciação Científica (IC), sendo dois (02) bolsistas FAPESP, seis (06) bolsistas PIBIC e três (03) sem bolsa, em projetos das diversas áreas da FEAGRI/UNICAMP: CRA, AS, PDRS, TPC; orientei seis (06) alunos dos programas PAD e sete (07) alunos do programa PED da UNICAMP junto a disciplina “Cálculo Numérico”; e, a partir de 2000, também ofereci a disciplina eletiva do curso de pós-graduação “Métodos Matemáticos Para a Resolução de Equações Diferenciais” (AP 012), cujo conteúdo sempre foi direcionado aos alunos e candidatos com interesse em desenvolver pesquisas pelo uso das referidas ferramentas básicas da Matemática Aplicada. Além disso, orientei dois (02) alunos de mestrado, cujas dissertações resultaram trabalhos pioneiros na FEAGRI/UNICAMP, justamente devido ao uso dessas ferramentas, sendo uma da área de TPC (Modelagem Matemática e Simulação Numérica do Processo de Resfriamento de Produtos), concluída em 2002, e outra da área de AS (Modelagem Matemática e Simulação Numérica do Processo de Redução de Poluentes em Leitos Cultivados), concluída em 2003. Além disso, co-orientei uma (01) dissertação de mestrado da área de TPC (Modelagem Matemática e Simulação Numérica de Processos de Secagem), no mesmo sentido pioneiro, concluída em 2003. E em 2004 colaborei com o mesmo conteúdo da disciplina AP 012 em outra disciplina eletiva “Secagem Avançada” (AP 019). Observar que qualquer pesquisa sob minha responsabilidade envolve a elaboração de algoritmos, o desenvolvimento do programa computacional correspondente e a implementação em um dos ambientes computacionais: MATHEMATICA ou MATLAB (dependendo da autorização da FEAGRI/UNICAMP), os quais eu vinha disponibilizando aos discentes por meio do treinamento. Fruto dos distintos projetos relacionados a essas orientações de IC e dissertações de mestrado, mesmo enquanto as desenvolvíamos, elaboramos e apresentamos diversos trabalhos em congressos nacionais e internacionais, bem como tivemos artigos publicados em periódicos científicos. De tal empenho pude acompanhar o resultante acréscimo de trabalhos de pesquisa desenvolvidas com o uso das referidas ferramentas, inclusive sob a responsabilidade de outros docentes. Além disso, também estive envolvida em outros projetos para serem desenvolvidos sob minha responsabilidade pelos candidatos aos programas de pós-graduação destas áreas, tendo iniciado somente duas (02) orientações no programa de mestrado e duas (02) no programa de doutorado da FEAGRI/UNICAMP, sendo que nenhuma foi concluída sob minha orientação. Por outro lado, para as pesquisas da área de CRA, busquei outro tipo de ferramenta matemática, associada à Teoria da Lógica Fuzzy, com a qual tive contato em meados de 2002 com o Professor Laecio C Barros do IMECC/UNICAMP. Sendo assim, identificando como a ferramenta adequada tanto para os problemas de Conforto Animal, quanto para os de Água e Solo, ao longo dos anos de 2003 a 2004 preparamos um Manual e oferecemos palestras e uma oficina do uso desta teoria, posteriormente disponibilizamos o referido Manual na página do IMECC/UNICAMP em 2005 e, finalmente, na página da FEAGRI/UNICAMP em 2007. Tal empenho resultou em diversos trabalhos sob minha responsabilidade, que foram apresentados em congressos nacionais e internacionais bem como publicados em periódicos científicos, e vem resultando em uma grande quantidade de trabalhos de pesquisa sob a responsabilidade também de outros docentes nos vários níveis (IC, Mestrado e Doutorado), bem como vem sendo utilizado como referência em mini-cursos, congressos nacionais e internacionais da área de Matemática Aplicada dos quais tenho participado, bem como em outras áreas em que também desenvolvi e publiquei trabalhos. No período de março de 2005 a fevereiro de 2006 estive usufruindo Licença Sabática (SAB1), período em que, em trabalho conjunto com docentes internos e externos a UNICAMP, concluí o planejado, proposto e aprovado pela FEAGRI/UNICAMP, o que revelou expressiva produção cientifica (como constou do relatório de Licença Sabática incluso no meu Processo de Vida Funcional (PVF)), e propiciou o amadurecimento das alternativas para a continuidade de minha atuação em detrimento da anterior previsão de aposentadoria a partir de 2007. Observa-se que em 2005 eu já havia solicitado concurso para Livre Docência (MS5) junto a FEAGRI/UNICAMP, mas pela equívoca interpretação das especificações para “função” e “cargo”, decidi postergar minha solicitação. Nessa ocasião foi divulgado pela própria CPG/FEAGRI/UNICAMP um documento em que constava o meu nome, dentre os cerca de 35 docentes, como uma das quatro (04) mais produtivas da FEAGRI/UNICAMP, o que sequer estimava e, portanto, me surpreendeu, também por eu não ser da área Agrícola, o que revelou mais um fator de motivação para a minha continuidade na FEAGRI/UNICAMP. Assim, em 2007 quando retornei a FEAGRI/UNICAMP para reassumir minha função e responsabilidades após usufruir outras licenças (prêmio e férias acumuladas), continuei buscando aplicar meus conhecimentos, agora ainda mais densos, em pesquisas da área Agrícola, bem como da área de Saúde Pública, sendo a maioria com a colaboração de pesquisadores externos, como por exemplo, do Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL de Campinas, do Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET de MG, da Faculdade de Engenharia Ambiental da UNESP de Sorocaba, do Laboratório Nacional de Computação Científica - LNCC/RJ, do Instituto de Pesquisas Espaciais - INPE/CNPq, da Universidade Federal de Lavras - UFLA/MG, da Faculdade de Saúde Pública FSP/USP/SP, etc., bem como aceitando ser colaboradora na avaliação de produção científica de periódicos e revistas de outras instituições assim como de trabalhos submetidos a congressos. Além disso, desenvolvi projeto para o Programa de Pós-doutorado, em conjunto com Dr Haroldo F. C. Velho do INPE, cuja solicitação de afastamento não foi autorizada pela FEAGRI/UNICAMP, o que não impediu o desenvolvimento de parte do projeto, do que resultou um (01) artigo apresentado em congresso internacional e um (01) artigo publicado em periódico internacional. Ressalto que nessa ocasião fui incentivada pelo então presidente da CPG/FEAGRI/UNICAMP, Professor Zigomar, a realizar o concurso para Livre Docência (MS5). Assim, as atividades citadas foram implementadas e complementadas de janeiro a julho de 2009, período em que usufruí outra Licença Sabática (SAB2), e ao retornar a FEAGRI/UNICAMP em setembro de 2009, retomei o processo de solicitação deste concurso para Livre Docência (MS5) enquanto assumi integralmente minhas funções junto a FEAGRI/UNICAMP, em particular junto aos cursos de graduação e pós-graduação. Finalmente, observo que fruto do amadurecimento e da reflexão, comentados desde a Introdução desse texto, iniciei uma nova atividade objetivando buscar uma forma complementar para a minha atuação como membro da UNICAMP e em especial da FEAGRI/UNICAMP, me inscrevendo no processo seletivo para um Programa de Pós Graduação do Laboratório de Jornalismo Científico (LABJOR) da UNICAMP, no qual fui aprovada e venho seguindo com sucesso desde março de 2009. Acrescento ainda que a partir de então venho participando de eventos científicos também relacionados a Divulgação Científica (DC), sendo ouvinte de um, com apresentação de trabalho de divulgação científica para crianças em outro, e como conferencista em outros dois, sendo o tema desses dois últimos a ética na produção e divulgação científica. Além disso, atualmente desenvolvo pesquisa da área de “Modelagem Matemática e Simulação Numérica de Processos de Tratamento de Águas” com pesquisadora do LNCC (do que já resultou um artigo submetido à revista TEMA), continuo pesquisa em “Modelagem Matemática e Simulação Numérica de processo de Secagem de Tomates pelo uso da Teoria Fuzzy” com pesquisadora do ITAL (do que já resultou em artigo submetido à revista AGRIAMBI), e participo de um projeto “Modelagem Matemática e Simulação Numérica de Processos de Secagem via Técnicas para Problemas Inversos” sob a coordenação de pesquisador do INPE. Do conjunto de atividades descritas e analisadas, julgo estar plenamente enquadrada para a função pretendida (Livre Docência (MS5)), e, para a análise da banca nomeada para esse fim, seguem os documentos requeridos: “Memorial” e “Conjunto da Produção Científica”. ====//======
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