A morte me encontrou nessa noite, em sonho, na fronteira entre o dia 20 e 21 de abril de 2020. Um dia antes, tive a triste notícia da morte de uma ex-colega de trabalho, uma psicanalista brilhante com pouco mais de 50 anos. A notícia da sua partida, por si só, já disparou muita angústia, que fo...Continuar leitura
A morte me encontrou nessa noite, em sonho, na fronteira entre o dia 20 e 21 de abril de 2020. Um dia antes, tive a triste notícia da morte de uma ex-colega de trabalho, uma psicanalista brilhante com pouco mais de 50 anos. A notícia da sua partida, por si só, já disparou muita angústia, que foi potencializada ao saber que ela havia se suicidado. A noite que veio após essa trágica notícia, trouxe uma cena onírica de morte. Eu estava em fuga. Havia pego documentos e imagens comprometedoras de uma organização mafiosa. A máfia me encontrou e veio cobrar a dívida. Eu pensava o tempo na minha filha Alice de 3 anos, pois sentia que meu fim estava próximo. Enrolei os documentos e fotografias num lençol (que foi meu quando criança e que hoje pertence a ela), fazendo uma espécie de despedida. Não me deixaram nem eu me virar. O tiro veio pelas costas. Senti muita dor e fiquei me perguntando: “eu morri mesmo”? Acordei muito aflita e penso que, sem dúvida, essa construção anda de mãos dadas com o que temos vivido nesses tempos de pandemia.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
A pandemia tem nos aproximado da morte seja em termos reais pelos desdobramentos que a doença pode ter, seja pela morte daquilo que já nos era conhecido (das nossas rotinas de vida, da forma como nos relacionávamos, etc.). A morte como perda e ganho de potência a todo momento, pois se ela é fim é também possibilidade de renascimentos.Recolher