Depoimento de Clarice Gomes Afonso
Entrevistado por Karen Worcman e Daniela de Lima
Araraquara, 18 de Setembro de 1999
P/1 – Clarice, pode começar dizendo o seu nome, o local de nascimento e a data.
R – Meu nome é Clarice Gomes Afonso, nasci aqui mesmo, em Araraquara.
P/1 – E quando nasceu?
R – Dia 25 de agosto de 1954.
P/1 – E como é o nome de seu pai?
R – O nome de meu pai é Olívio Gomes da Silva, minha mãe Conceição Ferreira da Silva.
P/1 – Seu pai nasceu onde?
R – Meu pai nasceu aqui em Araraquara também. Minha mãe também é de Araraquara.
P/1 – Você sabe quando eles nasceram?
R – Meu pai? Dia 25 de Março de 1912 e minha mãe, dia 21 de Abril de 1921.
P/1 – Você pode me dizer o nome de seus avós, se você os conhecia?
R – Meus avós, eu conheci assim, muito pouco. Minha avó materna não cheguei a conhecer. Eles vieram de Portugal, tanto os avós maternos como paternos.
P/1 – Todos os seus avós vieram de Portugal...
R – Todos eles vieram de Portugal.
P/1 – Você sabe o nome deles, Clarice?
R – De minha avó paterna é Jesuína e do meu avô... Não lembro agora no momento...
P/1 – Está bom! E do materno? Depois, quando lembrar, você conta...
R – Materno, o meu avó era Manoel? Cabral e minha avó… Gente, memória curta.
P/1 – Eram nomes portugueses?
R – Portugueses!
P/1 – E você sabe por que eles vieram de Portugal? Eles comentavam isso em sua casa?
R – Minha mãe sempre comentou que eles vieram assim, tentar um nova vida. Por que naquela época eles achavam, vieram se aventurar mesmo, na agricultura. É, geralmente mais na agricultura eles tiveram, fizeram. E meu avó paterno ele veio bem pequenininho assim, mocinho, 16 anos. Primeiro, ele falou que vinha para o Brasil e que ele queria crescer. Se tornar assim, um grande proprietário de terras. Então ele veio com uma família de lá, acho que uns vizinhos. E ficou, começou a trabalhar, arrumou um emprego. Começou a...
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Entrevistado por Karen Worcman e Daniela de Lima
Araraquara, 18 de Setembro de 1999
P/1 – Clarice, pode começar dizendo o seu nome, o local de nascimento e a data.
R – Meu nome é Clarice Gomes Afonso, nasci aqui mesmo, em Araraquara.
P/1 – E quando nasceu?
R – Dia 25 de agosto de 1954.
P/1 – E como é o nome de seu pai?
R – O nome de meu pai é Olívio Gomes da Silva, minha mãe Conceição Ferreira da Silva.
P/1 – Seu pai nasceu onde?
R – Meu pai nasceu aqui em Araraquara também. Minha mãe também é de Araraquara.
P/1 – Você sabe quando eles nasceram?
R – Meu pai? Dia 25 de Março de 1912 e minha mãe, dia 21 de Abril de 1921.
P/1 – Você pode me dizer o nome de seus avós, se você os conhecia?
R – Meus avós, eu conheci assim, muito pouco. Minha avó materna não cheguei a conhecer. Eles vieram de Portugal, tanto os avós maternos como paternos.
P/1 – Todos os seus avós vieram de Portugal...
R – Todos eles vieram de Portugal.
P/1 – Você sabe o nome deles, Clarice?
R – De minha avó paterna é Jesuína e do meu avô... Não lembro agora no momento...
P/1 – Está bom! E do materno? Depois, quando lembrar, você conta...
R – Materno, o meu avó era Manoel? Cabral e minha avó… Gente, memória curta.
P/1 – Eram nomes portugueses?
R – Portugueses!
P/1 – E você sabe por que eles vieram de Portugal? Eles comentavam isso em sua casa?
R – Minha mãe sempre comentou que eles vieram assim, tentar um nova vida. Por que naquela época eles achavam, vieram se aventurar mesmo, na agricultura. É, geralmente mais na agricultura eles tiveram, fizeram. E meu avó paterno ele veio bem pequenininho assim, mocinho, 16 anos. Primeiro, ele falou que vinha para o Brasil e que ele queria crescer. Se tornar assim, um grande proprietário de terras. Então ele veio com uma família de lá, acho que uns vizinhos. E ficou, começou a trabalhar, arrumou um emprego. Começou a trabalhar...
P/1 – Aqui na região?
R – Aqui na região mesmo, aqui em Araraquara. Então ele, com aquele primeiro salário, já mandou para os pais lá em Portugal e depois trouxe a família, sabe? Aí, já começou, foi fazendo economia, comprou terras. Comprou sítio primeiro, até onde que é hoje o Selmi Dei. Toda aquela região que é hoje o Selmi Dei era dele. Tenho até saudades da época, porque depois a gente começa, cresce. Junto assim. Eles venderam, eu ainda era bem pequena, eu tinha, acho, que uns oito anos, mais ou menos, quando eles venderam toda aquela terra. Mas a gente lembra. Tem bons detalhes, então ele comprou e foi comprando, adquirindo, a. propriedade. E ele tinha olaria, fazia de tudo um pouco. Tinha engenho de cana, de açúcar. Então, ele produzia tudo ali no sítio. Tinha... Que mais? Tinha engenho, olaria. Aí, foi crescendo. Foi comprando gado também. Foi crescendo ali.
P/1 – Esse é o seu avô paterno?
R – Meu avô paterno? Não! Esse é meu avô materno, é! O paterno também, meus avós paternos também, eles tiveram um sítio. Também vieram pra cá. Compraram sítios, até onde hoje é a cadeia aqui, também. Era uma chácara, produziam mais frutas. Então, tudo de frutas eles tinham. De boa qualidade, meu pai sempre falava que era de boa qualidade. Depois venderam, compraram um sítio maior. Foram plantar café, que na época não deu certo, foi naquela época que abaixou depois. Tiveram assim, alguns transtornos. Mas no final foi sempre crescendo um pouco, na luta do dia–a–dia.
P/1 – O seu pai cresceu dentro do sítio?
R – Cresceu!
P/1 – Ele trabalhava com agricultura?
R – Com agricultura. Sempre trabalhou com agricultura.
P/1 – O que ele fazia na agricultura, trabalhava direto na terra?
R – Olha, ele trabalhava assim, tinha assim, tinha uns camaradas. Mas ele sempre estava na frente, então ele também fazia muito, mesmo! Fazia de tudo, capinava, no caso, colhia café. Então ele estava sempre ali, ajudando muito, sempre na frente. Aí, depois de casado, depois de alguns anos, que ele começou, ele trabalhou também, por muito tempo, na antiga Estrada de Ferro, que se falava naquela época. Que é a Fepasa. Lá ele trabalhou 12 anos.
P/1 – Fazendo o quê?
R – Ele era, como é que eu vou te falar? Arrumava, consertava as máquinas que quebravam. Não sei como que, se tem algum nome. Tipo mecânico. Ele consertava.
P/1 – Então vamos voltar lá atrás, seu avô tinha muita terra?
R – Não muita terra, hoje em dia a gente fala assim, que tinha um bom pouco.
P/1 – Você sabe como os seus pais se conheceram e se casaram?
R – Ah! Antigamente tinha assim, muito aqueles bailes. De fazenda, em sítio. Então eles se encontraram num sítio, naqueles bailes que tinha antigamente. As famílias já se conheciam, então eles já tinham um contato assim, de família. Mas conhecer mesmo, conheceram assim, num baile. E a família da minha mãe gostavam. Porque tinham aquelas coisas assim, vamos dizer, quase arrumado, casamento quase arrumado. Então, falou pra minha mãe que seria, também, um bom moço, tal. E começaram.
P/1 – Aí eles casaram e onde ficaram morando?
R – Eles ficaram morando, na época, num sítio mesmo, com os pais, por um bom tempo, um bom tempo. Depois eles moraram aqui, mais para o centro. Foi na época que meu pai trabalhou, também, na Fepasa, na estrada de ferro. Então, ficou assim vários anos, aqui no centro.
P/1 – Quando seus pais se casaram, continuaram a trabalhar com a lavoura? Continuaram com o sítio?
R – Quando eles se casaram? Continuaram um bom tempo, te falei, acho que mais de 10 anos. Depois, ele começou a trabalhar, a fazer um serviço diferenciado. Mas ele sempre esteve envolvido também, com a agricultura. Eu acho que ele gostava mesmo. Talvez ele não tenha tido assim, muita sorte na agricultura. Mas ele gostava, você vê que ele fazia isso mesmo, com amor. Porque depois ele adquiriu a chácara, meu avô faleceu, então eles dividiram o sítio, tal. Ele teve de herança uma chácara, era uma chácara na época, era assim, muito, muito… Tinha muito assim, mato. E ele conseguiu, como você falou, não tinha ninguém pra ajudar. Ele conseguiu assim, limpar a chácara, que ficou assim, uma beleza. Você olhava, dava gosto de ver aquela chácara. Tudo certinho, nos mínimos detalhes, tudo plantadinho. Na parte que era limpa, toda limpinha. Tinha um córrego, não era rio assim, era um córrego que passava na chácara. Ele limpava tão bem que dava pra gente… À noite ficava tão prateada aquela água, alguma coisa assim, prateada, uma cobra. Prateada. E eu brincava nesse córrego e adorava, era muito limpinho. Então, ele tinha aquele capricho. Aquele zelo com a chácara dele. Mas infelizmente não deu muito certo, não sei se devo contar também... Mas a gente vai puxando, vai lembrando.
P/1 – Vai, é lógico, vamos lá...
R – Porque aí ele fez uma plantação de arroz. Grande, e era assim, uma parte, onde plantou esse arroz, não tinha irrigação na época. Então, era uma parte alta da chácara, na parte baixa ele plantava assim, mais a horta, fazia hortinha, tinha bananeira. Então, ele aproveitava cada centímetro da terra. Ele plantava assim, as bananeiras, embaixo ele plantava as bananeiras, batata-doce, fazia aqueles canteiros de batata-doce no meio. E tudo limpinho, tudo muito bonitinho. Depois ele fazia a horta, também muito certinho, e ele queria aumentar. Então ele falou assim: “Vou plantar arroz”. Aí foi quando ele fez essa plantação de arroz maior. Grande, ele precisou fazer um empréstimo no banco pra poder fazer, infelizmente não choveu. Deu uma época muito forte de seca e ele acabou perdendo, todo aquele arroz, eu ainda me lembro... Secou mesmo, dava até dó. Estava assim, quase chegando nos cachos, pra cachear, secou todinho. Foi quando ele precisou vender a chácara pra pagar o banco.
P/1 – E aí, o que aconteceu?
R – A gente tinha uma casa na época, então ele queria vender a nossa casa, pra gente ficar com a chácara. Mas ele não deu muito certo de fazer a venda, então vendeu a chácara, precisou vender. Então, você vê que ele ficou muito triste, muito triste. Aquilo, acho que ele ficou assim, na memória dele pra sempre. Ele falou: “Eu tenho que vender, mas não era isso o que eu queria”.
P/1 – Aí vocês já estavam morando aqui na cidade...
R – Estava morando num bairro...
P/1 – Você tinha quantos irmãos?
R – Quantos irmãos? Na época tinha sete, nós somos em sete. O nome da mais velha é Alzira Gomes da Silva , depois é a Cleide Gomes da Silva, Rosalina Gomes da Silva. Eu estou falando nomes todos de solteiro. Rosalina. Maria, falecida, Maria Lúcia, depois sou eu. Meu irmão Daniel, falecido, e o Adélcio, que é o mais novo.
P/1 – E como era a infância, moravam todos no sítio? Descreve um pouco.
R – Na época, assim de criança. Como te falei, é sempre bom a gente viver assim, viver na liberdade, eu digo, que é uma liberdade você morar assim, num sítio, numa chácara. Então, eu adorava. Acho que tive assim, muito contato com meu pai, sabe? Então peguei aquele amor, que eu sentia, que ele sentia pela terra. Então, eu estava sempre do lado dele. Minha mãe passava alguns dias nessa chácara, porque a gente tinha a casa lá. Então, ela falava assim: “Se você não quiser vir para cá, eu estou aqui com seu pai, você fica em casa, tem seus irmãos”. Mas eu não, queria estar lá, com eles. Porque lá eu ficava, ajudava meu pai um pouquinho. Era criança, mas ajudava. Eu gostava mesmo era da liberdade que você tinha ali. Brincava assim, nos rios, ali, corria pra cá e pra lá. E estar junto deles também, eu queria estar junto deles, dos meus pais, ali por perto.
P/1 – O que você mais lembra de seu pai? Ele está vivo ainda?
R – Ele faleceu já faz quatro anos.
P/1 – Como é que você lembra dele, era uma pessoa brava?
R - Ele era, vamos dizer assim, exigente. Exigente. Ele gostava, assim, das coisas muito certas, muito certinho. Ele não admitia assim, como eu vou dizer, ele não chegava a chamar muito minha atenção. Até meus irmãos falam assim: “Ah, meu pai parece que gostava demais de você, te protegia, enquanto a gente, ele chamava muito a atenção”. Ficava assim muito bravo. Agora, meus filhos, quando eram assim, muito pequenininhos, eles falavam, eles tinham até um pouco de receio do meu pai. Porque ele gostava muito de criança, mas ele não tinha aquela parte assim, que hoje, às vezes os avós têm. Vamos dizer assim, tinha carinho, mas não era de pegar muito no colo. Aquelas coisas assim, então, ele fazia o que precisava ser feito. Então, vamos supor assim, se tinha qualquer problema ele estava ali, pronto para ajudar. Ele queria saber do que se tratava. Ele ficava muito preocupado. Mas ele não era, assim, uma pessoa de pegar no colo. Mas eu gostava muito dele, sabe? Tinha um carinho muito grande por ele, ele me passou muita coisa boa, sabe? Ele me passou responsabilidade, o quê que vou te falar? Enfim, tudo o que a gente precisa, e que hoje acho que falta muito nas pessoas, porque achei muito importante a família. Eu acho que é a base de tudo. A base de sua formação. Então, se você tem a formação dos pais, você segue aquilo, você vai adquirindo mais, mais. Você vai seguir sempre aquilo, aquela boa formação. Aquele exemplo do teu pai, da tua mãe. Então acho que isso foi muito importante pra mim. E ele sempre falava, ele era muito correto, gostava da coisa muito certa. Isso daí ele passou muito pra gente.
P/1 – Vocês moravam aqui na cidade, estudavam aqui, como era?
R – Eu morava na cidade. Nós nunca moramos assim, bom, moramos quando, eu não era nascida ela morou na Rua 1, Centro. Mas eu na época, sempre em bairro ou numa chácara. Então, eu estudava, e pra mim estudar era longe. Às vezes eu morava assim, na chácara e tinha que vir estudar aqui, a gente falava, na cidade, que é o João Manoel do Amaral, que seria o mais próximo. Então a gente andava bastante, assim, quilômetros pra chegar na escola. E eu gostava de estudar, gostava muito. Até, quando saí, por motivos mesmo que estou te falando, que era muito longe.
P/1 – Você saiu quando?
R – Olha, saí, fiz o quarto ano na época e tive que sair porque nós mudamos. Nós estávamos assim, pra mais longe. Eu fiquei um período muito grande sem estudar, senti muito, sabe? Mas estava muito difícil. Aí, depois, como nós mudamos de lá novamente, viemos para o bairro, então... Mas eu já estava trabalhando, já tinha 16 anos quando voltei a estudar.
P/1 – Vamos entender direito: Você morava aqui, seu pai vendeu a chácara e, aí, ele foi trabalhar na Fepasa...
R – Não. Ele trabalhava na Fepasa, eu era muito pequenininha, já fazia muito mais tempo. Quando ele adquiriu essa chácara de herança, foi depois. Foi depois. Mas mesmo quando ele vendeu, depois dele ter vendido essa chácara aqui, era dele, nós moramos mais uma vez em outra chácara que não era nossa. Quando te falei que nós mudamos, que a gente morava, que eu ia estudar longe, a gente estava morando nessa outra chácara que não era nossa. Era arrendada.
P/1 – Ele estava plantando...
R – Também plantando.
P/1 – ... e trabalhando na Fepasa.
R – Não, a Fepasa, ele trabalhou um período assim, deixa te falar, 12 anos, mas foi bem antes. Foi bem antes.
P/1 – Então, vocês viviam do trabalho dele na agricultura?
R – Mais da agricultura. Mais.
P/1 – E sua mãe?
R – Minha mãe não trabalhava fora, sempre ajudando ele também na agricultura.
P/1 – O quê que te marcou mais com a sua mãe, qual foi a lembrança que mais te agrada? Ela ainda é viva?
R – Ela é viva. O carinho que ela tem com a gente. Ela, por mais que ela não quisesse assim, às vezes... Sempre nós trabalhamos também, comecei a trabalhar com 12 anos. Mas ela sempre esteve por perto, defendendo, se fosse o caso: “Ah, você está trabalhando, mas se não der certo, sai”. Sempre me defendendo também. Ao mesmo tempo passando pra gente, assim, como vamos dizer, responsabilidade que a gente teria que ter. Mas ao mesmo tempo defendendo a gente. Então, sempre por perto, cuidando da gente. Aquele carinho todo que ela tinha, sempre teve com a gente.
P/1 – Todas vocês começaram a trabalhar assim, cedo?
R – Todas.
P/1 – Todas vocês estudaram até a quarta série na escola?
R – Aí, como falei, saí na quarta série e depois... É, comecei a trabalhar com 12 anos. Na época eu trabalhava de empregada doméstica. Eu tinha uns 12 anos mais ou menos. Comecei a trabalhar, trabalhei mais ou menos uns, um ano, nessa casa, depois saí e, vieram me chamar, numa outra residência. Eram os donos da Loja Elétrica Santa Teresinha, trabalhei mais de dois anos lá, até os 16 anos mais ou menos.
P/1 – Como empregada doméstica, você dormia no serviço?
R – Não! Nunca dormi, só trabalhava.
P/1 – Vocês moravam longe ou perto?
R – Nessa época eu já morava no bairro onde, ali mesmo, nesse bairro, Jardim Primor. Porque meu pai, quando ele comprou essa casa, ele foi assim, pioneiro nesse bairro. Quando ele comprou essa casa onde nós, eu não nasci, mas nós mudamos ali com, eu tinha três para quatro anos. Ele foi o primeiro mesmo a comprar essa casa, e ele ficou responsável pelo bairro. E ele também vendia os terrenos. Então, ele praticamente criou aquele bairro, tudo ali. Também vendendo, informando todo mundo, incentivando a venda. Então fomos crescendo ali mesmo, tá? Trabalhando, sempre trabalhando e morando, sempre ali, eu sempre morei, depois sempre morei ali. Desde os quatro anos até agora, praticamente sempre por ali. Nesse bairro. Então, eu trabalhava, 12 anos...
P/1 – Suas irmãs também já trabalhavam?
R - Minhas irmãs trabalhavam também.
P/1 – Como empregadas?
R – Como empregadas, também. Na época nem tinha muita opção. Então era mais empregada doméstica.
P/1 – Quem arrumou o serviço pra vocês?
R – Olha, como empregada doméstica, sempre, eles tinham assim, conhecimento, muitas vezes com parentes, tios, que informavam: “Olha, conheço tal família, assim, assim... Você não quer tentar, vê se você gosta. Você quer trabalhar, tá precisando trabalhar.” Então sempre informavam, sempre tinha um outro que indicava. A gente. E eles vinham em casa, procurar. Ver as famílias, pelo fato de ter uma boa informação, então, acho que era isso que eles queriam. Então, a gente trabalhava e, depois de, quando eu tinha meus 16 anos, que saí dessa casa de família. Meu pai também tinha um conhecimento com o dono de um estabelecimento, que era um mercadinho na época, que hoje não tem mais, que é ali perto de casa, que é um bar. Onde é hoje, como se diz? Uma passagem assim, na Luís Alberto. Então, ele conseguiu. Aí, o dono do estabelecimento veio me procurar, se eu não estava afim de trabalhar como caixa, nesse mercadinho. Aí, comecei a trabalhar lá.
P/1 – E você virou caixa...
R – Virei caixa.
P /1 - Era muito diferente do trabalho que você fazia antes?
R – Ah, muito diferente. Porque antes eu era empregada doméstica. Depois a gente, se bem que eu sempre gostei de trabalhar como caixa, por incrível que pareça. Desde pequenininha assim, mocinha, sei lá, 11, 12 anos, minha vontade era trabalhar como caixa, sempre imaginei eu como caixa. Aí, comecei a trabalhar lá, se bem que, também ficava como caixa mas também, sempre fui assim, nunca fiquei só, falava, seu trabalho é esse, vou fazer limitado, só nisso aí. Não, você começa a procurar outros trabalhos, então eu via, às vezes, aquelas filas de cliente esperando para ser atendido. Porque tinha poucos funcionários, então não conseguia ficar lá parada, no caixa de braços cruzados, esperando. Eu ia até eles e procurava ver o que eles estavam querendo, se precisavam de ajuda, eu estava ali, sempre pronta a ajudar. Aí, o cliente ia para o caixa, eu tinha que sair correndo para lá.
P/1 – O que é que se vendia nesse estabelecimento?
R – Ah, vendia assim, de tudo um pouco. Tudo mesmo, assim, desde arroz e feijão até, às vezes, um calçado, uma bota. Porque na época haviam aquelas botas de couro para trabalho de chácara, de sítio mesmo. Então a gente vendia também esse tipo de coisa, vendia de tudo.
P/1 – Os fregueses vinham de longe para comprar ou eram os fregueses do bairro?
R – Mais do bairro, de sítios por ali, mais a do bairro.
P/1 – Você conhecia os fregueses, vendia fiado para eles?
R – Tinha, tinha. Geralmente de sítios eles vinham, eles tinham na época aquelas cadernetas. Então, a gente marcava tudo ali, na caderneta, e eles compravam fiado.
P/1 – Eles eram bastante fiéis no pagamento, atrasavam?
R – Eram. Eu acho que na época eram mais fiéis, mesmo, do que agora.
P/1 – Então as formas de se vender no caixa eram nas cadernetas, para o pessoal do sítios?
R – A gente marcava numa caderneta.
P/1 – O que mais havia, tinha cheque?
R – Não, não tinha cheque, eles não usavam na época. Era dinheiro ou a caderneta. Olha, não me lembro, se tivesse cheque era muito pouco. Não me lembro assim, pode ser que tivesse já cheque, mas era muito pouco, mais mesmo dinheiro, ou a gente marcava mesmo.
P/1 – Quem era o seu patrão, como ele se chamava?
R – Geraldo, Seu Geraldo. Geraldo de Oliveira.
P/1 – Ele era português também?
R – Era mineiro mineiro! Até ele tinha muita consideração pela gente. Ele gostava assim. Como funcionário ele tinha muita consideração por mim, então, hoje ele não tem mais comércio. Mas até hoje, quando ele encontra comigo, ele fala que como funcionária assim, modéstia à parte, ele gostava muito de mim.
P/1 – Nessa época, você voltou a estudar?
R – Foi, foi quando eu trabalhava justamente nesse estabelecimento que voltei a estudar.
P/1 – E por que você voltou a estudar?
R – Ah, porque sempre gostei de estudar, tinha assim, loucura pra me formar. Infelizmente não me formei.
P/1 – O que é que aconteceu?
R – Ah, foi problemas assim, acho que de trabalho mesmo, na época. Porque, aí, comecei a estudar ali, e acho que estudei uns dois anos, saí, porque ele também vendeu o estabelecimento e fui trabalhar logo depois. Também, meu pai arrumou pra mim no Jumbo Eletro. Foi lá um dia, começou a perguntar, tal. Falou: “ Filha, vai lá, que eles estão precisando de funcionário.” Aí, já tinha uma certa prática. Então, fui lá e consegui e comecei a trabalhar. Naquela época a gente trabalhava muito, assim, não tinha assim, um horário definido. Então entrava 7 e meia da manhã e ia até a gente acertar tudo, porque chegava mercadoria depois do expediente, que era depois das 6 horas, no caso, chegava a mercadoria e a gente tinha que etiquetar, conferir, etiquetar. Acertar tudo na área de venda, porque no outro dia tinha que estar tudo certinho. E, com isso, atrasava o horário da escola. Então, muitas e muitas vezes perdia a primeira aula, a segunda aula e começou a me desmotivar. Mesmo porque eu achava assim: “Estou faltando tanto, vou ficar por faltas.” E olha, chegou no final do ano, aí começou a apertar mais ainda. Aí falei assim: “ Bom, vou sair, infelizmente vou sair.” E na época (riso), meus cliente fala que namorado sempre atrapalha um pouco. Tinha, estava namorando também. Então eu tinha que dividir ainda mais um pouquinho. Era trabalho, namorado.
P/1 – Em que série você estava?
R – Eu estava fazendo a oitava. Então ele falou: “Não, o ano que vem a gente começa novamente. Porque eu também vou recomeçar e a gente vai junto.” Parei, depois aconteceu, nós não voltamos mais a estudar.
P/1 – E quem é esse seu namorado?
R – Que hoje é o meu marido, né?
P/1 – Foi o seu primeiro namorado?
R – Não foi assim o primeiro. Mas vamos dizer assim, o mais sério.
P/1 – Como vocês se conheceram?
R – Na escola, na escola mesmo nos conhecemos. Mas isso, pra namorar, levou um certo tempo. A gente tinha assim, amizade. Mas acho que demorou uns dois anos, mais ou menos, pra gente começar a namorar.
P/1 – Ele era do bairro?
R – Ele morava na época em Santana, no bairro de Santana. E estudava também no IEBA. Ele também estudava lá. Aí, nós começamos a namorar, namoramos dois anos e oito meses, uns três anos, mais ou menos. Aí, casamos. Aí, ficou mais difícil ainda. Eu sempre pensei em voltar, a gente sempre pensa em voltar a estudar uma hora, um dia. Mas aí ficou pior, porque trabalho, sempre trabalhei lá. Aí, trabalhei no Jumbo, trabalhei 16 anos.
P/1 – No Jumbo?
R- No Jumbo-Eletro. Então, lá, vou dizer, namorei, casei, tive os filhos, tenho dois filhos. Então, todo esse tempo e depois, aí não deu para voltar a estudar. Porque aí, com casa, trabalho, fica mais difícil, né?
P/1 – Na época em que você morava com sua família e trabalhava, o que você fazia com o dinheiro.
R – Não entendi bem.
P/1 – Quando você morava com sua família...
R – Solteira? Aí, eu ajudava meus pais. Eu dava o dinheiro na mão da minha mãe. E ela dividia comigo, sempre me deixou com um dinheirinho. Também era ela que comprava as roupinhas que eu precisava, as coisas que precisava, sempre ela estava ali. Mas eu colaborava sempre com eles.
P/1 – E depois, quando você se casou?
R – Aí, quando casei, a gente já tem outros compromissos. Então, você começa a fazer uma outra economia, porque comecei a construir. Então...
P/1 – Vocês se casaram e foram morar aonde?
R – Eu morei três anos com minha cunhada, na época em que eu estava construindo a minha casa.
P/1 – Como se chama seu marido?
R – José Carlos Afonso. Aí, morei três anos com minha cunhada, aí, mudei pra minha casa, que é onde estou até agora.
P/1 – Vocês que construíram a casa?
R – Nós que construímos. Meu pai também ajudou, como te falei também, ele foi uma época pedreiro também. Então ele me ajudou bastante, mas muito, mesmo, a construir a minha casa.
P/1 – Ele construiu também a casa da família , da sua mãe?
R – A que minha mãe está no momento foi ele que fez, ele que construiu. Sempre ele estava assim, ajudando os filhos. Como te falei, como ele estava sempre ao par assim de um... A gente comprou os terrenos onde praticamente nós construímos, porque praticamente a nossa família ficou naquele bairro, toda. Só minha irmã, uma irmã que mora num bairro assim, mais distante. Mas, praticamente, nós estamos assim, no mesmo bairro.
P/1 – No Jumbo, quais foram os trabalhos que você fez?
R - Eu entrei como vendedora. Eu trabalhei como vendedora acho que uns oito a 10 anos.
P/1 – Como era esse trabalho de vendedora, o que é que você fazia exatamente?
R – Olha, a gente fazia assim, fazia um pouquinho de cada, porque, bom, em primeiro lugar, a gente tinha que estar sempre pronto para atender mesmo os clientes. A gente mostrava a mercadoria. Levava até o provador, mostrava o que tinha. E a gente tinha que fazer os boletos de venda e encaminhar ele ao crediário, no caso, se fosse uma compra a prazo. E passado esse tempo, depois de uns oito anos, eles me passaram, fui promovida pra encarregada de seção de confecção. Ali mesmo. Então trabalhei também, mais ou menos, uns oito anos como encarregada de seção.
P/1 – E você era uma boa vendedora, Clarice?
R – Eu acho que não fui assim, uma excelente vendedora, vamos dizer assim. Mas eu, na medida do possível, sempre fiz, procurei fazer o melhor possível.
P/1 – O que você achava que era ser uma boa vendedora? O quê que é procurar fazer o melhor?
R – Ah, dar uma boa atenção ao cliente, sempre mostrar uma boa vontade. Que acho que isso é muito importante, porque se a gente mostra má vontade, o cliente vai procurando sair. Eles não ficam ali, porque mesmo quando os cliente não estão interessados a comprar, se você começa a mostrar, mostra boa vontade de mostrar interesse em tudo aquilo, uma coisinha ou outra o cliente sempre vê e acaba gostando. Se ele não leva aquele dia, você pode ter certeza que ele volta a te procurar numa outra oportunidade, porque você cativou ele de uma certa forma. Você procurou ser gentil, então ele vai te procurar numa próxima oportunidade. Você pode ter certeza.
P/1 – E se for um cliente chatíssimo, o que você fazia?
R – Ah, existe alguns que são chatos. Você sabe que é difícil, é muito difícil você pegar um cliente assim, muito chato, que não queira nada. Porque acho que esses clientes chatos que não queiram nada, acho que eles nem entram na loja. Não está disposto, eles passam assim, meio rapidinho, eles falam assim: “Só estou dando uma olhadinha.” E dar uma olhadinha, dá a impressão de que você está atrapalhando eles ali. Então já saí logo, então esses não se abrem mesmo, é difícil, tem alguns, é pouco, mas tem alguns que a gente não consegue tirar alguma coisa deles. Tipo assim, pra eles se abrir e falar o que realmente eles estão procurando. Então tem uns que não gosta, mas é raro. Geralmente eles gosta, de um papinho, eles gostam que a gente mostra mercadoria nova, o que chegou de bom, sempre tem alguma coisa.
P/1 – E eles contam um pouco da vida deles?
R – Tem cliente que conta sim, tem alguns que são assim, mais abertos. Então eles gostam de falar dos filhos, gostam de falar da família, às vezes algum problema, eles sempre contam assim.
P/1 – O quê que você faz quando alguém te conta um problema?
R – Eu procuro sempre ouvir, em primeiro lugar, porque acho que eles estão ali mesmo pra contar e a gente pra ouvir. Você não pode fazer muita coisa, mas se você puder ajudar em alguma coisa, a gente ajuda, mas dificilmente. Então, eles estão ali mesmo para contar, então eles se abrem, contam tudo e a gente fica ouvindo e, acho, que só pelo fato de você estar ouvindo, já, já é gratificante para eles. Então, eles têm alguém pra passar. Uma pessoa assim diferente, a não ser assim, da família. Acho que é por aí.
P/1 – Você nunca se envolveu com alguma história?
R – Assim, que tenha trazido algum envolvimento? Não me lembro, acho que não. Eu acho que não. É mais assim, mais profissional, no caso. Mas acho que não chegou assim, a envolvimento mesmo.
P/1 – Quando você chegou no Jumbo, teve alguma dificuldade ao trabalhar lá?
R – É, estranhei de início porque na época não era nem Jumbo-Eletro, era Eletroradiobraz, daquele outro grupo. Então era uma loja imensa que vendia de tudo, tudo, desde uma agulha até, acho que até carros na época. Então a gente se vê assim, num ambiente enorme. Mas eu gostava, era como te falei, acho que sempre gostei do comércio. Eu acho que isso me atraia. Então eu gostava, me sentia feliz de estar ali dentro, sabe? Achava que na época eu estava sempre crescendo na área. Foi muito bom trabalhar ali muito tempo, foi muito bom, a gente faz muita amizade, como te falei. A gente faz assim, uma amizade grande com os clientes, que é até hoje, muitos me procuram. Na área mesmo de vendas lembram de mim. Então, isso é muito bom, é gratificante mesmo.
P/1 – Qual o produto que mais saía, o que os fregueses mais iam comprar, alguma marca específica que você se lembra?
R – Eu trabalhei sempre na área de confecção, sempre na confecção. Então, naquela época era diferente, eu não tinha assim, muita, muitas marcas diferentes, mas o que vendia era Gledson. Então a turma estava sempre por ali, procurando alguma marca diferente. Calça, calça jeans saía muito bem. Cores diferentes, que uma hora era uma cor, uma hora era outra, isso sempre teve. Sempre vai ter. Então, acho que no geral vendia de tudo, tudo um pouco.
P/1 – Quando você passou a ser encarregada de seção, mudou seu trabalho. Então, o que você fazia?
R – Aí eu já tomava conta, daquele grupo que me pertencia, da seção. A minha seção era feminina, tinha algumas funcionárias pra tomar conta e isso eu também era cobrada, de uma certa forma. Tanto dos gerente, engraçado, a gente passa, depois de um certo tempo de amigas, pra ser como encarregada. É um pouco assim, meio, vamos dizer assim, é difícil delas aceitar assim, no início. As amigas que eram assim, colegas de trabalho, mas depois com o tempo vão aceitando. Mas acho que no começo é difícil porque elas têm um pouco de ciúmes. Elas acham que não vão ser, que a gente vai mandar alguma coisa, mas não era por aí não. Eu sempre soube cativar assim, as pessoas, soube lidar, porque também não mandava numa forma assim, muito séria. Eu procurava tratá-las assim, mais como amigas mesmo. Cobrando assim, aquilo que precisa ser cobrado, mas assim, de uma forma assim, amiga, mais amigável.
P/1 – Depois desse trabalho de encarregada de seção, o que você foi fazer? Você continuou no Jumbo, você saiu de lá como encarregada?
R – Sai de lá como encarregada.
P/1 – Por que saiu de lá?
R – Porque fechou. Infelizmente, foi naquela época que eles fecharam, né?
P/1 – Que ano foi?
R – Foi em 90? Acho que foi em 90 que fechou.
P/1 – Porque eles fecharam?
R – Porque a loja estava dando assim, prejuízo, estava no vermelho já vários anos, e quando uma loja, pra eles, está no vermelho, não é interessante. Então eles acham que já começa a dar prejuízo, eles dão uma pausa, fecham, pra ver o que vai fazer. Também eles estavam mudando, antes era dos pais, deles, depois dividiram para os filhos. Eu acredito que também influenciou um pouco, também nisso, na divisão dos herdeiros. Eu acho que dificultou mais, também. Eles mudaram um pouco, fecharam, e não foi só aqui, na época fecharam muitas lojas que hoje parece que estão querendo reabrir, estão falando em volta.
P/1 – Então fecharam e você ficou sem trabalho?
R – É, na época fiquei sem trabalho. Fiquei um período em casa, mas sempre fiz alguma coisinha. Aí peguei uma representação de Tupperware, aqueles plásticos. Então eu fazia assim, as reuniões nas casas e vendia. Fiquei um certo tempo assim, vendendo esse tipo de coisa. Até ia em cidades vizinhas, chegava lá com alguma esperança. Ah, eles gostavam muito de bingo, aliás, eles adoram bingo. Então, eles queriam que fizesse das festas um bingo, e eu fazia.
P/1 – Como era? Conta.
R – Eu escolhia assim, uma peça que eles queriam, via o preço dela e fazia aquele tipo de sorteio. O valor dividia entre os convidados ali, presentes, o valor dela. E a gente fazia.
P/1 – O convidado era quem? Era uma reunião que você fazia?
R – Era uma reunião, porque aí a gente marcava uma determinada residência e lá ela passava, a da casa convidava os amigos dela Então iam lá, sempre de 10 a 20 pessoas estavam presente no dia.
P/1 – Como era a venda, através de catálogos de produtos mesmo?
R- Tinha catálogo, mas a gente levava já a amostra. Sempre carregava para elas verem mesmo, os produtos, sempre tinha lançamento. Então a gente carregava , essas peças que a gente carregava pra fazer mesmo o bingo, a gente já entregava na hora, era mais prático.
P/1 – Como te ocorreu trabalhar com Tupperware?
R - Eles me fizeram um convite, eu tinha uma amiga que trabalhava na época com isso. Então, como estava assim, em casa, não estava trabalhando, ela falou: “Ah, você não gostaria de pegar, é tão gostoso, a gente vai visitar as pessoa assim, os amigos, tem uma parte muito boa nisso.” Aí, comecei. Sempre gostei de estar junto ao público.
P / 1 – Então você só ganhava em cima do que você vendia?
R – Era uma comissão em cima daquilo.
P/1 – Você ganhava mais ou menos que no Jumbo?
R - Ah, eu ganhava menos. Menos, mesmo porque a gente, que é de casa, acaba se acomodando um pouco quando você depende, vamos supor que, você não é cobrada por aquilo sempre. Então quer dizer, a gente fazia as reuniões, mas não era todos os dias. A gente acabava dando preferência pra um trabalho de casa, às vezes, estar ali na rotina de casa e marcava alguns. Sempre marcava alguns durante a semana, mas já não era tanto. Então, a gente acaba ganhando menos.
P/1 – Como é que se fazia para marcar, como se arrumava clientes para ir na casa?
R – Praticamente a gente não arruma. Quem arruma, como te falei, são as próprias donas de casa. Vamos supor, o importante é você marcar a primeira pessoa, você tem uma amiga, você fala: “Fulana, gostaria de fazer uma reunião na sua casa? Posso mostrar meus produtos, tal.” A partir daí, que você conseguiu essa reunião, ela mesma já vai te conseguir outra dali.
P/1 – E ela faz isso por quê?
R – Ela fazia isso sempre porque ela também tinha uma comissão. Seria, uma comissão não, vamos supor que a gente, ela tinha uma peça que ela poderia ganhar, quando ela já contratava uma pessoa, entendeu? Uma próxima pessoa pra gente visitar. Então ela também tinha uma, alguma coisa também em troca disso. Então eles sempre arrumavam e, daí, a mesma coisa; na próxima arrumava outra. Sempre a gente fazia de uma reunião tirava duas ou três.
P/1 – Reuniões?
R – É!
P/1 – Na casa de outras.
R – Na casa de outras pessoas.
P/1 – Em que cidades você ia vender?
R – Eu trabalhava só aqui e Boa Esperança, como te falei, que eu tinha uma amiga, que comecei a fazer uma lá também e, daí, eles queriam sempre. Eles gostavam muito de bingo lá. Então, se você vê, eu estava até hoje lá. Mas aí, depois comecei a trabalhar, então larguei, não tive mais condições. Mas era gostoso, gostava sim.
P/1 – Depois você começou a trabalhar onde?
R – Comecei a trabalhar aonde estou até agora. Comecei a trabalhar no shopping. Na Zago Esportes.
P/1 – Como foi que você acabou entrando no shopping? Quando começou o shopping aqui em Araraquara era diferente?
R – Quando foi inaugurado, você diz? Eu acho que foi uma mudança, total. Porque até então, como te falei, não tinha muitas loja diferente. Então ali começou as grifes. A procura de grifes. Na época que foi inaugurado o shopping eu trabalhava, ainda, no Jumbo. Naquela época já percebi que foi assim, tirada assim, uma fatia de nossos clientes, principalmente os adolescentes, porque eles começaram a procurar as grifes . Já procuravam o shopping, então começou a mudar a procura. Então, você percebeu que mudou bastante isso.
P/1 – Quando foi isso?
R – Você diz assim, a época?
P/1 – Em que ano?
R – É como te falei; acho que em 80, 89, mais ou menos, que foi a inauguração. Faz uns 10 anos.
P/1 - Aí você percebeu que o seu tipo de cliente mudou...
R – É, já, uma grande maioria a gente eu percebia que procurava o shopping, principalmente os filhos da minhas clientes. Como estou te falando, os adolescentes, eles gostavam já de procurar certas marcas. Diferenciado. E hoje mais ainda.
P/1 – Como você chegou ao shopping, através de quem?
R – No caso, comecei não foi nem na loja em que estou, era do mesmo dono, mas foi numa, era loja infantil, na época. Na Bambinos, a proprietária da loja, ela era, eu já conhecia como cliente lá do Jumbo. Então ela já conhecia até um pouco do meu trabalho. E com ela trabalhava uma amiga minha, que também trabalhava comigo, que é a Lúcia. E por intermédio também da Lúcia, que soube que eu estava desempregada, e falou com os patrões, que eu também queria trabalhar, precisava voltar trabalhar. Aí, foi quando eles me chamaram, fizeram uma entrevista comigo e me contrataram. Mas fiquei na época só mais pra, porque a Lúcia ia entrar de férias, e fiquei mais assim, vamos dizer, tapa-buraco. Ficar lá enquanto ela estava de férias. Eu creio que ele gostou do meu trabalho e fui ficando. Aí ela voltou das férias, ele, deu certo, que ele estava precisando de um funcionário na outra loja que ele já tinha montado, de tênis. Era mais assim, infantil e sapato feminino. Aí comecei a trabalhar lá e, daí, foi crescendo, foi surgindo os importados. Até então não tinha muita coisa assim, de tênis importado, era um ou outro. Aí foi surgindo, foi aumentando, foi aumentando e ele cresceu assim, rapidamente, acredito. Num prazo assim, de cinco anos, ele abriu assim, quatro lojas.
P/1 – Esse seu patrão?
R – É, no comércio. Ele abriu uma no centro, que fica na Prudente, na Prudente de Morais, e uma em São Carlos e uma em Limeira, também. Nesse tempo todo ele inaugurou mais três lojas.
P/1 – De tênis importados...
R – De tênis importados. Eu acho que foi assim, a procura foi muito grande, dos importados.
P/1 – Mudou, você sentiu que o público mudou?
R – Ah, acho que assim que ele começou a comprar tênis importado, a procura foi grande. Então a gente começou a sentir que eles não estavam interessados mais naqueles tênis nacionais. Que na época tinha o Adidas nacional, tinha Dharma, tinha, enfim, alguns, e eles já davam preferência, embora eram na época bem mais caro. Como é até hoje. Mas eles ainda preferiam levar aquele tênis importado.
P/1 – Qual que vendia mais?
R – Nós começamos a trabalhar com a Asics no momento. Então começou a vender muito bem. Aí, começou a aumentar, começamos a trabalhar com a Reebock, começamos a trabalhar com a Mizuno, a Nike, no geral, são as três marcas que saem muito bem. Atualmente, o que sai mais, mesmo, é Nike, Adidas e Reebock. Então, são as três marcas que, acho, estão bem na frente.
P/1 – O que foi mais diferente quando você passou a trabalhar no shopping?
R - Acho que sempre pesa um pouquinho a gente ter um certo tempo de comércio. No normal a gente tem assim, um pouco de prática. Eu acredito que foi por aí. De uma certa forma ele conhecia meu trabalho. Eu acho que isso foi importante.
P/1 – O que ficou diferente pra você? Você chegava pra trabalhar no shopping, era diferente do que trabalhar no Jumbo?
R – É diferente.
P/1 – O que é diferente?
R – Bom, em primeiro lugar, o shopping é uma clientela um pouco diferenciada. Não é tão popular. Tem algumas pessoas, mas a maioria, já são de um outro nível. Mudou também como empresa, eu trabalhava numa empresa assim, muito grande, que tinha um outro regulamento. Então, como vou dizer, a gente ficava assim, não tinha certa liberdade como tem hoje. Até acho que gosto mais ali do shopping, atualmente. A gente tem outra liberdade, a gente trabalha direto com o patrão, é diferente, porque lá era gerentes, de um passar pra outro. Era uma hierarquia assim, que às vezes complica até numa atitude, numa hora que você tem que tomar uma decisão. Fazer assim, alguma promoção, ou então algum produto que fica meio parado, que você quer botar ele pra fora e que você não pode fazer porque depende de muitas pessoas. Então, isso daí dificulta um pouco, quando você trabalha numa empresa grande. Agora, você trabalhando direto com o patrão, você está ali, no dia–a–dia, você fala, se tem algum produto que você queira fazer, uma decisão que você tem que tomar, já é direto com ele, é rapidinho. Então, acho que é diferente. Mudou bastante.
P/1 – E você tinha alguma liberdade de fazer promoção já entrando na loja de tênis? Você podia estar à frente de alguma promoção, pensar e passar essa idéia para o patrão?
R – Você diz onde estou?
P/1 – Isso!
R – Ah, sim, sempre a gente tem esse contato. A gente troca idéias. O que precisa ser feito sempre ele pergunta pra gente, a gente passa alguma informação. A gente está em contato direto com o cliente, então a gente sente mais, a necessidade de fazer uma coisa ou outra, ou a gente está ali, ligado com o produto, está vendo o que precisa ser feito. Então, a gente sempre fala, a gente sempre tem diálogo desse tipo.
P/1 – Então hoje você está nessa loja?
R – Hoje estou nessa loja. Na Zago Esportes.
P/1 – E você teve quantos filhos?
R – Desculpa um pouquinho. Eu acho que, como ele sempre falava assim pra mim, não faço muito o perfil da loja e do shopping. Porque geralmente quem trabalha no shopping são mais jovens. São assim, a moçada, de 18 a 25 anos. Então, mais como te falei, tinha já um certo tempo que eu trabalhava lá, e como foi mudando, também fui mudando, acompanhando toda essa mudança, então fui ficando. A gente tem assim, uma certa responsabilidade também. Então acho que é por aí. Acabei ficando.
P/1 – Seus colegas são mais jovens do que você?
R – São mais jovens e, geralmente, ele coloca sempre homens lá na loja. Homens, e de preferência mais jovens. Ele fala que shopping é geralmente jovens que trabalham. Eu sou uma exceção.
P/1 – E você é chefe dos meninos?
R – Não, não sou chefe não. É amigos, é colegas.
P/1 – Quantas pessoas tem na loja trabalhando?
R – Geralmente a gente trabalha em quatro, quatro ou cinco, mas geralmente em quatro. A gente faz em dois períodos. Só no sábado que a gente trabalha um pouco mais, mas é em média de 6 a 8 horas de trabalho por dia.
P/1 – Você ganha como, em cima de venda?
R – Por comissão, só comissão.
P/1 – Ah, você não tem salário!
R – Não tenho salário. A gente tem que correr atrás do dinheirinho, tem que correr atrás, mesmo, do salário. Mas acho que sempre dá pra gente fazer, atualmente, como a gente fala, até um bom salário, pelo que a gente vê, atualmente por aí.
P/1 – Você pode dizer quanto você tira, em média?
R - Vamos dizer que seja na faixa de uns 600, 700 reais.
P/1 – Além disso, recebe algum outro benefício, alguma outra coisa? Onde você come, por exemplo?
R – Onde eu como? Alguma vez faço uma refeição assim, mesmo no shopping, mas não é sempre. Mesmo porque, te falei, a gente trabalha pouco tempo, seis horas. Então, a gente almoça em casa, já vem, a trabalhar assim. Só, mais é no sábado que é necessário um lanche, alguma coisa assim, a mais, mas sempre ali no shopping mesmo.
P/1 – Você trabalha com carteira assinada?
R – Carteira assinada, nós temos carteira assinada.
P/1 – No Jumbo você tinha salário ou era comissão?
R - Lá nós tínhamos assim, comissão também. Só que lá a gente tinha uma certa, eles falavam que era um final de semana remunerado. Então tinha alguma coisa assim, a mais, também.
P/1 – Quanto você ganhava lá?
R – Oi? Quanto eu ganhava lá? Ah, mudou tanto a economia do país que a gente faz assim, uma certa confusão. Mas acredito que era mais ou menos, mais ou menos esse valor. É que na época a gente fazia mais com o dinheiro que a gente ganhava, então dava pra se fazer mais alguma coisa. Hoje não daria para eu fazer o que já fiz no passado. Seria mais ou menos isso, mais ou menos o que estou ganhando.
P/1 – Você disse que se atualizou, em que você mudou trabalhando no shopping?
R - Eu acho que a gente acompanha a moçada toda, porque é muito gostoso também trabalhar com os jovens. Eles estão sempre querendo novidades, marcas diferentes, modelos diferente de tênis. Então, a gente está sempre por dentro do que eles gostam mais, do que eles estão querendo, modelos. Então, a gente está sempre envolvida com eles também. Então a gente procura fazer também, vamos dizer assim, o gosto deles. Procura estar assim, estar bem, da maneira que eles gostam.
P/1 – Eles se abrem também? Como que é a relação com eles, contam coisas?
R – Ah, acho que os adolescentes são mais difíceis. Geralmente eles são mais ressabiados. Um ou outro que passa alguma coisa, de escola, que conversa com a gente. Mas eles são assim, mais fechados, nessa parte. Mas sempre tem, sempre tem clientes assim, adolescente também muito legal. A gente gosta de bater assim, grandes papos. E como te falei, meu patrão, o seu Mário, ele gosta de conversar com os jovens, ele procura, ele está sempre perguntando: “O que é que você faz, o que você não faz, você estuda, você está fazendo faculdade, isso é importante, você se formar porque você vê, sou formado, sou engenheiro e tenho essa loja, tenho outras, por que? Porque precisa a gente ser formado em alguma coisa. Mesmo que você não vá exercer aquela profissão, mas é importante você ter uma faculdade.” Então, ele está sempre, também, procurando dar conselhos pra moçada, sabe? Além de ser assim, vamos dizer, um vendedor, um comerciante, ele também gosta de assim, bater papo com a moçada toda. É legal isso.
P/1 – Clarice, hoje o seu marido faz o quê?
R – Ele trabalha no Correio, ele trabalha lá acho que 25 anos, mais ou menos, ou mais.
P/1 – E os seus filhos, eles estão com que idade?
R – Eu tenho o Rafael, que fez 18 anos e a Luciana, com 16.
P/1 – E ele estão estudando?
R – Estão estudando, os dois. Ele estuda e trabalha, estuda de manhã e trabalha à tarde, comigo lá na loja, já está trabalhando lá. A Luciana, ela só estuda no momento, não está trabalhando.
P/1 – O que você acha que eles devem fazer na vida?
R – O que eles devem fazer? É difícil, a minha filha gosta muito de Artes Plásticas, ela adora esse tipo de coisa, tudo o que é relacionado a desenho, a criar, a fazer alguma coisa assim, ela gosta muito. Ela gostaria muito de fazer uma faculdade de Artes Plásticas. Eu acho que mais é isso. Ele, meu filho gosta também de desenho, mas um desenho assim, industrial, não chega a ser industrial, como é que vou te falar, tipo criar alguma coisa, sabe? Um desenho, alguma coisa assim, diferente. Eu também acho que ele gostaria de fazer uma faculdade assim, desse tipo assim.
P/1 – Você acha que eles vão fazer faculdade, você vai incentivar?
R – A gente incentiva. Está difícil fazer uma faculdade, faculdade não está fácil, porque fica caro. Bom, mas a gente está fazendo, ele já está trabalhando. Eu acredito que vai dar para ele fazer a faculdade, mesmo que não seja já, assim, mas daqui um ano. Ele está terminando de fazer o terceiro colegial, então, acredito que daqui mais um ano é capaz de ele fazer sim, uma faculdade. Às, vezes não dá pra fazer aquilo que a pessoa gosta, gostaria de fazer, mas acredito que ele vai ter que fazer alguma coisa. Hoje tem que fazer mesmo, não tem jeito, mesmo porque incentivo bastante. Se depender disso, eles vão procurar, um pouco de sacrifício, mas vão conseguir fazer.
P/1 – Deixa te perguntar uma coisa: Hoje, quanto tempo de comércio você tem?
R – Eu tenho, acho que uns 26 anos, mais ou menos, de comércio.
P/1 – Nesse período, o que você acha que aprendeu e poderia dizer? Quais foram as lições que você teve?
R – Eu acho, como te falei, trabalhar com o público é gratificante, porque a gente está sempre conhecendo novas pessoa também. Isso daí acho que é muito importante. Eu acho que a gente está ajudando sempre a elas, procurando fazer o melhor possível da gente. Então, eu acho que isso daí é muito bom, a melhor coisa que tem é a gente estar em contato com eles, sempre. Sempre uma coisa nova, você está sempre aprendendo, está no comércio, passando alguma coisa pra eles, mas também sempre aprendendo. Eu acho que aprendi bastante, com os clientes mesmo.
P/1 – Hoje, como é que é o seu dia-a-dia?
R – Eu acordo também com os meus filhos pra ir pra escola, já fico, de manhã, já começo a correr atrás do meu serviço, porque adianto bem. De manhã, também, umas quatro vezes por semana dou uma caminhadinha com a minha mãe, dou uma caminhada com ela, e começo já a fazer o meu serviço de casa. Faço tudo, almoço, arrumo a cozinha, passo, lavo, enfim, o trabalho doméstico. E como entro, geralmente, das 3 horas às 10, então dá esse tempo, deixo tudo pronto em casa pra trabalhar.
P/1 – Aí os seus filhos chegam para o almoço?
R – Aí chegam pra almoço, almoçam todos em casa. Está prontinho, então eles almoçam. Por isso que dou sempre preferência pra trabalhar a parte da tarde até à noite, que pra mim é bem melhor. De manhã me atrapalha um pouco.
P/1 – E que horas você sai do shopping?
R – À noite, às 10 horas. Às vezes, tem sempre um cliente ou outro que chega lá às 10 horas pra comprar. Então, aí, você acaba saindo mais tarde, às 11 horas, atrasa um pouquinho.
P/1- Daí você vai direto pra casa?
R – Direto pra casa. Sempre meus patrões me levam também, me ajuda bastante. Então me deixam em casa, chego mais rápido também.
P/1 – O que mais você gosta de fazer nos finais de semana, feriados? Gosta de viajar?
R – Adoro viajar! Se pudesse, gostaria muito, mesmo. Adoro essa parte assim, esse passeios ecológicos, sabe? Quando tem alguma coisa que posso fazer, faço. Visitar algum parque ecológico. Ah! É o que gostaria de fazer. Conhecer também, como estava falando, museus, adoro. Minha filha também gosta muito, de estar sempre olhando uma coisa ou outra nesses passeios. Enfim, acho que assim; viajar, no geral seria o que mais gosto de fazer.
P/1 – Agora, daqui pra frente, qual é o seu sonho? O que você gostaria de realizar na vida?
R - Olha, ainda gostaria de ter um comércio meu. Eu gostaria porque, não sei, como a gente estava comentando, está ficando muito difícil, também, para os jovens arrumar serviço hoje. Eu acho que tem que tem que batalhar muito, além de uma formação. Tem que sair a procura e batalhar muito. Então, acho que se a gente conseguir ter alguma coisa da gente, de qualquer forma, algum tipo de comércio, de trabalho da gente mesmo, acho que até ajuda. A gente deixaria para os filhos, já, algum início, algum trabalho, já pra iniciar.
P/1 – Seria um comércio de que?
R – Você sabe que gostaria até mexer com alimentação. Mas já pensei em vários, porque gosto muito de uma alimentação assim, mais saudável, diferente. Então sempre penso em alguma coisa que pudesse fazer, sabe, diferenciado. Se pudesse, como te falei, herdei do meu pai muito, alguma coisa da agricultura. Eu gostaria até, vamos supor, plantar aquilo que você fosse fazer. É difícil, já fica sendo um pouco difícil, mas uma alimentação mais sadia. Eu acho que era muito importante isso.
P/1 – Você vai batalhar por isso ou é um sonho?
R – É, é um sonho. Mas eu acredito que posso até conseguir alguma coisa diferente, não tanto, como te falei, plantar, pra gente conseguir fazer, mas acho que ainda posso ainda conseguir alguma coisa nesse sentido, sim. Diferenciado.
P/1 – E seria ótimo! Em que lugar da cidade você faria o seu comércio?
R – Em que lugar da cidade? É um caso assim, de escolher, porque a gente tem que procurar um lugar certo. Poderia, no início, até ser assim, na minha casa, naquele bairro mesmo. Mas isso eu teria que procurar melhor, analisar bem melhor. Senão a gente acaba fazendo coisa que não deveria fazer, mas tem que procurar direitinho. Vamos ver se dá certo. (riso)
P/1 Bom, você quer falar mais alguma coisa?
R – Eu acho que falei já um pouco de tudo. Eu acredito que sim, que é isso aí, só.
P/1 – Está bom, obrigada! Muito obrigada, Clarice, foi um prazer!
R – Obrigada, vocês!
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