Hoje eu estive me lembrando com muita saudade do meu tempo de jovem. As moças não tinham a liberdade que têm hoje. Era bem diferente; não se podia ir a bailes sem a companhia da mãe ou dos irmãos – que eram uns mandões
E namorar, então?
Se um rapaz se interessasse, viesse conversar, e um irmão visse, já queria saber quem era "aquele sujeito, não quero mais que você converse com ele" e tal e tal.
Eu já tinha mais de quinze anos quando fiquei gostando de um rapaz, que era amigo de minhas amigas – o Walter Gianini. Mas eu, tão envergonhada, nem conseguia falar com ele direito. Tremia da cabeça aos pés.
Nós tínhamos o costume de pôr apelidos nos moços, e o dele era Flor, por ser muito delicado. A Carminha, amiga minha, é que deu esse apelido, mas era mais para rir do que outra coisa.
Assim foi passando o tempo. Quase três anos, e eu sempre gostando dele, mas não dava oportunidade a ele de me pedir em namoro. A gente ia às matinês dançantes ou, à noite, a formaturas ou até no Club Independência. Eu ficava ansiando para ir, só para dançar com ele. Aliás, nós acertávamos bem o passo, mas nem sempre ele me tirava como par... Ele dançava muito com a Carminha, e eu ficava morta de ciúmes, por ele e por ela, pois gostava demais dos dois.
E assim continuou até que, um dia, quando eu já cansava de esperar, depois de um baile, ele me convidou para sair à noite. Eu quase morri de alegria. Mas, oh, que desilusão... no final do passeio, só conversando, ele me agradeceu e disse "até mais"
Eu resolvi, então, namorar outro rapaz, chamado Walter também. Um conhecido de meu irmão. Mas não deu certo. Não gostava dele, não tinha jeito. Após seis meses de namoro, encontrando-nos só aos sábados e domingos e sem nenhuma intimidade (só deixei que ele pegasse na minha mão e em meu braço), resolvi terminar tudo. Não conseguia esquecer o primeiro amor, que ficou na lembrança até hoje...