A gente se autodenomina Medzeniako, os povos baniwa estão em tribos na fronteira aqui no Amazonas, Venezuela e Colômbia, município São Gabriel da Cachoeira, onde os povos se encontram. A minha primeira lembrança é uma roça grande, dos meus pais, e a gente indo atrás de mandioca, mas a roça ainda não estava madura, e eu lembro da minha mãe dizendo assim, “é melhor a gente ter isso do que não ter”.
Saí da comunidade cedo, foi para estudar, eu já tinha meus irmãos mais velhos na cidade estudando na escola Pamaáli, e fomos nesse ritmo assim. Porque ir para escola? Nós tínhamos dois irmãos que tinham ensino fundamental, essas pessoas a comunidade escolhe para ser nossos professores, alfabetizar os irmãos mais novos dentro da comunidade.
As mulheres sempre estiveram no apoio mesmo de preparar comida, mas também ao mesmo tempo tem uma questão dentro das mulheres baniwa, que elas que falam para o homem falar daquele jeito, elas que preparam o discurso, tanto para decidir, para levantar uma questão, elas sempre estiveram pela voz dos homens até hoje. Somente este ano a associação lá da minha região, conseguiu eleger a primeira mulher na associação. As mulheres ao mesmo tempo que elas sempre estiveram presentes mas, também elas sempre foram muito silenciadas, não no sentido de não estar falando mas, elas falavam através dos maridos, dos filhos. Elas têm um papel político muito importante nesse sentido de debate, de levantar as pautas. A gente não quer que nossos filhos passem necessidades na cidade, por isso a gente quer uma escola nossa, esse formato da escola Pamaáli da minha região. É muito da ideia das mulheres, da pauta delas. A gente está em torno de 15, 20 mulheres baniwa que estão professoras na comunidade.
Fomos sim colonizados, mas a gente está no processo de falar nós por nós, tanto na escrita, tanto em trazer essas narrativas de experiência, de vivência. Todo dia morre um de nós, e essa morte é...
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A gente se autodenomina Medzeniako, os povos baniwa estão em tribos na fronteira aqui no Amazonas, Venezuela e Colômbia, município São Gabriel da Cachoeira, onde os povos se encontram. A minha primeira lembrança é uma roça grande, dos meus pais, e a gente indo atrás de mandioca, mas a roça ainda não estava madura, e eu lembro da minha mãe dizendo assim, “é melhor a gente ter isso do que não ter”.
Saí da comunidade cedo, foi para estudar, eu já tinha meus irmãos mais velhos na cidade estudando na escola Pamaáli, e fomos nesse ritmo assim. Porque ir para escola? Nós tínhamos dois irmãos que tinham ensino fundamental, essas pessoas a comunidade escolhe para ser nossos professores, alfabetizar os irmãos mais novos dentro da comunidade.
As mulheres sempre estiveram no apoio mesmo de preparar comida, mas também ao mesmo tempo tem uma questão dentro das mulheres baniwa, que elas que falam para o homem falar daquele jeito, elas que preparam o discurso, tanto para decidir, para levantar uma questão, elas sempre estiveram pela voz dos homens até hoje. Somente este ano a associação lá da minha região, conseguiu eleger a primeira mulher na associação. As mulheres ao mesmo tempo que elas sempre estiveram presentes mas, também elas sempre foram muito silenciadas, não no sentido de não estar falando mas, elas falavam através dos maridos, dos filhos. Elas têm um papel político muito importante nesse sentido de debate, de levantar as pautas. A gente não quer que nossos filhos passem necessidades na cidade, por isso a gente quer uma escola nossa, esse formato da escola Pamaáli da minha região. É muito da ideia das mulheres, da pauta delas. A gente está em torno de 15, 20 mulheres baniwa que estão professoras na comunidade.
Fomos sim colonizados, mas a gente está no processo de falar nós por nós, tanto na escrita, tanto em trazer essas narrativas de experiência, de vivência. Todo dia morre um de nós, e essa morte é silenciada, e somos muito pouco ainda para defender as nossas causas, mas estamos muito felizes também por ficar nesse espaço, e que venha mais pessoas para fazer a diferença, para indigenizar esse processo. Sobreviver nesse espaço de movimento do corpo, tanto de retornar para a comunidade, de viver na cidade, compartilhar experiência com os não-indígenas, escrever sobre. Isso não te tira a condição de ser uma indígena baniwa Hipamaali, você continua sendo Hipamaali, aquela que cresceu lá na comunidade Tucumã mas, também é esse corpo que pode colaborar com outras formações.
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