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Por: Museu da Pessoa, 22 de janeiro de 2007

Guaranazal: minha segunda casa

Esta história contém:

Guaranazal: minha segunda casa

Deixei a cidade de Maués na década de 1959, motivado pela vontade que a minha mãe tinha de eu estudar. Como a minha irmã mais velha já estava em Manaus, fomos pra lá. Manaus tinha pouco mais de 300 mil habitantes, era uma cidade pequena. Era muito melhor estar numa capital pequena como Manaus, onde a fartura, principalmente de comida, era abundante, do que estar aqui em Maués.

Voltei para Maués em 1993, com 34 anos. Como aqui é minha terra, não vou deixar de falar bem dela: as praias lindas de Maués, a zona rural. Aqui eu posso ganhar pouco, posso até não ganhar nada, mas eu tenho vida. O interior do Amazonas, aqui, na nossa cidade, você ganha vida, porque é um município com pouca violência, um município que não tem crise de epidemias. No meu interior, nunca adoeci nos últimos anos que eu voltei. Por que que eu vou sair daí? Não há motivo. Gosto de ouvir o canto dos pássaros, o coaxo dos dos sapos… Essas coisas do interior! E hoje eu tenho amor à cultura do guaraná. O meu pomar de guaraná é a minha segunda casa, eu gosto de estar lá com eles. Eu me sinto fortalecido junto desse vegetal chamado guaraná.

O guaraná de Maués tem uma qualidade especial por causa do trato na hora da colheita: não deixamos ele fermentar, nós torramos ele muito bem no forno de barro. Nosso guaraná tem durabilidade até de mais de um ano dependendo do condicionamento dele, ele permanece com as suas características de origem. Nós temos que fortalecer essa cultura tão bonita que herdamos dos índios. Guaraná é uma bebida indígena, né? Eu tenho sangue indígena na veia! A minha avó era índia, por parte de mãe, meus avós por parte de pai deviam ser negros na Bahia, mas por parte da minha mãe eram índios, eram sateré-mawé, que tinham o hábito de tomá essa bebida: o guaraná.

A minha maior alegria foi quando nasceu o meu filho. Depois eu vim ter uma alegria muito grande também, que foi num certo dia eu vi o meu guaranazal cheio de...

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Projeto Memória dos Brasileiros – Módulo Maués – Saberes e Fazeres

Depoimento de José Francisco Marques

Entrevistado por André Machado e Thiago Majolo

Maués, 22 de janeiro de 2007

Realização Museu da Pessoa

MB Maués_HV_004_José Francisco Marques

Transcrito por Suely Aguilar Branquilho Montenegro

Revisado por Thiago Majolo

P/1 – Seu Francisco, tudo bem?

R – Tudo bem.

P/1 – Eu gostaria, pra começar, que o senhor dissesse seu nome completo, a data e o local de nascimento.

R – O meu nome completo é José Francisco Marques, eu nasci no dia 11 de julho de 1946, no Alto Parauari, num rio chamado Amana.

P/1 – Isso fica aonde?

R – Fica aqui no Rio Maués-Açu, aqui no município de Maués.

P/1 – Onde hoje é o interior, é isso?

R – Não senhor, é muito, muito mais adiante. Essa localidade é onde ainda hoje explora o garimpo de ouro. Na década de 40, o meu pai veio da Bahia no afã de enriquecer e também esteve nesse garimpo e levando a minha mãe pra essa localidade, lá eu nasci.

P/1 – E sua mãe era também da Bahia?

R – Não senhor, a minha mãe é filha daqui de Maués, mesmo. Já é falecida tanto a minha mãe como o meu pai.

P/1 – E qual que era o nome deles?

R – O nome do meu pai era Francisco Marques e da minha mãe era Rosa Maria Ferreira.

P/1 – E fora a questão do garimpo, o seu pai fez mais o quê?

R – Ele trabalhava com agricultura plantando cana-de-açúcar, feijão, arroz, todas essas agriculturas pra subsistência.

P/1 – E sua mãe?

R – A minha mãe era doméstica, ajudava nas coisa da lida da casa e também na agricultura.

P/1 – E todas as produções de, que você falou do seu pai foram feitas aqui em Maués ou isso era antes na Bahia?

R – Não, ele veio pra cá na década de 40, contanto que eu nasci em 46, então, nesse período, aqui fora onde está a cidade de Maués e essa periferia mais próxima, aqui era os pomares de guaraná que, vamo dizê assim, que levantava o capital...

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