P - Para começar, eu queria que você dissesse seu nome completo, o local e a data do seu nascimento. R - Meu nome é Francisco de Assis Carneiro Xavier, eu nasci em Sucupira, no Norte do Maranhão, e nasci no dia 23 de março de 61. P - E como é que você entrou no Aché? E quando é que ac...Continuar leitura
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Para começar, eu queria que você dissesse seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
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Meu nome é Francisco de Assis Carneiro Xavier, eu nasci em Sucupira, no Norte do Maranhão, e nasci no dia 23 de março de 61.
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E como é que você entrou no Aché? E quando é que aconteceu isso?
R - Foi em 94, eu trabalhava na Armazém Paraíba, Lojas de Departamentos Eletrodomésticos. Então, um colega meu da TV Anhanguera de Gurupi, eu não estava satisfeito com o trabalho que já vinha fazendo há muito tempo, depois de 12 anos de Armazém Paraíba. Então, tinha que sair. Eu já estava estressado com aquilo. O meu trabalho era nas cidades circunvizinhas, e eu teria que acompanhar os cobradores, os vendedores. Minha viatura era moto, e sabe como é que é... Cansativo. Então, tive a opção de sair da empresa, e ao sair da empresa eu contatei com um colega, esse mesmo colega que me indicou para o Aché e tinha uma vaga na Emifarma, em Goiânia. Então eu vim para Goiânia, fiz...
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Você trabalhava no Maranhão?
R - Não. Trabalhava em Gurupi, no Tocantins, já. Eu comecei a trabalhar no Armazém Paraíba em São Luís do Maranhão. Aí vim transferido para Imperatriz, de Imperatriz para Araguatins, já no Tocantins, no Bico do Papagaio e de Araguatins vim para Gurupi. Foi em Gurupi que eu entrei no Aché. Então, como eu estava continuando, surgiu essa oportunidade na Emifarma e eu fui indicado para vir para Goiânia fazer um curso. Fiz o curso, fiquei conhecendo alguns produtos e medicamentos. Daí então, eu voltei para Gurupi. Com uma semana que eu estava em Gurupi, esse mesmo colega falou: “Olha, tem uma vaga, estão recrutando pessoas para trabalhar no Aché. É uma empresa muito melhor que a Emifarma e se você quiser fazer um teste, pode ir no Hotel Plaza, lá em Gurupi. Você faz o teste e vai ter uma provinha de conhecimentos gerais, Matemática. Você vai lá e faz a prova.” Eu só fiz deixar o meu material de trabalho e corri para o Plaza. Fiz o teste, graças a Deus fui um dos que foi fazer o curso em Goiânia pelo Aché. Entre seis que foram levados para Goiânia, voltamos quatro. Eu fui um dos que fiquei. Tive essa graça de ficar.
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Você já tinha ouvido falar do Aché antes?
R - Não, nunca tinha falado, nunca tinha ouvido falar no Aché, nunca tinha trabalhado com medicamentos. E medicamentos, mesmo, eu só ia na farmácia comprar para uso próprio.
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E aí, você começou a trabalhar em que região?
R - Eu comecei a trabalhar na região do Tocantins, Goiás e Pará. Nós íamos até Redenção, no Pará. Redenção de Xinguara, já próxima a São Félix do Xingu, mais para dentro do Pará. Uma região muito perigosa por estradas ruins, assaltos, uma série de problemas. Então, a princípio a gente tinha uma idéia que era bom, mas ao chegar nesses locais de difícil acesso e de
periculosidade, a gente já ficou mais assustado. Mas, um trabalho tranqüilo, que nunca teve problemas.
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Você viajava longas distâncias? Ainda viaja hoje?
R - Longas distâncias. Nós percorríamos por mês, sete mil quilômetros. Seis e meio. Era essa faixa de quilometragem.
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E como é a paisagem desse lugar?
R - Olha, Palmas é um local de cerrado, de muitas fontes de água bonitas, que agora estão sendo exploradas, e que até então estava coberta. Agora está sendo descoberta. No início do Tocantins, as coisas eram tão mais rústicas, mais difíceis. Hoje, não. Hoje já o progresso está mais avançado, hoje nós temos a hidroelétrica de Antônio Carlos Magalhães, que é conhecido em todo o Brasil. Um lago de imensidão terrível... É com uma ponte que vai ser feita em Palmas, que é uma das maiores do Brasil. A cidade ganhou esse presente de que o lago chegasse mais na cidade. Então, é uma graça. É uma cidade projetada com um lago, mais de um lago, que vai ser uma grande opção para o futuro de Palmas.
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Nessas regiões que você visitava, outros propagandistas de laboratórios diferentes, também visitavam?
R - Sim. No início, eram poucos laboratórios. Eram poucos que iam lá. Bristol, a Roche, a Rhodia, na época. A gente podia dizer também a Hebron, a Bhering... Então, outros laboratórios pequenos faziam a região. Hoje, não. É diferente. Quase todos já estão atuando na região, devido ao progresso muito rápido. E também um ponto de vendas apareceu, e todo mundo quer pegar um pedaço.
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Durante essas viagens, teve algum fato mais marcante? Um médico, uma situação?
R - Olha, teve um fato. Não foi com médico. Teve um fato engraçado, pelo que aconteceu, e mais engraçado ainda pelos colegas que desenharam mais alguma coisa em cima do fato que aconteceu. Nós trabalhávamos no Pará, como acabei de falar, então nós tínhamos que sair cedo para chegar cedo, na hora certa do médico. Então, eu e mais um antigo colega do Aché, o Aguiar, nós saíamos de Gurupi cedo, e 15 quilômetros após Gurupi, com farol ainda aceso, noite e tal... E aí na estrada nós...Eu é que estava no volante, que era o titular do carro, descobri dois focos, dois olhos no meio do asfalto. Então reduzi um pouco a velocidade e pensava que era gado, alguma coisa. Mas ao chegar mais perto descobri que era ou um bode ou um veado. Veado, você sabe, é um cervo. Para ficar bem claro. Então, eu diminuí a marcha do carro, vi que era um veado e ele ficou atarantado, ficou sem visão, com a visão ofuscada. Então, eu percebendo que era um veado digo: “Não. Vou dar um toque nele para ver se a gente consegue abater a presa. Então toquei na trazeira dele, ele caiu na valeta de lado, meu colega parece que já tinha deixado um pedaço de pau lá para matar o... Destino, né? Então caiu, onde ele caiu o colega já abriu a porta, pegou ele, matou e nós ficamos ali pensando: “Como é que nós vamos fazer para levar? Vamos lá. Quinze quilômetros só, vamos lá rapidinho, deixa lá com teu pai e tu manda limpar.” Carne de veado é uma carne muito nobre.
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Muito boa?
R - Muito boa. Macia. É uma das melhores carnes de caça que existe, do meu conhecimento é a carne de veado. Então, foi essa a verdadeira história. Aí, ao chegar em Goiânia com os colegas, nós fomos contar essa história que aconteceu, a verídica. E o nosso colega, nosso gerente, que na época era o Antônio João, não deixou que nós contássemos a história. Ele mesmo ia contar a história. Ao terminar aquela empreitada de matar o veado - dizendo ele -
nós ficamos esperando uma carona para levar o veado, para não sujar o carro, para a cidade. Então, nós dávamos com a mão para os carros que passavam, e parou um caminhoneiro. Eu perguntei para o caminhoneiro: “Moço, você come veado?” Ele disse: “Uai, pô, me respeite Você está pensando que eu parei para lhe dar socorro e você está...”
“Não, moço, é o veado ali.” Apontava para o veado no chão. Mas ele estava vendo era o Aguiar, meu outro colega. “Ô, rapaz, o que é isso? Que negócio é esse?” (risos) Então, foi essa história que foi pintada. Ainda hoje a turma de Goiânia: “E o veadinho? Cadê?” Então, é essa a história que aconteceu comigo e com o Aguiar, que já saiu da empresa. Essa história é a mais engraçada que eu pude presenciar no período do Aché.
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Mas aproveitando o que você falou de comida, de comer veado, você tinha se referido também a outro gosto, a uma outra comida que você...
R - Ao macaco?
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É, o macaco. Isso é comum na região?
R - Não, na região aqui de Tocantins. Na minha região do Maranhão, o pessoal da região lá, é natural caçar macaco e comer normalmente, como come um frango, como come uma paca, come uma cotia. Então, lá a gente come macaco. Essa outra história que aconteceu, foi o seguinte: eu falando para o pessoal que gostava de caça, o Antônio João, na época, meu gerente, que trabalhou muito tempo em Mato Grosso: “Pô, você come macaco?” “Como, e acho bom demais.” “Tu come mesmo?” “Como. A gente come macaco lá.” Aí, a turma já preparou outra história com o macaco: diz que eu estava no mato com um colega, terminando de comer um macaco e estava conversando. Aí chegou uma senhora preta, passando no mato e disse: “Moço, você não viu meu filhinho, que ainda agorinha passou aqui?” “Pô, comemos o filho dela.” Pensando que era o macaco. O pobre era preto. É outra história que... (risos)
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As pessoas contam. Mas qualquer tipo de macaco ou não?
R - Não. Tem o macaco, o bugio na nossa terra que é chamado guariba, o guaribão. Tem o preto e tem aquele louro, louro mesmo. São esses dois tipos que a gente comia, porque crescem mais, tem um pouco mais de carne, é mais saboroso.
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E nessa região que você trabalha, como é a relação com o médico?
R - Olha, no Tocantins, você sabe que é um estado novo, e os médicos antigos que tem no setor, na verdade eles têm muito tempo de...
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Profissão.
R - De profissão, no mesmo local. Então, aqueles médicos antigos conhecem todo mundo. Então, mais um que chega, é mais fácil ele conhecer do que a gente que está... Então, a gente tem essa rápida integração. Eles conhecem a gente mais rápido. Para mim foi muito bom. E para os médicos que chegam de fora, também querem conhecer as pessoas. E o médico sabe, a primeira pessoa que ele vai conhecer é o representante, que está sempre à procura. Então o primeiro conhecimento no meu setor é, não digo 100%, mas 95% me conhecem, falam pelo meu nome, já tem uns... De 84 para 92 já são uns oito anos. Meus relacionamentos com os médicos são perfeitos, são de grande amizade. Eu devo meu trabalho mais às amizades que eu tenho.
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Tem algum médico mais marcante?
R - Em que aspecto?
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De amizade.
R - Tem. Tem vários médicos de várias cidades, também. Quando eu morava em Gurupi, alguns médicos que jogam bola, eu gostava de... Gostava não, gosto de bater uma bolinha. E tem muitos médicos que até me chamam pelo meu apelido, Chavuca, então, eu tenho umas afinidades: doutor Yuri... Uma série de médicos. Doutor Lang. Vários médicos que gostam de futebol. Doutor Waldofredo... Então, tem vários médicos em Gurupi. Já em Palmas, a turma é bem maior porque Palmas é... Para você saber o tamanho de Palmas, em Gurupi eu tenho 46 médicos e em Palmas eu tenho 150. Então nós temos um clube, que nós jogamos bola pelo Aché, e os médicos.. Tem Martinez, tem doutor Paulado, doutor Heitor, muitos médicos.
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E tem um ponto de encontro? Além desse clube, tem um ponto de encontro dos propagandistas, dos médicos? Existe uma relação de amizade?
R - Existe, sim. Tem o Sindicato dos Médicos, onde só entram convidados para jogar bola com os médicos. Eu sou um dos convidados para participar da pelada. Eles são meio rigorosos, ali vão só profissionais para divertir, para brincar um futebolzinho. Alegres, tem pancadaria... Então, eu sou muito feliz por ser um dos participantes dessa pelada. Às vezes eles me ligam. Também enaltece por minha profissão depender dos médicos, então ser amigo deles é tudo para mim.
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Tem algum diferencial do Aché em relação aos outros propagandistas concorrentes?
R - Muito. Para você ver, nós do Aché, todos de Palmas, nós temos amizade com todos os médicos e os médicos geralmente procuram: “Oh, Rogério, tal produto, que horas, que dia vai estar aqui?” Então, tem essa...
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Você sabe de alguma campanha que tenha marcado nesses oito anos? Um produto?
R - Olha, tem um produto que me marcou muito, não só pelo desafio, que na época nos foi confiado, como também a gente adota um produto para a gente, a gente é pai daquele produto. Então, o Novamox, amoxicilina mais clavulanato de potássio, na época em que nós lançamos, eu tive a felicidade de participar de todas as cotas, a maioria das cotas. Quem cobria as cotas estava concorrendo a um automóvel, na época um Palio. Digo mal, um Fiat, um Uno. Então, eu tive essa sorte terrível de ganhar esse carro. Foi uma emoção que eu nunca tinha sentido na minha vida: ganhar um carro. Até então eu tinha um carrinho velho, e nunca tinha pensado em comprar um carro zerado, novo. E tive essa graça de ser contemplado com um Uno.
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Quando foi isso?
R - Isso foi no lançamento de Novamox, eu não lembro... 96? Eu não estou lembrado bem da data.
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E nesses anos todos, o que te agrada mais no Aché?
R - Olha, o Aché é uma casa de bons profissionais. Esses profissionais são escolhidos a dedo, tem superiores para escolher os profissionais que fazem o Aché. Então, uma empresa que seleciona os seus funcionários como o Aché seleciona, não pode ninguém desgostar, porque todos são de bons antecedentes, são homens que têm uma meta a cumprir com a empresa, profissionalmente. Então, o mais importante que eu acho no Aché é essa convivência. E hoje, muita gente nem acredita o que está acontecendo com o Aché, uma empresa em que a valorização do ser humano está em primeiro lugar. Então, a gente só vem se beneficiando com essas mudanças. É claro que para isso acontecer, teve que reduzir o quadro de funcionários. A gente sente pelos que saíram, mas a gente também sente porque hoje o Aché é essa empresa que nós temos.
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E por fim, eu queria saber o que você achou dessa pequena experiência de ter contado a sua história, um pouquinho da sua história?
R - Olha, entrevista como esta é a primeira. No Aché, eu acho que estou fazendo uma caminhada de muitas surpresas. Então, eu nunca tinha dado entrevista como essa agora, mas se eu não tivesse tido essa entrevista eu pegava lá fora, porque eu tinha que contar essa façanha, essa coisa
do macaco, do veadozinho que nós matamos. Então, foi muito bom fazer esse relato.
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Muito bacana. Parabéns, obrigada pela participação.
R - Eu que agradeço. Desejo também que vocês tenham um trabalho feliz, como eu tenho no Aché.
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Muito obrigada.Recolher