P1 – Edvaldo, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Divaldo José Mendes Soares, nascido em São Luís, 12 de setembro 69.
P1 – Que lugar de São Luís você nasceu?
R – Eu nasci no Lira, um bairrozinho próximo a Madre Deus.
P1 – E foi o bairro da sua infância esse?
R –Sim, até os sete anos, depois a gente foi pra Coama.
P1 – Mas você lembra dessa casa, como é que era?
R – Lembro, até hoje é a nossa casa, uma casa pequena quarto, sala, cozinha, banheiro e um quintalzinho só, bem pequeno.
P1 – E quantos irmãos você tem?
R – Nove.
P1 – Nove irmãos? e vocês moravam os nove nessa casa? ainda não tinha os nove?
R – Anda não tinha os nove, eram só seis.
P1 –E como é que era em casa com tanta gente?
R – A gente brincava, corria pela casa inteira, não ia muito pra rua porque passava muito carro e mamãe não deixava a gente sair, assim, porque era um bairro meio ruim... era meio perigoso. Então a gente não saía muito, ficava mais em casa. Então papai sempre tinha aquele desejo de conseguir uma casa maior pra gente ficar mais a vontade, correr, brincar e tal.
P1 – E seu pai faz o que?
R – Hoje ele é aposentado, mas ele era comerciário na época, trabalhava com os padres canadenses, na caritas brasileira, aliás primeiro na missão e depois na caritas brasileira.
P1 – E você teve assim alguma formação religiosa?
R – Sim, totalmente católica.
P1 – De ir na igreja...?
R – De ir na igreja aos domingos, fazer catecismo, a primeira comunhão, a crisma, ainda falta o matrimonio e a extrema unção.
P1 – Com quantos anos você entrou na escola?
R – Com cinco anos porque eu já faço aniversário em setembro, então eu já fui com cinco anos pro colégio e não fiquei reprovado nenhum ano, então segui a carreira normal.
P1 – E quando você...
Continuar leituraP1 – Edvaldo, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Divaldo José Mendes Soares, nascido em São Luís, 12 de setembro 69.
P1 – Que lugar de São Luís você nasceu?
R – Eu nasci no Lira, um bairrozinho próximo a Madre Deus.
P1 – E foi o bairro da sua infância esse?
R –Sim, até os sete anos, depois a gente foi pra Coama.
P1 – Mas você lembra dessa casa, como é que era?
R – Lembro, até hoje é a nossa casa, uma casa pequena quarto, sala, cozinha, banheiro e um quintalzinho só, bem pequeno.
P1 – E quantos irmãos você tem?
R – Nove.
P1 – Nove irmãos? e vocês moravam os nove nessa casa? ainda não tinha os nove?
R – Anda não tinha os nove, eram só seis.
P1 –E como é que era em casa com tanta gente?
R – A gente brincava, corria pela casa inteira, não ia muito pra rua porque passava muito carro e mamãe não deixava a gente sair, assim, porque era um bairro meio ruim... era meio perigoso. Então a gente não saía muito, ficava mais em casa. Então papai sempre tinha aquele desejo de conseguir uma casa maior pra gente ficar mais a vontade, correr, brincar e tal.
P1 – E seu pai faz o que?
R – Hoje ele é aposentado, mas ele era comerciário na época, trabalhava com os padres canadenses, na caritas brasileira, aliás primeiro na missão e depois na caritas brasileira.
P1 – E você teve assim alguma formação religiosa?
R – Sim, totalmente católica.
P1 – De ir na igreja...?
R – De ir na igreja aos domingos, fazer catecismo, a primeira comunhão, a crisma, ainda falta o matrimonio e a extrema unção.
P1 – Com quantos anos você entrou na escola?
R – Com cinco anos porque eu já faço aniversário em setembro, então eu já fui com cinco anos pro colégio e não fiquei reprovado nenhum ano, então segui a carreira normal.
P1 – E quando você começou a trabalhar?
R – Aos 16 anos eu comecei a trabalhar na UF, né, indiretamente.
P1 – O que é UF?
R – Universidade Federal do Maranhão, comecei a trabalhar sendo office boy do escritório, depois um professor Doutor Karrewposen, ele solicitou, eu fiquei só com ele digitando os livros, os livros dele que ele era antropólogo e escrevia muitos livros de antropologia... Então eu tinha que digitar esses livros e mandar pro Museu e muitos outros locais do mundo. Eu fazia isso. E também os projetos, ele tinha muitos projetos de antropologia aqui em Belém. E esses projeto a gente também digitava esses projetos e organizava com orientação dele, é claro, e enviava. Trabalhei com ele ainda quatro anos onde eu tinha entregue o meu currículo, tinha terminado a escola técnica e tinha distribuído o meu currículo. E uma empresa me chamou, a Servenks me chamou, o consórcio Alumar e a Vale do Rio Doce, as três ao mesmo tempo me chamou pra fazer prova, aí eu corria em uma e outra.
P1 – Mas pra fazer prova do que exatamente?
R – Teste pra trabalhar.
P1 – Teste pra que área?
R – Pra trabalhar na área de desenho, na área de edificações.
P1 – Ah, você tinha feito um curso técnico?
R – Técnico na escola técnica, então aí eu fui nos três e tal e acabei ficando na Vale do Rio Doce, numa contratada que era a Engevix na área de desenho.
P1 – Você escolheu a Vale porque? você tinha algum desejo de trabalhar na Vale do Rio Doce?
R – Quando a gente tava na escola técnica a Vale tava se instalando em São Luís então teve uma divulgação muito grande que era uma empresa muito boa, que era uma multinacional.
P1 – Em que ano era isso?
R – 82 ou 83, a Vale estava se instalando em São Luís e com essa divulgação toda, todos os jovens que estavam saindo da escola técnica almejavam ou a Vale do Rio Doce ou a Lumar. As empresas pagavam bem, eram muito respeitosos para com os trabalhadores então a gente tinha esse desejo e das três eu optei pela Vale do Rio Doce e não me arrependo.
P1 – E aqui você lembra do primeiro dia do seu trabalho aqui?
R – Lembro.
P1 – Como é que foi?
R – Tremendo... Eu me lembro do nome dele o Hélio Fontana, Hércules Plutão, ele chegou “Olha, esse rapaz aqui vai trabalhar com a gente e tudo vamos vê como ele pode ajudar a gente aqui”, falando com os outros, o pessoal do setor, aí os outros disseram: “Primeiro tem que passar na cortina de cascudo, você é novato e tal”. E eu: “Tudo bem, eu passo na cortina de cascudo”. Eles ficaram com pena de mim e não me deram cortina de cascudo.
P1 – O que é cortina de cascudo?
R – Eles ficavam todos em pé assim no corredor e eu tinha que passar pegando um cascudo de cada um.
P1 – Eles faziam isso sempre?
R – Sempre que chega um estagiário a gente fazia isso, mas aí eu não passei pela cortina de cascudo ficaram com pena de mim, acho porque eu era muito magrinho, mas foi bom, muito bom.
P1 – Quais os trabalhos que você fez aqui que te marcaram mais?
R – Trabalhei muito tempo aqui na oficina, depois disso essa área foi desativada com um ano aí entrou uma nova empreiteira. Eu passei pra essa nova empreiteira que foi a Enefer, aí eu trabalhei com uma área até vizinha, que era uma área ligada a sistemas internos da companhia Sisman, Sistema de Manutenção que auxiliava a oficina ferroviária na época. E comecei a trabalhar com esse pessoal nessa nova empreiteira a Enefer, e da Enefer eu passei depois pra Vale e de todos esses trabalhos que eu fiz durante esses anos o que mais assim eu tenha me identificado assim na comunicação, na interação com outras pessoas... é na gerencia que eu to hoje, na gerencia de contratos, os outros a gente era muito isolado inclusive eu trabalhava da uma às sete da manhã, pegava à uma da manhã e largava às sete e depois passei a pegar às 16 horas e largar à uma da manhã. Então eu não tinha muito contato com muita gente. E na gerencia de contrato não, além da gente tratar com os fornecedores, com os clientes externos e também os clientes internos, você conhece muito mais pessoas, as pessoas querem te conhecer porque você atende, “Poxa você é isso, você é tão legal e tal, eu quero te conhecer”. Então acaba indo lá na gerencia conhecer a gente ou se não, “Não, vem aqui na área que eu quero conhecer”, então de todos os trabalhos eu achei a experiência na gerencia tem sido muito importante pra mim.
P1 – E tem algum fato que tenha acontecido desde 82 que você tá aqui que tenha te marcado, alguma história?
R – Quando eu trabalhava de 16 até à uma eu fazia um trabalho ainda com aquele professor porque ele não quis me largar, “Você digita pra mim a hora que você puder, a hora que você tiver folga”, como eu pegava às 16 nada me impedia durante a manhã eu digitar os trabalhos dele, os livros e tudo... E quantas vezes eu chegava em casa e o carro já tinha passado, porque o carro que me trazia pra cá às 16 passava às 15 porque ainda apanhava outras pessoas, né, as vezes pegava alguém na Cohab mas três e quinze tava na Coama, já vindo pra cá e nesse trajeto as vezes eu ligava pra mamãe e dizia assim: “Mamãe, eu já to indo pra casa se o motorista chegar aí dê um suco pra ele pra ele esperar 5 minutos que eu já to chegando”. Então eu tinha essa agonia às vezes, essa correria... não todo dia, mas algum dia acontecia. Às vezes eu passei, falei com meu pai: “Seria bom se a gente comprasse uma moto, que aí tu já saía de lá, já ia direto, já não acontecia tudo isso”, aí ele comprou essa moto pra mim e eu vinha de moto pra cá às 16 horas e saía à uma da manhã. Teve uma noite que nós saímos daqui à uma hora quando a gente passa no segundo viaduto daqui pra portaria do Anjo da Guarda tinha um carro caído na vala, tinha esse carro caído somente com os alertas traseiros piscando, então eu não parei fui embora quando eu cheguei na portaria eu falei pros guardas: “Olha, tem um carro ali eu acho que ele caiu na vala, foi fazer talvez a curva”, eles acionaram, então eu fui embora, dei o alerta pra eles e fui embora, no outro dia eu me interessei em saber quando eu cheguei às 16 horas eram os mesmo guardas que estavam na portaria ainda, eu me interessei em saber o que tinha acontecido, eles riam, me disseram que eles foram lá, realmente o carro tinha caído naquele vão, naquela galeria tinha caído, mas porque o cara quando vinha da oficina, ele era da oficina, alguém pediu parada pra ele, ele parou e foi abrir a porta do lado do passageiro, só que quando ele foi abrir a porta do passageiro, quem é?. Toca aqui no braço dele do lado do motorista e ele se assustou e saiu correndo, aí ele dizia que tinha sido a loura da oficina que tinha tocado no braço dele, ele disse se fosse macho ele não parava, mas viu que era uma mulher e parou, aí a gente não sabe até hoje quem é essa loura. Era uma história que tinha aqui na oficina, então eu me lembro dessa história, eu saindo vi esse carro e no outro dia a resposta que eu tive foi essa.
P1 – Você mora em Ribamar, quando que você mudou pra lá, com quantos anos?
R – Lá tem uns seis anos.
P1 – Foi quando você foi pra Ribamar que você começou a sair no boi ou antes você saía?
R – Não, depois que eu fui pra Ribamar.
P1 – Antes você não saía?
R – Antes não, eu só olhava, gostava da brincadeira e tudo, até mesmo quando o boi de Ribamar, várias vezes ele se apresentava, a gente tava junto porque já tinha meus avós que tinham casa em Ribamar, pessoas amigas que tinham casa em Ribamar e aí a gente sempre tava, sempre tem uma arraial em cada bairro aqui e num desses arraias a gente sempre via o boi de Ribamar.
P1 – Seus avós saíam no boi, alguém da sua família?
R – Sim, tinha muitos parentes nosso que saía, não no boi de Ribamar mas no boi da Maiova, no boi de Juçatuba, no boi da Madre Deus também muita gente saía, cada um pro seu lado onde morava, né, saía na festa do bumba boi.
P1 – Você nunca saiu só quando foi pra Ribamar?
R – Só quando eu fui pra Ribamar que eu fui me inteirar mais com o pessoal porque a minha casa é até próxima do Largo do Boi, né, que agora foi construído o Vila nesse governo e agora que a gente começou a se inteirar mais com o pessoal e tudo porque não sair, eu só não assumi a acompanhar a brincadeira em todas apresentações porque normalmente são a noite e a gente tem que tá aqui no batente no dia seguinte. Então nem sempre dava, às vezes tem apresentações até muito tarde, mas nos finais de semana não tem quem segure.
P1 – E o que é essa sua roupa?
R – Eu sou o vaqueiro campeador.
P1 – O que representa o vaqueiro?
R – É aquele capataz da fazenda, é aquele homem que controla o gado do senhor, o pasto que leva pro pasto e trás, tá, ele é uma pessoa de confiança do dono da fazenda, então o vaqueiro é aquele cabra de confiança, aquele cabra mau que vigia mesmo com o coração o gado do senhor.
P1 – E esse instrumento que você tem aí, como é o nome dele?
R – É o maracá.
P1 – Maracá, como é que toca?
R – É no ritmo da musica puxada pelo amo do boi.
P1 – Cada ano é uma musica?
R – Cada ano é uma musica nova.
P1 – Tem compositores que fazem?
R - Tem compositores do boi, tem o João Chiador que é o grande do bumba boi de Ribamar e ele é o compositor também e cada ano tem uma musica nova, cada ano é feito um conjunto, até mesmo pra gravar um CD parece que concorre alguma coisa da Prefeitura e tal.
P1 – E qual foi esse ano a música do boi do Ribamar?
R – A música ainda não foi eleita, só depois dessa maratona de apresentações é que começa ficar aquela musica que todo mundo quer ouvir, por exemplo ainda em a do ano passado que tá muito junto, que tá ainda muito forte que eles fizeram, que o grupo fez é uma homenagem a Nossa Senhora Aparecida.
P1 – Você pode cantar um trechinho?
R – Será que eu tenho voz pra isso?
P1 – Claro que tem, você sai no boi.
R – Mas quem canta no povão não aparece, vamos lá “Nossa Senhora mãe Aparecida, não me deixe morrer de medo pelo o que pode acontecer”, aí o pessoal repete.
P1 – Bonito! e a desse ano? canta um trechinho.
R – Deixa eu ver uma dessas novas... aí me perdi... pra pegar o trecho todo, foi lançado no dia de São João a gente não gravou tudo “Lá vai meu boi, batalhão pesado te segura, lá vai meu boi, batalhão pesado te segura. Vaqueiro nobre sai do curral e trás meu boi pra vadiar, vaqueiro nobre sai do curral e trás meu boi pra vadiar” e aí vai.
P1 – Ai que ótimo. E aqui na Vale tem muita gente que sai no boi que você conhece?
R – Que eu saiba não... sei da Luzimar que ela participar sempre de eventos culturais, que sai em festa não.
P1 – E aqui na Vale você participa de coral dos funcionários?
R – Sim, eu participava do Coral Doce Voz que tá sendo reativado agora, eu participar do Antenor e eventos mais internos... Só eventos da qualidade que a gente tem participado bastante, que eu lembre agora só.
P1 – E a história da comunidade Ribamar você conhece?
R – Conheço.
P1 – Pode contar um pouquinho?
R – Uma cidade fundada por pescadores, então os pescadores da baixada vinham e vendiam seus produtos num determinado lugar, numa determinada praia então o pessoa daquele povoado todo ali, tipo uma feirinha. As feiras hoje que acontecem em bairros nessa época os pescadores vinham vender seus produtos, tanto vender como trocar peixe por farinha, farinha de trigo, farinha de milho, polvilho para os bichos tudo isso eles trocavam e quando eles chegavam eles ficavam ali um dia e voltava, depois de dois, três dias eles voltavam novamente e foi se povoando aquele pedaço até que um pescador encontrou a imagem de São José, numa das redes encontraram a imagem de São José e colocaram como a imagem de São José de Botas, porque ele usava botas, então esse São José de botas ficou sendo São José da Cidade e começou a operar milagres... E tudo a igreja vai procurar saber, vai averiguar isso e tudo então contam que o povo já tinha uma igreja pra aquele santo e Roma exigiu aquela imagem, então a imagem foi levada, então contam os mais antigos que a imagem foi levada e amanheceu na igreja, uma segunda vez ela foi levada e uma segunda vez ela voltou aparecer na igreja, então não mexeram mais. Como as pessoas vinham da cidade e chegavam e viam o fundo da igreja, eles achavam feio porque a frente da igreja tinha que dá pra cidade e pra mudar porque esteticamente quem chega quer ver logo a frente da igreja não o fundo, então foi mudada a frente da igreja, a igreja cai e eles acham que isso o santo não queria a igreja de frente pra cidade e sim de frente pro mar, parece que contam que aconteceu mais uma vez essa mudança e a igreja veio a cair, então eles resolveram deixa a igreja de frente por mar e chamar São José de Ribamar, porque a sua igreja fica de riba pro mar. Mas você vai em alguns outros estados você vê a imagem de São José de Ribamar como São José de Botas, muito conhecido. Essa é a história do nosso protetor e que agora é padroeiro do Maranhão, São José do Ribamar.
P1 – Quando é que ele ficou sendo padroeiro, porque não era ele pelo que eu entendi.
R – Não era ele, a padroeira continua sendo Nossa Senhora da Vitória e o padroeiro era São Raimundo de Murunduns, mas agora é São José de Ribamar, faz uns cinco anos foi no governo de Roseana Sarney.
P1 – E porque que mudou o santo padroeiro?
R – Eu acho que a cultura vê mais assim o movimento da festa, o festejo que congrega muito mais religiosos então foi visto por esse ângulo, né, a festa de Ribamar hoje são mais de 100 ônibus que vem de todos os estados do Brasil, tenho uma amiga que ela mudou-se pra Brasília, ela diz: “Olha, quando eu cheguei aqui eu senti falta de São José de Ribamar, com aquela devoção tão grande com aquele velho”, como a gente chama, “E chegando aqui eu não estranhei tanto porque todos os anos tem excursão pra São José de Ribamar”, de Brasília, são cinco ônibus eu saem de lá do bairro dela Asa Norte, pra vir pra São José do Ribamar pra festa. E a igreja preocupada com essas viagens, assaltos, um monte de coisa autorizou que eles erguessem uma capela lá pra São José do Ribamar, então no ano passado foi levando uma imagem de São José de Ribamar pra ser intronizado lá em Brasília, uma igreja de São José do Ribamar e ela já me disse que participa da organização do festejo lá em Brasília.
P1 – Mas lá é um outro tipo de festejo, não é o boi?
R – Não, porque as festas de Ribamar em si não tem o boi, não é o boi, é a religiosidade.
P1 – Como é essa festa?
R – Ela acontece no dia de São José é 19 de março, só que é um período que chove muito em São Luís, o alto inverno é em março e normalmente as festas ela tem aqueles dias da novena, os nove dias que antecedem a novena e o ultimo dia que a procissão luminosa e tudo. Então isso não pode acontecer muito no mês de março, porque? Por causa das chuvas... então deixou-se pra setembro, mas como é uma festa de pescadores ela tem que ter um certo cuidado, porque os pescadores eles tem mais produtos, mais peixes quando é a lua cheia porque as marés são altas e tudo fica mais fácil deles conseguirem o produto pra poder vender, então a festa é regida pela lua cheia do mês de setembro.
P1 – Ah, então não tem o dia certo, é quando vai tá na lua cheia.
R – Eles divulgam a data de quando vai ser a festa, a gente fica sabendo que a novena são nove dias que antecedem essa data e aí todo mundo fica sabendo, mas a festa de São José é na lua cheia de setembro.
P1 – Fala um pedacinho da novena.
R – Tem uma musica de São José o nosso padroeiro, o refrão: “A esta ermida chegamos, rogai por nós São José, olhai os fiéis e devotos, rogai por nós São José, rogai por nós glorioso São José, rogai por nós glorioso São José”, e por aí vai.
P1 – Que legal. E aí na festa o que acontece nesse dia?
R – Na festa tem tudo, a cidade de São Luís se muda pra lá, a cidade fica pequena pra tanta gente, se vocês viram aonde fica o barracão do boi é só até ali que vão os carros, dali eles tem que entrarem pelas ruas auxiliares porque as principais são totalmente interditadas pelo numero de fieis, de devotos, pessoas que pagam promessas.
P1 – Como é que fica a praça?
R – Depois que foi construída a Basílica, porque a Basílica compreende aquela parte da igreja até a concha acústica, então aquilo compreende a Basílica, então isso foi uma confusão muito grande porque as pessoas achavam pra se construir a Basílica de São José de Ribamar teria que ser destruída a igreja antiga, então isso ficou durante muito tempo na mídia a confusão, mas não o que eles mostraram que a Basílica seria todo aquele contexto porque naquela área da Basílica, naquela área da praça as missas poderiam acontecer normalmente visto que ela tem um certo declivo, né, para que as pessoas que estão aqui atras possam enxergar os celebrantes, então a Basílica é toda aquela parte, com a construção da Basílica eles trazem uma imagem que não é a imagem original, a imagem antiga, eles trazem uma outra imagem e colocam na Basílica e eles acompanham toda novena, quando é o dia da festa aí desce a imagem, primeira imagem maior ela desce e é acompanhada na procissão, que acontece nessa data de setembro.
P1 – Se eu puxar a cadeira dá pra ele mostrar, fazer um passinho de como é que ele sai em pé?
R – (Estão gravando ele dançando)
P1 – Quem faz essa sua roupa?
R – É um irmão meu.
P1- Seu irmão?
R – É, de criação claro, fora dos nós, que a gente senta e ele imagina um desenho e tal a gente vê se tem alguma coisa haver, aí a gente desenha ou procura alguma coisa até pra se inspirar, uma fogueira pra se inspirar aí ele desenha e ele mesmo borda.
P1 – Mas essa roupa ela é igual o chapéu por exemplo, ele é igual ao boi, ele tem o motivo do boi, não tem?
R – Tem o motivo do boi, a gente procura também saber o que as bordadeiras tão fazendo no boi esse ano, às vezes a gente não quer fazer a mesma coisa pra não parecer muito assim um plasma, mas fica tudo dentro do mesmo contexto e pra falar a verdade não sai de fogueira de São João, de Santo Antônio, São Pedro, São Marçal do Maracá, sempre tem alguma coisa dentro desse contexto da igreja, de São José do Ribamar, não sai do contexto da cidade.
P1 – E cada ano é um colete e um chapéu?
R – Não é obrigado, eu poderia num outro ano desmanchar esse e fazer diferente, mas não, eu gosto muito de guardar, de ter até porque quando a gente sai nas apresentações a gente sua demais então aí não dá pra secar quando você chega as vezes ainda tá chovendo, não dá pra secar e aí foi o caso do chapéu de ontem, ele achou muito bonito mas tava molhado, se eu abafar ele hoje depois ele não presta.
P1 – Fala uma coisa e aqui na Vale, quais são as suas perspectivas de trabalho?
R – Olha, a nossa gerencia hoje ela está passando por uma reestruturação, o nosso novo Diretor ele tem umas idéias e formou uma equipe pra analisar essa idéias e tudo e vê de que maneira essas coisas podem ser operacionalizadas, então a gente tá passando por mudança e essa mudança promete melhoria de âmbito geral, no organograma, na estrutura, nos procedimentos uma melhoria muito significativa, a gente aguarda aí e melhorias eu acho que todo mundo gosta dessa palavra, né, claro e melhoria seria o reconhecimento, quanto a isso mais do que isso não, São João vem todo ano e a gente fica esperando e ainda sobra um dinheirinho pra gente comprar umas miçangas, uns paetês, uns canutilhos e fazer um novo colete o ano que vem.
P1 – Obrigada, foi super bonito.
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