IDENTIFICAÇÃO Fernando Taboada Fontes, nascido no dia dois de fevereiro de 1954, em Salvador, Bahia. Eu sou geólogo, me formei pela UFBA, Universidade Federal da Bahia, em 1976. PRIMEIROS TRABALHOS Estive antes na CBPM, Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. Em 1981, vim para a Petrobras. O primeiro local onde trabalhei como técnico em geologia foi, durante a faculdade, numa empresa chamada Tempo, de consultoria e projetos na área de geotécnica. INGRESSO NA PETROBRAS Eu ingressei em 1981, pela Universidade Petrobras. Fiz o primeiro curso de geologia e petróleo; todos nós da turma fizemos. Depois eu fui lotado na Bahia, na gerência de acompanhamento e avaliação geológica. Era exatamente a gerência, onde eu fazia no início o acompanhamento do poço, a determinação das liturgias e rochas ali cortadas. Depois fazia avaliação, se o poço tinha petróleo ou gás, se era econômico ou não. Essa foi a primeira gerência que eu trabalhei na Petrobras. Hoje eu estou lotado na unidade de Exploração e Produção do Espírito Santo. A nossa sede fica em Vitória. Atualmente, estou gerente do ativo de exploração da unidade. ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo, em termos geológicos, é uma bacia em continuidade com o norte da Bacia de Campos. Depois de 1998, com a quebra do monopólio, nós dividimos por blocos exploratórios. Foi cobrado pela ANP, pela própria regulamentação do petróleo e pelas concessões de exploratórias, que em determinado prazo, todas as bacias fossem exploradas. Como tinham vários blocos em água profunda no Espírito Santo que eram continuação da Bacia de Campos, nós começamos a perfurar em 1999. A história do Espírito Santo é mais antiga em terra; em 2007, a Petrobras vai fazer 50 anos no Espírito Santo. A primeira equipe de exploracionistas na área de sísmica chegou em 1957 e o primeiro poço em terra – todos trabalhavam na bacia terrestre – foi em 1967. Quer dizer, tem 40...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Fernando Taboada Fontes, nascido no dia dois de fevereiro de 1954, em Salvador, Bahia. Eu sou geólogo, me formei pela UFBA, Universidade Federal da Bahia, em 1976. PRIMEIROS TRABALHOS Estive antes na CBPM, Companhia Baiana de Pesquisa Mineral. Em 1981, vim para a Petrobras. O primeiro local onde trabalhei como técnico em geologia foi, durante a faculdade, numa empresa chamada Tempo, de consultoria e projetos na área de geotécnica. INGRESSO NA PETROBRAS Eu ingressei em 1981, pela Universidade Petrobras. Fiz o primeiro curso de geologia e petróleo; todos nós da turma fizemos. Depois eu fui lotado na Bahia, na gerência de acompanhamento e avaliação geológica. Era exatamente a gerência, onde eu fazia no início o acompanhamento do poço, a determinação das liturgias e rochas ali cortadas. Depois fazia avaliação, se o poço tinha petróleo ou gás, se era econômico ou não. Essa foi a primeira gerência que eu trabalhei na Petrobras. Hoje eu estou lotado na unidade de Exploração e Produção do Espírito Santo. A nossa sede fica em Vitória. Atualmente, estou gerente do ativo de exploração da unidade. ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo, em termos geológicos, é uma bacia em continuidade com o norte da Bacia de Campos. Depois de 1998, com a quebra do monopólio, nós dividimos por blocos exploratórios. Foi cobrado pela ANP, pela própria regulamentação do petróleo e pelas concessões de exploratórias, que em determinado prazo, todas as bacias fossem exploradas. Como tinham vários blocos em água profunda no Espírito Santo que eram continuação da Bacia de Campos, nós começamos a perfurar em 1999. A história do Espírito Santo é mais antiga em terra; em 2007, a Petrobras vai fazer 50 anos no Espírito Santo. A primeira equipe de exploracionistas na área de sísmica chegou em 1957 e o primeiro poço em terra – todos trabalhavam na bacia terrestre – foi em 1967. Quer dizer, tem 40 anos de descoberta comercial. Em 1999, furamos o primeiro poço em água profunda. Como é uma continuação da Bacia de Campos, nós levamos um bom tempo para perfurar. Logo no primeiro poço já descobrimos óleo e gás. Era o 1-Espírito Santo Submarino-90A. O trabalho começou anteriormente, pois até selecionar esses blocos tivemos que trabalhar bastante. Por coincidência, a pessoa que deu a última entrevista aqui, o Mário Carminatti, foi o coordenador do Projeto Mutirão, no qual eu trabalhei também. Isso foi antes da quebra do monopólio, em 1997. PROJETO MUTIRÃO O Projeto Mutirão selecionava áreas que ficariam com a Petrobras e outras que seriam devolvidas à União. Nós selecionamos áreas no Espírito Santo; já havia sido feito esse estudo e furamos o primeiro poço em 1999, o poço 90ª, que hoje pertence à área de concessão e produção do Campo de Golfinho. O Projeto Mutirão foi uma força tarefa que concentrou geólogos e geofísicos de todas as bacias do Brasil, aqui no Rio de Janeiro, para selecionar áreas que deveriam ficar com a Petrobras. Naquela época, esses blocos exploratórios, no jargão atual da Petrobras e das outras empresas, seriam o “round zero”, um round que não existiu; não existiu o leilão, então ficou como “round zero”. Foram os blocos selecionados pela Petrobras e que não foram conformados, enquanto outros foram colocados em parceria com empresas do mundo inteiro. Então houve, em 1998, com a quebra do monopólio, essa distribuição feita pela Petrobras e havia a obrigação de furar nos três anos seguintes todas as bacias que nós ficamos. Do Amazonas até a Bacia de Santos, ficamos com muitos blocos exploratórios, e os três anos não foram suficientes para testar tudo o que queríamos, mas nós testamos o máximo possível. Algumas áreas foram devolvidas, depois nós voltamos novamente porque se não fossem exploradas em três anos tinham que ser devolvidas. Havendo descoberta nós tínhamos uma prorrogação para avaliá-la, mas os blocos onde não tinha descoberta, nós devolvíamos para a ANP. Depois a Petrobras voltou a adquirir essas concessões e estamos continuando nesse crescimento na Bacia do Espírito Santo. ESPÍRITO SANTO No Espírito Santo, o primeiro poço em água profunda mudou o potencial, porque o potencial do Espírito Santo até 1998 era restrito à terra. Todas as descobertas tinham sido em água rasa – o gás de Peroá e o Campo de Cação – e o restante, em terra. O primeiro poço exploratório em água profunda foi esse 90A, em 1999, que foi descobridor de óleo e gás, à nordeste de Vitória, cerca de 60 a 70 quilômetros da costa. Fica muito próximo à foz do Rio Doce, se você pegar uma projeção da linha de costa, em frente ao município de Aracruz. COSTA CAPIXABA O Espírito Santo tem duas bacias de caráter geológico: a Bacia do Espírito Santo, que é essa na qual vamos concentrar os nossos estudos, e tem uma parte da Bacia de Campos. O norte da Bacia de Campos está dentro de águas do oceano Atlântico, em costa capixaba. A divisão geográfica entre os estados fica próxima a Macaé: Presidente Kennedy ao sul, o último município do Espírito Santo e a linha de Macaé, primeiro município do norte do estado do Rio. A divisão da Bacia do Espírito Santo com a Bacia de Campos fica um pouquinho mais ao norte, fica mais ou menos em frente à Guarapari. Então a Bacia do Espírito Santo vem desde a divisa com a Bahia até a altura de a Guarapari, e a partir dali já começa a Bacia de Campos. O divisor da bacia, geograficamente, ficaria numa reta de Vitória até a Ilha de Trindade – uma ilha que fica a cerca de 200 milhas da linha de costa. Esse alinhamento geológico é que divide a Bacia de Campos da Bacia do Espírito Santo. A divisão geológica escapa dos limites políticos; tanto é que a Bacia do Espírito Santo sobe um pouco e vai até os primeiros municípios do sul da Bahia: Mucuri, Nova Viçosa. Tem uma denominação muito regional, mas não tem a ver com geologia, que é a área da bacia do Rio Mucuri, mas, na verdade, trata-se da extensão da bacia do Espírito Santo. Os royalties de produção do Espírito Santo vão para esse estado. Não tem nenhuma descoberta hoje em produção no sul da Bahia, mas caso ocorra e nós vamos trabalhar para isso, passa a ser royalties para os municípios que estão naquela área do sul da Bahia. ESPÍRITO SANTO / CRESCIMENTO Eu gosto de falar do Espírito Santo. O barril de petróleo, no final da década de 1990 – 1997/98 até 1999 – chegou a custar 10 dólares. O Espírito Santo tinha uma reserva baixa: menos de 100 milhões de barris e teriam poucos anos para continuar produzindo. Isso era muito questionado: “Vamos fechar ou não vamos fechar a unidade.” A partir dessa data – por sorte eu cheguei no Espírito Santo em 1998 – nós começamos a fazer muito levantamento sísmico, tridimensional, 3D e, desde então, começou a aflorar todo o potencial da região. Foi uma decisão gerencial que investiu em petróleo e na capacidade de absorver as oportunidades, dando resultado. Hoje, o Espírito Santo está com a reserva próxima a três bilhões de barris, é o segundo maior estado em reserva, nós hoje estamos com a segunda maior produção. Tudo isso fez com que o Espírito Santo mudasse, em pouco tempo, de 2000 para cá. NOMES DOS CAMPOS O nome dos campos a Petrobras escolhe e manda para ANP [Agência Nacional de Petróleo], que aceita ou não. A decisão da escolha do nome é do diretor de exploração Guilherme Estrella. É ele quem decide; nós passamos uma lista de opções, por exemplo: em terra nós fizemos agora três descobertas e sugerimos os nomes Saíra, Seriema e Tabuiaiá para o campo. São três nomes indígenas. Tabuiaiá é uma garça toda branca, com bico, cabeça e as pontas das asas pretas, que os índios da região assim denominavam. A escolha dos nomes para campos em terra, se dá em função de aves terrestres da região. O diretor, como nacionalista e bom brasileiro, prefere os nomes tupi-guarani. No mar, a mesma coisa, com essas últimas descobertas: tivemos o Camarupim, o Cachalote, Jubarte, Franca, Azul, Anã, são nomes normais de baleias. Essas últimas, por exemplo: Caxarel era o nome da baleia macho em tupi-guarani; eu soube há pouco tempo. Caxarel fica ao sul de Jubarte e Baleia Azul. Os nomes representam coisas interessantes. A área de Jubarte tem um potencial muito grande, passou a ser denominada Parque das Baleias. Para cima, nós estamos com a família dos golfinhos, peixes mais ágeis, mais ali entre Vitória e a Foz do Rio Doce. A região de Golfinho já começou com óleo mais leve, então não pensamos em baleia, pensamos num peixe mais ágil, mais querido até. ÓLEO LEVE As refinarias hoje disputam esse óleo pela qualidade. Tivemos uma série de descobertas de óleo pesado na Petrobras e depois de algum tempo, descobrimos óleo leve em Golfinho. Já em Jubarte é óleo pesado, mas a última descoberta no Parque das Baleias, em Caxarel – a baleia macho – é de óleo leve também. A área de Jubarte começa a ter descoberta de óleo leve, o que já se esperava há algum tempo; vínhamos trabalhando para isso. Agora temos óleo leve tanto na área em volta de Golfinho, como também no Parque das Baleias. A Petrobras teve descobertas de porte médio a campos gigantes, como Marlim, Albacora e uma série de outros campos, onde a predominância era óleo pesado. Havia óleo leve na Bacia de Campos, mas os maiores campos eram de óleo pesado. A primeira descoberta que chamou a atenção com óleo leve foi no Campo de Golfinho, no início do ano 2000. O que isso representa para a Petrobras em termos de potencial? Com essa nova descoberta, começamos a rever, inclusive, o sistema petrolífero. No Espírito Santo, nós temos dois sistemas petrolíferos atuando, enquanto na Bacia de Campos temos um muito bom, só que mais propício à geração de óleo pesado. Então agora, com a nova descoberta tudo é dinâmico. Aquela área do Parque das Baleias também muda um pouco o potencial para óleo pesado da Bacia de Campos. Tudo é uma questão de investimento em tecnologia – passamos a furar mais profundo –, investimento em pessoas, em equipamentos, em sísmica. Esses investimentos estão trazendo agora um novo tipo de óleo com perfil mais leve. É um óleo de maior valor agregado do que o do óleo pesado. As nossas refinarias precisavam trocar óleo pesado – o óleo de Marlim que exportamos – por óleo leve importado, para encaixar num tipo de processamento das nossas refinarias. A descoberta do nosso óleo leve deslocou aquele que vinha do exterior e ganhamos autonomia: 100% de auto-suficiência de petróleo, não somente em termos de volume – já estamos produzindo mais do que o consumo brasileiro precisa –, mas também pelo tipo de óleo. Então, dentro de pouco tempo, a Petrobras não precisará mais do óleo importado de tipo leve e isso cria uma mudança fantástica, tanto para a Petrobras, quanto para o Brasil que não dependerá mais de óleo importado. É um marco em termos de auto-suficiência. BACIAS E HIDROCARBONETOS O Espírito Santo é interessante porque a nossa unidade trabalha com os quatro tipos de bacias. Tem a bacia terrestre; a bacia com água rasa até 400 metros; a de água profunda de 400 a 1500 metros e acima de 1500 metros águas ultra-profundas. Tem óleo leve e óleo pesado em todas as bacias, tanto na terrestre como na de águas ultra-profundas. Lógico, as descobertas vão sendo dinâmicas e até hoje predominava o óleo pesado em águas profundas. Com a descoberta de Golfinho e outras, nós já estamos mudando essa visão. Em todas as bacias temos óleos leve, pesado e gás também. A questão é que determinadas bacias têm mais potencial para cada tipo de recurso. A Bacia de Santos tem um potencial maior para o gás, haja vista as descobertas agora em Mexilhão e todo esse grupo de descobertas recentes. As bacias têm potencial para hidrocarboneto, mas depende muito do tipo e da quantidade. Então, no Espírito Santo, temos óleos leve, pesado e gás, tanto em água rasa, como em terra, água profunda e em água ultra-profunda. Mas muda um pouco a proporção. Por exemplo, na área de Golfinho, naquela região da descoberta de Golfinho, a propensão é para óleo leve, na área de Jubarte, até o momento, apesar de se ter descoberto óleo leve, a maior quantidade é óleo pesado, como na Bacia de Campos também. Tem também um bom reservatório de gás. O que se precisa para ter hidrocarboneto numa bacia é ter uma rocha geradora, depois essa rocha expulsa os hidrocarbonetos – pode ser gás, pode ser óleo – que chegam a um reservatório. Tem determinadas bacias em que isso ocorre rapidamente e você preserva o óleo, porque, no início, todo o óleo é leve e à medida que, por alguma razão demora dentro do reservatório ou entra em contato com a água (água meteórica mesmo), as bactérias comem as partes melhores do petróleo – as moléculas mais leves. Então, à medida que diminui a leveza, esse óleo vai ficando mais pesado, vai ficando mais difícil de ser produzido e trabalhado para agregar valor. O óleo leve entra numa cadeia de derivados com valor maior do que o óleo pesado. O óleo pesado gera vários tipos de derivados, mas não chega à quantidade do óleo leve. SISTEMAS PETROLÍFEROS No caso do gás, no Espírito Santo, nós temos dois sistemas petrolíferos e um dos sistemas, o sistema marinho, tem mais contribuição de geração de óleo leve e gás. Nós temos formações de origem continental e formações de origem marinha. Por estar no mar não quer dizer que não seja de origem continental; na verdade foi gerada em continente e hoje está no mar. A geração pode ser de origem continental quando a genética é terrestre e tem formações geradas em mar. O Espírito Santo tem esses dois sistemas ativos. O sistema marinho, como tem maior potencial para o óleo leve e gás, à medida que a se perfura na Bacia de Espírito Santo, se vê que ali tem potencial também para o gás. Geograficamente já é um pouquinho diferente; o Parque das Baleias fica na parte norte da Bacia de Campos e o Golfinho fica em frente à foz do Rio Doce. Essa área geográfica da foz do Rio Doce tem um potencial de geração maior para gás e óleo leve, do que para óleo pesado. Enquanto a parte sul do estado tem maior potencial para óleo pesado, apesar de ter descoberta de óleo leve. GÁS A Petrobras, junto com o governo, lançou o Plangás, um plano de antecipação de gás, e o Espírito Santo se encaixa muito bem dentro dessa nova filosofia de descobrir mais gás, até para o Brasil não ser tão dependente da importação. O Espírito Santo foi o primeiro a mostrar alguns resultados significativos a partir da crise do gás com a Bolívia. Realizamos, no final do ano de 2006, a descoberta e a declaração de comercialidade do campo Camarupim, que fica perto de Vitória, perto de Golfinho. Teve um outro campo com gás, Canapú, que declaramos comercializável no final de 2005. À medida que estamos perfurando, estamos tendo resultados bons para o gás do Espírito Santo. O Plangás é um investimento alto que está sendo feito no estado, exatamente para diminuir a dependência do gás. Acredito que até 2010, estaremos produzindo 20 milhões de metros cúbicos por dia, só nesse complexo ao norte do Espírito Santo, na área de Golfinho. A unidade do Espírito Santo está em construção, algumas etapas já ficaram concluídas, como a unidade de tratamento de gás de Cacimbas – UTGC – que fica próxima à Foz do Rio Doce, no município de Linhares. Essa unidade do processamento de gás terá capacidade, até o final da década, de processar 21 milhões e meio de metros cúbicos de gás por dia. Isso vai ser muito importante por conta exatamente dessa nova visão do Brasil, de investir em projeto de gás, para diminuir a dependência externa. Essa unidade fica no município de Linhares, ao lado do Gasene, o gasoduto que vai ligar o sistema de gasodutos do sul-sudeste com o do norte-nordeste. O Gasene foi dividido em três partes. A primeira está sendo finalizada agora, em maio será inaugurada, vai da estação chamada Cacimbas, próxima a Rio Doce, até Vitória. O segundo trecho do Gasene vai ser de Cacimbas até Cabiúnas, em Macaé. E o terceiro trecho, esse mais longo, vai de Cacimbas até Catu, na Bahia. Essa unidade está num lugar estratégico exatamente por conta dessas novas descobertas, na foz do Rio Doce, próximo a Golfinho, que tem potencial. Outra coisa que ajuda: o óleo leve normalmente está associado a muito gás, ao passo que o óleo pesado tem menos gás. Então, todos esses novos campos na área de Golfinho, por terem óleo leve, têm mais gás. É o gás associado, que também vai ser colocado à venda; já está sendo colocado à venda em Vitória. Tem todo um projeto de expansão de investimentos por conta dessas novas descobertas de gás e um potencial muito grande também para novas descobertas de gás e óleo leve no Espírito Santo. A expectativa é muito grande. SEDE DE VITÓRIA O trabalho iniciou em março [2007]. Já teve início a terraplanagem e o consórcio vencedor deve concluir a obra até meados de 2009. A Odebrecht lidera o consórcio, mas tem mais duas empresas. Esperamos que a obra finalize entre 24 a 30 meses. Hoje estamos lotados em seis prédios diferentes de Vitória e isso trás desconforto, por conta de deslocamento, apesar de Vitória ser uma cidade pequena e os deslocamentos serem curtos, mas isso dificulta a integração das equipes. Então estamos torcendo para que em meados de 2009 todos estejam na sede nova, uma sede muito bonita. Vai ser um prédio grande, de concepção bem moderna, ecologicamente correto, com valorização da luz natural, com coleta de água. É um projeto muito bonito, ele foi o vencedor entre outros 232 projetos. A Petrobras, junto com o IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil – fez o concurso e foram selecionados 30 finalistas. Depois selecionaram mais três e desses três tirou-se o vencedor dos 232 projetos analisados. Quer dizer, é um projeto muito evoluído, com uma arquitetura muito clean e bonita. Todos vão gostar da nossa nova sede. ESTADO DO ESPÍRITO SANTO O Espírito Santo é um estado pequeno, tanto em dimensão geográfica, como de população. São 29 mil quilômetros quadrados, somos menores que o Estado do Rio, e temos três milhões e 400 mil habitantes. Apesar de pequeno, é um estado que tem grandes empresas investindo. Além de a Petrobras estar investindo, até 2010, grande um montante em projetos de gás, óleos leve e pesado, gasodutos, sistema de produção, etc; tem a Aracruz – uma empresa em expansão, que pode ser a maior de celulose da América do Sul – tem a Vale do Rio Doce – todos conhecem, a maior empresa de mineração do mundo, que está investindo muito dinheiro no Espírito Santo –, tem a Samarco e a CST – duas empresas grandes. Então, hoje, o estado vive um momento muito bonito. O atual governo, de Paulo Hartung, tem feito um trabalho de melhoria. Quando eu cheguei, em 1998, senti o capixaba um pouco sem referência, mas agora ele tem uma referência muito forte, ele acredita muito no estado. Nós chamamos de “pequeno notável” porque é pequeno e está realmente crescendo muito. No ano passado foi o segundo estado em crescimento; se não me engano, ele bateu 10% de crescimento, ficando atrás apenas de Mato Grosso e bem acima da média brasileira. O Brasil cresceu menos de 3%. O Espírito Santo vem crescendo desde o ano retrasado, quando atingiu 17% de crescimento; então ele está num bom momento e a Petrobras também. A equipe sente isso, está toda muito engajada nesse desenvolvimento, nessa mudança. Há cerca de sete anos, nós estávamos fechando a unidade, como a terceira em termos de reserva, ficando atrás do Rio de Janeiro que tem duas unidades, a UNBC Bacia de Campos e o UN-Rio, Rio de Janeiro. Hoje, nós somos o segundo estado em reserva e produção no Brasil; estamos produzindo em torno de 110 mil barris e devemos ir, até o final do ano, para 200 mil barris. Vamos dobrar, tendo ainda a possibilidade de ofertar gás. Gás é diferente do óleo, depende de contrato de comercialização, por isso, o que podemos é ofertar. Até o final do ano, poderemos ofertar até cerca de oito milhões de metros cúbicos por dia, mais que qualquer outra unidade oferta para o mercado. Então estamos num momento muito bonito. RESPONSABILIDADE SOCIAL Nós temos o nosso gerente-geral, o Márcio Félix, que tem uma visão fantástica; ele veio da área de planejamento, é engenheiro. Inicialmente, entrou na empresa pela área de avaliação, mas antes de ir para o Espírito Santo já trabalhava com planejamento. Ele é uma pessoa muito antenada, pensa muito à frente. Nós fizemos um trabalho recentemente, quando ele substituiu o antigo gerente-geral, de centralizar os projetos da área social, com a Ciranda Capixaba. Seria agregar os projetos sociais em rede, para que eles conversassem e tivessem condições de sobreviver. São projetos de dois anos, onde a Petrobras entra com investimento em treinamento das pessoas, com consultoria, com uma série de apoios para que depois desse tempo, esses projetos consigam andar com suas próprias pernas. A concepção de rede facilita a interação entre eles, foi muito bonita, porque no momento em que fizemos um projeto de concepção, acredito pioneira, as outras empresas começaram a gostar da idéia e pediram para participar também. Então, hoje, alguns projetos foram passados para a Vale, outros para a CST e esses projetos conversam entre si, interagem. É uma rede de projetos sociais, em que a Petrobras tem uma posição de orientação, capacitando os gestores para que tenham condições de, a partir de um determinado tempo, andarem sozinhos. E por que a rede? Porque uma rede aumenta as oportunidades e a sustentabilidade de cada projeto. Nós estamos num momento muito bonito, o Márcio Félix Bezerra de Carvalho é o idealizador disso. Eu gostaria de citar o nome dele, porque ele é um entusiasta pelo crescimento das ações sociais. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Quanto à parte ambiental, nós temos uma visão muito interessante, porque estamos numa área muito sensível que é Abrolhos. Todos conhecem o parque de Abrolhos. Há pouco tempo o Ibama lançou uma portaria restringindo os trabalhos na área de exploração e produção de petróleo naquela região. Isso fez com que a exploração da unidade do Espírito Santo passasse a pensar um pouquinho diferente de como poderíamos trabalhar em cima desse novo cenário, um cenário cada dia mais responsável e com mais cobranças. Estamos interagindo bem com o Ibama, mas principalmente temos bons relacionamentos com o órgão estadual. Nós temos hoje uma coordenadora exclusiva só para a relação com os órgãos ambientais, tanto estadual, como federal e o da Bahia, o CRA. O órgão do Espírito Santo é o Iema e o Ibama é federal. Está havendo um equilíbrio e os nossos projetos não tiveram, até o momento, nenhum impacto significativo, por conta desses licenciamentos que são necessários e bem trabalhados. Estamos também vencendo um preconceito que existia entre a indústria de petróleo e a área ambiental, eu acho que até por falta de conhecimento recíproco das duas áreas: nós tínhamos pouco conhecimento da área ambiental e eles da área de petróleo. Hoje estamos conseguindo conversar e existe uma maior interação dessas duas áreas, o que facilita o licenciamento ambiental e, de certa maneira, já estamos conseguindo avançar. A Petrobras está cada vez mais preocupada em retribuir algum tipo de impacto; ela pensa muito no que se pode trazer de benefício, já que qualquer empreendimento traz impacto, seja significativo ou não. Então a empresa pensa, primeiro, de que maneira pode trazer benefício para a área ambiental, para depois, então, pensar em como fazer o empreendimento. Pensamos antes mesmo de fazer o empreendimento, como é que poderemos melhorar as condições ambientais locais. Esse blocos na região de Abrolhos são mais recentes. À medida que se avançou em termos de análise ambiental, avançaram também as necessidades de estudos. Hoje estamos estudando muito sobre coleta – em níveis marinho e continental – de sedimentos no fundo, nos assoalhos marinhos. Estamos estudando as correntes, vendo a questão da migração das baleias, a questão da desova das tartarugas e também da colocação de novas tartarugas no mar; então estamos sempre respeitando os ciclos da natureza. Há determinadas fases em que temos que diminuir nossas atividades, nossos empreendimentos e já colocamos no cronograma quais são as melhores épocas para fazer determinados tipos de trabalho. Hoje há maior consciência do tempo correto e do tipo de impacto, para reduzir ao máximo os danos em termos ambientais. Houve um avanço muito grande nesses últimos anos, acredito até por conta dessa integração, mas sobretudo devido ao diálogo franco e transparente, porque a Petrobras é uma empresa cidadã em todas as etapas. A maioria desses projetos são patrocinados pela Petrobras, apesar de terem projetos que não conseguem o licenciamento de uma determinada maneira, então se diz: “Então vamos trabalhar para que possamos trazer o benefício de uma outra maneira.” Então, a Petrobras além de patrocinar esses tipos de estudos da área ambiental, está preocupada em trabalhar, trazendo o menor impacto possível para o meio ambiente. Há todo um direcionamento para que ocorra de uma maneira correta. ESPÍRITO SANTO PECULIARIDADE GEOLÓGICA Não tem outro estado no Brasil com as mesmas características do Espírito Santo, que possui os quatro tipos de bacias. No Rio de Janeiro, a Bacia de Campos e em São Paulo, a Bacia de Santos começam no mar, quer dizer, a exploração começa já dentro do mar; não tem terra. O Espírito Santo é o primeiro, seguido do sul para o norte. A Bahia tem uma força muito grande no Recôncavo, que é terrestre, continental e tem alguma coisa hoje em água rasa, mas em água profunda ainda não tem nenhuma descoberta significativa, embora tenha potencial para isso no sul do estado. A nossa unidade no Espírito Santo tem muitos parceiros, temos sempre reuniões com esses parceiros, desde a Shell, a Exxon – as duas primeiras no mundo – até empresas menores. Podem ser encontradas pouquíssimas unidades como a nossa, que tenha esse laboratório com atividades em terra, água rasa, água profunda e água ultra-profunda, porque simplesmente não há esse tipo de perfil, de trabalhar em qualquer tipo geográfico, em termos de bacia, com uma matriz muito rica também de hidrocarbonetos, passando do óleo extra-pesado em terra, até o gás no mar, em água profunda. É uma matriz de domínio geológico-geográfico e de tipo de hidrocarboneto muito rica. É muito bom de trabalhar também, porque é um laboratório, as pessoas interagem sempre com qualquer tipo de projeto. Para quem está entrando é muito interessante, porque já vai ver todos os tipos de projetos com uma matriz muito rica em tipo de petróleo e potencial. GESTÃO CAPIXABA Eu diria que a Petrobras tem quatro escolas: a primeira foi a Bahia, onde começou o petróleo na década de 1940, em terra, no campo de Candeias. Depois veio a fase da Bacia de Campos, uma fase muito forte. As pessoas que conhecem mais a Petrobras reconhecem também uma fase anterior, a da Bacia do Rio Grande do Norte, com um estilo de gestão de projetos um pouquinho diferente da Bacia de Campos, tão competente. E agora a Bacia do Espírito Santo. Nós já estamos sendo considerados pelo sistema Petrobras como modelo de nova gestão. Por quê? A principal diferença entre a UNBC – Unidade Bacia de Campos – e a Unidade do Espírito Santo, a UNBC começou com projeto de água rasa, foi crescendo, aumentando de tamanho, chegou em água profunda; ela já tinha um domínio e foi aos poucos. No Espírito Santo já foi muito mais rápido o processo, nós saímos de terra para água profunda numa velocidade muito grande e para isso precisamos de pessoas; muitas pessoas da Bacia de Campos foram para a Unidade Espírito Santo. Recebemos pessoas da Bahia – eu sou oriundo da Bahia –, e do norte também. No norte-nordeste existe uma diversidade maior de gestão porque existe uma cobrança maior para agilidade, com um time menor. Então, com um time bem menor, nós somos uma das menores unidades da Petrobras em exploração e produção, mas com agilidade suficiente para colocar esses grandes projetos em produção. Nós batemos alguns recordes em termos de descobrir e botar em produção; a mentalidade é de ser mais rápido e ter uma gestão mais multidisciplinar. Talvez a UNBC, por já ter uma peso muito grande, uma competência muito forte, não fosse tão dependente. O Espírito Santo trabalha muito com integrado com o Cenpes. A própria equipe da unidade trabalha muito integrada, a gestão aqui na sede, com E&P exploração, E&P engenharia. Por ser menor e mais ágil, a unidade também trabalha com maior integração entre as áreas. E, por uma questão de compromisso também com prazos mais curtos, porque nós nascemos já na era da quebra do monopólio. A UNBC viveu uma fase de projeto com tempos mais longos. Essa visão de tempo curto, unidade menor, integração com outras áreas multidisciplinar, fez com que a gestão fosse uma muito moderna, em termos de Petrobras. Já estamos sendo referência hoje em algumas áreas por conta disso. E&Ps Hoje nós temos seis sondas exploratórias em mar, sendo uma em água rasa e cinco em águas profundas e ultra-profundas. Esse ano nós vamos fazer 30 poços exploratórios em terra, então há um diversidade em termos de investimento. Nós chamamos de “pólos de E&P”: tem o pólo de exploração e produção em terra; o pólo de exploração e produção de gás; de água profunda com óleo leve; de água profunda com óleo pesado e pólo de exploração e produção ultra-profunda. Nós dividimos em cinco pólos e tem uma sinergia entre os projetos. Eles se comunicam, são integrados e têm equipes multidisciplinares trabalhando em todos eles. O investimento também foi distribuído, e o nosso gerente geral fala muito: “Olha, não podemos esquecer que terra é um laboratório para água profunda e ultra-profunda.” Muito do desenvolvimento que fizemos em água profunda deve-se também ao conhecimento de terra e água rasa. Então, tem toda uma opção de valor do conhecimento atenta para todos esses grandes pólos de exploração e produção, para que eles interajam de uma forma positiva. SISTEMA DE BOMBEIRO E FPSO O sistema de bombeiro é submerso. Nós fomos os primeiros a testar em água profunda e Jubarte foi o piloto de produção em água profunda com óleo pesado. Já tinha Marlim, mas lá havia uma concepção em que o óleo era até 19º e o nosso era mais baixo ainda. Normalmente em Marlim, a bomba era colocada dentro da coluna de produção e essa nossa primeira bomba foi colocada fora da coluna, já acima da boca do poço, da árvore de natal. Foi uma concepção diferente. Em Jubarte, em 2002, nós já iniciamos fazendo esse teste. Em Golfinho, agora, a concepção é mais moderna, porque estamos trazendo navios fretados com capacidade menor, mas que colocam em produção mais rapidamente. São os FPSOs, navios menores, produção menor, mas eles são mais rápidos na concepção do projeto. Agora estamos testando em Jubarte a seguinte novidade: nós passamos a ter a mesma bomba em cima, fora da coluna de produção, mas também fora da cabeça do poço; ela fica posicionada lateralmente. Se precisar fazer algum tipo de intervenção nela, pode fazer com o poço produzindo. Que diferença poderia fazer entre as duas concepções, a da Bacia de Campos e a que testamos em Jubarte? Antes teria que parar o poço para fazer a intervenção e com essa nova concepção da bomba fora da coluna e fora da cabeça de produção lá no fundo do mar, você tem como produzir e trabalhar na recuperação ou na manutenção da bomba, sem impactar a produção. Então o novo sistema, que o Cenpes desenvolveu, está sendo testado agora em Jubarte. ESPÍRITO SANTO / RESERVAS O maior campo, em volume, ainda é Jubarte. O segundo campo seria a área de Golfinho, toda a estrutura de Golfinho, em seguida é Cachalote, depois vem uma série. Com as novas descobertas, nós chegamos a 2,5 bilhões de barris de reserva total, e pode chegar próximo aos três bilhões. Com essas novas descobertas de óleo leve na área de Jubarte, a perspectiva é que se cresça muito ainda esse ano. Eu até trouxe um material para mostrar, o nosso gráfico apresenta uma reta paralela até 1996, 97, 98. Começamos a investir muito em sísmica tridimensional, em softwares de interpretação geológico-geofísica e começaram as primeiras descobertas. A partir daí a reserva cresceu, há no gráfico uma inclinação muito forte e pretendemos continuar com essa inclinação. HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS Eu fazia parte da equipe dessa “força tarefa” de selecionar áreas para que a Petrobras, depois de 1998, com a quebra do monopólio, tivesse algumas áreas para trabalhar. Se naquele momento do leilão, fosse parar o processo total da Petrobras, teríamos um gap muito grande de atividades e isso nem a ANP nem ninguém do Brasil queria. Nós selecionamos algumas áreas e num dos blocos mais promissores, que chamávamos “the golden block” – “o bloco de ouro” –, numa reunião que o Mário Carminatti , o coordenador do Projeto Mutirão, participou sem a equipe, foi decidido que esse bloco seria colocado em parceria. Aquilo, naquele dia, foi uma ducha fria em toda a equipe Era o melhor bloco, fantástico, inclusive está situado no Espírito Santo, é o PC-10. Eu me lembro que fui para o hotel aqui no Rio, pensando – eu quase que não dormi a noite pensando –, por que nos colocaram junto com a Shell, que era a segunda maior empresa e a Exxon, que era a primeira? A parte operacional seria feita pela Shell e eu pensei, “se não formos competente o suficiente, vamos ser arrastados, atropelados por essas grandes empresas.” Seis ou sete anos depois, estamos vendo que a Petrobras foi e é muito competente Nós fomos parceiros nesse bloco de operação da Shell, do lado a operação é da Petrobras, no PC-10, onde hoje tem o campo de Jubarte. Nós tivemos muito mais descobertas sozinhos do que com essa grande parceira. Nós tivemos muito mais competência, apesar de termos aprendido também com essas parcerias e as interações com grandes equipes, grandes empresas, foram fundamentais para o nosso processo de crescimento. Aquele medo, aquela preocupação que eu tive virou força: hoje estamos realmente lidando com o processo de crescimento da Petrobras que é considerada uma das sete grandes do mundo, de acordo com uma última reportagem. Então foi muito boa essa minha mudança de visão, como participante da equipe da Petrobras. ACREDITANDO NOS SONHOS Eu cheguei em 1998 no Espírito Santo para ser gerente da área de interpretação geológico-geofísica – a nascente do processo, onde você diz: “Ó, tem que furar o poço aqui por isso, por isso e por isso.” Eu falo para a nossa equipe da exploração, que nós somos vendedores de sonhos porque, imagina, no meio do mar, onde não tem nada, nenhum referencial: “Vamos furar aqui, porque pode ter um campo gigante, tem potência”, e gastam-se milhões e milhões de dólares. Então, você vende sonho, na verdade. Um empresário ficaria balançado em gastar 100 milhões por conta de um ponto no mar que não se tem nenhuma referência. Eu entrevistei toda a minha equipe e uma pessoa era mineira, mas já estava há 15 anos em São Mateus – a nossa sede era em São Mateus até 2001, depois viemos para Vitória. Então ela falou: “Não, você está vindo da Bahia para fechar isso aqui.” Em 1998 o pessoal estava super-triste: “É para fechar mesmo? Não é possível, sair de Salvador para morar aqui em São Mateus e estar fechando isso aqui.” Eu não vou falar o nome da pessoa. Então eu disse: “Não eu vim aqui para crescermos juntos. E com certeza nós vamos crescer.” Ela disse: “Você não entendeu o que eu quero ainda”, e eu retornei: “Não entendi por quê?” ; “Seu bobo, eu quero é ir para Salvador, que feche aqui pois eu não quero ficar mais em São Matheus.” Então o pessoal estava desestimulado, uma cidade do interior, muitas pessoas não gostavam mais de morar ali, e essa pessoa da equipe estava tentando me passar a informação de que deveríamos ir para Salvador mesmo. Só que eu vim para, realmente, mudar essa visão e conseguimos. IMAGEM PETROBRAS O sentimento, nesses oito anos, é de acreditar nas pessoas, de realizar e ser empreendedor. Estamos num momento muito bonito, por conta do empreendedorismo da Petrobras também. Se a Petrobras não tivesse empreendendo e acreditando nas pessoas, não teríamos esse sucesso. Acho que o principal é acreditar nas pessoas. Eu gostaria de deixar registrado que a Petrobras hoje, até por esse crescimento muito forte, mudou: está com um perfil mais empresarial. Até o final da década de 1990, nós tínhamos características de estatal e, hoje, o perfil é mais de empreendedor, apesar do governo continuar sendo o principal acionista. A Petrobras está mudando muito fortemente e o Espírito Santo, de alguma maneira, captou bem essa informação, esse tipo de modelo. Lógico, sem deixar de lado aquela característica da Petrobras de ser cidadã e estar envolvida em muitos temas do governo, mas com um caráter mais empresarial. A empresa está conseguindo, o Espírito Santo está conseguindo dividir bem isso, equilibrar bem: não pode perder o significado de ser empresa ainda que tenha como sócio majoritário o governo . E tem que ser uma empresa competente. Foi um equilíbrio que trouxe conforto e crescimento. IDENTIDADE PETROBRAS / SER PETROLEIRO Eu vou copiar um pouco o nosso diretor de exploração e produção, Guilherme Estrella, eu vi numa abertura de evento – não me lembro qual foi o evento. Ele contou que a esposa dele dizia o seguinte: “O crachá da empresa não é um crachá, é um passaporte. Na verdade quando você passa o crachá naquela catraca” – ou, como se diz na Bahia, na borboleta – “Você passa para um outro país.” Nós estamos passando para um outro nível, então a preocupação dele, eu acho que a preocupação de toda Petrobras, é que o Brasil tenha as condições da Petrobras. A Petrobras é uma empresa muito ética, muito preocupada com o treinamento de seus funcionários, tem uma garra muito grande pelos projetos, devido a essa colocação que eu fiz de estar preocupado, porque tinha que disputar com as maiores empresas do mundo. Então, essa garra, essa determinação e saber que ali você está fazendo, que a empresa é ética e reconhece o valor das pessoas, faz o diferencial. Vira um padrão Petrobras e a gente veste a camisa. MEMÓRIA PETROBRAS Para mim, é um prazer fantástico, eu gosto da empresa, aprendi a gostar, aprendi a gostar das pessoas também. O Marcos Assayag foi quem me indicou para o depoimento, eu liguei para ele imediatamente para agradecer porque a experiência é fantástica. Vai me trazer um pouco de reflexão. Já vi alguns trechos das entrevistas que vocês fizeram, eu achei que é estimulante para que continuemos sendo cada dia mais cidadão. Isso é uma maneira de resgatar a parte histórica, toda a parte de conhecimento e preserva-los. Espero que isso continue para os novos que estão chegando, eu acho muito importante. O diretor tem muito essa preocupação de passar as coisas melhores e que melhore cada vez mais. Eu acho que temos que olhar para o passado, para engrandecer o futuro. Essa Memória Petrobras está bem nessa linha, que hoje é a linha de exploração e produção da Petrobras.
Recolher