Feito Para Mim - Ivania de Farias Silveira Siqueira

Século XXI... Nossas vidas baseadas em Agendas. Nos falta tempo. \"O tempo é curto\". \"O tempo não para\". \"Tempo é dinheiro\". \"O tempo não perdoa\". Muitos ditados sobre o tempo. Confesso que o último citado, me faz repensar certas coisas. Foi uma saga conseguir conversar com a Ivani...Continuar leitura

Século XXI...
Nossas vidas baseadas em Agendas.
Nos falta tempo. \"O tempo é curto\". \"O tempo não para\". \"Tempo é dinheiro\". \"O tempo não perdoa\".
Muitos ditados sobre o tempo. Confesso que o último citado, me faz repensar certas coisas.
Foi uma saga conseguir conversar com a Ivania.
Marcamos, remarcamos, Covid que me pega, eletrônicos dela que tem vida própria e desligam no meio da conversa, reformulação dos sites, nossas demandas que só aumentam e a falta de tempo, batendo nossos calcanhares.
Bem vindos ao Século XXI. Ao século dos \"Sem tempo\".
Antes de começar a contar sobre essa mulher incrível que conheci, gostaria de dizer que eu sou feliz pelas pessoas que me colocam como parte da história delas e permitem que eu compartilhe.
Sempre me perguntam se sou eu mesma que vou escrever, se sou eu que cuido de tudo, e esperam que eu coloque a minha parte, junto com as delas. Se não for eu, se não for assim, elas não aceitam.
Portanto, qualquer coisa parecida que vocês encontrarem por aí (cópia mesmo), se não estiver com a \"minha assinatura\", será plágio, será crime (Art.184 Cód. Penal 3). Não fará parte do acervo das histórias dos moradores da cidade, e não terá autorização (tanto de informação, imagem, etc.) das pessoas envolvidas, isso, é outro crime (Art.24 Lei 9.610/98), e vocês podem denunciar.
Bem vindos novamente ao Século XXI, ao século também, dos \"Direitos\".

Por Ivania de Farias Silveira Siqueira - Assistente Social e Perita, trabalha no Executivo da Câmara de Vereadores.

\"Faz mais de 10 anos que trabalho como Assistente Social. Tenho muitas histórias para contar, mas nem todas podem ser divulgadas.
Não é um trabalho fácil, mas é algo que sinto que foi \'Feito Para Mim\'.
Sinto falta de levar as pessoas para fazer os documentos, antigamente quando era no Cassino, e acabava dando uma passadinha na praia com eles. Via a alegria daqueles que não viam o mar há tempos.
Um caso curioso sobre essas pessoas, foi um rapaz que conheci, e no registro dele, não constava o nome dos pais, apenas o dele, e o sobrenome era SILVA. \'Fulano da Silva\'. Fiquei surpresa porque aquela música \'Era só mais um Silva que a estrela não brilha\', não era só uma música.
Eu gostava do trabalho de campo. Uma vez, um parente de uma colega, que me conhecia pouco, perguntou à ela se eu era \'Garota de Programa\', pois era noite, eu estava na Praça, no Centro, no meio de um monte de homens, falando com os moradores de rua.
Isso não me importava.
Atualmente em Rio Grande, existem

serviços que trabalham com pessoas em situação de rua, Centro POP, Equipe de Abordagem Social, CARE (Abrigo para pernoite), Consultório na Rua e conta também com o Restaurante Popular que garante alimentação gratuita e de qualidade, garantindo assim atendimento, assistência ao público alvo.
Desde o inicio da minha formação, meu trabalho foi voltado para pessoas em situação de rua, garantindo direitos para eles, e isso me trouxe realização profissional, trabalhei por quase 10 anos com esse público, vi muitas mudanças acontecerem na vida das pessoas que atendi e atendo, e isso também mudou minha vida, sou extremamente feliz por tudo que vivi no período que trabalhei diretamente com eles.
Eu fazia por amor mesmo.
Quando fui nomeada Perita pelo juíz, foi por um caso que ninguém conseguia resolver. Foi um desafio, fui muito ameaçada.
Não só eu, mas outras colegas que tentaram resolver o caso também.
Era uma criança que grande parte da família havia sido assassinada e a guarda estava com o pai, \'que não era um bom sujeito\'. Ameaçava todo mundo, e o caso não ia para frente.
Todas as minhas colegas tentaram fazer com que ele liberasse a criança para adoção.
Ninguém tinha conseguido até então.
Fui obrigada a conversar com ele e dizer que aquela criança precisava de uma família, e que ela tinha o direito de poder chamar alguém de mãe, já que isso foi retirado dela.
Ao conversar com ele, com o juíz, demonstrei minha preocupação genuína à

eles.
Caso encerrado, a criança foi adotada e eu nomeada. \'Feito Para Mim\'.
Hoje, no Executivo, o salário cai direitinho. Mas, eu sinto falta do trabalho que até o salário atrasava. Às vezes ia só com o dinheiro da passagem de ida, a volta, tinha que usar a imaginação \".

Imagem: Acervo do CRAS.

Música: Rap do Silva

Compositor: Moyses Osmar da SilvaRecolher