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Personagem: Emmanoel Anargyrou
Por: Museu da Pessoa,

Férias na Grécia: Ninguém Aguenta!

Esta história contém:

Férias na Grécia: Ninguém Aguenta!

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Eu nasci em Atenas, 1934, o nono filho. O meu pai já trabalhava com táxi, ônibus, eu tenho fotografia com ele no primeiro ônibus de Omonia-Patissia, isso em 1934. Veio a guerra em 1940.

1942, 1943, eu já com nove anos. E uma passagem muito engraçada foi no Natal de 1942, o sindicato do meu pai, marinheiros, mandou uma lata com batata cozida, ela não chegou até a sala de jantar, no primeiro quarto, eu me sentei, peguei uma batata, descasquei, comi, quando fui pegar a segunda, “cadê as batatas?” Meu irmão perguntou, “que batatas? quantas você pegou?” “Peguei uma!” Mas porque uma?” “E que eu sentei, descasquei…” “Ah, você descascou? Nós comemos com a casca e tudo.” Mas nunca fui briguento, não era de reclamar . E foi assim, alguns anos de dificuldade, ficar deitado com o estômago vazio. Aí veio a morte pela fome do primeiro irmão, depois do segundo. E quando meu pai voltou em 1945, depois do fim da guerra, já tinham morrido pelo menos dois. Logo depois veio a guerra civil da Grécia, lá vai meu irmão servir no exército, foi pego lá na Ilha de Creta pelos Comunistas, levaram na montanha e numa dessas batalhas entre direita e esquerda, ele se feriu e preferiu atirar na cabeça para não ter que cair na mão dos comunistas, aí seria decapitação, muito pior, isso foi em 1947.

Com essa morte já saíram três. Aí um irmão com essas dificuldades todas, ficou doente e morreu também, aí foi o 4º. Resolvemos vir para o Brasil, os cinco irmãos restantes, porque 1949 eu estava lendo livros de psicologia para ver “no que eu vou trabalhar.” A única esperança era o serviço militar, então me candidatei para a força aérea grega, eram 360 candidatos para 36 lugares. Eu tinha feito um pouco de inglês e esperava ser um dos primeiros colocados, quando chegou nos 40, faltava tirar quatro. Eu achando que já tinha passado, não escrevi quase nada na última prova,...

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Projeto: Conte sua história

Realização Instituto Museu da Pessoa

Entrevista de Emmanoel Anargyrou

Entrevistado por Vassi

São Paulo, 24 de fevereiro de 2022

PCSH_HV1184

Transcrito por

Revisado por Valdir Canoso Portasio

P/1 - Conta um pouco onde o Senhor nasceu, quando? O nome dos pais?

R - Eu nasci em Atenas, 1934, o nono filho. O meu pai já trabalhava com táxi, ônibus, eu tenho fotografia com ele no primeiro ônibus de Omonia-Patissia, isso em 1934. Veio a guerra em 1940.

P/1- Como que era o nome dos seus pais?

R - Meu pai era Anargyros Anargyrou ele nasceu em Mykonos de uma família também numerosa, tinha sete irmãos. E a minha mãe nasceu na Ilha de Poros e depois a família… Em 1920 eles casaram, até 1934 que nasceu eu, o nono, tinha mais oito na frente. O meu pai participou na guerra contra os turcos em 1912, na guerra dos Balcãs ele serviu no Averof [esquadra liderada pelo navio de guerra Averof]. Nas batalhas que eles fizeram contra os turcos, ganharam naquela época todas as 11 ilhas, no Egeu, que são ilhas maravilhosas, conquistadas com aquelas guerras de 1912. Veio a guerra mundial, meu pai foi também contra os alemães e ficamos com a família numerosa sem ter comunicação com ele, passamos todas as dificuldades que passou a Grécia com a ocupação nazista.

P/1- Como foi a infância do senhor? Conta um pouco dos seus primeiros anos de vida com a família, como foi até os seis anos de idade?

R - Até os seis anos de idade eu me lembro muito bem de todas as brincadeiras que a gente fazia com os vizinhos, as vizinhas que tinham suas galinhas. O nosso brinquedo era coisa mais rara do mundo, então o primeiro e único brinquedo que eu ganhei foi um baldinho de zinco e uma pazinha, então eram os brinquedos, hoje existem infinidades. E para ganhar uma bola levou mais uns dez anos, então, nos seis anos, dos três aos seis foram essas brincadeiras. Não existia luz, então vinha um funcionário para acender as lâmpadas o lampião...

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