P/1 – Selma, boa tarde. Primeiro eu gostaria de agradecer de você ter aceitado nosso convite e ter vindo pra cá pra dar esta entrevista e pra começar, eu queria que você falasse pra gente o seu nome completo, o local e data do seu nascimento.
R – Meu nome é Selma Soares Xavier, nasci em São Paulo, no dia 10 de agosto de 71.
P/1 – Certo, Selma. Selma, e o nome dos seus pais?
R – Meu pai é João Delfino Pereira, e minha mãe Cecília Vilela Pereira.
P/1 – Conta um pouquinho o que eles faziam aqui em São Paulo, qual que era a atividade deles?
R – Meu pai trabalhou muito em indústria metalúrgica, sempre trabalhou em metalúrgica. E a minha mãe era do lar. Trabalhou cuidando de algumas crianças das vizinhas, filhos dos vizinhos, mas era mais do lar.
P/1 – E você sabe um pouquinho da origem da família, dos seus avós, você chegou a conhecê-los?
R – Não, não conheci, mas são de Minas. Não conheci ainda a cidade também que eles nasceram, e meus avós também não cheguei a conhecer. Já são falecidos.
P/1 – E você sabe como é que seus pais vieram pra São Paulo? Como é que eles se conheceram?
R – Não, conheço não.
P/1 – E você tem irmãos?
R – Tenho, tenho cinco irmãos.
P/1 – E onde você está nesta escadinha de irmãos?
R – Eu sou, deixa ver, tem a Sula, tem o meu irmão, eu sou a terceira. Depois tem mais duas mais velhas.
P/1 – Ah, então você está bem no meio?
R – Bem no meio. É, no meio.
P/1 – Então conta pra gente como é que era ser a filha do meio de uma família de cinco irmãos aqui em São Paulo, quando você era pequena.
R – Nossa, era bem legal. A minha infância foi muito boa, brinquei muito mesmo, né, a gente brincava. Eu morei na comunidade no Monte Azul desde que eu nasci, então, a gente brincava de tudo, esconde-esconde, pega-pega. Era muito livre assim.
P/1 – E conta pra gente como é que era Monte Azul, o bairro onde você morava, a sua casa.
R – Então, a gente morava lá, era tudo assim, antigamente, tudo (corte no áudio) mal estruturado, córrego a céu aberto né, assim na Monte Azul. Tinha os barracos, eram todos de madeira. Hoje já não é, hoje já tá tudo de alvenaria, antes era tudo madeira. Tinha o córrego, muita sujeira, muito, mas era gostoso (risos), por mais que tinha (corte no áudio) muito. Rolava na terra (risos), nós brincávamos mesmo. Tivemos uma infância bem gostosa (risos). E hoje em dia tem tudo, mas não tem aquelas brincadeiras de antes, eu sinto muita falta nisso né, hoje em dia.
P/1 – E quando você era pequena lá já tinha luz? Como é que era?
R – Não, não tinha luz. Eu lembro quando eu era criança não tinha luz, não tinha água. Depois chegou a luz, depois a água. A água tinha uma mina né, que tem uma fonte, ela é uma mina, até hoje existe, e a gente buscava água na mina pra beber.
P/1 – E como é que vocês faziam pra iluminar a casa e pra buscar a água, quem é que ia?
R – Então, era vela né, que iluminava, ou aqueles candieiros que fala né, hoje em dia, né, candieiros. E quem buscava era minha irmã mais velha. Eu tenho uma irmã mais velha, ela que buscava água na mina pra gente tomar banho, pra fazer as comidas.
R – E vocês ...
P/1 – Foi uma infância bem pobre, mas gostosa.
P/1 – E vocês tinham alguma função, assim, divisão de trabalho na casa? Alguém ajuda a mãe de dia, ou… ?
R – Eu lembro que a minha irmã cuidava de toda a casa e dos irmãos menores. E ai a gente ia pra casa da Ute, que eu fiquei na casa da dona Ute, que é a fundadora da Monte Azul. Ela na casa dela recebia as crianças da favela. Então, a gente ia pra lá e minha irmã que cuidava da casa e cuidava da gente. Ela ficava já preocupada que horas que a gente ia voltar, minha mãe foi pra ver onde que a gente tava primeiro pra depois deixar a gente tá indo. A gente ia sozinho.
P/1 – Tá certo, então antes de a gente falar dessa sua entrada lá na casa dela, do que você sentiu lá, conta pra gente como é que, o que você se lembra do comércio lá na Monte Azul da sua infância, se tinha algum lugar que vocês iam fazer as compras com a sua mãe, se tinha uma padaria na região?
R – Era tudo muito longe. Não tinha nada perto. A gente comprava assim nos barzinhos perto, mas eram poucos que tinha na época, não tinha. Mercado mesmo eu lembro que tinha em Santo Amaro. Agora não, lá tem Carrefour, tem Extra. Antes não tinha, o mercado mais próximo era em Santo Amaro, na João Dias, que meu pai fazia compra, o básico. Tinha bar mas era pouquinho. Não tinha quase nada de comércio.
P/1 – E você se lembra de ir com seu pai fazer as compras? De ajudar, como é que era o trajeto?
R – A gente vinha era mais andando, era uma caminhadinha. A gente passava, atravessava a ponte ali da João Dias, que já existia, mas era bem diferente né. Eu lembro muito, a gente ia muito com ele pra ajudar né, que a gente vinha andando mesmo, porque ônibus era super longe também. Até pra pegar condução era difícil naquela época.
P/1 – Tá certo. E conta pra gente como é que você se sentia, falando já da sua educação, como é que você se sentia indo pra casa da Ute, como é que era pra você este intercâmbio, o que que você aprendia lá?
R – Ah, eu adorava. A gente não via a hora de chegar a hora de ir pra casa dela, né? Lá a gente aprendia assim, a gente fazia coisas assim das épocas né, sempre foi feito assim, coisas de época. A gente fazia desenhos, aquarela, esse tipo de coisas bem gostosas que em casa a gente não fazia. A gente estudava, chegava da escola e ficava em casa brincando na favela, solta (risos). Lá não, a gente ficava bem à vontade. Natal a gente preparava as coisas pro Natal, presépio, coisa bem gostosa. Tinha bem a época mesmo né, quando meus pais... a minha mãe não entendia muito de época, as coisas a gente não tinha né, lá eu aprendi muito.
P/1 – E você se lembra do seu primeiro dia lá?
R – Não. Primeiro dia, não (risos).
P/1 – Era muito pequenininha...
P/2 – E você se lembra como você recebeu convite, como é que foi? Ela foi na casa de vocês? Como surgiu essa oportunidade de ir pra casa dela?
R – Assim, teve uma pessoa que chegou falando: “Ah, eu fui na casa de uma senhora, muito legal” (corte no áudio) foi aquele monte de criança, mas depois ela foi também em todas as casas que as crianças tavam e todo mundo. A cada hora ia aparecendo mais crianças pra ir, ai ela foi na casa e conversou com os pais, né? Porque também pra sair assim naquela época tudo mais era perigoso também como antes, já tinha muita coisa ruim né. Então, ela foi nas casas e ai os pais autorizaram, e lá a gente passava nossas tardes bem gostosas.
P/1 – E como é que era o seu dia-a-dia então? De manhã você ia pra escola?
R – E a tarde eu ia pra lá.
P/1 – E como é que era essa sua escola? O que que você se lembra de lá?
R – Ah, da escola eu lembro pouco, a gente estudava bem assim, não tinha muito material, tudo isso era bem com dificuldade. Meu pai ganhava super pouco, a roupa também, o meu pai mandava fazer aqueles vestidinhos de chita né, comprava o tecido e mandava fazer pra todo mundo igual (risos). Era bem pobrezinho assim nessa parte. Mas que foi (corte no áudio) que eu lembro dessa época.
P/1 – E qual que é a lembrança marcante que você tem dessa sua infância indo lá na casa e aprendendo e descobrindo as artes? E aprendendo outras coisas?
R – Ah, de tudo né? Assim, lá da casa até que não tenho tanta assim, mas da escolinha de madeira, depois da casa dela. E tem o terreno que hoje em dia é o centro cultural, ela conseguiu o terreno, eu não sei através, como ela conseguiu esse terreno, mas depois a gente passou para esse terreno. Ai lá a gente tinha uma, eu lembro assim que marcou muito, tinha um quartinho que era só de bolachas quebradas que a gente recebia de doação, e a gente ficava… as crianças entravam lá pra pegar… eu no meio, entrava antes da hora pra mexer nos doces, que tinha muitas guloseimas, as crianças arteiras (risos) entravam lá pra mexer. E tinha de tudo, já tinha marcenaria mas tudo assim, bem... tudo de madeira, tudo bem no começo também.
(corte no áudio)
R – Eu sempre gostei de desenho. Bastante de desenho. E ajudar também nas salas (corte no áudio), infância né, já na parte do centro cultural de madeira, né, antes. Então, eu fiquei no jardim com a Renata, no jardim de infância, e sempre ajudava nas... a gente usava as salas e depois a gente varria todo mundo junto, a gente ajudava nos deveres, da limpeza das salas, na organização.
P/1 – Então, ai você já esta falando que quando você tava um pouquinho mais velha, que você passou (corte no áudio) e quando é que foi esse momento? Quando você terminou a escola, ou foi depois? Ou antes?
R – Eu acho que foi antes.
P/1 – E quando você foi crescendo, assim, como é que era o seu grupo de amigos, quando já era mais moça, o que que vocês gostavam de fazer?
R – Eu tinha bastante amizade assim lá da favela mesmo, vizinhos, muita amizade. E na escolinha mesmo a gente ficava muito junto, a gente fazia dança, tinha o circo. Estudava dança, eu gostava mais da dança (risos), já gostava muito da dança. Mesmo sem saber a gente fazia, mas era o que eu gostava mais era a parte da dança também.
P/1 – Tá certo, e ai vocês saiam no final de semana, como é que fazia? Faziam alguma atividade juntos?
R – É tinha muitos passeios naquela época, tinha muitos passeios, então eu adorava também quando a gente chegava o final de semana, mesmo, as vezes até na semana dava certo, conseguia um dinheiro e ai a gente ia fazer passeios, eu adorava. Muito bom. A gente ia pra fora, pro sítio, o sítio da dona Helena né, que tinha uma senhora aí que ajudou muito (corte no áudio) então a gente ia pro sítio (corte no áudio) praia também de uma pessoa que também já faleceu da Monte Azul, então, onde a gente conseguia lugares assim, a Monte Azul conseguia a gente ia. Tinha muitos passeios naquela época, Ibirapuera, a gente saía bastante.
P/1 – E como é que você se sentia indo a esses passeios? Então, sair de São Paulo e ir pra um sítio, a um lugar diferente, ou então ir pra praia e ir ver o mar?
R – Ah, eu ficava maravilhada porque não tinha lá na minha família, meu pai não tinha condições de fazer esses passeios com a gente. Então, eu adorava quando eu ia, a gente não dormia, ficava todos ansiosos (risos), ninguém dormia, mas era muito gostoso.
P/1 – Certo, e como é que foi indo seus estudos? Você não lembra de como é que foi o começo, mas ai você foi crescendo e ai fez… você estudou tudo seguidinho, como é que foi essa sua parte pra você, da escola assim?
R – Eu estudei assim, deixa eu ver, até a ... até a quinta série eu estudei ali no Monte Azul mesmo e no Zumira. No Monte Azul eu estudei até a quinta, depois eu passei pra outro colégio, que é o Renato Braga, fiquei também só até a sexta, ai já foi quando eu fui parando que eu já engravidei, ai eu tava com meus quinze anos, e eu parei de estudar. Eu também já tava trabalhando fora né, já trabalhava fora, trabalhava e estudava. Ai quando eu casei, eu engravidei, ai eu peguei parei de trabalhar pra ter meu filho, depois que eu tive ele eu voltei a trabalhar, mas nisso, nisso tudo eu já casei, tudo, foi assim bem rápido, sabe?
P/1 – Ah então Selma, conta pra gente um pouquinho como é que foi esse seu primeiro trabalho, o que que você fazia, onde é que era?
R – Eu trabalhava de babá no Morumbi. Assim primeiro trabalho registrado, mas eu já antes disso eu cuidava de algumas crianças, depois já maiorzinha eu comecei a fazer igual minha mãe e cuidava dos filhos dos vizinhos lá da favela, que não tinha creche naquela época, era bem mais difícil de creche. Então, aí eu cuidava de várias crianças. Já ganhava um dinheirinho, que eu queria comprar minhas roupas, queria ajudar em casa, eu já fazia isso, trabalhava já pra ajudar em casa. Comecei a trabalhar mesmo assim com 12 anos, eu já estudava já não ia tanto mais nem pra escolinha, já não tinha muito mais tempo, nessa época eu não ia muito mais, comecei a já não ir muito, mesmo gostando muito. Ai eu ia mais nas aulas de dança que era final de semana.
P/1 – E qual que é a parte mais difícil de cuidar de uma criança? Que você achava mais difícil?
R – Ah, eu nunca achei difícil (risos). Eu adorava criança, sempre gostei. Depois quando eu comecei a trabalhar, sempre com criança, não achei difícil, não, nenhuma parte assim não. Difícil é a educação, mas não via dificuldade.
P/1 – Tá certo. E Selma conta pra gente então como é que você começou a namorar, quando que você conheceu o seu marido?
R – Então, ai com quatorze anos, (corte no áudio) bailezinhos (risos). Eles me chamavam e eu comecei a ir também, aí conheci meu marido, ele foi meu primeiro namorado, meu marido, ai a gente pegou… namorei com ele acho que (corte no áudio. Ai eu engravidei também que não tinha muita experiência, minha mãe nunca conversou com a gente né? Então, eu engravidei, aí fui, casei, e tive meu filho que hoje já tem 23 anos.
P/1 – E conta pra gente que bailinho era esse, como é que vocês iam pra lá? E depois como é que...
R – Era na João Dias, a gente ia muito ali no Palácio, no antigo Palácio. E a gente ia de ônibus, já na época já tava melhor já tinha condições (corte no áudio) já trabalhava. Mas sempre final de semana eu tava nos bailinhos, eu gostava muito também.
P/1 – E conta pra gente como é que foi então seu casamento, e ser mãe novinha ...
R – Então meu casamento não foi nada planejado, minha gravidez foi tudo assim, daí eu né, gostava muito dele né, daí falei: “Vamos casar” né, ele também quis, a gente casou e vai fazer 24 anos que a gente é casados. Depois que eu tive meu filho, também, assim, como eu já cuidava de crianças, então, não achei dificuldades, né? Ser mãe é muito maravilhoso, né?
P/1 – E como é que você foi fazendo então pra retomar suas atividades, voltar a trabalhar e a estudar?
R – É daí assim que ele nasceu, eu esperei ele crescer um pouquinho mais. Ai eu peguei e tava procurando emprego, (corte no áudio) família que eu trabalhava de babá né, eu saí, tive ele mas a minha patroa queria que eu voltasse né, mas aí eu falei depois que ele tivesse maior que eu voltaria né? Mas aí depois surgiu uma oportunidade na Monte Azul né, trabalhar no berçário, daí eu fui trabalhar no berçário, ele tinha seis meses, o meu filho que é o mais velho, daí eu fiquei no berçário e cuidava dele também junto, cuidava dele e das outras crianças. Mas era novinha, eu tinha quinze anos e já tava lá cuidando das crianças mas, tinha muita responsabilidade. Já, mesmo nova sempre fui aquela mãe bem cuidadora.
P/1 – E como é que foi pra você voltar na Monte Azul agora como colaboradora né, trabalhando e ainda no berçário cuidando de outras crianças e também do seu filho?
R – Então ai eu trabalhei, deixa eu ver, eu fiquei no berçário (corte no áudio) falou também dos estudos, que eu não coloquei. Eu fiquei sem estudar, parei, congelei, parei o meu estudos né, porque filho, aí depois eu falei que depois que ele tivesse maiorzinho eu ia voltar, aí eu engravidei de novo, depois de né, demorado um pouco, mas eu sempre que falava: “Vou voltar a terminar os estudos”, ai engravidei, ai veio, tenho um filho de dezoito também. Ai eu fui terminar os estudos têm uns cinco anos, que eu voltei fazer, fiz o supletivo próximo a minha casa. Aí terminei até a oitava e depois fui pro Travassos que é ali perto da Monte Azul, e fiz o ensino médio. E mesmo assim eu já tava trabalhando na Monte Azul, daí eu continuei na Monte Azul e depois do berçário também eu já fiquei oito, quase dez anos, não só no berçário, nas creches em geral. Trabalhei em berçário, grupo, creche. Aí depois eu fui pra cozinha, mudei um pouco de função. E assim teve umas saídas também né, que eu saia da Monte Azul, ficava um ano depois (corte no áudio) o meu filho de dezoito na época era muito doentinho, eu dei uma saída, fiquei um tempo em casa com ele, depois a Monte Azul me pegou de volta. Então, têm umas saídas ai no meio. Ao todo, eu tenho 23 anos na Monte Azul, mas têm as saidinhas assim né?
P/1 – E Selma nesse primeiro momento quando você (corte no áudio) pra ir pra lá, o que que você sentiu de ir trabalhar lá perto, ir num lugar que te recebeu quando você era pequena?
R – Ah, nossa, eu fiquei muito orgulhosa e fiquei muito feliz. Por ser ali na comunidade, meus pais moram lá até hoje né, eu já não saia de lá, mesmo casada num bairro próximo do Monte Azul, eu saí de lá depois que casei mas, mesmo assim eu não saía lá da comunidade. Conheço todo mundo né, apesar que depois foram mudando as pessoas né, mas aí não tem tanta pessoa antiga mais, mas a maioria ainda é conhecida.
P/1 –E como é que você foi sentindo, assim, a mudança das suas atividades lá né, então, como é que foi pra você que sempre trabalhou com criança ir trabalhar na cozinha?
R – Pra mim foi uma novidade. Na época que eu recebi a proposta de ir pra cozinha eu fiquei assim: “será?”, eu fiquei um pouco com medo, mas ai depois foi tudo surgindo, eu comecei como auxiliar de cozinha, depois com o tempo eu já passei pra cozinheira, eu fui né, gostei muito, gosto até hoje da parte da cozinha. Mesmo não estando mais na cozinha, mas eu gosto ainda da parte da cozinha.
P/1 – E que que tinha na cozinha que vocês faziam que você se lembra? Qual que é a importância da alimentação?
R – Então, lá na cozinha a gente faz o pão integral, assim a comida é natural lá na Monte Azul, é uma coisa rica na alimentação. A gente têm uma alimentação super rica, então, eu fazia muito pão integral, legumes, verduras, tudo né, que a comida ela é muito assim, coisas... coisas boas mesmos né, as verduras da horta, tudo coisa assim que a gente vê, coisas de primeira, né?
P/1 – E porque que é importante comer essas coisas saudáveis assim? Ter uma alimentação saudável?
R – É pra uma vida melhor. Desenvolvimento pra uma vida melhor, né?
P/1 – Certo, e aí depois então das suas atividades na cozinha como é que você foi seguindo assim em termos de trabalho?
R – Eu fiquei na cozinha acho que uns oito anos, daí depois eu recebi a proposta de ir pra padaria, eu fiquei lá também um ano, um ano e meio, fiz uma experiência lá. Ai não deu, não quis, não era o que eu queria. Depois eu voltei de novo pra cozinha, fiquei mais uma época. Eu sei que ao todo na cozinha foram oito anos, não lembro bem assim o tempo certinho. Aí eu fiquei na cozinha mais um tempo, aí eu fiquei com um problema... eu tenho tendinite e problema na coluna, o médico me afastou do trabalho. Aí eu fiquei no INSS, e depois quando eu voltei o médico do trabalho me pediu pra eu trabalhar num serviço mais leve, que é onde eu to hoje, na biblioteca.
P/1 – E Selma, conta pra gente um pouquinho da padaria, como é que era o espaço, como é que é o espaço da padaria?
R – Então, a padaria também é muito gostoso também, era uma coisa que eu gostava muito também, né? Faz também o pão integral que é vendido lá na comunidade, bolos, um espaço muito legal lá. Vem bem assim um pessoal... vêm pessoas de fora pra comprar os pães integrais. É muito gostoso lá a padaria, vocês precisam conhecer.
P/1 – E conta pra gente como é que é o espaço dela, como é que ela tá dividida? Em que lugar que ela fica?
R – Ah, ela fica ali em baixo na favela, próximo a mina... tem a mina lá até hoje de água, mas ali próximo da biblioteca também. Mas assim eu acho que ela ainda é pequena, o espaço físico dela ainda é pequeno, poderia ser maior, mas é o espaço que a gente tem, né? No momento, com as máquinas que a gente tem, mas eu acho que deve faltar muita coisa pra melhorar o trabalho da padaria.
P/1 – E conta um pouquinho do que que precisa pra fazer um pão, por exemplo? Que máquinas que têm, quais são os ingredientes?
R – Então, essa parte eu não fazia na padaria, não, eu ficava mais no bolos. Mas assim, tem a maquina que.... a massadeira tem lá, e é farinha, é água, fermento, essas coisas básicas, sal. Eu via o padeiro fazendo (risos), mas o pão francês mesmo eu nunca cheguei a fazer.
P/1 – Tá certo. E conta um pouquinho então agora da sua atividade atual, como é que é a biblioteca, como é que ela tá dividida, qual é o espaço dela, quem é que vai pra lá consultar os livros?
R – Então, a biblioteca quando eu recebi a proposta de ir pra lá, que eu tava voltando de auxilio doença, tava com problema da tendinite; então, assim pra mim foi uma surpresa também, o espaço novo, livros, que eu não sou muito de ler, eu leio mas muito pouco né, ai eu falei: “Nossa, é agora” (riso), mas aí eu precisava, eu não podia mais trabalhar na cozinha, eu vou fazer um teste pra ver. Fui, comecei cadastrando livros que a gente tá fazendo o... fazendo todo o cadastro dos livro, catalogando, colocando tudo no computador. Daí eu comecei fazendo o cadastro, aí surgiu também o telefone, tem um telefone, lá tem a central de PABX, que é lá também na biblioteca. Tinha uma pessoa, ela saiu que era o primeiro emprego, ai eu fiquei também no telefone, atendo o telefone, transfiro as ligações, atendo o público que chega pra fazer pesquisas de escola, auxilio nos livros, procuro os livros. E é bem procurado mais pelas crianças também, que tá tendo também aula de reforço, a gente tem aula de reforço, lá tem uma voluntária que dá aula de reforço. E também tem muitas pessoas de idade, senhoras que vão muito, leem romance. É bastante procurado, mas não é o que a gente espera. Mas com o tempo acho que a gente vai aumentar as pessoas que usam lá.
P/1 – Tá certo, e falando um pouquinho da Monte Azul assim, descreve um pouquinho como é que ela funciona, aonde que ela atua, como é que ela tá inserida ali no bairro?
R – Então, a Monte Azul ela atua na área da educação do ser humano né, (corte no áudio)…
P/1 – É, e como é que é, conta, explica pra gente as atividades da Monte Azul né, pra quem não conhece, pra quem tá ouvindo pela primeira sobre a instituição...
R – Então, lá tem várias atividades pra todas as idades né, desde as crianças até os jovens; tem as oficinas que eu acho bem interessante também, é oficina de marcenaria, panificação, costura, computação. Então, tem tudo. Nossa, lá tem muita (corte no áudio). E tem muita gente que não conhece, né? Mas tem a padaria, a padaria que vende pães integrais, coisas naturais que as vezes ai fora, próximo ali não tem muito e se tem é muito caro, também é caro. E tem ambulatório médico, tem coisas como a homeopatia, ambulatório médico que é a homeopatia (corte no áudio) tem coisas assim, tantas que eu nem vou saber falar. Muita coisa.
P/1 – E porque que ela é importante pro bairro?
R – Ah, eu acho pra tudo, pra tudo, desde a saúde, tudo... o bem estar das pessoas. Eu acredito que seja.
P/1 – E qual que foi a importância dela pra você? Pra sua trajetória de vida? Porque que ela é importante?
R – Pra mim foi a minha vida (risos). Tomou conta da minha vida toda, tudo de bom que eu aprendi na Monte Azul eu não esqueço mais.
P/2 – E deixa eu te perguntar, Selma, você comentou que primeiro você ia na casa da Ute, depois foi pra uma escolinha ali de madeira...
R – Isso.
P/2 – Depois você foi pro berçário, e você sabe contar pra gente um pouco como é essa coisa toda foi crescendo? Primeiro surgiu o quê? Depois que que surgiu de novo, depois veio a padaria, como é que foi essa história?
R – Então, quando eu comecei a trabalhar, assim, quando eu comecei era na casa da Ute. Depois foi pra escolinha de madeira, lá em cima tinha também marcenaria, tinha a cozinha, mas tudo assim pouco, né? Depois foi crescendo em baixo, na favela, a parte de baixo, depois foi... teve a primeira crechinha, teve a creche, eu não lembro agora o nome (risos). Mas aí teve o berçário também, que foi próximo. Aí depois começou a vir as coisas todas, teve a padaria, o ambulatório já tinha também, a padaria veio depois, acho que o ambulatório veio bem antes. Foi aumentando, foram as creches, foi aumentando a creche, foi abrindo mais creches, que eu acho que a demanda, a procura é muito grande. E aí foram abrindo mais creches... e aí teve... deixa eu ver o que mais, a marcenaria também que era no centro cultural, que era na (corte no áudio) barraco de madeira desceu também, ficou lá embaixo, a loja. E aí foram surgindo muitas coisas que hoje em dia não tem nem como se vê, mas só foi aumentando. E só coisas boas pra comunidade. As casas também já foram evoluindo aos poucos, todo mundo fazendo suas casa de concreto não mais de madeira. Acho que ainda tem uma ou duas que é de madeira, mas a maioria das casa hoje é tudo alvenaria, que foi arrumando. Teve a urbanização que arrumou o córrego, teve muita coisa boa, crescimento lá dentro. Acho que a Monte Azul tem influência em tudo isso, né?
P/1 – E você falou agora pra gente da loja, conta um pouquinho como é que ela é, o que que ela vende...
R – Então, na nossa loja ela vende brinquedos educativos de madeira, coisa bem educativa pras crianças e não é feito qualquer brinquedo, tudo antes tem que passar por um testado, tudo um processo, não é assim qualquer brinquedo. E tem bonecas de pano, tem as bonequeiras, são as pessoas que fazem, as oficineiras. Tem as bonecas de pano, é aqueles, como é que, de teatro, como que é o nome? Então, os fantoches, tem muita coisa, muito mesmo, e tudo é feito assim por pessoas. E as bonecas é feito manual, nada assim de costura, tudo é manual.
P/1 – E como é que ela é (corte no áudio) conta um pouco pra gente como é que ela funciona?
R – A loja?
P/1 – É.
R – A loja é grande, tem um espaço grande, tem a parte de baixo que elas... o pessoal guarda as (corte no áudio), material que já tem pronto, que não tá sendo, que não tá exposto, então, guarda, tem um estoque, tipo um estoque. E tem a parte de cima, que é bem grandinha, tem um escritoriozinho, (corte no áudio) é bem grande o espaço ali da loja.
P/1 – E pra quem que ela vende, quem é que compra?
R – Pra quem quiser: é morador, é funcionário, vêm pessoas de fora, pessoas do interior que faz o pedido, que acho que lojas também, né? Eu vejo, eu passo ligações lá de pessoas de Taubaté, esses lugares assim, Santa Catarina, pessoal que compra pra vender. Acho que tem lojas também, e fazem pedido. Então, ela atende todo o publico.
P/1 – Certo. E porque que é importante comercializar esses produtos que são resultados das oficinas, né? Então, tem alguém que vai lá participa da oficina de boneca ou de fazer fantoche, ou da marcenaria, e depois têm lá o seu produto a venda. Porque que é importante fazer todo esse ciclo?
R – Então, assim, não é... essas coisas que é feita nas oficinas não vai pra loja, a loja tem a marcenaria que faz os brinquedos. As oficinas eles vendem assim quando tem algum bazar, que nem agora teve o bazar de Natal; eles expõem e vendem também, eles não vendem na loja, não. Na loja é mesmo os produtos da marcenaria, que são feitos das oficinas de bonecas, mas não é jovens, já é adultos mesmo, mulheres adultas. As oficinas mesmo, eles vendem em bazares, e quando eles passam nas áreas também oferecendo pra gente, é assim que eles vendem as coisinhas deles das oficinas, ou algumas coisas levam pra casa. Mas na loja não, na loja é mais da marcenaria mesmo.
P/1 – E você já participou de alguma oficina dessas?
R – Não, só na época da Monte Azul. Quando criança não tinha assim, não era tudo oficina, a gente ficava era tudo junto. Mas agora não, agora já é por oficina: panificação, é confeitaria, tem a costura, tem a... é tudo separado agora, mas antes não, não era assim.
P/1 – Certo, e conta pra gente, você já participou de algum bazar? Já viu essas obras expostas?
R – Na Monte Azul?
P/1 – É.
R – Não entendi muito...
P/1 – Se você, você falou por exemplo, teve agora o bazar de Natal, você já participou de algum bazar ajudando as pessoas na venda, ou...
R – Eu fui nesse bazar agora, fomos pra comprar. Fui ver as exposições, fui com a minha filha.
P/1 – Então, conta pra gente como é que estavam expostos os produtos, qual que foi que te chamou mais atenção, o que que você achou mais bonito?
R – Tava bem organizado, eles arrumam bem, assim fazem a decoração bem legal com a época também, Natal agora. Mas tinha muitas coisas assim bem interessantes.
P/1 – E você acabou comprando alguma coisa?
R – Não. Mas dei uma andada boa, muita coisa linda. Tem muita coisa que não tava à venda, que era só exposição. Poucas coisas estavam vendendo.
P/2 – E com relação a loja, os produtos, você falou que eles são todos pensados e tudo mais. Quem que pensa essas coisas? São os próprios artesãos que fazem e depois colocam ali, ou é encomenda? Como é que funciona?
R – Então, essa questão eu tenho um pouco de dúvida de dizer direitinho quem, tá? (risos)
P/2 – Hum. Mas vocês fazem encomendas? Vocês trabalham sob encomendas?
R – Sob encomenda, mas não é todo o tipo de encomenda que pega, porque, como a Renata falou, tem o tipo de madeira que eles trabalham com... com o determinado tipo de madeira.
TROCA DE FITA
P/1 – Então, pra gente voltar, eu queria saber se na comunidade, ou mesmo com a Monte Azul, existe algum (corte no áudio) e as pessoas podem estabelecer trocas, por exemplo: então, eu faço a boneca, e ai eu consigo, por exemplo, fazer uma troca com alguém que produz por exemplo, sabonete ou, você sabe se isso existe, se tem por lá, você já participou de alguma feira deste tipo?
R – Não (corte no áudio)…
P/1 – Aí falando de volta, é pra suas atividades hoje, você falou do seu trabalho lá na biblioteca. Então, conta pra gente como é dividido o seu dia, o seu dia-a-dia né, com os seus filhos...
R – Então, o meu horário de trabalho é das oito as cinco. Eu saio de casa às sete e só retorno às seis, mais ou menos, às dezoito. Aí eu chego e fico pouco tempo com meus filhos, daí também quando eu chego o de dezoito já tava indo pra escola, agora ele terminou o ensino médio. Eu quase não fico com eles, eu fico mais com a Nicole e o Gabriel. Quando eu chego em casa vou fazer janta, aí tá o Gabriel chegando da escola, que ele estuda da uma às seis; tá mais com o Gabriel e a Nicole, que eu voltei pra escola, o mais velho também trabalha, chega tarde. É assim, pouco tempo. Final de semana que eu tenho mais pra ficar com eles, bem corrido, a gente trabalha fora (risos) pra cuidar de filho. (corte no áudio)
P/1 – E conta pra gente um pouquinho da atividade dos seus filhos, você tem quatro filhos, então, o nominho, o nome deles e que que os mais velhos fazem?
R – É, eu tenho o de 23 anos, é o Anderson, ele trabalha de porteiro. Ele nem terminou o ensino médio, a gente fala pra ele tá terminando que é importante, mas ele não quis, por enquanto ele não sentiu falta ainda. Fala pra ele que ele vai sentir falta. Então, ele tá trabalhando só, e ele tem uma filha de três aninhos, mas ele não mora com a mãe dela. Daí eu tenho (corte no áudio), de 18 anos, que terminou agora o ensino médio, trabalha numa vidraçaria, Nicolas. E o Gabriel, de 12, que estuda e faz curso de computação. E a Nicole, que fica no berçário, que eu trago todo o dia lá comigo, eu vou trabalhar e ela vai comigo, deixo ela no berçário e vou pra biblioteca.
P/1 – E como é que é pra você ver a sua família assim grande, todos os meninos, os meninos mais velhos trabalhando e os mais novinhos também ligados com a Monte Azul (corte no áudio) essa sua formação, sua família?
R – Ah, eu sinto orgulho da minha família, dos meus filhos, não me arrependo, pode ser que não foi planejado, mas tudo, nossa, pra mim é muito importante a família. Até hoje, no final de semana sempre que eu posso eu tô na casa também dos meus pais, com eles, a gente faz um churrasquinho (risos), vai os filhos, vai tudo pra casa dos avós. Então, a gente vai pra minha mãe e pro meu pai muito, a gente tem muito isso na família, muito ligado, aniversário de quem, dos irmãos, da minha mãe, do meu pai, a gente faz alguma coisinha e reúne a família. Ou faz um almoço, final de ano.
P/1 – Tá certo então, você ta falando dos seus meninos, conta pra gente como é que era a relação deles também com a Monte Azul, você colocou eles pra fazer atividades lá?
R – É, eles ficaram pouco tempo também que nem eu, depois a necessidade de trabalho, mas eles ficaram na marcenaria, ficaram na panificação, os dois mais velhos ficaram sim; e o Gabriel ficou no NSE, que é lá no centro cultural hoje, que é criança que fica metade do período lá e a outra metade na escola. Ele ficou uma época lá, depois eu acabei tirando ele pra por pra fazer aula de computação, por causa do horário. Mas ele ficou também até, acho que uns dez anos ele ficou no CJ; porque mudou, vai mudando o nome, eu não sei dizer o nome agora, mas (corte no áudio) também. Mas todos foram na creche desde pequenos, ficaram no berçário, creche, na Monte Azul. Foram crescendo também na Monte Azul.
P/1 – E falando assim um monte da Monte Azul e falando também que você começou lá e depois foi trabalhar lá, com idas e vindas há 23 anos, e com seus filhos tendo participado, como é que você vê ela, a associação, no bairro? A relação das pessoas do bairro com ela, com a associação, como é que você vê a sua relação com a associação e com seus filhos?
R – Então, as pessoas do bairro eu acho que ainda tem muita gente que não.... que é bem afastado da Monte Azul, mas (corte no áudio) e é ligado a Monte Azul, então quando tem eu sinto falta, assim quando tem algum tipo de bazar, que teve o de Natal, quase o pessoal não participa, tem muitas coisas boas que as pessoas não sabem aproveitar. Eu acho que é isso, né? Ou também por falta de tempo, não sei. Porque quase não vão nos eventos, no centro cultural, então, eu acho que ainda é pouco, poucas pessoas que participam. Acho que deveria ter mais participação. Pra mim é super importante, assim nos eventos eu não ando participando porque tem a bebê, mas sempre que eu posso... pra mim a Monte Azul é tudo.
P/1 – E o que que você gosta de fazer nos seus momentos de lazer?
R – Ah, eu gosto de sair (corte no áudio) parque, eu vou no SESC também. Agora faz tempo que eu não vou por causa da Nicole, tô esperando ela ficar maiorzinha. Ia muito no SESC Interlagos com eles, no Ibirapuera, gosto muito de passear com eles, sinto que precisa muito isso, o que eu não pude fazer com os outros (risos), com os mais velhos, agora com esses menores eu gosto bastante de sair. A gente vai pra casa da família, eu gosto bastante de sair com eles. Agora de final de ano eu vou viajar um pouquinho.
P/1 – E em relação as compras, aonde que você gosta de fazer as suas compras né, de comprar as coisas pros meninos, e pra você, pra casa?
R – Assim a gente vai mais em Santo Amaro, que é o que tá mais próximo do comércio assim. Mercado ali no Extra fazer a compra do mês, eu vou no mercado no Extra, mas pra comprar roupas, essas coisas é em Santo Amaro. Agora os maiores já vão em shopping (risos), já trabalham, tem o dinheiro deles, eles vão em shopping. Mas assim as coisas da Nicole, do Gabriel, eu vou mais próximo é em Santo Amaro, tem tudo ali, o comércio tá bem (risos).
P/1 – E o que que você gosta mais de comprar? Que você acha mais legal de fazer compra?
R – O que eu gosto mais de comprar?
P/1 – É, se tem alguma coisa, por exemplo, que você gosta mais de sair (corte no áudio) ou então as comprinhas de Natal, ou então roupa ...
R – Apesar que a parte que eu gosto mais é da compra de Natal. E janeiro a parte de comprar o material escolar para o Gabriel.
P/1 – Tá certo. É, bom, você falou bastante também do bairro, no começo de quando você era pequena, conta pra gente como é que tá o bairro hoje, o que mudou, o que apareceu de comércio na região?
R – Mudou muito, lá na Monte Azul mesmo era córrego à céu aberto, hoje em dia é canalizado tudo, era... teve a urbanização, pavimentou tudo, então, tudo foi pavimentado, nada daquele córrego que era um cheiro horrível. Os ônibus também melhorou, agora tem até terminal de ônibus que antes não tinha. Que ali antes era um rio, o rio Pinheiros, aonde terminal era um rio. Antigamente, pra pegar ônibus era do outro lado, a gente tinha que atravessar, tinha uma pinguela (risos), então, era bem difícil de condução. O mercado agora hoje em dia tem Carrefour, tem Extra, tudo lá perto; terminal de ônibus, tudo. Nossa, mudou muita coisa, né? Açougue, tudo ali, o comércio ali tá bem. Agora até pra comprar uma casa lá agora é super caro, valorizado.
P/1 – E o que você… quais foram as lições que você aprendeu no seu trabalho, o que é importante pra você em toda essa sua trajetória né, o que você aprendeu como coisa importante assim?
R – Ah, eu procuro assim trabalhar sempre com amor, sabe? Desde que eu comecei a cuidar das crianças sempre com amor, atenção, pretendo assim tá sempre trabalhar pra fazer né, o melhor possível.
P/1 – E qual que é o seu maior sonho hoje?
R – Meu maior sonho? (risos) São tantos. Meu maior sonho é ter minha casa própria. Eu moro assim, a gente mora na casa, mas é (corte no áudio), tem várias pessoas, então, eu queria ter a minha casa só, sem ninguém no quintal (risos).
P/1 – Tá certo. E o que você achou de ter participado, de ter contado um pouquinho da sua história pra gente hoje?
R – Só um minuto. Achei super legal, bem importante, uma história de vida bem longa (risos). Se for contar tudo detalhado tem muita coisa, sei que ficou muita coisa ainda pra trás. Espero que eu tenha respondido as perguntas de vocês. Um pouco nervosa (risos), mas eu tentei na medida do possível responder o que eu consegui.
P/1 – Tem alguma coisa que você gostaria de falar, que você achou que ficou faltando, de deixar um (corte no áudio) pra associação, ou...?
R – Pra Monte Azul é que continue sempre a ser Monte Azul, o que ela é sempre.
P/1 – Certo, então em nome do SESC e do Museu da Pessoa, a gente agradece sua entrevista.
R – Eu que agradeço, obrigada. Desculpa alguma coisa.
P/1 – Imagina.
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