COMUNIDADE DE MULHERES DE LUTA
A comunidade da Ilha do Pavão é composta em sua maioria por mulheres que criam os filhos sozinhas a partir da reciclagem. Com muito esforço, conseguiram erguer a sede, desenvolver projetos sociais e criar um refeitório que servia almoço de segunda a sexta-feira. Hoje, o espaço está cheio de lama, com os vidros quebrados e os mantimentos estragados. A água destruiu tudo.
Sandra Ferreira, que é pedagoga e líder comunitária da Ilha do Pavão, expressa sua frustração ao ver o espaço que foi construído com tanto zelo embaixo d’água. Há sete anos, ela é presidente da Associação Vitória Ilha do Pavão, que oferece apoio social às 150 famílias que vivem no local. Para ela, a luta para reerguer a Ilha é contínua, mas as enchentes a forçam a recomeçar sempre do zero.
Ao olhar para quem está na linha de frente, Sandra percebe que, como sempre, são as mulheres que estão sobrecarregadas, assumindo a responsabilidade de limpar, organizar e buscar soluções. “Os homens são meio perdidos, meio parados. É a gente que tem que limpar, empurrar e ir atrás”, afirma.
Cristina de Almeida, que trabalha com Sandra na associação, também enfrenta a realidade de viver em um abrigo temporário. Desde que sua família foi forçada a deixar a Ilha, ela se viu dividindo um espaço com outras 20 famílias. Essa situação a levou a considerar, pela primeira vez em 30 anos, a possibilidade de deixar a Ilha do Pavão.
As mulheres dessa comunidade não apenas lutam para sobreviver, mas também para manter suas identidades e a esperança em meio ao caos. Elas são um exemplo de força e resiliência, enfrentando desafios enormes com coragem e determinação.