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Por: Museu da Pessoa, 5 de fevereiro de 2012

Comprar não é só comprar

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Comprar não é só comprar

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“Eu tinha 24 anos quando abri o Sebolândia e, bom, eu era um comerciante atípico; eu fazia coisas absurdas. A pessoa ia comprar, eu discutia com ela. Hoje eu sou mais zen, mas na época se a pessoa falasse: ‘Ah, eu vou votar no Maluf’, eu já retrucava: ‘Você vai votar no Maluf? Que é isso? Onde já se viu?’ E rasgava todo o pacote dela: ‘Eu não quero dinheiro seu! Vai-te embora!’ Se o sujeito entrasse e demonstrasse qualquer ideia que fosse politicamente contrária a minha opinião, eu maltratava. E olhe que eu tinha feito Mercadologia. Talvez eu tenha sobrevivido porque o sebo era um bom negócio na época. Ou a pessoa comprava, vamos supor hoje, cem reais lá num shopping, numa Saraiva, numa Siciliano, ou então a pessoa ia até um sebo e pagava 30. Parece absurdo, mas no momento em que a inflação era 80% ao mês para mim era ótimo. A pessoa recebia seu salário e tinha que gastar logo. Então ela ia correndo para o posto de gasolina encher o tanque, para o supermercado para fazer a compra do mês, porque senão no dia seguinte ela não comprava o que aquele dinheiro comprava no dia anterior. Nessa época o comércio do Tucuruvi era forte e eu peguei aquele momento bom, ainda, da leitura. Hoje em dia você não precisa do sebo; você pode pesquisar: ‘Ah, tem uma livraria lá no Rio Grande do Sul que está fazendo a promoção do livro que eu quero.’ É isso que está decretando a queda do sebo. Hoje eu tenho clientes remanescentes, que ainda não estão inseridos totalmente na informática, no tablet, mas eu sei que essas pessoas vão morrer, vão passar, e as mais jovens já vão vir com outra ideia. Eu tenho que ter noção de que o novo está vindo, e que nesse mundo novo eu vou ser o exótico; eu não vou ter o mesmo nível, o mesmo patamar de venda. Não adianta fugir: a tendência é virar tudo virtual; então acho que estou fadado mesmo a virar virtual. Antigamente a loja lotava; a loja...

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P/1 – Bom, senhor Antônio, primeiramente muito obrigado por ter aceitado nosso convite e ter vindo dar essa entrevista aqui pra gente. Pra começar a entrevista, eu queria que o senhor falasse pra gente o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Meu nome é Antônio Pedrosa de Vasconcelos, eu nasci em Recife, Pernambuco, em oito de novembro de 1966.

P/1 – E o nome dos seus pais.

R – O meu pai é Aquilino Pedrosa de Lima e minha mãe Maria de Lurdes Pedrosa de Vasconcelos.

P/1 – E você tem irmãos também?

R – Eu tenho mais cinco irmãos. Mais três irmãos e duas irmãs.

P/1 – E você é o irmão mais velho, mais novo, o do meio?

R – Eu sou um dos mais velhos. Depois de mim só tem mais um mais velho e depois os outros são todos mais novos do que eu.

P/1 – E a que seus pais se dedicavam lá em Recife na época do seu nascimento? No que eles trabalhavam?

R – O meu pai não tinha qualificação, ele não estudou, então ele fazia bicos. Nos anos 70, já era o final do grande êxodo de nordestinos tentando buscar uma condição melhor aqui no sudeste. O meu pai veio pra cá em 75 mais ou menos, conseguiu alguma coisa. Meu pai é uma pessoa inteligente e precavida, ele não fez como a maioria, que vinha já de qualquer jeito. Meu pai veio antes, deixou minha mãe lá com os filhos, a gente morava na casa da minha avó. Eu era muito criança, eu vim pra cá com oito anos, eu tinha acabado de fazer oito anos, então eu não me recordo muito, não tenho uma recordação... Já estou com 45 anos... Mas eu tenho uma leve lembrança. O meu pai inicialmente veio, conseguiu local, arrumou emprego... Porque ele ainda era inteligente mesmo sem ter a formação. Ele estudou até o quarto ano primário. Já conseguiu emprego logo, a maioria das pessoas, naquela época, que vinha não tinha nem leitura, ele já tinha. E o meu pai alugou uma casa, arrumou emprego e depois ele trouxe a gente. Então quando a gente chegou, ele já...

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