P/1 – Senhor Ivan, obrigado por ter aceitado nosso convite pra participar do nosso projeto. Pra começar nossa entrevista, gostaria que o senhor dissesse pra gente seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – O meu nome é Ivan Leonardo Todaro, o dia do meu nascimento é 8 de Março de 1979, nasci em Vinhedo.
P/1 – E o nome dos seus pais?
R – Meu pai é Leonildo Todaro e minha mãe é Cecília Passilongo Todaro.
P/1 – E você tem irmãos também?
R – Tenho um irmão, mais velho que eu, que é o Alan, e uma irmã mais nova que é a Camila.
P/1 – E os seus pais eles moram onde hoje?
R – A minha família sempre morou ali na região de Jundiaí. Hoje a gente mora em Várzea Paulista, que é um município vizinho de Jundiaí, mas meus avós moravam em Jundiaí também.
P/1 – Sua família sempre habitou essa região? Olha seu sobrenome (corte no áudio)
R – Meu sobrenome é italiano.
P/1 – Você sabe um pouquinho da história da sua família? Da chegada no Brasil?
R – Olha, o meu avô e a minha avó paterna vieram imigrantes mesmo da Itália, mas eles vieram, assim, meninos de lá. Então, foram criados aqui, já no Brasil.
P/1 – Sabe dizer de que região da Itália eles são?
R – Não, não sei te dizer.
P/1 – E a época que eles chegaram aqui no Brasil?
R – Por volta da década de 1930.
P/1 – E já foi pra essa região de Jundiaí?
R – Eles moraram um tempo (corte no áudio) mas logo que eles casaram, assim, eles já vieram pra região de Jundiaí.
P/1 – Você sabe dizer a que eles se dedicavam ali em Jundiaí?
R – Olha, o meu avô ele fazia serviços gerais e minha avó era do lar mesmo.
P/1 – E os seus pais? Do que eles trabalham ou trabalhavam?
R – Olha minha mãe é (corte no áudio) e o meu pai desde garoto sempre gostou muito de automóvel, então ele desde criança, assim, se dedicou a mecânica e hoje, há muito tempo já ele tem uma oficina mecânica, meu irmão trabalha com ele também. O único que fugiu, assim, da área mais industrial fui eu. De toda família.
P/1 – E, vocês ainda têm contato com aquela casa em Jundiaí? Ainda tem alguma, conhecem alguém de lá ainda?
R – Ah têm, têm uma tia minha que mora na casa que era dos meus avós.
P/1 – (corte no áudio) como é que era essa casa na sua infância?
R – É uma casa simples. Uma casa simples, família grande. Então, aos domingos, sempre cheia, casa assim bem, bem alegre.
P/1 – E como é que era a cidade de Jundiaí, quando você era criança? Essa região onde você morava?
R – Olha, a cidade de Jundiaí nos últimos anos se desenvolveu muito. Então, mesmo a gente que mora lá, que frequenta a cidade hoje, a gente vê a mudança assim, de ano em ano a cidade tá crescendo, tá mudando. Então, é uma região que está se desenvolvendo muito. Mas, quando criança, a gente ainda se recorda das ruas de terra, de cidade mais interior, né? Hoje se desenvolveu muito devido ao pólo industrial ali da região. De fácil acesso aqui com a capital, fica entre São Paulo e Campinas, então um ponto estratégico ali pra indústria.
P/1 – E nessa sua casa da infância, tinha um quintal grande? Um espaço pra brincar, pra plantar?
R – Olha, na casa dos meus avós não tinha muito quintal não, mas na casa dos meus pais quando a gente se mudou pra Várzea, eu ainda tinha dois anos. Mas sempre teve um quintal grande lá.
P/1 – Você já experimentava plantar? Gostava já nessa época?
R – Sempre (corte no áudio) eu saía às vezes com a minha mãe, ia à feira, eu ia a algum local, tinha cachorro, tinha gato tava eu correndo atrás dos bichos lá. (risos)
P/1 – E quem que incutiu esse gosto em você de plantar, de mexer com a terra, de cuidar de bichos?
R – Olha, meu pai sempre gostou muito de cuidar de animais, de assim, de lidar com a terra também, mas eu acho que tá no sangue mesmo. Porque desde garoto (corte no áudio) tinha na cabeça, assim. Ou cuidar de animal, ser veterinário ou ser criador ou mexer com plantas. E aí quando eu estudei no Colégio Agrícola, em Jundiaí, foi onde eu acabei definindo um pouco mais na área de planta. Aí hoje o que eu faço, começou como hobby, aí acabou se tornando profissão mesmo.
P/1 – Então, na sua infância você via mais como uma brincadeira, um passatempo. Na infância e na adolescência uma brincadeira, um passatempo. Essa coisa de...
R – Ah sim, com certeza! Era assim, um hobby mesmo, de ter porque gostava. E depois que acabou, acabou se desenvolvendo aí mais do que eu esperava.
P/1 – Como é que foi essa entrada na Escola Agrícola de Jundiaí?
R – Olha, foi meio engraçado porque eu queria estudar no colégio agrícola, mesmo o Colégio Agrícola sendo na cidade onde eu morava ali próximo (corte no áudio) eu não sabia onde era o colégio agrícola. Então o dia que eu decidi fazer inscrição eu sabia mais ou menos a região, mas andei muito à pé pra chegar viu? Que eu peguei o ônibus errado. (risos)
P/1 – A idéia surgiu de você então de ir pra Escola Agrícola?
R – É, foi de mim mesmo.
P/1 – E como é que você descobriu essa escola? Alguém te deu a dica, alguém te incentivou?
R – Olha, eu sabia que tinha ali em Jundiaí um colégio agrícola, mas minha mãe sempre me apoiou também, meu pai. Então eles nunca, assim, impuseram uma profissão pra gente. A gente sempre ficou livre pra escolher o que queria fazer da vida, né? Agora, claro, sempre incentivando a ser alguém, a trabalhar, né? Mas sempre deixou a gente bem à vontade.
P/1 – E até então, você ainda tava em dúvida entre animais, veterinário ou cuidar de plantas, né? E como é que foi pra você decidir (corte no áudio) teve algum momento que você tomou essa decisão?
R – Aí foi. Essa decisão aí partiu um pouco do meu pai também porque quando eu tava estudando eu queria mexer com gado, no início. Até cheguei fazer curso sobre inseminação artificial em gado, tudo, cheguei praticar, mas devido à baixa demanda aqui na região, ficou meio restrito. Então ou eu teria que ir pra uma região mais afastada, centro-oeste, assim, Goiás, alguma coisa assim ou mudar um pouco de ramo. Aí foi que meu pai incentivou um pouco, na Orquídea, né?
P/1 – Pra você continuar perto de casa?
R – Pra continuar perto de casa, exatamente.
P/1 – Então, isso dá pra entender que na região de Jundiaí tem um campo grande pra esse ramo de agronomia, botânica. Tem uma demanda grande pra isso?
R – Olha, tem devido a proximidade da metrópole (corte no áudio) porque a região em si, o brasileiro em si, ele ainda não têm o hábito de enfeitar sua casa com flores, de cultivar muita planta em casa. Não é uma cultura, assim, tão rica nesse sentido. Como São Paulo tem um número muito grande de pessoas, uma população muito grande, aí facilita um pouco porque têm essa diversidade. Uns gostam, outros não, mas a diversidade é imensa.
P/1 – Então, o grosso da produção (corte no áudio) São Paulo, não tem um outro por perto?
R – (corte no áudio) é o CEAGESP, aqui em São Paulo, e o CEASA em Campinas, também (corte no áudio) o mercado consumidor principal é São Paulo.
P/1 – (corte no áudio) infância antes de você optar entre veterinária e botânica, você chegou a pensar alguma outra profissão que fosse um pouco diferente disso?
R – Olha, quando (corte no áudio) tudo, eu cheguei pensar sim outra coisa. Eu gosto muito de mexer, de trabalhar mesmo de usar as mãos, serviço braçal, assim. Eu, quando era garoto, tinha vontade de ser pedreiro (risos), hoje em dia um engenheiro, (corte no áudio) não sei, né? Mas eu via pedreiro na casa dos meus pais, assim, alguma coisa, eu ficava em cima querendo aprender, fazer (corte no áudio) depois as coisas mudaram, né?
P/1 – Isso também chegou a se tornar um hobby hoje?
R – Olha, hobby não, mas na minha casa hoje, quando precisa alguma coisinha pequena, assim, um reparo, alguma coisa, eu mesmo que faço. Não precisa chamar ninguém pra fazer não.
P/1 – Hoje você trabalha com atividade comercial. Mas e quando você era criança, chegou a pensar em um dia se dirigir a essa área?
R – (corte no áudio) atividade comercial, não. Quando era criança nunca pensei. Eu até cheguei a trabalhar um período muito curto na oficina, com o meu pai. Mas não era o que eu queria não.
P/1 – E nessa sua infância e juventude, você se lembra de onde a sua família fazia as compras? Como o que é? Tinha um centro comercial ali perto da sua casa? Como é que era?
R – Olha, um centro grande não tinha não. Tem ali em Jundiaí, tem o centro de Jundiaí, que é um centro comercial hoje, uma diversidade muito grande de lojas, mas, assim, supermercado normal. Quando era criança, sempre fica atrás da mãe, né? Mãe vai no mercado, vai junto. A mãe ia na cidade, isso era um tédio, ter que ficar atrás da mãe dentro de loja e aquela indecisão pra escolher roupa (risos), mas tranquilo.
P/1 – Mas entre essas idas e vindas com a sua mãe, tinha algum comércio que você gostava de ir? Um doce, um brinquedo, você lembra de alguma loja que você gostava de vez em quando?
R – Não, loja eu não gostava. O que eu sempre pedia pra ela me levar era no museu. Tem um museu em Jundiaí e eu gostava muito de ir lá, no museu.
P/1 – Que museu é esse?
R – É o museu da rua Barão de Jundiaí, o Museu Barão de Jundiaí mesmo. Que era onde eu (corte no áudio) eu mesmo morava ali na cidade, foi feito o museu, mas existe até hoje esse museu. E eu também, assim, sou fascinado por antiguidade, assim. A minha casa tem muita coisa antiga e eu gosto mesmo.
P/1 – Entrar num museu de peças antigas, né?
R – Peças antigas, é. Móveis, mesmo livros, brinquedos, muita coisa que… contando um pouco da história do Barão de Jundiaí, mesmo.
P/1 – Você já chegou à pensar em trabalhar nessa área ou se aprofundar um pouco?
R – Não, trabalhar nunca pensei em trabalhar com isso não.
P/1 – Então, é mais um hobby que você têm? (risos)
R – É mais um hobby.
P/1 – Então, voltando agora à época ali da escolha da opção entre trabalhar com animais e plantas. Então você optou e aí como é que foi a saída da escola já com esse pensamento? Ou você já começou a trabalhar durante a escola? Como é que foi?
R – Não, é (corte no áudio) era período integral. Então, a gente entrava às sete da manhã, tinha o horário de almoço, tinha o refeitório no colégio e saía às cinco da tarde. Tinha muito aluno de fora, então tinha o dormitório onde o pessoal de longe dormia lá. Mas (corte no áudio) do colégio, eu já comecei trabalhar sim, comecei trabalhar em um supermercado, não queria ficar parado. Então, comecei entregando despesa, depois foi como ajudante geral. Aí comecei a trabalhar com orquídea (corte no áudio) em um produtor da região ali, vinha aqui pro CEAGESP aqui com ele e foi depois de um tempo que acabou encaminhando o que eu faço hoje. Já com a experiência obtida, mas (corte no áudio) com plantas, é sempre um aprendizado.
P/1 – Então, vamos esmiuçar um pouco esse período. Assim que você saiu da escola, você já tinha um objetivo na vida, né? Mas foi trabalhar primeiro num mercado. Como é que foi essa experiência, como é que você chegou lá e quanto tempo durou?
R – Olha, essa experiência foi (corte no áudio) boa, assim, porque eu acho que quando a gente faz com prazer, querendo fazer, a gente tira proveito. Então, mesmo sendo um entregador de despesas, ali na época, hoje eu me recordo de algumas coisas mas não me arrependo não, de nada do que eu fiz (corte no áudio) ficar carregando caixa nas costas, né (risos)? Mas foi bom, porque hoje a gente sempre, assim, vê por um outro lado, sempre valoriza o que a gente tem hoje (corte no áudio) ego da gente, acho que faz bem isso daí.
P/1 – Você consegue identificar alguma contribuição que essa sua experiência no mercado tem te ajudado pra essa sua atividade hoje? (corte no áudio) aprender a lidar com o público, alguma coisa assim?
R – Olha, assim quando eu era garoto eu lembro que, eu era bastante tímido. Eu acho que teve um pouco de contribuição, de contato mais próximo, assim mesmo com o pessoal. Uma pessoa que você nunca viu na vida, chegar, conversar. Então, eu acho que tem sim.
P/1 – E à partir do mercado, você foi se dirigir pra qual área?
R – Depois, eu comecei a trabalhar como ajudante geral mesmo mas foi por muito pouco tempo. Aí, esse outro produtor da região lá, me convidou pra estar trabalhando com ele. Foi onde eu já ingressei a mexer com orquídea, com flores, né? Mas nesse meio tempo, eu tinha muita coisa de orquídea em casa já e, assim, de fim de semana, às vezes, já começava a alguém querer visitar, alguém querer comprar alguma coisinha (corte no áudio) fazendo algum negocinho ali.
P/1 – Então, as suas experiências com orquídeas começaram sozinhas na sua casa?
R – Com orquídea começou em casa.
P/1 – E você lembra que idade você tinha nessa época?
R – Essa época foi quando eu saí do colégio, 17, 18 anos.
P/1 – Em que consistia? Você cultivava orquídea, já fazia cruzamentos ou ainda não?
R – Então, eu já cultivava em casa orquídeas e, assim, a literatura brasileira, quanto a cruzamentos, em produção de laboratório, assim, é muito pobre. Então, eu já tentava fazer alguma coisa na época mas quase nunca dava certo. Então, assim, é uma experiência demorada pra você ver o resultado. Igual uma orquídea, quando você faz o cruzamento até ela chegar a florir, a variedade Cattleya, que são as que eu mais trabalho, leva em torno sete anos. Então, pra você vê um resultado é muito tempo, só pra (corte no áudio) de um a dois anos, pra ela ir pro primeiro vasinho. Então, é uma coisa muito demorada. Então, as experiências (corte no áudio) chegavam a ser cansativas porque você ficava naquela expectativa e fazia semente, fazia sementeira no meio de cultura e esperava, esperava e nada de nascer. Só que esse esperar era três, quatro meses, pra você ver que não ia dar certo, pra tentar novamente. Então, tinha dia que você parava e falava: “não vou mais fazer não, chega!”. Mas eu acho que o amor à planta batia mais forte (corte no áudio) .
P/1 – E você lembra onde você conseguia as sementes? O que precisava pra você cultivar essas sementes? Uma terra especial, um adubo especial ou nada disso?
R – Não, a orquídea, assim, existem três tipos de orquídea, assim, que dá pra ser cultivada, só pra poder entender. Tem a orquídea terrestre, que é plantada na terra. Tem a epífita, que é aquela que enraíza em madeira, em árvores. Tem a rupícula, que enraíza em pedra. Então, a maioria delas, a grande maioria é epífita, aquela que precisa da madeira. Então, alguns anos atrás ainda podia se usar xaxim, (corte no áudio) é proibido o uso de xaxim. Então, hoje a gente utiliza um subextrato ecológico, que é uma sobra de madeira triturada, é feito um tratamento, um processo nessa madeira. Então, a orquídea é plantada direto na madeira mesmo, triturada. Na época, era usado xaxim. Agora pra estar fazendo a semente da orquídea, você precisa unicamente de uma flor porque como é definida a planta orquídea? Orquídea toda a planta, que tem o aparelho reprodutor feminino e masculino fundido junto. Então, toda planta que tem um aparelho reprodutor fundido tanto masculino quanto feminino, os dois juntos, é definido como orquídea. Então, uma única flor você consegue fazer a semente orquídea. quando você faz o cruzamento até ela chegar a florir, a variedade Cattleya, que são as que eu mais trabalho, leva em torno sete anos. Agora, se você quiser fazer alguns outros cruzamentos, aí precisa de outras flores pra estar tirando o pólen de uma e introduzindo no ovário da outra, aí você consegue estar obtendo formas diferentes, cores diferentes.
P/1 – E nessa experiência que você tentava fazer?
R – É, que eu começava a fazer, já meio na infância.
P/1 – E você se lembra por que as orquídeas? Por que você optou pelas orquídeas?
R – Por quê as orquídeas? Taí uma boa pergunta. Eu não sei te dizer exatamente o porquê das orquídeas. Eu não consigo te responder não, porque eu, assim, eu adoro as outras orquídeas também, flores. Gosto muito de árvores, tem um espaço em casa que eu, onde eu moro é grande, que eu reservei pra estar plantando árvores e nossa, tá uma floresta já!
P/1 – (corte no áudio) você começou com o produtor da região, que te convidou pra trabalhar.
R – Certo!
P/1 – Porque já tinha chamado à atenção o comércio movimentando ali da sua casa?
R – Não, em casa não. Em casa era muito pouco (corte no áudio) muito pouco negócio que eu fazia. Com esse produtor, até hoje a gente têm amizade. No CEAGESP a gente é vizinho de box. Então na época eu trabalhava com ele também, eu não trabalhava nem todos os dias, eu trabalhava como diarista, quando ele precisava, ele me chamava, eu ia ajudar ele. Quando não tava ajudando ele, tava trabalhando em casa.
P/1 – Quais eram as suas atribuições lá com esse produtor?
R – Quais são?
P/1 – É, quais eram as atribuições nessa época que você trabalhava com ele?
R – Ah, assim... No meu ponto de vista, o que valeu mais a pena foi o aprendizado. Aprendi bastante com ele, em questão de orquídea, mesmo muita coisa sobre (corte no áudio) é claro, hoje, assim, eu tenho uma outra visão de comércio, de produção. No orquidário hoje, a gente tem uma produção, assim, mais profissional, digamos assim. Não é aquela coisa tão artesanal.
P/1 – O que ele pedia pra você (corte no áudio) plantio, comércio também?
R – Tudo, tudo. Desde o plantio à preparação da planta, ao estaqueamento, carregar caminhão, CEAGESP, venda final, tudo. Ele só não tinha laboratório. Só.
P/1 – E foi nessa época, então, que você conseguiu ter os primeiros ensinamentos pra depois você abrir, tocar o seu próprio negócio?
R – É, depois que ele, que eu trabalhei com ele cerca de uns dois, três anos. Depois, eu acabei, (corte no áudio) aí eu comecei a trabalhar por conta própria e teve um outro empresário da região, que é onde eu trabalho hoje, que tava querendo investir em orquídea, fazer um investimento alto em orquídea, montar uma produção grande mesmo. Foi onde eu fui convidado por ele pra estar gerenciando essa empresa e aí, a gente acabou se acertando. É onde eu trabalho hoje também, onde eu gerencio, assim, desde a compra da planta, da muda, da compra da matriz, da produção em laboratório, a produção no orquidário, o estaqueamento, o veículo, o local de venda, até o consumidor final. Passa tudo na minha mão ali.
P/1 – E o que mudou pra você? Nesse novo empreendimento você teve a oportunidade de criar um laboratório, né? Como é que era esse laboratório? Quais eram suas idéias quando começou?
R – Olha, quando começou o laboratório, a idéia era ter uma produção própria ali, vamos dizer, assim, de quase 100%. Mas como é uma coisa muito demorada a gente não conseguiu isso logo de cara, a gente teve que começar a adquirir mudas de outros produtores. Mas hoje o laboratório, digamos que tá produzindo bastante já.
P/1 – E você falou que o avanço nessa área ele é lento, né? Demora meses pra você ver se vai dar certo ou não. Como é que tá sendo a taxa de (corte no áudio) conseguindo (corte no áudio) como é que tá sendo?
R – Ah sim, ah sim. Hoje tem ali de sementeira (corte no áudio) vamos dizer, assim, tudo que é feito germina e, claro, tem a perda, a margem que é normal, mas consegue fazer uma produção de 100%. E fora a sementeira, é feito também a clonagem lá, que é onde é tirado um broto de uma planta, é introduzido no meio de cultura com hormônio e é um processo bem mais demorado que semente ainda. É onde essas células começam a se multiplicar que todas vão ser iguais à planta mãe. Não é como a semente, que você faz o cruzamento e sai cada uma, assim, muito parecida da outra, mas quase nunca idênticas. Agora, no processo de clonagem, todas saem idênticas.
P/1 – Pra esse processo implica o uso de aparelhos de alta tecnologia, como é que é?
R – Ah, assim, o laboratório é constituído, basicamente, de uma balança de precisão, de produtos químicos, alguns hormônios, microscópio pra você estar analisando sementes e algumas coisas assim. Uma autoclave, que é como se fosse uma panela de pressão gigante, pra estar esterilizando o meio de cultura e um fluxo laminar, que é onde um aparelho que puxa o ar, filtra esse ar, tira qualquer esporo de fungo ou de bactéria que tem no ar ali e você trabalha dentro desse equipamento, que é pra não contaminar o meio de cultura. Porque o meio de cultura que é preparado pra fazer a semente, a clonagem, ele é muito rico em nutrientes. Então, qualquer esporo de (corte no áudio) que for introduzido no meio de cultura, vai contaminar e o desenvolvimento desse fungo ou bactéria é bem mais rápido do que da orquídea, então, ele vai matar a orquídea com certeza.
P/1 – Pro investimento desse tipo de empreendimento, é muito alto? O investimento inicial, ele tem que ser muito alto pra adquirir esses equipamentos ou dá pra começar sem?
R – Olha, num laboratório caseiro você até consegue fazer ali, esterilizar o meio. Você consegue esterilizar mesmo na panela de pressão, mas você não tem um resultado, assim, comercial, não. Você pode fazer como hobby, mas comercial não consegue ter. Não sem fazer um investimento.
P/1 – Pro seu empreendimento o que (corte no áudio) foi necessário?
R – Empreendimento de orquídea?
P/1 – Pra esse seu, esse novo, o do Flores Vivas. O que você precisou quando você fez essa parceria com o empresário? Você pediu o que pra ele?
R – Olha, é, na verdade quando eu comecei a trabalhar com ele, ele já tinha alguma coisa, já tinha iniciado o investimento, mas, assim, de maneira geral precisa de um local grande, pra fazer a instalação de estufas. Precisa de mão de obra, não necessariamente uma mão de obra especializada, mas bastante mão de obra. Hoje a gente tem um grupo de 17 funcionários que trabalham com a gente. Temos cerca de seis mil metros de estufas, então, hoje tá bem grande. Se fosse ver o que a gente mais precisa hoje, precisaria de mais espaço também, só que o limite territorial já foi, praticamente, todo ocupado.
P/1 – E dentre esses funcionários, você disse que não precisa de um muito especializado, mas e nesse trabalho de laboratório, de operar um microscópio, diversos equipamentos, não é necessária uma especialização?
R – Ah sim, aí sim. O que eu quis dizer é, assim, a mão de obra de maneira geral, você consegue lidar com pessoas que não têm especialidade em orquídea. É claro, tem que ter alguém (corte no áudio) assim, que faz de outra maneira, ensinando, né? Mas no laboratório têm que ser uma mão de obra mais especializada, alguém que tenha uma noção básica de química e a (corte no áudio) a principal área no laboratório de micropropagação é higienização. Então, você não pode ter contaminação nenhuma, assim, tem que ser contaminação zero, senão perde todo o processo que você vem fazendo no decorrer dos meses ali.
P/1 – E essa obra, essa mão de obra especializada? Onde é que vocês vão buscar?
R – Olha, vamos voltar novamente no colégio agrícola lá. Quando... A época que eu estudei, o colégio tem um laboratório lá e na época que eu estudei esse laboratório tava desativado. Eu e mais três alunos e um com a orientação do professor que... Revitalizamos esse laboratório no Colégio Agrícola. Acho que foi daí que partiu o gosto também pra estar fazendo a produção em laboratório, assim.
TROCA DE FITA
P/1 – Você mencionou que quando você trabalhou com aquele primeiro produtor da sua região, ele já começou a te levar no CEAGESP, pra comercializar a produção dele. Como é que foi esse contato pra você, esse primeiro contato com o comércio? Você se lembra?
R – Olha, a primeira vez foi, vamos dizer assim, espantosa, porque até então eu não conhecia o CEAGESP. Agora, imagina uma pessoa que adora (corte no áudio) flores, meio que garoto ainda, chegar no maior mercado de flor da América Latina! Então eu, primeiro dia, nem queria ajudar ele no box, né? Eu queria era ficar andando dentro do Ceasa e olhando e pesquisando. Mas foi bem legal. Até hoje, se eu chegar no Ceasa, arrumar todo o box ali e não sair andando ali, dar pelo menos uma volta dentro do (corte no áudio) parece que eu não vim pro Ceasa. Toda feira eu tenho que andar, pesquisar e aí acaba englobando uma área, é, comercial também, aí você acaba vendo o concorrente, o que o concorrente tem, preço, novidade. Então, acho que a gente tem que sempre tá focado nas novidades do mercado mesmo.
P/1 – E como é que era essa sua rotina, era acordar bem cedo pra ir pegar o caminhão e ir pro CEAGESP? Como é que começava esse dia no CEAGESP quando você começou?
R – Olha, dia no CEAGESP começava à uma da manhã. Despertador uma da manhã, levanta, lava o rosto, toma café e vai pegar o caminhão, vem pro CEASA (corte no áudio) começa a descarregar o caminhão, hora marcada e aí até descarregar todas as prateleiras, cavaletes, tábuas, descarregar as plantas e arrumar o box (corte no áudio) são quatro da manhã já. Cinco horas já toca a sirene pra começar a comercializar. Então, não tem como vir mais tarde, é esse horário mesmo.
P/1 – E você se lembra da variedade então, como é que essa relação com os vizinhos que, na verdade, tão comercializando a mesma coisa que você, né? Como é que é essa relação tão próxima com vizinhos que podem ser amigos, mas também são concorrentes. Como é que é?
R – Olha, a relação é boa porque hoje, a gente aqui no CEAGESP, a gente adquiriu um reconhecimento bem grande, assim, tanto pelo público, que a gente tem uma mercadoria diferenciada, quanto pelos próprios produtores. Mesmo outros produtores ali, muitas vezes vêm até mim pra perguntar alguma coisa sobre (corte no áudio) plantas ou preço, querer alguma opinião. Então a gente se tornou uma referência dentro do CEAGESP mesmo, é um reconhecimento bem legal. Claro, devido a um (corte no áudio) investimento, devido a uma mão de obra, assim, muito esforçada, né? Da gente, assim, de querer mesmo um resultado bom na nossa mercadoria.
P/1 – E quais são as estratégias que podem ser usadas pra vencer essa concorrência? É uma simples questão de abaixar o preço ou é a qualidade do produto ou é tudo junto? Quais são as estratégias que vocês utilizam?
R – Olha, muita gente utiliza a estratégia de abaixar o preço, mas a nossa estratégia mesmo é no diferencial do cultivo, no diferencial da apresentação da planta, no diferencial do vaso, que a gente utiliza hoje um cachepô de madeira, que é feito lá no orquidário mesmo. Então é uma mão de obra que a gente criou, a gente padronizou esses cachepôs, então toda a nossa mercadoria é comercializada nesse cachepô de madeira. A gente não utiliza vaso plástico, não utiliza vaso de cerâmica. Fora esse cachepô de madeira, o nosso substrato também é um diferencial, igual eu falei, já comentei que é feito um processo de (corte no áudio) e um tratamento nela, então, (corte no áudio) o mercado tá muito focado (corte no áudio) do meio ambiente. Assim, a gente fugindo do plástico, fugindo da degradação do meio ambiente, eu acho que o pessoal aceita muito bem a nossa mercadoria por esse motivo também.
P/1 – Então, além de ser uma forma de não agredir o ambiente, também é uma forma de atrair clientes que têm essa mesma preocupação?
R – Com certeza, com certeza. Muita gente elogia nosso trabalho, de estar fazendo, estar inovando o mercado com esse processo de substrato, de vaso orgânico. Então, o reconhecimento é bem alto.
P/1 – Você acha que esse é um, uma coisa que já era notada e pedida antes quando você começou ou é uma coisa mais recente essa demanda por produtos menos agressivos ao meio ambiente?
R – Olha, no início já tinha a preocupação de alguns quanto a isso, mas hoje a preocupação (corte no áudio) muitos. Então, muita gente (corte no áudio) compra orquídea no CEASA de outros produtores, só que passa no nosso box e sabe que a gente tem e acaba adquirindo o cachepô e o substrato (corte no áudio) tá plantando a sua orquídea, tirando do vaso plástico e plantando num cachepô orgânico.
P/1 – Então acabou se tornando mais uma mercadoria de vocês, a própria produção do cachepô?
R – Ah sim. No início a gente não vendia cachepô, mas o pessoal começou pedir, pedir, então hoje a gente, toda feira a gente leva alguns ali pro pessoal, mesmo cliente às vezes que tem. Como ele é orgânico, a durabilidade dele é em torno de três, quatro anos. Começou apodrecer a madeira, ele tem que tirar mesmo e replantar em outro.
P/1 – E além da, dessa questão do cachepô, tem alguma preocupação na arrumação do box, como é que é? Uma preocupação estética ou técnica ali pra arrumar as prateleiras? Qual que é a preocupação de vocês?
R – Tem, tem. Com certeza. A preocupação nossa na verdade (corte no áudio) na produção, então a gente tem, a gente fez um investimento de um aparelho, pra ferti-irrigação. Assim, toda vez que a planta é molhada (corte no áudio) homeopática de adubo. Essa preocupação já vem lá de trás, na estética da planta, pra ela sempre tá bem vigorosa, depois que sai da estufa, que ela tá com um botão, que ela já vem pra onde a gente faz o estaqueamento, essas plantas são estaqueadas uma à uma, flor por flor. Esse processo é totalmente manual, não tem como ser de outra maneira. Aí elas são embaladas, são carregadas, aí que vem pro Ceasa. Chega aqui no Ceasa, depois que descarrega, a gente tem o cuidado de tirar uma à uma das caixas, pra apresentar essa mercadoria da melhor forma possível pro cliente.
P/1 – E como é que a apresentação... Tem uma prateleira central que (corte no áudio) como é que é? Você tem como descrever pra gente como é que é o box da Flores Vivas?
R – Olha, o box da Flores Vivas hoje ele tem um corredor central, uma prateleira mas baixa na lateral e uma prateleira tipo escada na outra lateral. No fundo, ele tem uma tela que é onde a gente pendura algumas plantas também, em toquinhos de madeira, que essa também é uma novidade que a gente tá lançando no mercado. São micro-orquídeas cultivadas em pedacinhos de madeira mesmo, penduradas, mas é claro, a gente sempre procura colocar a que chama mais atenção na frente, pra chamar mais público pra dentro do Box. Mas a gente tá ali o dia a dia, a gente vê quantas dezenas e dezenas de fotos o pessoal passa tirando ali na frente.
P/1 – E essa pesquisa pra buscar inovações, toquinhos de madeira, vocês pesquisam aonde? A partir de outros produtores, por meio de conversas ou a partir da leitura de livros, vocês procuram outra referências fora do CEAGESP também?
R – Olha, isso daí partiu duma idéia nossa mesmo. A gente tá fazendo essa (corte no áudio) com esse substrato ecológico e o porquê que se inicializou tudo isso? Esse empresário que decidiu investir em orquídea, ele tem uma rede de lojas de madeireira na região, então ele observando a sobra de madeira, digamos assim que... Aquela que entorta, que racha, que não dá pra tá se utilizando, ele queria aproveitar isso daí em alguma outra atividade, porque a perda era alta. Foi onde surgiu a idéia de cultivar orquídea e poder utilizar isso daí. Então a idéia inicial foi essa.
P/1 – E, é um modelo que tá sendo utilizado por outros produtores já também?
R – Não
P/1 – Ainda não?
R – Não, ninguém ta fazendo isso não. É, eu acredito que seja por causa do custo, que hoje sai bem mais em conta (corte no áudio) ta adquirindo um vaso plástico ou de cerâmica, do que você ta produzindo um cachepô de madeira.
P/1 – E quais são as variedades que vocês vendem hoje?
R – Olha, a variedade... É uma variedade meia que infinita viu?
P/1 – Ah é?
R – Porque tem muita coisa, muito (corte no áudio) mas assim o nosso forte é a linhagem das Cattleyas.
P/1 – E vocês chegam a separar as flores em categorias de preço também? Têm algumas mais baratas, são mais caras ou são mais ou menos o mesmo preço? Como é que é?
R – O preço varia bastante. Preço, assim, preço padrão duma Cattleya, assim, hoje gira em torno aí de 30 a 60 reais, mas a variedade de preço no box, você encontra com facilidade assim, de (corte no áudio) até trezentos, quatrocentos, quinhentos, até mais ainda.
P/1 – E o que orienta essa diferença de preço?
R – Olha, o preço da orquídea em si, ele (corte no áudio) ele não é distinguido pelo colorido da planta ou (corte no áudio) ele é distinguido pela raridade. Então, orquídea ela não é, não tem preço pela beleza e sim pela raridade, porque ela mais rara é a (corte no áudio)
P/1 – Qual que é a mais rara?
R – Olha, tem de Cattleyas, geralmente são as Cattleyas, assim, com uma ótima forma, que são chamadas de big clones ou (corte no áudio) maneira geral assim, as albinas. São as mais caras.
P/1 – E tem uma procura muito grande por essas flores raras?
R – Olha (corte no áudio) tem. Tem porque hoje aqui em São Paulo tem muito colecionador e o colecionador ele quer o mais raro, sempre ele quer o mais raro. Então, às vezes é mais fácil você vender uma planta de duzentos, trezentos reais do que vender a de dez.
P/1 – Então, falando nisso, qual que é o público consumidor da Flores Vivas? É o pessoal do varejo, do atacado? E quem são essas pessoas então, tanto no varejo quanto no atacado?
R – Olha, o público consumidor (corte no áudio) a gente tem o público desde o atacado, que o cara chega às quatro da manhã, escolhe a mercadoria e leva pra sua loja pra vender, tem (corte no áudio) o consumidor que não tem loja, só faz a linha, ele pega a mercadoria e passa oferecendo em floriculturas, e tem o varejista também, que gosta de passear no dia que ta de folga ou aos finais de semana, gosta de ter uma orquídea florida em casa. Mas assim, o público aqui em São Paulo é muito diversificado, você vê desde a senhorinha que é aposentada, que vai no CEAGESP ali (corte no áudio) de lencinho na cabeça, que vai uma vez por mês comprar uma florzinha porque gosta e você vê a madame que chega no box com dois seguranças e entra no box, escolhe o que quer e vai embora também. Então, a diversidade é muito grande.
P/1 – É comum essas empresas que organizam eventos e festas comprarem flores na Flores Vivas?
R – É comum, bastante. E tem muitos clientes que fazem eventos, assim, de casamentos e festas grandes que compram da gente. Muitos mesmo.
P/1 – E nesse caso você chega a orientar como tratar a planta, como cuidar ou isso é uma coisa que as pessoas têm que perguntar? Como é que é?
R – Não, a gente além do cachepô de madeira, a gente desenvolveu uma embalagem exclusiva também pra presente. Quando a pessoa às vezes chega ali, quer presentear alguém, essa embalagem ela vai num cachepô com laço já e junto com ela já vai um cartãozinho (corte no áudio) básicas de cultivo da planta. Então, a gente tem essa preocupação pro consumidor não perder a planta e sim pra ele voltar a ver a planta florida novamente.
P/1 – Pensando nisso, a planta é um ser vivo, né? E a gente gostaria que ela fosse bem cuidada, bem tratada. Existe uma preocupação de você de repente vender pra alguém que acha que não vai saber cuidar direito ou não vai ter essa preocupação? Vocês tem essa preocupação de, de repente, não querer vender pra certa pessoa, pra certa empresa?
R – Olha, essa preocupação assim de não querer vender, eu acredito que a gente não tem nem como não querer vender porque a gente vive do comércio. O que a gente procura fazer é sempre tá orientando o como se deve cuidar da orquídea, tanto na parte (corte no áudio) na adubação, no plantio. A gente tem muitos clientes que às vezes ligam pra gente ou voltam ao box e a gente orienta a pessoa a trazer a planta e ali na hora a gente faz o replantio pra essa pessoa da planta, ensina o como faz, o porque que aconteceu (corte no áudio) então, ali dentro do box mesmo, toda semana a gente costuma fazer isso daí, sempre tá orientando como tem que ser feito.
P/1 – Então, vocês chegaram a desenvolver também produtos típicos pra curar uma planta que esteja doente ou essas coisas vocês adquirem fora, em farmácia especializada?
R – Não, produto não. A gente nunca desenvolveu nada. O que a gente acabou desenvolvendo foi esse substrato e a maneira de como se cultivar, porque muita gente acha que orquídea tem que ser plantada na terra ou algo assim. Não é. A orquídea ela tem que ficar com a raiz exposta, então toda vez que você for replantar ou for trocar de substrato, você tem que colocar um substrato que drene bastante a água, que areje essa raiz. Então, é essa a nossa preocupação com o consumidor, sempre tá orientando ele a fazer isso.
P/1 – Uma orquídea bem cuidada ela dura, ela vive quanto tempo?
R – Então, a planta ela não tem um tempo de vida útil, assim, por quê? Ela não é uma planta perene, como um milho ou alguma coisa assim, que ela floresce e depois morre. Porque ela, cada broto dela é, de maneira geral, constituído de duas ou três gemas, então ela vai brotando e a traseira vai morrendo. Ela nunca deixa de brotar, a não ser que ela fique doente, alguma coisa assim, do contrário... A gente ouve histórias ali de pessoas que dizem que tem orquídea ali, que era do avô e passou pro pai e agora tá com ele, que a orquídea tá na família há mais de 50 anos já. Isso acontece muito.
P/1 – Vamos falar um pouquinho agora dos fornecedores. Que tipo de produto que vocês do Orquidário precisam pra esse tipo de comércio? Adubos, extratos ou é tudo produzido por vocês, como é que é?
R – Não, a única coisa que é produzida por nós são: os vasos, né? E o substrato. Agora, o que a gente precisa tá comprando, claro, são defensivos e a gente costuma (corte no áudio) sempre tem essa preocupação também de estar utilizando defensivos de, assim, não tão tóxicos. Sempre estar adquirindo defensivos de tarja verde ou menos agressivo possível. E adubo, né? Que isso não tem como, um produto químico que é utilizado pra estar fornecendo aí os macro e micro nutrientes pra planta, né?
P/1 – Esse é um material que é fácil de encontrar? Ele é brasileiro, é (corte no áudio)
R – (corte no áudio) de encontrar, muito fácil de encontrar. Até hoje em dia tem em supermercado. Consegue, assim, encontrar um adubo específico pra orquídea.
P/1 – Tem uma alguma relação direta com o fornecedor, produtor desses produtos, ou vocês compram num mercado?
R – Não, a gente compra (corte no áudio)
P/1 – E a questão da reposição das plantas, quanto tem que ser produzido por mês pra ir repondo o estoque de vocês?
R – Então, hoje a gente vende em média umas três mil plantas no mês. Então, a gente sempre tem que ter esse cronograma de repor essa mercadoria aí, não digo mensalmente, mas pelo menos duas, três vezes no ano (corte no áudio) preocupação de estar repondo ou adquirindo mudas ou a produção no laboratório, isso vai depender da demanda do mercado.
P/1 – Então, é como se fosse uma espécie de estoque, um estoque de sementes, um estoque de plantas mais ou menos desenvolvidas, outras já um pouco mais desenvolvidas?
R – Ah, isso a gente tem.
P/1 – Como é que é?
R – A gente tem todo um processo desde a planta pequenininha, aí a planta média, a planta adulta e a florida. Então a gente tem que ter esse processo, não pode falhar, senão fica com um buraco no meio do caminho.
P/1 – E é uma equipe que cuida disso ou é uma preocupação geral de todo mundo, dos funcionários do Orquidário?
R – Não, uma preocupação de todos os funcionários. Daí a gente costuma trabalhar da seguinte forma: não tem um funcionário específico só pra aquele serviço. Então, assim, precisa replantar, todo mundo vai replantar, precisa estaquear, todo mundo vai estaquear. Então, ali é um grupo mesmo, que todo mundo faz de tudo. Eu acho que acaba dando um resultado melhor no final. (corte no áudio)
P/1 – E quando vocês levam essas flores pra vender, quantas vocês costumam levar, tem uma quantidade já acertada de plantas que vão levar pro mostruário ali? Como é que é?
R – Olha, depende da época de produção, né? A gente costuma sempre tá fazendo um planejamento pro fim do ano e pro dia das mães, pra tá aumentando essa produção. São as duas épocas que vendem mais, mas a campeã de vendas ainda é o dia das mães.
P/1 – Inclusive, tem preocupação de alguma variedade nova ser apresentada nessas datas também? Vocês gostam de coincidir esses períodos com inovações?
R – Com certeza! Sempre tem alguma novidade nessas datas. A gente sempre tem a preocupação de fazer o lançamento em datas, assim, com mais procura né? Que é pra chamar mais atenção mesmo.
P/1 – Pensando também em lançamento de venda nesses períodos, vocês fazem promoções, brindes, ou não tem nada disso pra atrair mais clientes?
R – Não, promoção não tem. O que a gente procura manter, que é um diferencial nosso também: como a produção é toda nossa, produção florida é 100% nossa, chega nessas datas a gente não aumenta o preço. Então a gente mantém aquela (corte no áudio) o ano todo, outros produtores chega na época dia das mães joga o preço lá em cima, a gente sempre mantém. A pessoa pode ir todo mês, o ano todo nos visitar, que sempre vai ver o preço padronizado, o ano todo, independente da data.
P/1 – E na hora de vender, quantos funcionários são necessários ali no box? Quantos vocês levam pro CEAGESP ou pra outros lugares que vocês vendem?
R – Olha, hoje a gente trabalha com três funcionários por feira no box, a não ser que seja uma data, igual eu comentei, dia das mães ou fim do ano, véspera, alguma coisa assim a gente costuma ir com mais gente. Mas do contrário, três funcionários.
P/1 – E os três com as mesmas funções então? Os três atendem e recebem o pagamento?
R –– Os três atendem e recebem o pagamento.
P/1 – E vocês também, além do CEAGESP, têm outras (corte no áudio)
R – Tem o CEASA em Campinas também. Produz também, tem a entrega no CEASA de Campinas, só que um pouco diferente daqui. Que o CEASA em Campinas ele é mercado de flor permanente, então não é como aqui que você chega, descarrega, monta e o que vendeu, vendeu e o que não vendeu você tem que carregar pra levar embora. Lá a mercadoria fica exposta.
P/1 – E qual que é o principal centro de vocês hoje? O CEAGESP ou CEASA?
R – CEAGESP aqui em São Paulo.
P/1 – Continua sendo?
R – Continua sendo São Paulo.
P/1 – E no caso o CEAGESP ele continua, mesmo não sendo todas as semanas, ainda assim a demanda é ainda maior. Por qual motivo você acha? Pela maior quantidade de pessoas daqui ou por aqui encontram empresas (corte no áudio)
R – Olha, eu acho que os dois fatores. Eu acho que, é claro, a quantidade de pessoas que frequentam o CEAGESP é bem maior do que quem frequenta o CEASA de Campinas, mas a diversidade de pessoas, de cultura, de tudo, aqui é bem maior, com certeza.
P/1 – E dá pra montar uma predominância em gênero? São mais homens ou mulheres que comprar na Flores Vivas?
R – Olha, eu acho que fica meio a meio. Assim, de maneira geral, outros tipos de flores são mais mulheres que compram, mas orquídea 50% são homens que compram da gente também.
P/1 – E além do CEAGESP, do CEASA, tem alguma outra forma de chegar a vocês? Por exemplo, tem venda pela internet ou é possível comprar diretamente lá no laboratório?
R – Não, no Orquidário a gente não atende não. Nossa venda é exclusiva ou no CEAGESP em São Paulo ou no CEASA em Campinas.
P/1 – E pela internet?
R – Pela internet a gente também não vende.
P/1 – Então...
R – Daí a gente tem o site só que a gente não vende.
P/1 – É possível fazer uma encomenda? Por exemplo, ligar pra você e pedir uma variedade x de orquídea e pedir pra você levar?
R – Ah sim, isso sim. Muita gente faz. A gente já traz a mercadoria separada já. Muita, muita gente passa no box e vê alguma, gosta e encomenda: “Eu quero tantas dessa pra tal dia, tantas daquela pra tal dia”, a gente já traz separado.
P/1 – E é possível fazer isso por telefone, pela internet também?
R – Por telefone também.
P/1 – E quanto ao pagamento? Mudou? Quando você começou a trabalhar no CEAGESP, mudou a forma de pagamento ou continua sendo igual? Como é que é?
R – Mudou um pouco a forma de pagamento eu acho que, assim, de maneira global, né? Hoje em dia é muito utilizado o pagamento pelo cartão, né?
P/1 – Cartão?
R – É.
P/1 – Tanto no CEASA, quanto no CEAGESP?
R – Qualquer um dos dois.
P/1 – E antigamente era mais como?
R – Antigamente era mais dinheiro ou cheque. Hoje é muito pouco cheque, dinheiro e cartão hoje mais.
P/1 – E vocês chegam a oferecer pra algum cliente mais fiel, mais antigo, sistema de caderneta ou não?
R – Não.
P/1 – Isso não é aberto em nenhuma hipótese?
R – Não, isso a gente não costuma fazer.
P/1 – E, bom, as flores são uma mercadoria que costuma ser muito utilizada pra presentes né? Vocês oferecem alguma embalagem diferenciada, no caso se a pessoa falar que é presente ou?
R – Oferece, com certeza. A gente desenvolveu uma embalagem exclusiva com o nosso (corte no áudio) e essa embalagem é um cachepô de papelão muito bonito que já vem com um laço, já vem com um cartão. Então o nosso vaso encaixa perfeitamente nessa embalagem que já vai pronta pra presente.
P/1 – E é comum esse tipo de…?
R – Ah é, muitas e muitas (corte no áudio) pra presente.
P/1 – Tem alguma lembrança ou alguma história que tenha acontecido ali no CEAGESP, ou no CEASA mesmo, que você lembra assim e queira contar pra gente, alguma coisa bem diferente?
R – História engraçada?
P/1 – Algum cliente muito excêntrico ou um funcionário excêntrico, alguma coisa que tenha acontecido assim?
R – Olha, história engraçada não tem assim, mas cada feira do CEASA é uma feira diferente da outra, cada feira você leva uma lembrança pra casa, por parte dos vizinhos ali que a gente tem muita amizade, por parte dos clientes que passam ali e fazem questão de passar só pra cumprimentar a gente. Então cada feira é...
P/1 – É um caso diferente?
R – É um caso diferente.
P/1 – Há quantos anos já existe a Flores Vivas?
R – A Flores Vivas existe em média há oito anos já
P/1 – E nesse período de oito anos você já atravessou períodos de menor números de vendas, períodos de maior número de vendas, já atravessou período de crise?
R – Olha, crise não, mas no início as vendas (corte no áudio) supérfluo, né? Então a pessoa só vai levar flor pra casa se ela realmente tiver condição de levar flor, porque ela não tem a necessidade de tá comprando flor. Então, com certeza a economia (corte no áudio) a gente sente um pouco também.
P/1 – Você se lembra de algum momento, especificamente, que tenha acontecido isso ou ao contrário, que tenha aumentado muito o número de vendas?
R – Olha, aumentado muito assim de uma (corte no áudio) tão impulsiva não, mas com o decorrer dos anos aí, cada ano que se passa tá aumentando as vendas sim.
P/1 – É uma tendência que tá seguindo a quanto tempo?
R – Olha, desde quando eu comecei a trabalhar na Flores Vivas, todo ano aumenta um pouco as vendas. No fechamento anual, todo ano aumenta.
TROCA DE FITA
P/1 – Ivan e a Flores Vivas já é uma empresa conceituada, conhecida na Feira das Flores, pelo que a gente notou quando a gente visitou o local. Vocês já chegaram a trabalhar com algum tipo de publicidade ou trabalham com isso?
R – Então, por incrível que pareça a gente nunca se viu na necessidade de fazer nenhum investimento nessa área. Todo o marketing que foi feito até hoje foi meramente por reconhecimento mesmo do público, da imprensa. Então, a gente já fez várias matérias, foi divulgada de várias maneiras, mas sempre por reconhecimento mesmo, devido ao diferencial das plantas, das flores, da nossa preocupação com o meio ambiente. Então, acho que isso chama muito atenção da publicidade.
P/1 – A gente sabe, a gente soube aliás, que vocês já tão acostumados a receber visitas de alguns órgãos de imprensa, que fazem reportagens ali no CEAGESP. Como é que começaram essas reportagens e foi pra falar de qual tema? Como é que foi?
R – Então, a primeira necessariamente eu não me lembro, mas, assim, de maneira geral, a imprensa sempre procura o Mercado de Flores ou no início da Primavera ou no Dia das Mães ou em datas assim que tem a ver com presentear alguém, que tem a ver com flores. E devido ao número de pessoas que vai parando na frente do box, mesmo o pessoal de imprensa vai perguntando: “Ah”, pro pessoal que tá andando ali: “Onde tem um box legal pra gente fazer umas filmagens”, então o pessoal sempre indica a gente.
P/1 – Tem alguma que você se lembra especificamente?
R – Olha...
P/1 – Que tenha sido mais diferente ou mais divertido fazer?
R – Mais diferente não. Eu me lembro de uma, o ano retrasado, o pessoal da Globo no Dia das Mães, o pessoal foi fazer a matéria no box e travou tudo, não saia a câmera, não entrava a repórter de muita gente que tinha no CEASA e o pessoal curioso, por causa do pessoal da imprensa e tal, mas sempre acontece. Pessoal do Programa do Gugu também já passou por lá, aquela entrega da minha casa, Sonhar mais um Sonho, o pessoal também já foi fazer matéria lá, mas sempre que vai alguém fica meio congestionado. O pessoal quer tá em cima, quer ouvir o que tá acontecendo, o que não tá. Mas é legal, a gente sempre recebe, recebe o pessoal lá com muito prazer.
P/1 – E falando agora em questão de expansão da Flores Vivas, vocês pensam em expandir, seja em número de box no CEAGESP ou no CEASA de Campinas ou então abrir uma loja física de vocês? Vocês pensam em expandir de alguma forma?
R – Então, eu penso assim, o prosperar a gente sempre quer, sempre luta pra tá prosperando, mas tudo depende da demanda do mercado. Se a gente notar que o mercado tá tendo uma aceitação ainda maior, tá tendo uma demanda maior, com certeza isso vai ser feito. Então, depende da demanda do mercado.
P/1 – E é uma coisa que vocês já tão planejando ou ainda tão esperando ver a movimentação?
R – Olha, da maneira que tá o mercado hoje, a gente tá conseguindo manter só com o box aqui, o box no CEASA em Campinas. Mas se tiver uma demanda maior, com certeza vai ser aumentado tanto os pontos de venda, quanto a produção.
P/1 – Vocês já pensaram em ter uma loja física ou então abrir o Orquidário pra comercializar lá também?
R – Olha, o Orquidário já foi questionado isso, mas devido ao número de feiras aqui em São Paulo, são quatro feiras na semana, em Campinas seis dias na semana, então, devido a esse movimento grande, vai pra lá e vem pra cá, a gente não... Resolveu não tá atendendo no Orquidário. Agora, uma loja nossa, a nossa região de Jundiaí, ainda não... A gente já fez uma pesquisa de mercado, ainda não teria uma aceitação tão grande pra tá fazendo um investimento da loja e funcionário, ponto, tudo. Agora aqui em São Paulo, já foi pensado em ser aberto uma loja fixa aqui, mas aí a gente optou por tá fazendo Varejão de sábado e domingo também no CEAGESP, então por enquanto...
P/1 – E esse planejamento de abrir uma loja física aqui, chegou a pensar em bairro, localização?
R – Olha, a gente chegou a pensar mais na região sul, mas depois a gente acabou optando pelo CEASA mesmo.
P/1 – E por quê seria região sul e que bairro seria?
R – Região ali do Brooklin ou Morumbi, pelo poder aquisitivo.
P/1 – E pela internet? Vocês não acham que é uma boa estratégia de vendas também?
R – Então, tem muita gente que trabalha com venda pela internet, mas como a gente se especializou em tá vendendo produto florido, não tem como a gente entregar esse produto pelo Correio, né? Digamos, assim, igual o pessoal costuma fazer. Então a gente decidiu não abrir venda pela internet também.
P/1 – Agora, partindo mais pra umas considerações gerais, que o senhor acha que mais mudou desde a época que você começou a trabalhar com comércio de flores pra hoje? O que mais mudou no comércio? Se é que teve alguma mudança?
R – No comércio?
P/1 – É.
R – Olha...
P/1 – Sejam em exigências do público ou coisas mais intrínsecas ao comércio, o que mudou?
R – O que mais chama a atenção é a exigência do público, em sempre querer uma planta bem cultivada, uma planta bem apresentada e mesmo na questão do meio ambiente também. O pessoal, hoje em dia, comenta bastante a maneira de como é feito esse cultivo, se tem agrotóxico, se não tem, se é um substrato orgânico, se não é. Isso também o pessoal tá exigindo bastante.
P/1 – E questões burocráticas pra se manter um box no CEASA de Campinas, no CEAGESP, também mudou alguma coisa ou não? A exigência pra você manter o seu box lá foram alteradas ou continuam as mesmas?
R – Continuam as mesmas exigências. Não tem, assim, uma exigência tão grande.
P/1 – Você participa ou já participou de alguma atividade sindical, alguma associação comercial?
R – Não, a gente colabora com o Sindicato de Produtores Rurais e de Flores mas, assim, nós particularmente nunca participamos mais de perto não.
P/1 – Agora, partindo pra um lado bem pessoal mesmo, como é que é seu dia a dia hoje, seu cotidiano?
R – Meu dia a dia? Olha, é bem atarefado.
P/1 – Então, que horas que é a hora de acordar, de ir trabalhar?
R – Então, de semana eu levanto em torno das seis. Sete horas tô no Orquidário, quando eu não venho pro CEASA. A gente trabalha até às cinco (corte no áudio) aí dia de CEASA Campinas eu vou um pouco mais tarde, quatro e meia. São Paulo eu venho mais cedo uma e meia, mas é bem atarefado.
P/1 – E como é que termina esse dia no CEAGESP, que horas que termina, que vocês tem que voltar?
R – Bom, CEASA eu chego aqui em São Paulo umas duas e meia e eu consigo sair daqui umas onze e meia. Então, eu chego no Orquidário em torno de meio-dia e meia, uma hora, aí almoço, volto pro Orquidário, fico até umas cinco da tarde, mas tranqüilo. É meio cansativo, mas no final do dia...
P/1 – Dá pra ter alguma atividade de lazer, alguma atividade fora do trabalho assim?
R – Ah dá. Isso a gente consegue, consegue incluir, né? Não pode deixar de fora o lazer, senão... mesmo em casa. Mas eu sempre comento: “Um dos meus maiores prazeres, assim, é poder trabalhar”. Eu gosto mesmo de trabalhar, eu gosto do que eu faço, então vou trabalhar com prazer, né? Não vou trabalhar mal humorado não. Isso eu acho que já é um grande fator de lazer pra cada um, se a pessoa já for com esse pensamento.
P/1 – (corte no áudio) você gosta de fazer?
R – Lazer?
P/1 – Fora do trabalho?
R – Olha, isso aí... tem tanta coisa, né? (risos) Ah, passear acho que é legal, ficar com a família, com a esposa é legal. Ficar com os meus cachorro, meus gato, isso daí... tranquilo.
P/1 – Faz uns reparos em casa ali?
R – Faz uns reparos em casa (risos) né? Acho que todo mundo tem um sonho de ter um bom carro, alguma coisa assim, então...
P/1 – E você gosta de fazer compras?
R – Compras? Ah gosto, né? Quem não gosta? Não gosta de pagar muito as compras (risos), mas fazer compra...
P/1 – E o que você mais gosta de comprar?
R – Ah, eu não ligo muito pra coisa muito supérflua, assim, roupas, essas coisas eu não ligo muito não. O que me dá um pouco de prazer, assim, sempre que eu posso venho aqui em São Paulo na feira do Bexiga, sempre vou visitar. Ó eu voltando nas velharias de novo, né? (risos) Mas eu gosto, às vezes, sempre acho alguma coisa interessante.
P/1 – E você já mencionou que é casado, né? Mas já tem filhos ou não?
R – Não, ainda não.
P/1 – Mas no caso de vir a ter, gostaria de passar esse seu empreendimento pra ele? Gostaria de eles também se dirigissem pra esse tipo de produção e comércio de flores ou não?
R – Olha, eu acho que todo pai, assim, gostaria de ver o filho seguindo o mesmo ramo do pai, desde que ele não tivesse uma decepção, né? Mas isso daí eu quando tiver os meus filhos, vou deixar eles bem a vontade também.
P/1 – Desses anos todos que você tá produzindo as flores e comercializando, que você acha que você mais aprendeu pra sua vida pessoal a partir do comércio?
R – O que eu mais aprendi? Eu acho que, com as flores, é respeitar o ser vivo. Eu acho que é isso daí.
P/1 – E qual que é o seu grande sonho hoje, que você planeja pro seu futuro? Qual que é seu objetivo hoje?
R – O meu objetivo? O meu objetivo é sempre atender muito bem o público e o sonho é ver um país melhor, com uma cultura melhor, o pessoal consumindo mais flores. (risos)
P/1 – Tem algum tópico, alguma questão que a gente não perguntou, a gente não abordou aqui mas que você gostaria de deixar registrado depois? Que você gostaria de falar e que a gente não tenha perguntado?
R – Eu queria deixar uma mensagem pro pessoal se conscientizar mais em questão do meio ambiente, em questão de respeito ao próximo, queria que todo mundo fosse tocado nesse sentido.
P/1 – E o que você achou de ter participado dessa entrevista, de ter contado um pouco da sua história de vida, da sua atividade hoje? Que você achou de ter participado?
R – Olha, eu achei bem legal, uma experiência nova. Eu já tinha participado de outras entrevistas, mas nenhuma parecida com essa e se um dia precisar novamente gostaria de retornar.
P/1 – Então, em nome do SESC São Paulo e do Museu da Pessoa, agradeço a participação, muito obrigado!
R – Brigado eu!
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