Havia chegado o grande dia. Estávamos todos muito ansiosos e felizes para o evento daquela noite, que se assemelhava a uma espécie de ano-novo misturado a um chá-revelação - desses para se descobrir o sexo do bebê. Uma enorme estrutura foi montada com telões e fogos de artifício que tinham como tema o ano de 2022 (O ano estava estampado no telão junto a algumas formas artísticas). As pessoas ficavam juntas dentro de carros aguardando a tão esperada hora. Nesse momento, o cenário parece um daqueles cinemas americanos ao ar livre. Estávamos prestes a descobrir o que seria o ano de 2022; se ainda teríamos pandemia ou não. Chegado o momento da revelação, podemos observar no telão que teremos, ao longo do próximo ano, um total de 6 dias de férias. A decepção é imensa. Ficamos muito frustrados, mas, ao mesmo tempo, não podemos acreditar naquela informação. Afinal, por que teriam montado toda aquela estrutura com direito, inclusive, a fogos de artifício para nos revelar tamanho infortúnio? Após a revelação, todos optamos por acreditar somente na imagem da grande festa que anunciava tempos melhores; ignorando para tanto o número revelado. Apesar de me segurar na esperança de tempos melhores, fico preocupada quando encontro uma multidão nas ruas celebrando e bebendo (todos juntos e sem máscara) já que ainda estamos em 2021.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Acredito que as contradições e a falta de confiança nas informações tenham relação com as condutas arbitrárias que o governo vem adotando e às quais estamos todos sujeitos. Com relação ao cinema, lembro do incêndio na cinemateca em SP ocorrido alguns dias antes e que levou a uma perda importante de arquivos da nossa cultura.