P1- César queria que você falasse para nós, data de nascimento e o local de nascimento.
R- Perfeitamente.
Estou próximo de fazer os 45 anos, nasci dia 14 de outubro de 1954.
Na cidade de Iepê, São Paulo, esta cidade, com certeza, todo mundo conhece.
P1- Você pode falar para a gente um pouquinho dessa cidade?
R- Assim, saí dessa cidade com aproximadamente 8 anos e três a quatro meses.
Essa cidade foi onde comecei a viver, comecei a conhecer o mundo.
Eu morava em uma fazenda que chamava Fazenda Baixada Amarela.
A recordação que tenho de lá, são das melhores por incrível que pareça, apesar de estar naquela oportunidade trabalhando na roça, vivendo na lavoura, mas as pessoas eram completamente diferentes.
Tinha uma vida maravilhosa, evidentemente que não existia todos esses computadores, essas parafernálias do mundo de hoje, mas era maravilhosa.
A fazenda era uma coisa muito boa, gostava de lá, lembro muito bem, dos carros de bois.
Lembro dos cavalos que a gente andava brincando lá.
Enfim, me lembro de tudo.
Era uma cidade, só tenho boas recordações daquele local, daquela cidade na qual eu vivi até os meus 8 anos e três meses.
P1- E você lembra da casa em que você morava? Você consegue descrever ela para nós?
R- Ah, com certeza, me lembro, eram 12 casas.
Uma casa ficava aproximadamente, em distância da outra, mais ou menos 50 metros, eram 12 casas.
Era uma fila, digamos assim, de casas, na frente tinha um campo de futebol.
É na parte de trás das casas tinha uma mata, aquela mata, a gente ia caçar muito ali.
Eu era garotinho, mas naquela época eu já caçava com uma espingarda cartucheira, com 8 anos de idade.
Ali era maravilhoso, fazer uma pescaria, a gente ia pescar de peneira, era muito bom, lembro perfeitamente.
P1- Essas brincadeiras, com quem eram? Eram com irmãos?
P1- César queria que você falasse para nós, data de nascimento e o local de nascimento.
R- Perfeitamente.
Estou próximo de fazer os 45 anos, nasci dia 14 de outubro de 1954.
Na cidade de Iepê, São Paulo, esta cidade, com certeza, todo mundo conhece.
P1- Você pode falar para a gente um pouquinho dessa cidade?
R- Assim, saí dessa cidade com aproximadamente 8 anos e três a quatro meses.
Essa cidade foi onde comecei a viver, comecei a conhecer o mundo.
Eu morava em uma fazenda que chamava Fazenda Baixada Amarela.
A recordação que tenho de lá, são das melhores por incrível que pareça, apesar de estar naquela oportunidade trabalhando na roça, vivendo na lavoura, mas as pessoas eram completamente diferentes.
Tinha uma vida maravilhosa, evidentemente que não existia todos esses computadores, essas parafernálias do mundo de hoje, mas era maravilhosa.
A fazenda era uma coisa muito boa, gostava de lá, lembro muito bem, dos carros de bois.
Lembro dos cavalos que a gente andava brincando lá.
Enfim, me lembro de tudo.
Era uma cidade, só tenho boas recordações daquele local, daquela cidade na qual eu vivi até os meus 8 anos e três meses.
P1- E você lembra da casa em que você morava? Você consegue descrever ela para nós?
R- Ah, com certeza, me lembro, eram 12 casas.
Uma casa ficava aproximadamente, em distância da outra, mais ou menos 50 metros, eram 12 casas.
Era uma fila, digamos assim, de casas, na frente tinha um campo de futebol.
É na parte de trás das casas tinha uma mata, aquela mata, a gente ia caçar muito ali.
Eu era garotinho, mas naquela época eu já caçava com uma espingarda cartucheira, com 8 anos de idade.
Ali era maravilhoso, fazer uma pescaria, a gente ia pescar de peneira, era muito bom, lembro perfeitamente.
P1- Essas brincadeiras, com quem eram? Eram com irmãos?
R- Ah, por ser o filho mais velho eu brincava com meus tios, meus tios.
Porque meus tios, são tios e primos meus.
Meu avô tinha poucos filhos, ele teve duas esposas, ele teve 34 filhos, da primeira 16 filhos, da segunda 18.
Hoje ele tem se não morreu mais ninguém aí, deve ter 22 filhos, que estão com vida.
Meu avô tem 97 anos de idade, o qual mora em Ibiporã, no Paraná, então quer dizer, o que não faltavam eram pessoas para brincar, garotada tinha muitos.
P1- Essa casa onde vocês moravam era na cidade, na fazenda?
R- Não, essa casa era na fazenda, essa fazenda chamava Baixada Amarela.
Era do Isidoro Batista e tinha o outro, que era uma outra fazenda, que era junto, era Altino Severo Lins.
Me lembro perfeitamente, essas pessoas eram maravilhosas com nós.
P1- E você ia bastante à cidade? Ou ela.
.
.
R- Ah, ia bastante.
Não sei o que você quer dizer com bastante, cada 15 dias ia para a cidade, 8 quilômetros a pé.
P1- 8 quilômetros a pé? E quando ia para a cidade, você ia fazer o quê? Você ia a trabalho ou a passeio?
R- Não, acontece o seguinte.
A gente ia lá para a cidade, então precisaria comprar carne - carne que eu digo é carne-de-sol.
O pessoal chama aqui de jabá, sei lá, carne-de-sol, senão ia comprar óleo.
Era raro, mas a gente ia, senão meu pai ia comprar cachaça para ele, comprar cachaça.
É, em véspera, em tempo de natal, festa, ia comprar garrafão de vinho, as coisas que seriam supérfluas para aquela oportunidade então.
P1- Você gostava desses passeios? Quer dizer, quando você ia à cidade, você gostava?
R- Ah, com certeza, principalmente quando pegava uma carona, era maravilhoso.
Os passeios eram excelentes, porque nem sempre tinha, não tinha, acho que tinham duas carroças.
Você sabe carroça, tinham duas carroças, quando acontecia das pessoas iam para a cidade, eles davam às vezes uma carona para a gente.
Às vezes, muito, a gente ia a pé, era maravilhoso.
Para a gente 8 quilômetros era como se andasse 50 metros hoje.
P1- Mas você ficou lá até os 8 anos?
R- Até os 8 anos e quatro meses aproximadamente.
P1- Depois você foi para?
R- Depois que eu saí da Fazenda Baixada Amarela, que era município de Iepê, estado de São Paulo e fui morar em Ibiporã.
Ibiporã, estado do Paraná.
Nós fomos atrás de novas oportunidades, fomos morar em Ibiporã.
Também em uma fazenda, a qual chamava Água da Estiva.
Lá nós ficamos, tinha aproximadamente 14 anos de idade, trabalhando na lavoura também, como sempre.
P1- Você quando morou lá, foi só com seus pais e irmãos, ou mais pessoas da família também foram?
R- Eu morava com meus pais, toda a minha família, mas lá tinha toda a nossa família.
Toda a expressão, certo? Tinha mais ou menos 50 pessoas, evidentemente cada um na sua casa, tinha meus avós, meus tios, os quais encontram-se até hoje naquela cidade.
P1- Então quando vocês saíram Iepê?
R- Iepê.
P1- Você, a sua família também, seus tios, primo,s eles foram também para Ibiporã?
R- Ah, exatamente.
Quando nós saímos de Iepê, 80 a 90% de toda a minha família foram morar em Ibiporã, porque lá tinha que arrendar a terra, arrendar terra.
Então cada um arrendou um pedaço de terra e fomos morar em uma fazenda.
P1- Nessa época você já, quer dizer, começou seus estudos aonde? Começou a estudar?
R- Ah, comecei meus estudos, tinha em torno de 9 anos de idade.
Quando comecei a fazer meu primário.
P1- Que foi então em?
R- Foi então em Ibiporã, colégio chamado Vicente Machado.
Um colégio é um grupo escolar chamado Vicente Machado, aí a minha quarta série.
Parei porque já era mais que suficiente para você morar no interior, sendo pessoa pobre, digamos assim, já era mais que o suficiente, o importante era saber ler e escrever.
P1- Desse período que você morava com seus pais, você tem alguma lembrança.
Como eram feitas as refeições? A família toda, como que era?
R- Ah, isso lembro perfeitamente, as refeições tinha horário para começar.
Então a gente ia, não tinha café da manhã, esse negócio de pão com manteiga, essas coisas, não existia.
De manhã você tomava um copo de café com leite, depois, quando era em torno de 6 e meia, 7 horas da manhã, tá? Porque 7 horas, 7: 15 se eu não me engano, já tinha que começar a trabalhar.
Depois 9 horas era o almoço.
Depois, em torno de 1 hora da tarde, tinha um café que eles falavam, um lanche.
A gente comia mandioca, era um outro almoço.
A tarde 17, 18 horas, o jantar, não passava disso, ali era onde reunia.
Teria que, as pessoas normalmente, finados meus pais, sempre nos ensinaram que a gente teria que rezar.
Ajoelhar, o nome do pai, fazia uma oração e pedia para que nos ajudassem e etecetera.
P1- Então, sempre antes das refeições vocês faziam uma oração?
R- Ah, com certeza, isso não podia esquecer de maneira nenhuma, porque era praxe.
P1- Como que era a, seu pai trabalhava na lavoura, você o ajudava na verdade?
R- Então, é, arrendávamos, um alqueire.
3, 4 alqueires de terra, quando dava sorte.
Chovia dentro dos limites, a gente ganhava alguma coisa, mas isso muito pouco e para complementar as rendas, a alimentação, a gente teria que trabalhar por dia para os marajás, daquela oportunidade lá.
P1- Você ficou até os 14 anos em Ibiporã?
R- Exatamente, até os 14 anos fiquei em Ibiporã.
P1- Trabalhando com a lavoura.
R- Trabalhando com lavoura.
P1- Depois você foi para onde?
R- Então, saí de Ibiporã porque então faleceu a minha mãe.
Com 14 anos, sendo o filho mais velho de 8 irmãos e passando necessidade, não fome, tá? Para ficar bem claro, isso.
Nunca passamos fome na vida, mas sim necessidade.
Aí resolvi, veio um primo meu, que estava aqui em São Paulo, trabalhava como carteiro em São Paulo.
Ele ia lá, eu achava bonito aquele uniforme de carteiro e ele falava.
A gente resolveu, falei com meu pai, ele falou: “Ah, está.
” Aí minha mãe faleceu, eu vim embora para São Paulo, vim direto para a Vila Madalena a qual estou até hoje.
P1- Conta um pouquinho para a gente quando você chegou aqui em São Paulo, menino de 14 anos, como que foi essa experiência?
R- Ah, me lembro perfeitamente.
Nós estamos aí, chegando no ano 2000, isto era em 69 para 70.
Então, lembro que só não me lembro realmente o mês que vim para cá.
Eu vim de trem, tomei um trem, o meu pai com toda, foi lá um aparato de pessoas, colocaram eu num trem lá em Ibiporã.
Eu tinha duas calças, né, duas calças de ames- não sei se alguém de vocês conhecem o que é ames, é um, parecia um encerado.
Duas calças e duas camisas e uma botina.
Realmente me lembro muito bem disso, além do dinheiro da passagem, ou melhor, a passagem já estava comprada.
Me deu, acho que nos dias de hoje, mais dois ou três reais.
Colocaram-me no trem e vim embora para São Paulo, porque tinha um tio meu que morava em Pinheiros.
Na rua Miguel Isasa, hoje Faria Lima, a Nova Faria Lima, tinha um restaurante chamado Rainha do Mar.
Aí cheguei na rodoviária, nem imaginava o que era São Paulo.
Fiquei, sempre fui um menino, não esperto, mas muito curioso.
Cheguei é só: “chega lá em São Paulo, você vai procurar uma polícia e vai tomar um ônibus.
” Aí me deram o endereço, e tal, cheguei na estação Júlio Prestes.
Desci lá do trem, já fui direto falar com o guarda, o vigilante que fica na estação ali.
Perguntei qual que é o ônibus que ia para Pinheiros, mostrei um papel o qual carregava na mão.
Ele pegou gentilmente, expliquei toda a situação, porque já tinha o tipo de uma cartinha na mão.
Ele gentilmente saiu da estação, me lembro como se fosse hoje isso.
Hoje, eu com 44 anos, próximo aí dos 45.
Ele me pegou, levou no ponto de ônibus na Avenida Cásper Líbero.
Tinha um ponto de ônibus, Pinheiros, me levou no ponto, me colocou eu dentro do ônibus, falou com o motorista.
Tomei o ônibus, aíaconteceu um fato muito interessante na minha vida: o trânsito era diferente de hoje, acho que depois de meia hora ou vinte minutos, não sei, nós chegamos na rua Miguel Isasa - a Nova Faria Lima - tinha então o mercado ainda, o mercado municipal, antigo que hoje mudou.
Desci na rua Miguel Isasa, o rapaz, o motorista parou e falou: “Ó meu filho, essa aqui é a rua que você vai.
” Só que eu ia no número 426 da rua Miguel Isasa.
Quê que aconteceu? Eu, ele falou, mostrou a rua, desci do ônibus, peguei a rua e tal.
Vim até o final da rua, não achei o número, falei: “bom.
”, coloquei uma coisa na minha cabeça.
“Vou ter que retornar lá onde eu desci do ônibus.
” Andei aí, acho que essa rua tinha aproximadamente 1 quilômetro, fui até o final da rua e não achei o número.
Voltei aonde tinha descido do ônibus, me lembro que tinha uma joalheria, um japonês que ele chamava Tanaka.
Não vou esquecer também, esse japonês também é muito legal.
Aí cheguei para o japonês e perguntei para ele.
Falei: “moço por favor.
Eu quero ir nesse endereço.
” Eu falei: “nessa rua, nesse endereço.
” Ele falou: “olha meu filho, a rua é essa e aonde você vai é aquele restaurante chamado a Rainha do Mar.
” Mostrou para o outro lado da rua.
Aí falei: “muito obrigado.
”, não sabia que a rua, pensei que de um lado era uma rua e de outro lado era outra e ele me levou então no lugar certo.
Me levou lá no restaurante e me apresentou e ninguém me conhecia.
Inclusive meu tio, sabe, me conhecia por foto.
Cheguei lá, quem era dono daquele restaurante era José Vargas.
Uma das famílias tradicionais daqui de Pinheiros, que era o dono do restaurante.
Chegou lá, mandou chamar meu tio, meu tio era garçom especialista em batidas.
Muito conhecido aí em Pinheiros.
Me apresentou, me lembro que era uma quarta-feira.
Nunca, jamais vou me esquecer disso daí, não sei o quê, “Meu sobrinho, tal.
”, vamos almoçar.
Só que era um restaurante chique para aquela época, muito chique o restaurante.
Aconteceu uma coisa muito engraçada, era dia de feijoada.
“Então vamos comer feijoada.
” Imagina que ia lá saber o que era feijoada, aí colocaram, lembro que tinha os pãezinhos.
Colocaram os pratos, os talheres, completos e tinham aquelas, tabletinhos de manteiga.
E falou: “Ó, vamos comer, e tal.
” Imagina, então eu falei: “me dá uma colher.
” Ele falou: “Não.
Não é com colher, garfo e faca na mão.
” E para cortar o pão com manteiga? Então o que eu fiz, em vez de cortar o pãozinho assim, fui e o fatiei.
Falei: “me dá uma tubaína.
”, ele falou: “espera aí, aqui não tem isso daí.
” Me mandaram tomar uma Coca-Cola e foi uma coisa assim, muito engraçado.
Uma coisa que jamais vou esquecer isso daí, então, o quê que ia fazer em São Paulo? Imagina, o menino chega do interior, naquelas condições, para mim eu estava no céu.
“Bom então vamos, você vai trabalhar aonde?” Como era menor de idade eles resolveram mandar eu, trabalhar de ajudante de cozinha, ajudar a lavar os pratos, aquelas coisas.
Para mim estava excelente, porque tinha que comer.
Comia do bom e do melhor.
Aí foi, tal, comecei a trabalhar, depois chegou o outro dia, comecei a trabalhar e minha tia, meu tio, moravam aqui na Vila Madalena também.
Ali com a Vila Beatriz, na rua Isabel de Castela.
Fui lá, eu tinha minhas primas, umas meninas muito bonitas, minha tia bonita.
Bonita digo, por quê, eu era acostumado lá no meio do mato.
As pessoas completamente diferentes.
Ah, imagina, para mim era a maior vergonha que tinha.
Não atravessava a rua de maneira nenhuma, tinha que pegar, minhas primas pegavam na minha mão, eu ficava tremendo.
Como que vou atravessar uma rua.
Vem carro, vai me atropelar.
P1- Até aí você, realmente ia te perguntar.
Quando você chegou aqui, quer dizer, a primeira vez que você desceu na estação.
É, qual é o impacto que isso causou? Como que foi isso?
R- Bom, o impacto que causou o seguinte, fiquei nos três primeiros meses, chorava todos os dias.
Todos os dias chorava, queria voltar, queria voltar para Ibiporã.
Eu não queria ficar aqui em São Paulo, apesar de ter o que comer, apesar das roupas novas que me deram, mas queria voltar.
Eu aqui pensei que fosse o fim do mundo, pensei que nunca mais fosse voltar, aqui me senti, ah não sabia o que fazer, não tinha condições de andar para lugar nenhum, só via gente, casa, carro essas coisas, não era acostumado com isso daí.
Eu chorava realmente, todos os dias, durante três meses.
Depois aí fui me adaptando, adaptando, aí.
P1- E logo que você chegou estava morando com seus tios?
R- Fui morar com meus tios, imagina, tinha 14 anos de idade.
Tinha que morar com meus tios, fui morar e trabalhava com eles.
P1- E como que foi estar em uma família grande, com os irmãos, tios e primos, que você falou, numa cidade, na fazenda.
Depois estar aqui em uma casa onde você não conhecia as pessoas?
R- Veja bem, eu vim para São Paulo sozinho, vim sozinho para São Paulo.
P1- Então?
R- Aí, o que aconteceu? Após um ano, eu acho que falei para vocês que minha mãe tinha falecido.
Minha mãe faleceu em 1968, ai vim para cá sozinho, depois de um ano eu não agüentava mais de saudade do meu pai e dos meus irmãos.
Acertaram aquele negócio, já estava saindo, ganhava algum dinheiro aqui e o que eu ganhava era simplesmente dez vezes do que ganhava no interior.
Meu pai resolveu vir para São Paulo, onde veio o problema, veio o meu pai com mais 7 irmãos, eles eram muito unidos como somos até hoje.
Exceção de meu pai e minha mãe que faleceram, meu pai veio para São Paulo e não tinha onde morar.
Não tinha condições de pagar um aluguel aqui em Pinheiros, foi chamar numa cidadezinha chamada Francisco Morato.
Fica próximo a Franco da Rocha, meu pai ia trabalhar, ia trabalhar como faxineiro.
Nesse mesmo restaurante, do qual iniciei a minha vida aqui em São Paulo, mas, sabe o que aconteceu? Meu pai precisava do negócio do documento, da identidade.
Não tinha nada disso, nada, nada, nada, nada.
Meu pai tinha registro de nascimento, como eu também.
Tiraram a identidade do meu pai, carteira profissional, nem sabia o que era isso.
No dia que meu pai ia começar a trabalhar, deu infarto, com 34 anos meu pai faleceu.
Aí meu pai estava indo para Franco da Rocha, Francisco Morato, que lá do lado de Franco da Rocha.
Estava indo, aí ligaram, ou alguém e falou: “Ó, seu pai morreu.
Caiu do trem e morreu.
” Na realidade deu um infarto nele, um derrame cerebral e faleceu.
Ficamos sem mãe, sem pai.
8 irmãos, eu sendo o filho mais velho, naquela oportunidade eu tinha 15 anos de idade.
P1- E aí, como que você conseguiu?
R- Aí começaram problemas.
Vieram e começaram os problemas com 15 anos de idade.
Um irmão meu, chamado Sidnei, o mais novo, ficou no Paraná.
O Sidnei ficou no Paraná, morando na roça.
Então tinha uma irmã, ela tinha 2 anos de idade já nessa oportunidade ela tinha 2 anos de idade.
Só dois anos de idade, aí nós fomos, dividimos.
Aí, com esse tio meu, ficou eu e o Jorge na Vila Maria, tinha uma tia, ficou a Cecília, a Nilda, aqui, na Vila Madalena, também ficou com a dona Mafalda, ficou a minha irmã.
Ela tinha então, mais ou menos, acho que 13 anos de idade.
Trabalhando como empregada doméstica, na casa da dona Mafalda, ficou a minha irmã lá em Francisco Morato, ficaram a Cila, a Maria Cecília e o Osmar.
Lá em Francisco Morato dividiu a família, começou a vida, as guerras e os problemas.
P1- Os problemas?
R- É, começaram os problemas.
Por quê? Então já tinha meus.
Vamos dar uma resumida, está certo? Então já tinha maus 15, 16 anos de idade, aproximadamente.
Já tinha passado um ano e meio, dois anos de idade, tinha 17 anos de idade, não me lembro agora.
Saí do restaurante Rainha do Mar, porque teve problema.
Começaram os problemas, as cobranças, fizeram o favor para nós, meus parentes, meus tios, fizeram favor para nós, só que depois começaram a cobrar.
P1- Hum.
R- Começaram a me cobrar.
Cobrar o quê? Dinheiro.
Queria dinheiro, meu tio, Abdias, queria dinheiro e eu não tinha dinheiro.
Tinha dinheiro assim, mas só que o meu pensamento era um.
Falei: “bom.
”, tinha que colocar meus irmãos todos em uma casa.
Queria ficar junto com meus irmãos, para mim dar o dinheiro para os meus, para o meu tio, eu, não sobrava nada.
Então ele achava, por exemplo, eu trabalhava, esqueci outro detalhe aí.
Trabalhava em um outro restaurante, só que essa pessoa me ajudava muito.
, ajudava muito.
Chamava Diva, a esposa do rapaz, não me lembro o nome do dono do restaurante.
A esposa dele chamava Diva, uma moça muito simpática, gostava de mim muito.
Então trabalhava, ganhava caixinha, tinha o salário.
Não sei quanto, mas digamos que fosse hoje, 500 reais, foi pouco, mas sei lá.
Então pegava aquele dinheiro, guardava, começava a guardar e meu tio começou me cobrar.
P1- O tio que você está se referindo é onde você morava?
R- O tio, o qual me acolheu quando vim do Paraná.
Só que aí, ele também tinha os problemas dele, os problemas de família dele lá.
Ele começou a me cobrar, fazer certas cobranças de dinheiro.
“Há, você tem que dar tanto.
”, não podia dar.
Porque já era mocinho e não tinha ninguém, então tinha que dar dinheiro para ele.
E comecei, aí arrumei um amigo, uma pessoa lá.
Saí daqui de Pinheiros, fui trabalhar na avenida Paulista em um restaurante, em uma lanchonete chamada Quinta Avenida.
Lá eu conheci o gerente do Banco Itaú, esse cara me adotou.
Quando eu digo adotou, não é que me levou de minha casa, ele conversa, ele ia lá tomar uísque, tomar Chopp, não sei quê, almoçar.
Ele gostava muito de mim, começou a me conhecer, um dia ele falou para mim: “eu vou abrir uma conta no banco para você.
” Eu não tinha ninguém que pudesse assinar por mim, foi e abriu uma conta no Banco Itaú para mim.
Ele assinou como responsável, daí para frente, as coisas foram mudando.
P1- Você falou que você guardava o dinheiro.
Só que essa é a primeira vez que você abre uma conta.
Como você guardava o dinheiro?
R- Eu colocava o dinheiro no banco.
Simples.
Colocava o dinheiro no banco.
E não falava para ninguém que eu estava guardando 30 reais ou dez reais por mês.
P1- Mas então isso quando você tinha a conta.
Antes de você ter a conta, você?
R- Não, antes de ter conta, não tinha dinheiro, porque esse dinheiro é que comecei a perceber, comecei a acordar: meu tio pegava todo o dinheiro, recebia o salário, o dinheiro esta aí.
Só que comecei a crescer, eu falei: “não.
Espera aí.
Como eu vou dar todo o dinheiro e meus irmãos? E aí, nós vamos ficar sempre morando um aqui e outro lá?” Tinha que juntar as pessoas, juntar meus irmãos e eu comecei a guardar esse dinheiro.
Teve vários problemas, muitos problemas.
Teve o Henrique, outra pessoa também que ajudamos nós no início, porque tinha outro interesse.
Hoje com certeza sei por que que eles fizeram aquilo, tinha um outro interesse, falou: “vai trabalhar lá, vai ganhar, vai me dar dinheiro, está tudo bem.
” Entendeu? Só que aí comecei a acordar.
Algumas pessoas começaram a me alertar, falou: “olha, não é bem assim, você precisa ter a sua vida, já está crescendo.
” Aí essa pessoa, inclusive faleceu, essa pessoa também.
Me ajudou muito também em uma época.
Só que depois ele, na realidade eles ajudavam, mas estavam querendo dinheiro, estavam aproveitando da ingenuidade nossa.
Minha irmã trabalhava como empregada doméstica, nada contra, hoje tenho empregada na minha casa.
A qual é tratada a pão de ló, está certo? As pessoas começaram a aproveitar de nós.
Fui acordando, reunindo, arrumando dinheiro, é o que falei para você.
Se for contar a minha vida toda, você vai ficar no mínimo, com certeza, sem exagerar, nós vamos ficar uns dois dias aqui conversando.
Então, estou aí com 17 anos de idade, tá?
P1- Então, com 17 anos você abre uma conta.
Aí começa a guardar esse dinheiro você consegue o que você queria? Quer dizer, você consegue se unir com os irmãos?
R- Isto acontece o seguinte, era menor de idade, ainda e sempre esse problema de menor de idade, precisa algumas pessoas.
.
.
P1- Autorizar.
R- Autorizar esse gerente de banco que não me lembro do nome, não me lembro realmente o nome dessa pessoa.
Ele então, arrumando o dinheiro, guardando dinheiro, guardando dinheiro, me arrumou para mim alugar uma casa aqui na Vila Beatriz.
Ele foi o avalista, digamos assim, acho que é isto.
Ele foi o avalista, eu aluguei uma casa na Vila Beatriz, não dava para colocar 8 irmãos, 7, porque um estava lá no Paraná, que era o Sidnei.
Aí veio morar eu, a Nilda, o Osmar e o Jorge, 4.
P1- Que eram os mais velhos?
R- Intermediários, a minha irmã continuava com a dona Mafalda.
P1- Ah sim.
R- Porque é um homem, uma mulher, um homem, uma mulher, foi assim que foi feito o negócio.
Aí aluguei essa casa, então estava com essa idade de 17 anos, aluguei essa casa.
Trouxe esses irmãos.
Nessa oportunidade foi onde que acordei mais ainda, porque quando eu arrumei essa casa, não falei nada para ninguém.
Quando arrumei essa casa, fui lá em Francisco Morato na casa do seu Henrique, buscar a Nilda, minha irmã.
Quando eu cheguei lá, ele falou: “Sua irmã está aí.
Só que para sua irmã sair daqui, você vai ter que dar X reais.
” X cruzeiros, que eu não me lembro hoje quanto é.
“Você vai ter que dar X reais.
” Falei: “Mas, como que eu vou te dar esse dinheiro?” Porque ele descobriu que tinha um dinheiro guardado, não sei quanto era, não sei se era mil reais, dois mil reais, digamos assim.
Não sei quanto era.
“você vai tirar sua irmã, só que você tem que pagar X.
” Só que não era mais tão ingênuo, não era mais tão ingênuo, falei: “mas como que pode uma coisa dessas?” Ele falou: “não você tem que pagar esse dinheiro, para você ter que te essa tua irmã ficou todo esse tempo aqui.
” Porque aí ele sabia que tinha dinheiro e ele, eu não vou dizer que ele era uma pessoa má só que ele era vagabundo, não gostava de trabalhar.
Ele aproveitava das pessoas.
Digamos, entendeu, sou esperto, venho aqui, contrato vocês, vocês fazem para mim, então numa boa.
O que aconteceu? Eu falei: “Ah, está bom.
” Só que tinha o talão de cheque, na hora, não vou dizer para você que usei de malandragem, mas sim, falei: “então está bom, eu vou pagar a você.
Quanto é?” Aí ele me falou lá.
“Um real.
” Não sei, não me lembro quanto foi, peguei, na hora fiz um cheque e ao invés de fazer a assinatura, escrevi meu nome.
E direto isso era no final de semana, no sábado, pegou o cheque, ficou com o cheque para vir descontar, na Avenida Paulista.
Eu vim direto na segunda-feira de manhã, fui lá e falei com o homem lá, o gerente, falei: “Ó, aconteceu isso.
Tive que dar senão não podia trazer minha irmã.
” Ele falou: “Não tem problema.
” Ah, não deu outra, bateu o cheque e voltou.
Não sem fundo, voltou assinatura irregular, não sei o quê.
Não sei o quê que ele fez lá.
Aí, o homem queria me matar, ficou louco, não porque pegou o dinheiro e gastou tudo por conta.
Contando que tinha que pagar em dinheiro, só que eu não ia dar o dinheiro mesmo.
Porque o dinheiro já estava, era o negócio da casa, que tinha feito o negócio, porque se ele estava me ajudando, ajuda é uma coisa.
Então se ele não ajuda, então fala: “Eu vou te fazer isso, só que você vai pagar.
” Não.
Ajudou minha irmã lá, minha irmã trabalhava também.
Então eles teriam que pagar a minha irmã, que ela também trabalhava, esse pessoal não era parente nosso e sim um amigo da minha tia, do meu tio.
Aí.
.
.
P1- Não, pode continuar.
R- Aí que aconteceu? Veio lá falou, foi no banco, chegou não tinha dinheiro.
Falou: “não tem dinheiro.
” Aí eu falei: “falei para você que não tinha dinheiro.
” Eu lembro, falei: “eu não tinha dinheiro.
” Tinha que dar o cheque.
“É, mas você deu o cheque, não sei.
” Aí me ameaçou, não sei o quê, só não podia fazer nada, eu era menor de idade, meus irmãos todos menores, o que ele ia fazer? Só que as minhas irmãs já estavam morando comigo, tinha esses 4 estavam morando comigo.
P1- E eles também estavam, trabalhavam?
R- Não, meus irmãos todos trabalhavam.
Tudo empregada doméstica, meu irmão trabalhava no, tinha um supermercado chamava: Yaohan.
Aqui na Pedroso de Morais, na Cunha Gago, meu irmão trabalhava lá.
Ih! Meu irmão trabalhou dez anos, todo mundo trabalhava, alguém fazia alguma coisa.
Todo mundo trabalhava, menos as pequenininhas que não tinha como trabalhar.
P1- Mesmo essas que com certeza estavam na casa de outras pessoas?
R- Essas estavam na casa de outra tia, a qual também já faleceu, mas essa tudo bem.
Era, foi tratado tranquilo como filho até certa idade.
Depois nós juntamos todos, eu separei dos meus irmãos, porque a minha irmã casou.
Ficamos outros, aluguei uma casa para outros, arrumei uma namorada - eu só tive uma namorada na vida.
Namorada só tive uma: a minha esposa até hoje, a qual devo muito a ela.
P1- Então conta um pouquinho para nós, quando você conheceu, porque tinha uma responsabilidade enorme que era ser chefe de uma família e você conheceu a pessoa que tinha de alguma forma também assumir essa responsabilidade com você.
Conta um pouquinho para a gente.
R- Espera aí, eu falei muita coisa.
Vamos lá, eu conheci uma pessoa, conheci a Marisa.
Então a Marisa tinha 13, 14 anos de idade, minha esposa tinha 14 anos de idade.
Vocês, acho que devem conhecer a minha esposa, tinha 14 anos de idade, eu trabalhava isso já passados alguns anos já.
Eu tinha, acho que 18 anos, conheci a Marisa ela tinha 14 anos de idade, menina bonita, filha de italiano, bem de vida.
Família tradicional de Pinheiros e eu trabalhava de garçom em um restaurante que não era mais Rainha do Mar e sim, César o Imperador das Batidas – porque eles mudaram, como eles chamavam de César, colocaram o nome no negócio, do restaurante, com esse nome.
A Marisa ia lá como o pai dela, o seu Durval, é falecido.
Com a minha sogra, está viva, dona Oneide la Ros e vocês devem conhecer os la Ros.
Era da autoescola São Caetano, eles frequentavam aquele restaurante, lá tinha uma pista de dança, familiar, aquele negócio familiar e essa menina, Marisa trabalhava no cartório, já, no tabelião Vampré .
Ela Trabalhou dez anos lá.
Ela foi e se engraçou comigo, sempre ia lá, o garçom e deixava o bilhete embaixo da toalha.
Aí olhava e falava: “É brincadeira, imagina.
Essa menina, você acha que ela vai querer um Zé Mané, como eles falam aí.
" Eu falei, ela não vai querer.
Só que, ela por dentro gostava de mim, como gosta até hoje e eu tenho muito orgulho disso.
Aí, o que aconteceu? Teve o problema da família outra vez, os tios da minha esposa, alguns, não todos.
Não todos, tá? Irmãos, tudo.
“Imagina que você vai namorar com um peão de obra.
” Falavam desse jeito.
“como é que você vai namorar, vai casar com um peão de obra”, nessa por nada, só tinha ainda o primário e todo mundo falava.
“Você imagina que esse rapaz que é peão de obra, não sei o quê, não sei o que, não sei o quê.
” Bom, resumindo, parei de trabalhar no restaurante e comecei fazer ginásio.
Fui trabalhar na Gomes de Almeida Fernandez, uma empresa de construtora.
Só que trabalhar como auxiliar administrativo, auxiliar administrativo da empresa.
Minha vida, deu 360 graus, eu tinha 18 anos de idade.
Aí já, 18 anos, já era um homem, certo? Um homem formado.
Aí comecei a trabalhar na Gomes de Almeida Fernandez, trabalhei um ano na Gomes de Almeida Fernandez lá na rua Boa Vista, no centro.
Só que, aí é que falei para você, tive muita sorte.
O engenheiro Maurício, que era um argentino e o José Carlos, eles gostavam demais de mim, gostavam demais de mim.
Aí pegaram e começaram a me dar força.
“Você faz isso, faz aquilo.
” E comecei a ganhar dinheiro, ganhar dinheiro, porque ganhava, então, vai ganhava 2 mil reais por mês.
Só para mim, solteiro era o suficiente.
Aí, dava dinheiro para minha irmã, não sei o quê, presente para a Marisa.
Comecei a ganhar dinheiro com isso daí, trabalhei 2 anos.
Comprei um carro.
Aí que fui para o Paraná, comprei um carro.
Eu tinha um Chevette.
DT 2702, a placa do carro.
Comprei esse carro, fui lá para o Paraná, aí a minha vida daí para a frente.
P1- Mas você voltou para o Paraná, você não morou lá?
R- Não, nunca mais morei no Paraná e não tenho um pingo vontade de morar no Paraná.
P2- Foi buscar seu irmão caçula?
R- Então, aí meu irmão, trouxemos o Sidnei aqui para São Paulo também.
Aí tem muita coisa para falar, muita coisa.
P1- Quantos anos tinha seu irmão nesse momento?
R- Aí então, bom, não sei.
Acho que irmão, meu irmão agora tem 30 anos.
Meu irmão acho que tinha uns 9, 10 anos de idade.
P1- Lá ele tinha ficado também com uma da família?
R- Ficou lá com um tio meu.
Minha tia Josefa, ficou lá com eles no interior.
Começamos aquela coisa de irmão, eles não queriam deixar mais vir para cá, porque não tinha pai, não tinha mãe, não sei o quê.
Conseguimos, viemos para cá, está todo mundo aí, mora todo mundo aqui.
A exceção de uma que foi morar em Minas agora.
P1- Mas conta então, você conheceu a Marisa, deixava os bilhetinhos.
.
.
R- Bom, aí conheci a Marisa, então ninguém, imagina que não podia namorar aquela moça, Marisa, namorar a Marisa Angiate, José, o filho do César, namorar a Marisa Angiate.
Ma nem pensar, ninguém queria que eu namorasse ela, o irmão dela, Edson, hoje delegado, meu amigo, tá? Mas nunca, tinha que falar para alguém, a Marisa estudava em um colégio particular, no Santa Luzia.
Então trabalhava de manhã, daí vinha encontrar com ela para ir ao cinema, ela tinha que matar aula.
Como que eu ia fazer? Não sei, ninguém, imagina, alguém visse a Marisa comigo, ia falar: “Olha, sua filha está namorando um peão aí não sei de onde.
” Mas só que Deus é Deus, então comecei a namorar ela e tinha que falar, a minha sogra ficou sabendo que a Marisa gostava de mim, não sei o quê.
Eu tinha que falar para o irmão dela porque eu já era moço.
Eu tinha carro e dinheiro, quando falo dinheiro, tinha dinheiro para mim tomar a cerveja, ela não bebia.
Apesar, que hoje também bebo, mas é.
Então, ela não fumava, eu tinha dinheiro para ir para restaurante, essas coisas e o pessoal não tinha.
Porque eu era independente, não tinha pai, não tinha mãe, não tinha que.
Peguei o irmão dela um dia, não vou esquecer também disso, nós fomos ao restaurante, no negócio da batida, no Rei da Batida, na Cidade Universitária.
Peguei o irmão dela, eu tinha carro, disse que todo mundo queria andar de carro.
Começavam, eles tomavam caipirinha de vodca, sei que vinha grande assim, eu paguei caipirinha para eles e fomos comer camarão no Bora-bora.
Sabe ali na esquina com a Henrique Schaumann, foi onde eu falei para o meu cunhado: “ó, estou namorando a sua irmã.
” O cara não acreditou, porque ele sabia que tinha uma menina que eu gostava, nunca ele ia imaginar que fosse ela.
A irmãzinha dele, sei lá, aí aconteceu.
P1- Mas ele?
R- Não, no começo ficou perplexo, depois: “bom, não sei o quê.
” Os amigos “não sei o quê”.
Só que aí começaram, as coisas começaram a mudar.
Começaram a mudar muito para o meu lado, algumas pessoas, porque, não vamos ficar dando nomes, está certo? Algumas pessoas, família dela que me chamavam de peão de obra, porque na realidade não tenho nada contra peão de obra, eu morei no mato e trabalhei muito com obra e tudo.
Só que quando trabalhava em São Paulo, eles me chamavam de peão de obra porque trabalhava na construtora, eu era auxiliar administrativo.
Só que eles falavam: “é peão de obra, não sei o quê.
”, só que começaram a mudar, as coisas começaram a mudar e mudou muito.
P1- Como que vocês então chegaram.
Porque você teve que superar todos esses problemas.
.
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R- Eu tive que superar.
.
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P1- Mas só que você casou?
R- Casei.
P1- Como que foi, então?
R- Ah! Aí, minha filha, aconteceu muita coisa.
Namorei com a Marisa durante 7 anos.
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Durante 7 anos nós terminamos - são muitas coincidências - nós terminamos 7 vezes.
A última vez que nós terminamos, durante o namoro, ficamos 7 meses separados.
Eu sempre amei a minha esposa, sempre.
E aí nesses, na última vez que nós terminamos: 7 meses sem ver a pessoa, sem conversar.
Aí me lembro de uma música que era do Roberto Carlos, era “Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos”.
Eu adorava essa música, sempre que ouvia essa música eu chorava, lembrava da Marisa.
“Minha Marisa querida, tal.
” e não tinha mais retorno.
Aí ela arrumou um carinha aí e eu queria bater no cara, ia na porta da faculdade, na avenida Liberdade buscar ela.
Ela não queria mais saber então eu desisti.
Desisti e falei: “Ah é.
” Só que falei: “é, então não quer.
Não quer.
Acabou.
Não quero mais saber.
” Aí morreu o assunto, então arrumei outras mulheres, mas sempre na minha cabeça, ela não saia da minha cabeça.
Arrumei várias mulheres, várias, não namoradas.
Eu falei para vocês, tive uma namorada que é minha esposa.
E só que a minha vida começou a melhorar Apesar de que sempre fui um cara.
.
.
Bom, quê que aconteceu? Uma vez eu fui a Francisco Morato com meu irmão Jorge, num aniversário da minha prima.
Fui e arrumei uma menina lá, não sei o quê, tal.
Voltando de Francisco Morato dormi no volante e capotei o carro, meu carro capotou 7 vezes.
Caiu dentro de um rio, estava eu e o Jorge e o Jorge ainda era menor de idade.
Eu era maior, tinha aí 19 anos, capotou o carro, véspera de natal.
Aí o quê aconteceu? Nada com nós, eu perdi o carro, total.
Naquela época não tinha o negócio de seguro.
Sei que eu perdi o, vendi o carro, se valia dez mil eu vendi por 500 reais.
Todo mundo pensou que morreu, não sei o quê.
Na estrada lá, saiu na estrada sem camisa.
Não aconteceu nada, nada, nada com nós.
Aí eu liguei para a Marisa, para a casa dela, porque era única pessoa que tinha telefone.
Então liguei para avisar, não sei se era para avisar minha irmã ou alguma coisa assim que a gente, que eu tinha batido o carro,.
Eu falei que foi culpa dela que na realidade não deixa de ser culpa dela porque não deixa de ser.
Ela sabia que eu era apaixonado por ela e ela por mim só que não estava dando certo.
Problema de família.
Outro é mais bonito, não sei o quê, essas coisas todas.
E aí nos calhou e voltamos.
Meu sogro tinha uma mercearia na rua Delfina, eu comecei a trabalhar no Jóquei Clube.
Olha veja bem, tem muita coisa, entendeu? Que eu falei, não da para falar tudo.
P1- Ah, sim.
R- Aí comecei trabalhar no Jóquei Clube, namorando com a Marisa.
Para você ver como são as coisas eu morava, comecei.
Aí aluguei aqui na Mourato Coelho, perto da Cardeal.
Aluguei um quarto para mim, eu já estava morando sozinho, tá? Aluguei um quarto para mim em uma pensão, o cara chamava Elias, acho que era isso, eu trabalhava no jóquei como pagador, comecei a trabalhar na Companhia de Engenharia de Tráfego.
P1- Isso quando? Qual o ano?
R- Isso em 1976, 1977 comecei trabalhar no Jóquei Clube.
É, em 1976 comecei a trabalhar no Jóquei Clube, eu trabalhava no Jóquei e de vendedor aqui na avenida Rebouças.
Comecei vender panela, o pessoal falava panela, não era panela era master wear.
Eram umas panelas especiais que existiam, vendia aquilo ali e trabalhava no Jóquei.
Só que no Jóquei Clube também me ajudou muito, ganhei muito dinheiro no jóquei, muito dinheiro, porque nunca fui viciado, não jogava.
(PAUSA)
P1- Então voltando.
.
.
R- Então voltando, comecei a trabalhar no Jóquei Clube de São Paulo, como pagador.
Só que eu sempre fui um cara muito extrovertido e as pessoas gostaram muito de mim, gostaram, as pessoas me adoraram no jóquei.
Então eu tinha um rapaz do meu lado, também era pagador, chamava Jaime, ele trabalhava no banco Banespa e no Jóquei Clube também, só que ele era viciado.
Ele queria pegar, corria e não queria saber de pagar, queria jogar nos cavalos e eu não, não jogava.
Então o que acontecia, fazia filinha, fazia filinha no meu caixa só para receber e quem vai receber, vai contente.
Eu ganhava muita caixinha, muita, muito dinheiro.
Além do meu salário ganhava muito dinheiro, só que na pagadoria, ninguém queria trabalhar porque era muita responsabilidade.
Porque como você ganhava, você podia perder muito dinheiro, pagar errado.
Pessoas que te davam puli falsificado.
Puli são uns bilhetinhos.
Para quem não sabe, era uns bilhetinhos, que não era por computação, tinha os bilhetinhos, o cara falsificava e eu dava muita sorte.
Então fazia fila no meu caixa, três meses trabalhando no Jóquei Clube, o que aconteceu? Um cliente pegou e falou: “Ó, eu vou te dar um presente.
” Era dia, mês e ano que eu nasci, dia 14 de Outubro de 1977.
O cara pegou e falou: “faz um jogo para você.
” Eu falei: “eu não jogo, camarada.
” “Eu vou te dar de presente.
Quê que você quer jogar?” Eu falei: “É o beting.
” Falavam um negócio de beting lá.
Falei: “ah, está bom.
” Então ele me deu, dia de hoje 1 real, não mais de que isso.
1 real.
Ele falou: “só que você faz um jogo aí para você.
” Era dia do meu aniversário eu tinha comprado um Volkswagen na Vimave.
Para pagar em 24 vezes, não sei o quê lá e eu dei um sinal de entrada, uma grana, porque bati o carro, perdi o carro.
Depois de um tempo consegui comprar esse outro Volkswagen, zerinho, comprei zero.
Fui lá dei a entrada, tirei o carro, pagava prestação, o pessoal: “ai, vamos festejar.
” Eu falei: “não tenho dinheiro.
Festejar o quê? Não tenho dinheiro.
” O cara pegou e falou: “vamos fazer, faz esse jogo.
Faz um jogo para você.
” Peguei e falei, eu não sabia como jogar, não sabia o que era, só pagava.
Não sabia como funcionava o negócio de jogo, um colega meu chamado Jorge, falou: “ah, vamos jogar então.
Faz o beting.
Fala o nome.
” Eu falei: “Então faz o dia que nasci então, seis cavalos? É.
Então faz aí.
” Aí 14, 1 e 4, mil e novecentos, 1, 9, 5 e 4.
O quê que aconteceu? Ganhamos o beting, resumindo, sozinho no Jóquei Clube, um 1.
467.
000 cruzeiros.
Cruzeiros.
Cruzado?
P1- Acho que era cruzeiro.
R- Cruzeiro ou cruzado?
P2- Cruzeiro.
R- Era 1.
467.
000 cruzados, cruzeiros que seja.
Isso era dinheiro naquela oportunidade para mim, eu e o Jorge, para a gente comprar 14 volkswagen zero.
Era diferente de hoje o negócio, eu tinha um volks zero, que tinha pago, mais ou menos, a metade.
O Jorge, morava no Jardins, também ele era viciado.
Aí o que aconteceu, veio a diretoria do Jóquei Clube, falou: “Bom, esse menino.
Como que ganhou esse dinheiro sozinho.
” Acertamos sozinhos, aquilo foi zebra, todos os negócios dos cavalos, deu tudo zebra.
E acertou e ganhei o dinheiro todo, veio um monte, veio reportagem.
O Jóquei Clube pegou e: “sai daqui.
Você não vai ficar dando entrevista.
”, mas imagina, vou dar entrevista.
Falei: “eu não quero saber.
Eu quero o negócio do dinheiro.
Eu ganhei, aí.
” Só que então, estava pensando que tinha ganho, um exemplo para você, ganhado mil reais.
Ganhado hoje, mil, dois mil reais, não sabia realmente o quê que era aquilo ali.
Os caras falou assim: “acertou o beting.
” Imagina.
Aí, não sei o quê.
Colocaram em uma revista do Jóquei Clube.
“Funcionário do Jóquei Clube ganha beting sozinho, não sei o quê.
”, não deixaram eu colocar a foto, nem nome meu.
Nunca me esqueço disso, não deixaram colocar.
Peguei, quê que aconteceu? Ah, estava brigado com a Marisa.
Estava mais ou menos brigado coma Marisa nessa época, ela morava aqui na Rua Patizal que é uma travessa aqui da rua Harmonia.
Eu saí do jóquei uma hora da manhã, duas horas, era uma hora da manhã.
Não tinha ninguém para compartilhar aquilo, para falar aquilo.
O quê que eu fiz? Eu saí de lá, o meu cunhado também, esse que hoje é delegado, trabalhava comigo no Jóquei Clube.
Só que ele nem, trabalhava noutra coisa, não ficou sabendo.
Eu peguei o carro e vim direto na casa da Marisa.
Cheguei uma hora da manhã.
Tocar a campainha lá.
chamar eles lá.
“Marisa, Marisa, Marisa.
Marisa.
Estou rico, estou rico.
” “Ah, esse cara é louco.
” Foi falaram, falaram que eu era louco.
Não a Marisa, o pessoal.
Aí meu cunhado chegou.
falou: “aí você é louco imagina, ganhar o beting, isso aí é não sei quantos milhões que é.
” Eu falei: “eu ganhei um negócio lá, de um jogo.
Falaram lá que é muito dinheiro.
” Bom, ficou naquele impasse.
No outro dia, ah minha filha! Cheguei no Banco do Brasil, foi que, foi lá no Banco do Brasil, fui no jóquei eles me mandaram ir para o Banco do Brasil.
Pegaram um carro e mandaram eu ir para a avenida Paulista com a rua Augusta, no Banco do Brasil.
Aí, meu amigo, chegou lá o gerente.
P1- Quase que carregou no colo.
R- Quase me carregou no colo, eu conheci o gerente, ele era viciado no Jóquei Clube.
“Meu foi você que acertou.
Você não sabe quanto você ganhou.
” Eles queriam me dar 20% além daquela grana, falei: “não.
Não quero.
” Porque é vender por causa do negócio do imposto de renda, já tinha esses negócios de malandragem.
Eu disse: “não quê, não quero nada disso.
” Abriu a conta lá, não, tinha a conta no Itaú.
Como tenho até hoje, abriram uma conta, dividiu a grana.
Então era 1.
467.
000 cruzeiros como que era lá.
Metade do Jorge, metade para mim, o Jorge era um cara que já um senhor que bebia, não estava nem aí com a vida.
Sei lá o que ele fez.
Sei lá o que ele fez com aquela grana.
E eu? Ah, está legal! Peguei aquela grana, lembro que o finado meu sogro, estava me devendo.
Dia de, acho mais ou menos, porque ele tinha o negócio da mercearia coitado e estava precisando de uma grana, lá.
Devia-me assim uns 500 reais, 1000 reais assim, não sei.
Um negócio assim.
Cheguei fui direto à mercearia dele, e falei: “Ó, o que o senhor me deve está pago.
Não precisa pagar mais nada.
” Falou: “como?” Eu falei: “não, não precisa me dar, está pago.
” Foi o primeiro presente que eu dei para ele.
“Isso aí, esquece está pago.
” Aí fui e comprei uma aliança de brilhante para Marisa.
Você vê, nós estávamos assim.
Comprei uma aliança de brilhante, hoje, custa mais ou menos, não sei, mas uns três ou quatro mil reais, eu acho.
Eu tinha vontade de comprar um aparelho de som, que não tinha, comprei um aparelho de som da Sharp, o 3 em 1.
Não sei se vocês lembram o que era 3 em 1, que falavam, eram uns moveis.
Comprei um aparelho daqueles, só, comprei uma casa e acabei de pagar meu carro.
Comprei uma casa mas financiada lá no Taboão da Serra.
Bom, baba ba, baba ba, baba ba.
Vendi essa casa depois.
Aí o que aconteceu? Fui também, aí me lembro, fui viajar para Águas de Lindóia, fiquei um mês de férias em Águas de Lindóia.
Só tomando scotch e cervejinha.
Ah.
É mole! Só lá, numa boa! Aí tal, nadar, nadar.
Comecei a trabalhar na CET.
Entrei na CET como escriturário 20 anos atrás, não, comecei a trabalhar no DSV.
Comecei a trabalhar como motorista no DSV, mas é que era um bico para mim.
Era tipo de um bico, arrumei um bico no DSV.
Do DSV passei para a CET fiz a prova, no caso a inscrição e passei para o CET.
Hoje, falei, passei a supervisor de sinal de transito só na CET.
Estou até hoje lá, agora nesse meio tempo aconteceram muitas coisas.
Hoje trabalhei, casamos, essas coisas todas, festa, aquelas coisas lá.
P3- Conta como foi o seu casamento?
R- Ah, meu casamento foi na igreja do Calvário.
Eu tinha um amigo meu, ele me arrumou um motorista, mandou um motorista com um Galaxie.
O Galaxie era carro tipo Mercedes hoje, então naquela oportunidade, para levar nós para a igreja do Calvário.
Teve muita gente, muitas pessoas, principalmente por parte da família da minha esposa.
Porque da minha família não tinha quase ninguém, eram só meus irmãos praticamente que tinha ali e alguns tios meus.
O resto tudo da família deles lá, nós fomos para a igreja do Calvário.
Depois veio embora de Galaxie lá para a rua patizal.
Aquelas coisas todas, uma pompa, foi para Águas de Lindóia.
Fiquei 29 dias em Águas de Lindóia também, no Hotel Mantovani, do bom e do melhor.
Cheguei olha, veja como é que são as coisas.
Meu casamento foi maravilhoso, ui para Águas de Lindóia, começou a minha vida a mudar muito.
Tinha muita.
Cheguei em Águas de Lindóia, de cara ganhei um bingo.
Fizeram um bingo lá eu ganhei.
Aí era, porque casei dia 12 de outubro, vai fazer 20 anos agora, tá? Dia 14 é meu aniversário, aí no dia do meu aniversário fizeram um bolo, lá.
No negócio que a gente estava passando a lua de mel ganhei no grande, não, aqui em São Paulo no Hilton Hotel.
Eu fiquei a primeira noite de núpcias, aquele negócio lá.
Ganhei uma estadia na suíte presidencial.
Suíte presidencial do Hilton Hotel.
Esse menino que saiu lá da fazenda Baixada Amarela, estava tendo a oportunidade de passar a primeira noite dele, do casamento dele, aqui no Hilton Hotel, tá? No Brasilton, ali da, melhor dizendo.
Brasilton que é da mesma rede da Augusta, que é caríssimo.
Na suíte presidencial que hoje deve custar uns 4 mil reais, sei lá, 5 mil não sei, por dia.
Fiquei lá ali, tranquilo, foi para Águas de Lindóia cheguei lá, todo mundo gostava de nós.
Porque era casal jovem, passando a lua de mel.
Pagar as contas, tudo pago, a negada pagava cerveja, tudo.
O pessoal pagava tudo para nós, todo mundo só queria ficar conversando com nós lá.
P2- E os seus irmãos?
R- Bom, aí é que está, nós estávamos falando só de mim.
Aí dos meus irmãos, nós tivemos muitos problemas, minha irmã casou.
Ela casou primeiro do que eu, a mais velha e minha irmã não deu muita sorte no casamento.
No casamento sim, mas tinha todos os problemas mais de, olha, considero assim, de administração, de administrar a vida.
A minha irmã com o meu cunhado, pessoas excelentes, mas não pensam no futuro, já sou uma pessoa que penso muito no meu futuro.
Penso muito no meu futuro então minha irmã casou.
Agora que ela conseguiu comprar uma casa para ela, só que é em Minas, lá em Minas Gerais.
Ela comprou uma casa para ela e meu cunhado, arrumei para ele trabalhar na CET, ficou 8 anos e resolveu sair.
Então meu cunhado, chega aqui, olha isso, é um cristal, custa dez mil reais.
“Ah, vamos comprar.
” Não é, acho que não funciona assim, a minha irmã não teve tanta sorte assim, tem um monte de problemas, aí.
A minha outra irmã, também não deu sorte, casou, foi traída pela outra irmã.
Minha irmã, uma traiu a outra.
Casou com um cara é lá do Chile, que não vale, bom, não vamos.
Só para você ter uma idéia, meu outro irmão, o Osmar, tudo bem, está legal, é formado.
Tranquilo.
Mora na Granja Viana, tem a casa dele, é esse que é o escritor e trabalha no Rei da Batida.
A Cecília é professora, formada, está bem, está legal.
Mora aqui no começo da Raposo, aqui na Previdência, está tranquila.
O Sidnei não está bem no casamento, semana, agora, semana que passou agora, terminou o casamento.
Casou com uma mulher, que a mulher teve, tinha dois filhos, ele tem um outro filho com ela.
Agora a mulher foi embora, ele ficou, está complicado, está querendo morar comigo.
Agora acho que vai morar com meu outro, com o Osmar.
Eu acho o seguinte, primeiro lugar, então queria resumir em poucas palavras.
Acho que Deus sempre gostou de mim, tem muitas pessoas que falam assim: “você é muito metido.
” Tem, tem.
Hoje, então não, minha família: “você é muito metido, você é arrogante.
” Só que eu vou deixar uma coisa bem clara aqui.
Para nós, não conheço ninguém de vocês, sei o que, no meu coração como eu sou.
Como é o meu coração.
Eu sou uma pessoa muito sensível, sou muito bom, ajudo todas as pessoas dentro do possível.
O que não gosto é de palhaçada, muitas pessoas já fizeram muitas coisas para mim.
Hoje vem aí.
“Césinha daqui, Césinha dali.
” Não é nada disso que sei muito bem.
Só que eu pus uma pedra em cima, acabou.
Para mim tudo bem, tá? Hoje eu moro na Vila Madalena, tive um amigo, tive não, tenho um amigo que eu conheci há exatamente dez anos atrás.
Esse rapaz foi um pai para mim.
Vai direto, esse foi um outro pai para mim.
P1- Eu queria na verdade que você falasse.
.
.
R- Então agora.
.
.
P1- Sobre a Vila Madalena.
Porque você veio para Vila Madalena e depois praticamente não saiu mais daqui.
R- Eu não sai e não vou sair da Vila Madalena.
P1- Eu queria que você contasse um pouquinho dessa história de amor com a Vila Madalena.
R- A Vila Madalena para mim é maravilhosa.
Adoro a Vila Madalena, ela tem tudo comigo.
Por quê? Uma, que falei para vocês hoje eu faço capoeira.
Que é uma coisa que é de Vila Madalena, coisa da Bahia.
Eu não sou baiano, mas tudo bem.
É uma coisa que a gente adora.
A Vila Madalena tem tudo de bom.
Nem tanto que hoje eu tenho uma bomboniére na rua Delfina também.
A minha esposa toma conta, o Rafael e eu, quando dá também, por conta disso daí eu adoro, em todos os aspectos, eu adoro a Vila Madalena.
Eu conheci o Zé Luis, que é um amigo meu, a Rute, que são, olha, eu nem vou dizer porque nem pai talvez não fizessem os que eles fizeram para mim.
Em poucas palavras.
Eu moro em uma casa que custa 150 mil dólares, comprei essa casa, é minha.
É minha, comprei, está no meu nome, bonita, beleza, está lá, tá? Moro aqui na Vila Madalena.
Esse rapaz me deu muita força, não vou dizer que eu paguei 150 mil dólares, eu nem tinha, nem tenho, mas comprei.
Esse rapaz me deu uma força, me vendeu, fui pagando conforme deu, vendi aquela casa que tinha no Taboão.
Comprei um apartamento que tinha na Vila Sônia, vendi, não sei o quê.
Tenho meu carro, minha família, meus dois filhos, são maravilhosos.
Meus filhos estudam em um colégio particular aqui em Pinheiros também, no Alto de Pinheiros.
O Rafael e a Carolina, os dois, como falei para você.
O Rafael faz jiu-jitsu, a Carolina faz capoeira comigo.
Todos nós resumimos tudo aqui na Vila Madalena.
Tudo que nós temos é na Vila Madalena, eu trabalho na Vila Madalena praticamente porque trabalho na praça Panamericana.
A CET que trabalho fica na praça Panamericana, o departamento nosso ali.
O quê que eu vou falar para vocês.
Para mim é tudo, ando sem camisa, até de pijama eu ando, eu adoro a Vila Madalena.
Não tem coisa melhor no mundo.
Eu não troco mas olha, acho que por lugar nenhum do mundo, do mundo.
Se você falar para mim hoje: “Césinha, você vai morar em Miami.
” Imagina que quero, mas quê que é isso, não quero, morar não.
Gostaria de ir lá, viver um tempo, conhecer tudo bem.
Agora mudar, você quer mudar para você lá no Morumbi, no meio do Morumbi, lá onde não tem ninguém.
Não passa ninguém na rua.
imagina, não quero.
Eu amo a Vila Madalena.
Meus filhos amam a Vila Madalena.
Minha esposa nasceu na Vila Madalena.
Eu conheço hoje, se não mais, não menos, mas no mínimo, no mínimo, não sei, mas acho que 70% da população da Vila Madalena.
Porque moro há 30 anos na vila, sempre morei aqui, quer dizer, não tem, como não.
Você não tem como, não tenho como falar da Vila Madalena.
Só tenho que falar de coisas boas, apesar de bares e não sei o que ver, mas para mim é a minha cara.
É minha cara
P1- É isso mesmo.
Fala um pouquinho dessa mudança que teve para cá.
R- Essa mudança, nos últimos 6 anos para cá, mudou muito a Vila Madalena.
Tem esse problema de drogas que tem na Vila Madalena.
Graças a Deus, meu filho já é um adolescente.
16 anos, é um homem.
Não usa isso, entendeu.
A gente fica, eu fico, preocupado com esse problema de droga, de ladrão de carro, não sei o quê.
Mas para mim está ótimo, entendeu? Eu quero a Vila Madalena assim.
Se não mudar, imagina se a Vila Madalena fosse tipo um Morumbi.
Não sei, acho que não moraria, porque vou morar no Morumbi, vou morar lá no meio do mato lá.
P1- E como que é ter comércio na Vila Madalena.
R- Ah, é complicado né? O comércio é o seguinte, ainda mais a gente que é muito conhecido.
Comércio na Vila Madalena é um barato.
Porque dá de tudo principalmente lá na loja da gente lá.
Entra de, é uma loja pequena, mas é muito aconchegante.
P1- Quanto tempo você?
R- Eu já tive em uma oportunidade, depois, motivos alheios, a gente teve que fechar.
Era negócio de sociedade, problema das minhas crianças que eram muito pequenas, eu fechei.
Depois agora, faz dois anos novamente, eu abri, está ótima, beleza.
Lá em outra, não tem fins lucrativos, são pagas as despesas só.
A clientela da Vila Madalena é muito engraçada, porque dá muito bicho grilo, muita coisa, vai jornalista, Vila Madalena é isso, artista, cantor, jornalista, petista, traficante.
Não, é isso não é? É traficante, jornalista, petista, sequestradores e ladrão de carro, que manda os caras.
Não, mais é o que mais tem na Vila Madalena, só que acho o maior barato, se você for na lojinha, vai ter um quadro lá com todas as pessoas que frequentaram lá, vão lá na lojinha lá porque é muito pequeno mais é muito barato.
P1- Como que é essa experiência de você estar recebendo as pessoas?
R- Ah não, eu adoro porque é o seguinte.
Chego lá na CET, é “Césinha da Vila Madá chegou.
”.
Eles não vêm a hora de eu chegar para poder contar as histórias porque lá faço o seguinte, separo o pessoal pelo seguinte, Z1, Z2, Z3 porque tem uns que mora na zona leste, Mooca outros moram na zona leste, Penha outro mora não sei aonde.
Então falo: “E, Z3 fica frio aí.
” Falo: “eu sou da zona oeste.
Não põe a mão porque é Césinha da Vila Madalena.
” Veja bem, eu falo do jeito que estou falando com vocês aqui, eu sou assim.
Tenho amizade desde o presidente da companhia até às faxineiras que trabalham em uma empresa que presta serviço para nós e eles adoram falar comigo.
Porque você acha que falo na gíria, não sei, sou muito brincalhão e a Marisa fala: “para um pouco com isso”, mas deixa quieto, deixar rolar como que está, a gente adora.
A Marisa acho que ela, imagina ela na Madá, a mãe da Marisa mora, acho que uns 50, 60 anos na Vila Madalena, ela mora aí.
Tiveram comércio, vários comércios, no mercado de Pinheiros, um mercado antigo, que não é do seu tempo.
É o maior barato, eu sei, eu sou amigo do Jacaré que é conhecido muito por causa do Jacaré Grill.
São meus amigos, conheço o pessoal da Lanterna, o pessoal do Capim Santo e agora estou querendo mudar o nome da minha loja.
Começa a chamar ela Erva Cidreira porque tem um restaurante que abriu chama Capim Santo e lá para muito cara para pegar informação.
Quando vai pegar informação, quando é de Mercedes, BMW aperta o vidrinho vai abrir, eu falo: “já sei não precisa falar.
Primeira à direita já está lá, o segurança para te pegar.
Não fica perguntando.
” Então a gente tira o maior barato.
Então tenho muitos amigos, moro na, eu estou na Delfina, nós estamos a dez anos.
Dez anos agora só na Delfina.
Quer dizer, minha sogra mora ao lado, meu cunhado mora ao lado.
Meus irmãos mora, aí quê que eu quero mais? Bom, tenho saúde, meus filhos são maravilhosos.
O quê eu quero mais? Eu acho que, não sei.
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P1- Está, então.
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R- Gostaria de perguntar aí.
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P1- Eu vou aproveitar esse gancho seu, vou perguntar para você esse gancho aqui.
A gente está quase que acabando, né, a fita.
E eu sei que você, além da Vila Madalena, você tem uma grande paixão e que amanhã você vai sofrer bastante.
Eu queria que você falasse um pouquinho sobre o Corinthians.
(riso)
R- Olha querida, vem cá, deixa eu falar uma coisa para vocês.
P1- Você vai ter fechar ______essa entrevista.
R- Eu sou corintiano, sou corintiano desde que eu nasci, certo? Desde que me conheço como pessoa sou corintiano.
Não só eu, vou falar um pouquinho mais alto se estiver atrapalhando avise, porque vou falar, sou corintiano.
Eu tenho uma pessoa que não converso na rua Delfina, chama-se seu Oswaldo, não converso com aquele senhor.
Por um outro motivo que aqui não vem ao caso, tá? Mas eu sempre faço questão de aporrinhar ele, porque ele é palmeirense, aliás não gosto de falar nesse nome.
Ele é do outro time, do outro time, tá? Ele é problema, inclusive hoje, sabe o que ele fez? Ele mora em um sobrado tríplex, colocou um rádio lá e eu acho que acabou a pilha.
O radio dele que não estava mais tocando o hino, só para me aporrinhar.
Sei que é para me aporrinhar e você vai lá na minha casa você vai ver, meu filho tem foto com o Ronaldo, o ex-goleiro do Corinthians.
Lá dentro do estádio, entendeu, o Corinthians para mim é tudo, em termos de esporte eu sou Corinthians e não abro mão de mais nada.
Eu adoro o Corinthians, eu, Rafael, Carolina a Marisa e praticamente toda, quase toda, a minha família tenho um irmão que é desse outro time que não falo o nome, está certo e só.
Então o Corinthians é maravilhoso, ser corintiano, tem coisa melhor do que isso? Fala a verdade, imagina você, olha, primeiro chega na Vila Madá, sou corintiano, coloca a camisa do coringão lá, principalmente dos Gaviões, beleza.
Ninguém mexe com você, agora imagina você é do outro time, depois para acontecer, por isso que eles falam, desculpe a expressão que eu vou usar, hamam de chiqueiro.
Vê se corintiano, fez o que fizeram aí na Paulista, quebrar banco, quebrar jardim, imagina, é o fim do mundo um negócio desses daí, quebrar metrô, isso aí, oh é a condução do pessoal.
O pessoal precisa disso, vai quebrar condução, quebrar metrô, quebrar telefone, por isso que eles chamam de chiqueiro mesmo, esse outro aí, entendeu?
P1- Isso porque eles ganharam.
R- Não, você imagina se eles perdessem o que ia acontecer com o coitado do colombiano, lá, imagina o que ia acontecer quê que é isso.
É o fim do mundo, sou sincero, torci contra mesmo, torci.
Não tem esse negócio de falar que é Brasil, Brasil é Brasil, mas para esse outro time, não torço em hipótese alguma.
Se jogar Vila Mandioquinha e eles, eu sou Vila Mandioquinha, desculpe a expressão, olha não gosto de falar, porque fico nervoso de falar desse outro time aí.
Fico nervoso, sou corintiano não abro e fim, ponto final.
Não adianta ninguém vir chiar não, entendeu?
P1- Então agora, você.
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R- E olha, estou com essa jaqueta verde aqui só para aporrinhar mesmo aquele senhor que tem lá.
Não tenho bronca dele não, nós não conversamos, já falei para vocês, por um outro problema que não vem aqui ao caso, mas estou aqui só para aporrinhar ele mesmo.
Faço questão, passo na avenida para ele ver o quê que é isso porque tem que ter personalidade.
Imagina o cara me vai lá e me coloca um, agora acabou a pilha.
Quero ver como que ele vai ouvir,.
Eu quero ver e vai todo mundo lá.
“Césinha.
” Então, soltar fogos, imagina.
Foi lá soltar fogos, quase machucou a mão.
” Falei: “está vendo.
” Não falei para ele.
“Olha o que acontece.
” Porra não sabe, fica na dele, pô, fica colocando hino num rádio, o cara não teve a manha de colocar um fio no meio da rua, para andar com o rádio para baixo e para cima.
Para tocar o hino, só para passar na frente da minha casa, vai vendo, como ele não, estou na loja e ele não pode ir.
Aí ele passa fica conversando, se a Marisa está, ele conversa com a Marisa, com Rafael.
Comigo não conversa, imagina.
P1- Olha, eu fiquei super feliz, tá? De estar ouvindo o seu relato.
No primeiro minuto que você falou comigo, que você falou que você era uma pessoa de sorte.
Achei que você estava forçando, porque acho que é a gente cria oportunidades.
Então acho que você criou oportunidades, realmente tem muita sorte de ter uma família e ter chegado onde você chegou.
R- Querida.
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P1- Então, queria que você encerrasse e falasse algo que você.
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R- Tudo bem, eu sei que já está encerrando.
É que falei para você, eu tenho muita que agora veio me recordando algumas coisas que evidentemente passou o tempo, deixa para lá.
P1- Não.
Não.
R- Quem sabe em outra oportunidade.
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P1- Isso que eu ia te falar, isso é importante.
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R- Nós podemos concluir isso daí porque a minha vida dá para fazer um livro e dos grandes, hein? Agora eu vou falar um, quando falei para você que tive muita sorte porque em todos os aspectos, primeiro lugar, conheci uma pessoa maravilhosa que é a minha esposa, a Marisa.
Uma pessoa excelente, você vê a Marisa, olha, você deve conhecer a Marisa, mas com certeza não conhece, não, porque acho que você conhece, em todos os aspectos a minha esposa ela é maravilhosa.
Eu tenho dois filhos, filho todo mundo fala.
“Ah, é o filho você tem que defender.
” Não porque acho que você que tem um filho hoje que, o Rafael, por exemplo, tem 16 anos, está no segundo colegial, Carolina fez 12 anos agora, na quinta série.
Estudam todos, tem toda a oportunidade que não tive, tem internet em casa, celular, TV a cabo, televisão, cada um no seu quarto.
Tem a lojinha, tem o que comer, o Rafael faz inglês, está praticamente formado em inglês.
Carolina, quer dizer, então que é que eles querem? Então, tem saúde, não tem dinheiro, dinheiro não tem, mas temos onde morar, moramos no que é nosso, tranquilo, tem carro, que é que esses meninos quer ? Eu tive muita sorte em todos os aspectos, olha, ganhei dinheiro, Deus me ajudou, não sei.
Um cara que veio lá do meio do mato, do meio da fazenda, nasci na fazenda, mas nasci em colchão de palha.
Lá era colchão, um negócio com parteira, aquele negócio que fala, hoje não, aqui de convênios tem um monte, Deus livre, espero que nunca precise.
O quê eu quero da vida, me fala? Tenho carro bom, família maravilhosa, tenho meu dinheiro para comer o que a gente quer, saio para ir para em restaurante, ninguém quer mais nada, o quê é que ele querem? Agora eu.
.
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P1- É filho da Vila Madalena e é corintiano.
R- Então, sou filho, não, me considero um cara filho da Vila Madalena, menina.
Porque a Vila Madalena, eu adoro essa vila, só de chegar na empresa, os caras, não vêm a hora: “Chegou o Césinha.
E aí como é que foi? O quê que rolou na Vila Madá?” falo: “aí garotão, fica frio.
Espera que depois vou falar.
Agora vou tomar um café.
” E outra coisa, trabalho na Companhia de Engenharia de Tráfego com muito orgulho, estou a 20 anos na companhia, adoro as pessoas de lá.
Evidentemente que amizades são um pouco, porque empresa é empresa, está certo? Mas adoro aquilo lá, me ajudou muito a companhia, me ajudou crescer.
Conheço São Paulo, onde você imaginar, agora acabei de conhecer vocês também, o quê mais quero.
Beleza! Só espero que, agora sabe o que quero na minha vida? Eu quero, é, a Marisa fala: “você é muito metido para o meu gosto.
” Eu queria, só queria que o pessoal me conhecesse mais, gosto muito de conversar, ficar conhecido é comigo mesmo.
O pessoal fala: “He.
” Aí fizeram na CET, fizeram é, como fala, o negócio de segurança do trabalho, não vai candidatar para SIPA.
Ah quê que aconteceu com o Césinha? Ah, deitou e rolou, falei: “aí, está vendo.
”, agora queria candidatar.
“Não quero mais saber disso, dá muita mão de obra isso daí.
” Ah, deitei e rolei lá, é lógico, sou superconhecido no autódromo de Interlagos.
Todo ano que tem a corrida no autódromo e sou o responsável por toda a sinalização horizontal dentro do autódromo, conheço, pode ver.
Eu tenho foto com o pessoal, conheço todo mundo, a Marisa, o Rafael já foram lá nos boxes, conhece todo mundo.
Beleza! Falou garotão.
É isso aí, tá?
P2- Você tem alguma mensagem?
R- Ah, mensagem é o seguinte, fiquei conhecendo o José, o conheço como cliente meu lá, mas nem sei o quê que o rapaz faz, nem ele sabia.
É assim, ele passou na minha casa, um dia desses aí, e ele me falou: “Césinha, você é corintiano.
” Me deixou uma lembrança para mim dar uma olhada, começamos conversar e hoje estava conversando com ele.
Ele estava me falando que vocês estavam fazendo para o museu, baba ba e eu falei: “olha, legal.
”, ele falou: “é eu gostaria.
” Quem sabe,: “quem sabe, de repente vendo o seu perfil.
Vou conversar com a.
” falou acho que o nome da Claudia.
Ele pegou, me ligou e falei: “Ah, tudo bem.
” Perguntou se eu tinha tempo, tenho, eu sempre tenho, estou sempre, sou igual coração de mãe.
Estou sempre tranquilo e espero, tenho todo o tempo do mundo, é isso daí.
Eu agradeço você aí, espero ser convidado em uma outra oportunidade, de repente se vocês quiserem, falar com a Marisa, em uma outra oportunidade.
Vocês vão ver que ela é uma pessoa maravilhosa também, ela é mais culta é mais, ela fala que eu sou um homem grosso.
Ela é mais culta.
E ah! E mais um detalhe que eu estava esquecendo, eu não tive a oportunidade de ser formado, mas isso, por isso que estou fazendo tudo isso para os meus filhos.
Meu filho já tem um emprego arrumado, já 5 anos que eu arrumei esse emprego para ele, vai trabalhar na Alpargatas.
Já está tudo acertado, dá para trabalhar.
(PAUSA)
R- A Vila Madalena é tudo para nós, quando eu digo para nós, é para a cultura desse país, acho que o pessoal fala da Vila Madalena, inclusive falei que existe traficante, que existe seqüestradores, existe policiais.
Existem muitas pessoas diferentes, jornalista, não sei o quê aí.
Então, mas analisa comigo, quantos assassinatos vocês já viram na Vila Madalena nestes últimos anos? Praticamente é zero.
É zero.
O que existe são assaltantes de carro, essas coisas, o que eu queria que a gente simplesmente pudesse acabar com o problema das drogas.
Infelizmente vejo com muita dificuldade, entrando na parte política e isso é culpa, querendo ou não querendo, é da nossa cultura porque também o governo sozinho ele não vai fazer nada.
Olha pessoal e é isso daí, eu sou uma pessoa, que eu falei para vocês, não sou muito, não sou culto, minhas palavras vocês tem que analisarem melhor e colocarem o que vocês acharem que seja melhor.
Desejo boa sorte para vocês também que trabalham com isso aí.
Muito obrigado.
Se precisar de nós, estamos na rua Delfina, número 66, Vila Madalena.
P1- Eu quero agradecer, tá? Que embora você tenha achado que é modesto, isso eu acho.
Porque foi muito interessante a sua entrevista e a gente acha que realmente é, não precisa de analisar.
A sua história é muito interessante.
R- Muito obrigado.
(Fim da gravação - 80 minutos.
)
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