Mário Damasceno e sua família moravam no bairro Salgado Filho em Belo Horizonte. Assim como diversos moradores dos bairros no entorno do ribeirão Arrudas, eles enfrentavam dificuldades nos períodos chuvosos. Ali, a água do rio passava muito próximo da casa em que eles moravam. Tendo avistado o perigo iminente, os pais de Mário fizeram uma inscrição junto à COHAB na tentativa de sair daquela região antes de um desastre. A partir desse cadastro, conseguiram adquirir uma casa no conjunto Cristina, tendo se mudado em março de 1982. Não conheciam ninguém ao chegarem ao bairro, no entanto a interação com os vizinhos não demorou muito, começou devido à ausência dos muros e à grande proximidade das residências.
Inicialmente não existiam muitas opções de lazer, o que começou a mudar no início dos anos 1990, quando foram construídas algumas praças. Até então, a única diversão em um espaço comum era ir à missa aos domingos. Após a missa, o grupo de jovens se reunia para conversar e brincar juntos. Como forte lembrança, Mário se recorda da turma de amigos que se formou. Juntos, eles andavam por toda a cidade, mesmo de madrugada, até porque o ônibus não cobria todos os bairros.
Em sua juventude, Mário conseguiu trabalho na região Centro- -Sul de Belo horizonte, passando a percorrer cerca de 35 km todos os dias, um trajeto que durava cerca de três horas dentro do ônibus para chegar no horário. Dentro do contexto da mobilidade urbana e dos laços criados nesses espaços, Mário guarda consigo o que considera a melhor das histórias, a de como conheceu sua esposa. Devido à quantidade de ônibus ser limitada, eles fazia um longo trajeto para cobrir mais áreas dos bairros. Mário todos os dias segurava a bolsa das pessoas, para aliviar assim o espaço dos corredores. Nessas subidas e descidas de ônibus, acabou conhecendo sua esposa, uma das pessoas cuja bolsa sempre segurou e que as poucos foi conhecendo, até namorarem e...
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Mário Damasceno e sua família moravam no bairro Salgado Filho em Belo Horizonte. Assim como diversos moradores dos bairros no entorno do ribeirão Arrudas, eles enfrentavam dificuldades nos períodos chuvosos. Ali, a água do rio passava muito próximo da casa em que eles moravam. Tendo avistado o perigo iminente, os pais de Mário fizeram uma inscrição junto à COHAB na tentativa de sair daquela região antes de um desastre. A partir desse cadastro, conseguiram adquirir uma casa no conjunto Cristina, tendo se mudado em março de 1982. Não conheciam ninguém ao chegarem ao bairro, no entanto a interação com os vizinhos não demorou muito, começou devido à ausência dos muros e à grande proximidade das residências.
Inicialmente não existiam muitas opções de lazer, o que começou a mudar no início dos anos 1990, quando foram construídas algumas praças. Até então, a única diversão em um espaço comum era ir à missa aos domingos. Após a missa, o grupo de jovens se reunia para conversar e brincar juntos. Como forte lembrança, Mário se recorda da turma de amigos que se formou. Juntos, eles andavam por toda a cidade, mesmo de madrugada, até porque o ônibus não cobria todos os bairros.
Em sua juventude, Mário conseguiu trabalho na região Centro- -Sul de Belo horizonte, passando a percorrer cerca de 35 km todos os dias, um trajeto que durava cerca de três horas dentro do ônibus para chegar no horário. Dentro do contexto da mobilidade urbana e dos laços criados nesses espaços, Mário guarda consigo o que considera a melhor das histórias, a de como conheceu sua esposa. Devido à quantidade de ônibus ser limitada, eles fazia um longo trajeto para cobrir mais áreas dos bairros. Mário todos os dias segurava a bolsa das pessoas, para aliviar assim o espaço dos corredores. Nessas subidas e descidas de ônibus, acabou conhecendo sua esposa, uma das pessoas cuja bolsa sempre segurou e que as poucos foi conhecendo, até namorarem e posteriormente se casarem. “[…] essa é a melhor história, uma das melhores histórias que tem”.
Texto a partir do relato de Mário do Rosário Damasceno em entrevista realizada em setembro de 2018.
Foto: Mário Damasceno (2019)
Fonte: Acervo do projeto Espaço da Memória
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