Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
Por: Museu da Pessoa, 30 de novembro de 2011

Carne trêmula

Esta história contém:

Carne trêmula

Vídeo

“Eu devia ter uns nove, dez anos quando meu pai mudou para Santo Antônio da Platina e começou a lidar com açougue. E foi trabalhando no açougue que eu dei os primeiros passos no trabalho. Meu pai que falava: ‘Ó, fica lá no canto, limpando o osso ou limpando alguma coisa e ajudando a cortar.’ E já a gente obedecia, até porque meu pai, ele era uma pessoa de coração bom, mas um pouco violento também. Então, se ele falasse assim: ‘Você faz isso’, se você falasse: ‘Como que é, pai?’, já recebia um tapão na orelha, pá! Tudo era muito diferente. Cortar um quilo de carne, por exemplo. Antigamente não tinha máquina, você tinha que cortar quase na porrada, com machado, com facão. Também o cliente, era diferente o comportamento dele. Hoje você chega no açougue e pede um quilo de bife, né? Antigamente você chegava no açougue e pedia um quilo de carne. Você falava para o açougueiro: ‘Corta em bife’, e ele respondia: ‘Não, senhor, não sou seu empregado; eu não vou cortar o bife.’ Então, como era antigamente? A pessoa comprava, vai... chegava no açougue, comprava a carne e levava para casa. Aí a própria pessoa: a sua bisavó, por exemplo, ela levava carne, ela mesma limpava e ela mesmo cortava. Ela tinha um martelinho com que ela batia o bife com a mão, né? Hoje, não; hoje, você chega no açougue e está tudo embaladinho, bonitinho, já leva as carninhas cortadinhas, os coxões moles, as alcatras, tudo já no jeito; a carne já vai moidinha. Antigamente tinha aquelas máquinas de moer carne; o cara botava a carne e moía na mão. De vez em quando, moía um pedaço do dedo junto, mas era assim. E o abate também era o próprio comerciante que fazia. Vamos supor, meu pai tinha dois cavalos; ele montava num cavalo e eu montava outro. E a gente ia até um sitiante e comprava o porco. Trazia o porco para o matadouro, ele mesmo matava e cortava. O boi, meu pai pegava o...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

P/1 – Senhor Jose, primeiramente, muito obrigado por aceitar o nosso convite e participar do nosso projeto. Pra começar nossa entrevista gostaria que o senhor falasse pra gente o seu nome completo e o local e a data do seu nascimento.

R – O meu nome é Jose Evangelista de Castro. Sou paranaense, nasci em Santo Antônio da Platina, em 23 de dezembro de 1947. Sou casado.

P/1 – E a data do seu nascimento?

R – Vinte e três de dezembro de 1947.

P/1 – Ah, sim. E o nome dos seus pais?

R – Orlando Peres de Castro e Maria Rodrigues de Castro.

P/1 – E o senhor tem irmãos também?

R – Tenho, tenho. Hoje nós somos em sete irmãos, né? Éramos em oito, mas, infelizmente, uma falecida e eu tenho... Quer que eu fale o nome dos irmãos?

P/1 – Pode falar.

R – Então, tenho a Leonice, tenho eu – que sou o José, tenho o João, tenho o Iraci, tenho o Darci, tenho a Neusa, tenho o Ademir. Já deu sete, né?

P/1 – Muitos irmãos, né?

R – Tem bastante irmãos.

P/1 – Então o senhor era o segundo filho?

R – Eu sou o segundo filho dos oito que são vivos, né?

P/1 – E a que se dedicavam ou se dedicam seus pais?

R – No início meu pai era lavrador, trabalhava na agricultura. E depois até mais ou menos 1958, quando a gente começou a crescer. E mudamos pra cidade e o meu pai se engajou nessa carreira de comerciante de carne.

P/1 – E que lembrança o senhor tem dessa cidade natal, onde o senhor nasceu?

R – É, uma lembrança assim de muito sofrimento que a gente, uma família assim como se diz, uma família que sempre lutou com dificuldade, mas sempre com dignidade (corte no áudio) e a nossa vida sempre foi de muita luta e eu tive a necessidade de sair atrás de alguma coisa pra melhorar a vida até da família, né (corte no áudio) a recordação que eu tenho lá de grandes amigos, dos meus irmãos que estão lá. E a vida da gente depois mudou, com a minha vinda pra São Paulo.

P/1 – Mas a sua cidade (corte no áudio)...

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

Um açougueiro açoriano
Vídeo Texto

António Hermínio Garcia da Rocha Lopes

Um açougueiro açoriano
Carnes campineiras
Vídeo Texto

Hamilton Luiz Lima

Carnes campineiras
Um açougue para chamar de meu!
Vídeo Texto

José Mauro da Conceição

Um açougue para chamar de meu!
“Se você não faz com carinho, não adianta”
Vídeo Texto

Essa história faz parte de coleções

fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.