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Personagem: Liliana Laganá

Bola de Neve

Esta história contém:

- Era janeiro. Havia nevado e os bosques ao redor estavam lindos, com aquelas manchas de neve e um silêncio grande. Eu tinha ido dar uma volta sozinho, para me despedir das ruas da minha aldeia, das casas que conhecia uma a uma, dos cantos que tinham sido meus refúgios de menino, do velho carvalho à entrada da aldeia... Caminhava assim quando vi uma moça que eu conhecia. Me aproximei para me despedir, eu disse para ela, porque eu ia partir aquele dia, ia para a América, para o Brasil. Mas ela, em lugar de apertar a mão que lhe estendia, agachou-se, pegou uma bola de neve, a jogou na minha cara com força de doer e saiu correndo sem dizer uma palavra, deixando-me ali parado, feito bobo, a mão ainda estendida e aquele gelo de neve na cara.

O rosto de meu tio Consolato se ilumina, ao contar isso.

- Acho que gostava de mim, - diz.

Não posso deixar de sorrir, também, ao olhar seus cabelos brancos, que ainda esboçam um topete na testa, a lembrar uma bola de neve que ficou ali, suspensa entre a raiva e o estupor.

- Era janeiro de 1922, - continua a contar meu tio – e na porta de casa havia muita gente, todos ali reunidos para se despedir. Era sempre assim, quando alguém partia, a aldeia toda se despedia. E eu estava lá, entre os muitos abraços e os muitos adeuses, quando meu irmãozinho mais novo, Carmelo, que tinha uns quatro anos, veio descendo a escada me chamando "Consolà, Consolà", me chamava choroso, e parando no penúltimo degrau me estendeu os braços dizendo: "Consolà, você vai-se embora e a mim você não vai me levar?". Assim ele disse: "Consolà, você vai-se embora e a mim você não vai me levar?" –repete meu tio, estendendo os braços e falando com manhosa voz infantil, em dialeto calabrês, alongando as vogais, num tom de lamento antigo.

- Era o ano de 1922 e eu tinha dezessete anos. – continua meu tio - Naquele tempo eu trabalhava com madeira, nos bosques da Sila, na Calábria. Era tudo bosques, ao redor de Adami, a aldeia onde...

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