P1: Anésio, nós gostaríamos que você nos dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
E: Anésio Cardoso Celestino, é...________________. Não. Repete. Repete a pergunta.
P1: Claro! Nós gostaríamos que você nos dissesse seu nome completo, o local, o nome da cidade em que você nasceu, e a data do seu nascimento.
E: Bem , meu nome é Anésio Cardoso Celestino, eu sou da cidade de Porteirinha, Minas Gerais, nascido em vinte e dois do sete de setenta e nove.
P1: Qual é o nome dos...Quais os nomes dos seus pais?
E: O meu pai chama-se Alvino Cardoso Celestino, a minha mãe: Emília da Silva.
P1: E qual é a origem deles? De onde eles vieram?
E: Eles vieram de Minas mesmo.
P1: E os seus avós? Você lembra dos seus avós?
E: Lembro! O...Meus avós moram lá, são de lá de Minas, do norte de Minas, e...
P1: Qual era atividade deles?
E: Lavradores.
P1: Lavradores?
E: Isso.
P1: Você tem irmãos?
E: Tenho irmãos.
P1: Quantos irmãos você tem?
E: Nós somos em quatro, sendo que todos eles residem lá, em Minas. E...
P1: Eles trabalham no comércio?
E: Trabalham. Eles trabalham no comércio. Ela, minha irmã trabalha no estúdio, de rádio, meu irmão, ele trabalha como...numa escola...como, como...professor, e a minha irmã mais velha é dona de casa, (pausa) trabalha com seu esposo também...
P1: Como e quando você veio pra Campinas?
E: Eu vim em noventa e quatro. Mil novecentos e noventa e quatro. Tinha meus quinze anos. Eu cheguei até aqui, eu vim, no intuito de terminar meus estudos, e...
P1: Como que você veio pra cá?
E: Através de uma pessoa da família, uma pessoa conhecida, vim acompanhado, por ser menor de idade. Ela nos acompanhou, ou seja, viemos na companhia dela.
P1: Então, você veio pra cá pra continuar seus estudos?
E: Isso.
P1: Quais foram as suas impressões, quando você chegou? Na cidade de Campinas? Como você viu assim...como você percebeu Campinas?
E: Era, para mim, um sonho de sair pra conhecer a cidade de Campinas, nunca..até então, eu nunca tinha saído pra lugar nenhum, meu pai morava aqui, e eu, por ser o irmão mais novo, eu queria, porque queria vir embora pra cá: terminar meus estudos, ter experiências de vida, como é? Trabalhar! Porque, por ser menor de idade, eu não tinha isso lá, e isso foi o que me trouxe a vir até aqui, principalmente os estudos.
P1: Fala, conta um pouquinho como era sua cidade. Como era sua infância? O bairro em que você morava, o que você gostava de fazer, quando era criança...
E: Muita dificuldade, cidade boa de ser pequena, ela...a pobreza era muita, a gente trabalhava na roça, e a dificuldade financeira, o principal da cidade lá é o financeiro, é...(pausa) o comércio não oferece oportunidade de trabalho, a cidade, por ser tão pequena, não tínhamos oportunidade de trabalho, de um estudo mais avançado, o que dificultava, até então, a gente a conseguir um trabalho. Os estudos eram não tão avançados quanto aqui, e esse foi um dos objetivos... o intuito de querer vir pra cá.
P1: Você tinha muitos amigos, quando você era pequeno?
E: Tinha, tinha muitos amigos, inclusive a cidade, por ser pequena, a gente conhecia todo mundo, tinha muita diversão, tinha muitos amigos, de futebol, vôlei, e que se divertiam bastante, por a cidade ser pequena, não... sem violência, não tinha violência, não tem violência, a respeito de assalto, a respeito de roubo, de acidente, pelo motivo da cidade ser pequena, não tem trânsito, movimento...
P1: E quando você chegou aqui em Campinas? Você era bastante novo também, não é?
E: Sim.
P1: Como é que você percebeu a cidade? Como é que você começou a viver aqui em Campinas?
E: Num momento foi tudo difícil, porque eu nunca vivi longe da minha mãe, (pausa) dos meus irmãos, da minha infância, a que eu tinha lá, dos meus amigos, e, ao chegar aqui, eu vi tudo diferente: a cidade grande... a dificuldade era maior por motivo de eu não ter, assim, o auxílio do pai, a mãe já morava... já estava distante, do outro lado do estado, praticamente e a minha dificuldade se tornou maior, mas eu tinha um objetivo! O meu objetivo era de conseguir o estudo, principalmente, e trabalho. Pelo motivo de não ter o auxílio do pai, pela distância da mãe, atrapalhou, mas eu tinha um objetivo no meu coração, que era de ter aquilo com o que eu sonhei! O que eu sempre sonhava! Que não é querer viver independente, é querer alcançar aquilo que eu almejava, que eu queria, e que era difícil, que lá eu não conseguia! Então que tinha que escolher: ou aqui, para alcançar meu objetivo, que era, não só independência, mas alcançar uma perspectiva de vida melhor, coisas que lá eu não conseguiria. Então eu tinha que escolher: ou eu voltava pra lá, pra continuar a mesma vida, com a minha família, tinha meus amigos próximos, mas aqui eu... por mais que eu não teria meus amigos, eu ia fazer nova amizade, mas eu tinha que escolher um... esses objetivos: ou voltar, ou então... aqui eu teria mais opção de ter mais conhecimento, de perspectiva de vida, responsabilidade, mais ainda, por ser adolescente ainda, e a minha responsabilidade aumentaria mais ainda, quando eu tomei essa decisão de ficar pra alcançar alguns dos meus objetivos, que eram o sonho meu em ter.
P1: E como é que você organizou a sua vida? Como é que você viveu? Assim: como você se alimentava, onde você vivia, aqui em Campinas? Com quem você vivia?
E: Até então, eu estava morando com meu pai, só que por motivo da nossa infância ser difícil, que eu não tinha a presença dele, eu... aos dezoito anos, eu vivi com ele dois anos, resolvi sair, a morar sozinho. Eu consegui o primeiro emprego. Mesmo assim, passando dificuldade, morando com ele, que não tinha uma convivência entre pai e filho... era mais estranho do que... a nossa convivência, porque a gente não se conhecia. E aí eu, mesmo... não passei, não cheguei a passar fome com ele, mas a dificuldade aumentaria e eu não querendo voltar pra casa da minha mãe, meus irmãos, mas enfim, querendo ficar aqui, mas eu saberia que tinha que enfrentar isso. Até então, eu consegui o primeiro emprego. A partir do primeiro emprego, foi só eu conseguir o primeiro emprego, eu já saí de casa. Fui morar no meu trabalho. Aí que foi mais sofrimento, porque eu não tinha ninguém, eu não tinha amigos, não tinha pai, não tinha mãe, não tinha ninguém. E, ao mesmo tempo, eu não querendo passar dificuldade, não falar pra minha mãe que eu estava sofrendo, eu acabei escondendo tudo isso, pra ela. Ela, até então, achava que estava tudo bem, mas ela sabia que eu não morava com o meu pai, ela me chamava, a todo momento, pra voltar pra lá, pra casa. E eu falei que não, porque eu tinha objetivo e eu queria alcançar. E por maior a dificuldade que seria, eu ia lutar, ia conseguir, ainda continuar. Aí que se tornou mais difícil, porque eu por noites não dormia, eu morava sozinho, né? Tinha dezoito anos, não tinha ninguém. Não tinha família, não tinha mais ninguém. Aí eu, mesmo assim, eu continuava. Eu estava morando num porão. Eu dormia no local de trabalho, onde todo mundo entrava, todo mundo saía. Eu esperava as pessoas irem embora, pra poder eu fazer a minha cama, que era no meio do salão, no porão, né? Onde era local de trabalho. E isso são as dificuldades, os momentos. Mas eu pensava muito em desistir, de voltar, de querer ter minha... Eu tinha minha casa lá, tinha meu quarto lá. Tinha tudo lá. Não tinha tudo o que eu sonhava a ter aqui e foi passando anos, momentos veio, aí eu fui superando, consegui... Mesmo trabalhando nesse emprego, eu fui me dedicando mais, me esforçando. Terminei o meus estudos, e aí eu consegui arrumar outros empregos. Mesmo trabalhando nesse, eu fazia serviços extras, pra poder manter e continuar a minha vida.
P1: Quando você chegou aqui em Campinas, onde você comprava... Você chegou há bastante tempo, né? Há muitos anos. É... Como... Onde que você comprava os gêneros alimentícios, pra você ?
E: Num mercado próximo aqui de Campinas, ali no Cambuí, no Extra, Abolição, nesses mercados aqui nas proximidades, ali da onde que eu morava, no bairro, que eu morava no Bosque, e...(pausa) Nessas ocasiões, eu morava sozinho, eu não...Não eram todos os dias que eu me alimentava. Não era todos os dias que eu fazia, eu não tinha experiência de fazer, de cozinhar muito. Muitas das vezes, eu comprava pronto. E com um pouco... Com o passar do tempo eu fui aprendendo a lidar com... A fazer mesmo o alimento. Fazer, bem dizer, o arroz com o feijão. E, nesses momentos difíceis eu fui aprendendo a cada dia, como fazer receitas, aprender outras coisas. Eu fui aprendendo, até no local aqui, quando eu cheguei aqui pra trabalhar na banca, na banca de revista onde hoje eu trabalho, que eu aprendi muita coisa, tenho aprendido. E aí o tempo, que já passou muito também, eu aprendi muito lá, com as pessoas, é... A responsabilidade foi crescendo maior ainda, porque até então é difícil aqui na cidade grande, onde há violência, onde os tóxicos, as drogas, tudo, influenciam. Mas o meu objetivo era outro, não se envolve em motivo de passar isso pra minha família, não porque ela ta longe, mas porque jamais alguém daqui ficaria sabendo, por mais que eu estava longe da minha família, que eu estava me envolvendo com droga, com caminhos errados, com vícios desse mundo, ou seja, das coisas mais erradas, que prejudicam a família, né? Que traz a destruição do lar.
P1: Você disse que aqui você terminou os seus estudos aqui. Que escola que você freqüentou?
E: Eu estudei na escola, no São Bernardo aqui de Campinas; na “Matosinha”, nas escolas chamadas “José Maria Matosinho”. Estudei lá uns três anos, estudei em noventa e sete, noventa e oito e noventa e nove. Foi onde eu terminei o meu segundo grau completo, lá.
P1: E quando você veio, você sentia alguma inclinação em trabalhar no comércio, você tinha alguma já... Alguma intenção pra trabalhar no comércio quando você... Depois que você chegou aqui em Campinas?
E: Não, não. Eu sempre queria... Pensava em ser jogador de futebol. Eu gostava muito de futebol! Até então quando eu morava lá, eu praticava o esporte, principalmente o vôlei, o futebol, onde a gente tinha uma escola que jogava futebol, praticava vôlei. Tínhamos um time de vôlei. Mas chegando aqui, como eu não tinha oportunidade, meu pai não saía comigo, não tinha essa presença, pelo contrário, ele ficava mais distante, então isso dificultava meu... Minha vontade de querer trabalhar naquilo que eu queria. Mas o meu intuito era de ser jogador de futebol.
P1: E os seus estudos de segundo grau, eles foram relacionados à área comercial, ou não?
E: Não...
P1: Não foi...
E: Foi uma opção minha.
P1: Mas era... Não era técnico? O que eu quero dizer é: que não era um curso técnico de comércio?
E: Não.
P1: Não... (pausa) Você chegou andar de trem?
E: Já. Lá em Minas, sim.
P1: Mas aqui em Campinas, não?
E: Em Campinas, não.
P1: Não? Como que você chegou aqui em Campinas? Qual foi o meio de transporte?
E: De ônibus.
P1: Ahh, você veio de ônibus?
E: De ônibus, de ônibus, de ônibus pra cá.
P1: Então, só recuperando, você não fez nenhum curso comercial. Como é que você começou a trabalhar no comércio? Em que estabelecimento? Como que foi a sua... O início da sua trajetória no comércio?
E: Eu comecei como... Após fazer... Após eu... Após de eu tirar minha habilitação, com dezoito anos, eu comecei a, como jovem, a trabalhar de ajudante de loja de móveis. E...
P1: Aqui em Campinas?
E: Aqui em Campinas, na primeira loja que eu trabalhei. Até então, pela dedicação, pela vontade que eu tinha, e eles viram em mim isso, aí eu optei... Acabei continuando a trabalhar com ele. Aprendi muita coisa com ele, me ensinou muitas coisas, como meu pai não... Tipo assim... Me ensina. Eu trabalhei como ajudante de móveis, de loja, fazendo entregas...
P1: Você lembra o nome da loja?
E: Lembro! A loja é uma loja que residia aqui no Cambuí. Uma... De uns Italianos... A loja chamava Decorações Michelangelo. Uma das lojas que... Loja de móveis, onde vendia móveis pra Campinas e região. Foi aonde eu comecei a trabalhar. E muitas oportunidades surgiram após ali. Já trabalhei em postos de gasolina, como frentista, e trabalhei de motorista, fazendo... Como diz? Entregando móveis, fazendo montagens, pra Campinas e região.
P1: Como que você ia pro trabalho?
E: De ônibus
P1: De ônibus?
E: De ônibus.
P1: Qual era o horário de funcionamento da loja?
E: A loja, ela funcionava das... Das oito e meia, às dezoito e trinta. Das oito e trinta da manhã, às dezoito e trinta da tarde.
P1: E funcionava aos sábados e domingos?
E: Sábados, ela funcionava das oito e trinta, às treze horas.
P1: E isso foi, mais ou menos, em que ano, Anésio? Mais ou menos, o ano.
E: Isso foi em... Dois mil e dois.
P1: Essa loja?
E: Essa loja.
P1: Como que você via o comércio de Campinas? Como você percebia o Comércio de Campinas? O que que você achava do comércio de Campinas?
E: Olha... Ah, ele tem crescido muito. Muitas disputas de ponto. Pessoas, sabe? Buscando o objetivo também, né? De vendas. A mudança muito grande da cidade. Tem crescido muito, desenvolvendo... O desenvolvimento, é...
P1: Desde que você chegou até agora, você percebe um grande desenvolvimento?
E: Um grande desenvolvimento. Muito, muito! Aumentou muita coisa, mudou muita coisa.
P1: Quais os estabelecimentos que você... Estabelecimentos de Campinas, né? Que você citaria? Que você falaria que seriam os mais conhecidos, em Campinas? Em qualquer setor, qualquer ramo de atividade. Se falar em comércio de Campinas, quais as lojas que você acha que são as mais conhecidas? De Campinas, mesmo.
E: (Olha?)... Tem muitas lojas mais... Talvez não seja (pausa) posso estar falando lojas que... Mais (pausa) são muitas lojas! Que tem desenvolvido muito. O nome da loja mesmo, eu não sei se...
P1: É, algum nome de loja que você conheça, que seja de Campinas, que você acha que seja conhecida.
E: Conhecida...Olha, tem a loja (pausa) Matrix...
P1: Qual é o ramo de atividade da Matrix?
E: Matrix são móveis de escritório...
P1: Ótimo! Ótimo! No estabelecimento em que você trabalha agora... Fala um pouquinho do estabelecimento, como era quando você começou. Ele passou por alguma transformação? Fala um pouquinho desse...
E: Olha, eu trabalho há dois anos ali na banca do Bosque, houve muitas mudanças, mas sempre permanecemos lá, embaixo do viaduto Laurão. Houve obras ali há pouco tempo, há menos de um ano, que mudou muita coisa em melhorias, transformou ali o... Aquela avenida principal ali da Norte-Sul, e mudou muito o comércio. Ficou mais conhecida, as saídas para o interior ficou mais... Ficou melhor , principalmente pra trânsito.
P1: Por quê?
E: Pra... A SANASA mais... Fizeram um trabalho, ali embaixo do Viaduto Laurão, e pra gente, melhorou muito também. Até então, no início, antes das obras, sofremos um grande problema, porque ficamos praticamente o tempo todo com a obra que tiveram lá, ficou parado. A banca era vinte e quatro horas, o local de trabalho... Então a gente se via em um dos momentos mais difíceis, que passamos lá no trabalho, porque ficamos isolados, pelo motivos das obras...
P1: Claro.
E: Em termos das obras, que aconteceu... Então, isso atrapalhou bastante. Complicou. Mas, mesmo assim, a gente continuava lá, aberta pra atendimento ao cliente. O cliente que nos procurava, a gente estava lá aberto. Maior dificuldade que foi, mas estávamos lá, aberto o comércio...
P1: Então, você falou sobre os clientes. Como que... Vocês criaram uma estratégia , alguma abordagem pra conversar, pra chamar a atenção dos clientes? Uma abordagem... Uma promoção, nesse período difícil?
E: Chegamos a conversar com clientes, ligavam lá, tinha momentos que estavam, por motivo das obras, então a gente conversava que... Até chegar lá, que não dava pra chegar lá, principalmente de automóvel, de carro, por motivo das obras, a gente chegava a conversar com o cliente, pra poder ele deixar, se viesse de carro, nas proximidades, deixasse o carro um pouco... Um pouco...
P1: Distante?
E: Distante! Pra poder atender o cliente e a dificuldade era essa. E não chegamos a fazer promoção, alguma coisa, por motivo de... Pelo o que estava passando no momento. Então, a gente chegou a conversar com o... Pessoalmente, pessoas iam lá, de a pé, porque o local de tra... Era muito difícil de chegar, pra poder parar...
P1: Vocês não criaram uma forma de levar o produto, o artigo até o cliente? A revista, o livro?
E: Sim.
P1: Conta um pouco disso.
E: Chegamos a chegar... A até colocar as coisas lá fora. Não dava para sair, por motivo de... Não tinha como levar até o cliente, sair, ficávamos em volta da banca. Mas não levávamos até o cliente, por motivo de não ter como sair, por ser... Por motivo de ser poucos funcionários, não tínhamos como dar aquele atendimento melhor pro cliente. E dificultava um pouco também, porque estávamos em volta de um local onde as pessoas não tinham como... Vinham com a dificuldade né...
P2: Ahã.
P1: E hoje, como é que você tem, você têm... Vocês pensam em alguma forma, algum jeito de colocar as revistas? Vocês têm umas técnicas pra colocar os diferentes tipos de publicações em diferentes lugares? Prateleiras? Como é? Fala um pouco disso?
E: Temos, temos... Sempre expostas, sempre em locais assim que o cliente já chega, já vê, e as revistas que são lançamento, revistas que estão lançando têm os locais apropriados, que facilita porque é...
P1: Então, fala um pouco pra gente sobre isso: que tipo de revistas você coloca em determinadas prateleiras? Fala um pouco dessa forma que você, que vocês organizam as estantes, as prateleiras de vocês. O que vocês põem na frente? Como é, que vocês organizam isso?
E: No sentido de colocar as revistas ou...
P1: É, as revistas, os jornais. Conta um pouco porquê vocês colocam, qual é a intenção de vocês.
E: Bem a intenção é que o cliente chegue já vê que está tudo organizado, o jornal já chegando já, já facilita pra ele pegar, as revistas semanais, são revistas que traz a notícia pro cliente, pras pessoas, ficam... Os locais fáceis pras pessoas, chegando já pegarem a revista, ficar a vontade, ou seja, colocar onde as revistas ficam também, elas ficam a vontade, revista que... Sabe? Revistas que elas chegam, já chegam já, nem precisam muitas das vezes (pausa) pedirem o local de revistas, porque elas já chegam e já vê, o local já... O setor de revista facilita a procura da revista.
P1: Então, mas assim: qual... qual as que você coloca... Que vocês colocam pra chamar mais atenção?
E: O nome da revista?
P1: Pode ser.
E: Tem a... Várias revistas Veja, a revista Época, sobre negócios, sobre moda, tem revista Caras...
P2: Você tem algum tipo de organização como, por exemplo, “vamos colocar a revista Caras mais pra frente, vamos deixá-la em destaque, quem passar, vê...”?
E: Tenho sim.
P2: Tem sempre um lugar pra ficar a Caras, um lugar pra ficar a outra...
E: Tem, tem. Sempre. Sempre tem os locais. Todas as revistas, elas têm os locais apropriados, os setores delas, assim, pra identificar melhor. Tem, todos os locais, ela têm. Quando a pessoa chega, ou seja, cada... A gente divide por setor lá na banca, então ela tem os locais apropriados pra todas as revistas...
P1: Quais são os setores, Anésio?
E: São divisões, que a gente coloca pra, não só facilitar o nosso trabalho, como melhorias pro cliente, que aí ele já sabe, chegando ele já sabe onde fica tal revista, o produto que ela quer, que ela precisa.
P2: E nesses dois anos que você está lá, que que você acha que os cliente procuram mais? Que tipo de revista? Que tipo de informação que eles mais procuram?
E: É sobre moda, (pausa) sobre moda, sobre negócios, oportunidades, são revista de... Que falam sobre negócio, sobre a vida, sobre, principalmente, notícias, pro comércio, principalmente, que ajudam o comerciante, que o empresário a como lidar com o seu negócio. Ajuda a pessoa... Como tem muitas revistas, e muitas, muitos assuntos ou perguntas, ou seja, muitas coisas que a pessoa vai em procura, ou seja, ela vai procurar uma revista que fala sobre, sobre o... A vida empresarial, como melhorar o seu comércio, a vida pessoal. Então, são vários tipos de revistas ou fatores que elas procuram, que ela encontra, que ela chega lá e ela encontra.
P1: Qual revista que você, assim... Você pensa que seja a mais vendida? (pausa) Ou qual as revistas que você acredita que sejam as mais vendidas?
E: A revista Veja...
P1: É a mais vendida?
E: É a mais vendida. Tem a... Revistas... Várias revistas, mas podemos citar a revista Veja, tem a procura de revistas Exame, Caras, ou seja, todas são procuradas, mas umas revistas que têm mais saída, que fala sobre um país, fala sobre notícias do mundo, e...
P1: Ahã. Certo.
P2: E você vendem também bala, chiclete, cigarro, nessa banca?
E: Trabalhamos, sim.
P2: Tem muita gente que vai lá só...
E: É...
P2: Só pra comprar isso?
E: Não. A pessoa, ela vai pra comprar uma revista, a pessoa vai comprar um refrigerante, alguma coisa, e acaba levando outras coisas, como você citou.
P2: Ta.
P1: E o jornal?
E: Que jornal?
P1: Como são os jornais? Como são vendidos, os jornais? Quais os jornais que mais... você percebe que são mais vendidos? Que são mais procurados?
E: É... Correio Popular...
P1: É de Campinas?
E: De Campinas, isso. Correio Popular, agora, O Diário do Povo...
P1: Também de Campinas?
E: De Campinas. E tem o jornalzinho (Jaca?) um lançamento, que saiu agora, do Correio. Tipo assim... Não posso dizer... O Estado, a Folha são os mais vendidos, é o Estado, a Folha, e aqui de Campinas, o Correio Popular.
P1: Primeiro o Correio Popular?
E: Isso, aqui de Campinas.
P1: Se você fosse pensar em todos os jornais, que são vendidos na banca, o Correio popular seria o mais vendido?
E: Em Campinas é... Por ser o Correio Popular. Tem a Folha, o Estado, outros jornais que são de São Paulo, que vende também, vende bem, bastante, muito, principalmente no domingo. Mas em Campinas, o Correio Popular é o que mais...
P2: E que horário que vocês recebem os jornais? Vocês recebem ele de manhãzinha?
E: De manhã. Recebemos de manhã, às cinco horas da manhã, a gente já recebe o jornal já...
P2: Você começa a trabalhar às cinco horas da manhã?
E: Nós começamos às seis, as seis da manhã, e ficamos até as dez, durante a semana, até quinta-feira, que aos finais de semana a banca é vinte e quatro horas, a partir de sexta-feira, ela funciona vinte e quatro horas. E esse horário que a gente recebe de manhã, a partir das cinco horas da manhã, todos os dias.
P1: E qual é o seu horário de trabalho na banca?
E: Meu horário é das seis às quatorze, de segunda a sexta. Finais de semana, eu trabalho das treze às vinte e uma.
P1: Como é pra você, quando as pessoas vão à...
E: À banca?
P1: À banca de jornal e pedem um determinado produto? Uma determinada revista, um determinado... Mas ela diz só o... Vamos dizer assim, o tipo de revista: “eu quero uma revista de moda”, por exemplo, “procuro uma revista de moda”, como que é pra você essa... Você chega a sugerir? Com é que você age? Como é que você...
E: Geralmente, o cliente quando ele chega, ele já sabe o que ele vai comprar, ele quer. Muitas das vezes, alguma matéria que sai na... Que tem lá na revista, que as vezes dificulta, está dentro da matéria, da determinada revista que o cliente as vezes não sabe o nome da revista. As vezes citamos a que revista que ele se refere, a que tipo de matéria, traz informação, ela fala que revista que é. Aí nós já levamos o cliente até determinada revista, que é o local onde ficam as revista, por exemplo, podemos citar, de moda, onde fala só sobre automóveis, onde fala só sobre negócios, onde fala só sobre futebol. Então, são assuntos diferenciados que em cada local, ou seja, em cada setor tem o seu... Sua... A revista, ou seja, as vezes, tem cliente que vai a procura de revista, que ela não sabe o nome da revista, o assunto da revista e aí a gente leva ela até o local certo.
P1: E vocês leêm essas publicações, pra poder indicar...
E: Não...
P1: Ou, pelo menos, lêem as chamadas das matérias?
E: Não. Não chegamos a ler.
P1: Não?
E: Não.
P1: Não chegam a ler?
E: Não.
P1: Nem essas que são mais procuradas?
E: Não. Não chegamos.
P1: Não, né? Como é a questão da embalagem? Como... As pessoas fazem alguma solicitação, pra embalar? Como é a...
E: Algumas vêm embaladas, tem uma que são proibidas de (você vê?), tem umas que não pode você... Algumas vêm classificadas, outras não. A grande maioria não vem classificada. Mas, por motivo que na banca não pode ler...
P1: Ah, não pode ler?
E: Não pode. Então... Alguns já vem, já dá uma olhada, por cima, o que interessa, a matéria em uma determinada revista. Então, a gente, a cada dia, lidando com o cliente, a gente, muitas das vezes, até _________________ com a notícia, de determinada revista. A gente vai apropriando mais o sentido que determinada matéria traz, a gente já sabe o que se trata, e vai aprendendo e tendo mais conhecimento do que, a cada revista que a gente recebe, pra poder facilitar mais no atendimento, pra levar ao cliente determinada revista. Então, isso ajuda bastante a gente a...
P1: Como é que você começou a trabalhar na banca do Bosque? Como que você começou a trabalhar lá?
E: Olha, o proprietário, então, nos... Já, já nos conhecíamos antes, por trabalhar nas proximidades lá. Ele conhecia, como pessoa que, tipo assim, que tinha confiança, pra trabalhar, e ele me fez o convite, eu não aceitei, por não trabalhar em Campinas. Eu estava trabalhando no interior, residia em Campinas, mas trabalhava no interior. Então... Mas trabalhava ao lado do comércio dele, antes. Aí ele... Por motivo que ele precisava de uma pessoa que ele conhecesse, que estaria responsável, que ele poderia confiar, aí eu acabei aceitando a proposta dele, a proposta de trabalhar na banca de revista, na banca do Bosque.
P1: Quantas pessoas, quantos funcionários trabalham? Quantas pessoas trabalham na banca?
E: Nós trabalhamos em três. Em três funcionários.
P2: E qual que é o revezamento? Você falou que trabalha, durante a semana em um horário, e no fim de semana.
E: Isso...
P2: Você tem folga?
E: Tenho folga, minha folga é toda segunda-feira, a gente organiza lá os funcionários pra poder não atrapalhar um ao outro, apesar de que trabalhamos reduzido, mas contente, né? E, durante a semana, fizemos um horário, finais de semana, pra cobrir folga, faremos outro horário. Nós fazemos outro horário, pra não acarretar nenhum dos funcionários.
P1: Quais são as formas de pagamento, na banca? Que vocês... Com as quais vocês trabalham?
E: Em forma de...
P1: Como vocês recebem? Como os clientes pagam?
E: Olha, a maioria em dinheiro. A grande maioria. Temos cartão Visa, cheque, mas a grande maioria paga em dinheiro.
P1: Vocês têm problemas de inadimplência? Têm problemas com pessoas que deixam de pagar?
E: Bem como...Bem pouco. Pouco. Sempre tem, né? Todo comércio é...
P1: Como que é que funciona isso? Como que eles ficam? Conta um pouquinho.
E: Olha, nem sempre... Alguns têm a responsabilidade de dar todo dia, todo mês. Como são clientes, ou seja, ali a gente trabalha com empresa que pega jornal todos os dias, então a gente forma um... Pra ficar melhor, não só pra banca, mas pro cliente, o responsável pela banca acaba... Opta... Acaba optando por esse caminho...
P1: Essa forma...
E: Por essa forma de pagar, que facilita tanto pro comércio, tanto pra empresa, que é como, principalmente os jornais e as revistas que todo mês e toda semana sai, eles acabam optando, conversando com o proprietário a respeito de como seria a forma de pagamento, e poucos optam por pagar mês, mas a grande maioria, eles sempre pagam a vista, ou seja, eles compram, e já pagam.
(interrupção de fita)
E: (a Sônia?) (passando?), tipo assim, minha irmã mais velha, aí eu falei... Eu alcancei eles, passei a minha irmã mais velha e coloquei um objetivo de vir pra Campinas, de vir pra cá, morar aqui em Campinas, conhecer meu pai. Mas, como eu tinha quatorze anos, não tinha como vim, minha mãe não deixava, não queria que viéssemos pra cá, aí eu, mesmo assim com quinze anos, eu...
P1: Você veio.
E: Contra a vontade dela, nós viemos pra cá. Eu e meu irmão.
P1: Então, o que eu gostaria é que você... Que nós gostaríamos é que você contasse alguma história...
E: Sim?
P1: Essa história é muito interessante, mas que nós gostaríamos que você contasse alguma história da sua experiência no comércio.
E: No comércio?
P1: Que você acredita que tenha sido interessante, engraçada ou triste... Uma história sua, uma experiência sua no comércio.
E: Bem, por um motivo de dificuldade, por motivo de dificuldade...
P1: Hum... Nós gostaríamos, Anésio, que você contasse alguma... Algum caso, alguma história que você tenha vivenciado, você tenha vivido no comércio. Na sua experiência como comerciário. Como trabalhador numa empresa de comércio.
E: Bem, na realidade, o comércio me trouxe uma responsabilidade a mais, de ficar responsável e, ao mesmo tempo, aprendendo como lidar no comércio, ou seja, dificuldades, como o patrão passa, em temos de tudo que se passa no comércio, de atendimento ao cliente, de como receber as pessoas, de como lidar com as pessoas que... Todo tipo de pessoas, que a gente vê que vai num determinado estabelecimento. Eles, as vezes, eles chegam de formas que a gente tem que superar, ou seja, de não ser grosso, de falar como tem que falar: educado, não somente isso, mas em todos os meios de como lidar com a pessoa, de responsabilidade, de saber o que o cliente quer, de estar sempre atendendo o cliente como ele quer, mesmo assim não tem como, é muito difícil, mas... Pelo pouco tempo que a gente tem passado, vivenciado num ambiente, um diferente do outro, e a gente... Existe muitas diferenças entre um comércio e o outro. Mas a forma de atendimento é sempre o mesmo, sempre um mesmo objetivo, né? Tem que ser. E talvez não seja diferente quando eu trabalhava numa loja de móveis, passei a trabalhar num posto de gasolina... Experiências diferentes. Agora, trabalhando como motorista é outra experiência.
P1: Quando você trabalhava no posto, como era o seu trabalho no posto?
E: Olha...
P1: De gasolina.
E: Era abastecimento, troca de... Tipo assim, o local mesmo, troca de óleo, de...
P1: Como era a abordagem com os clientes?
E: A aborda...? Chegava abordava os clientes: boa tarde ou bom dia, e, como eu trabalhava no posto de gasolina, eu chegava e perguntava ao cliente se ele... Qual o determinado tipo de combustível, ele queria abastecer, sempre um boa tarde, um bom dia, ou... Sorrindo! As vezes a gente tinha a oportunidade de conversar com o cliente, as vezes a gente não tinha muita oportunidade. Histórias da vida dele, como a gente conhecia alguns clientes, a gente já tinha essa intimidade de conversar com ele, sempre alegre, com o cliente. E as formas de abastecer...
P1: E você tem alguma história engraçada, curiosa, que tenha acontecido na sua trajetória, no posto? Alguma coisa engraçada, que tenha acontecido com você?
E: Poucas. Não muito. Por ser um... A gente levava muito a sério o trabalho. Tinha alguns momentos de descontração, de brincadeira, mas não muito, assim...
P1: Você não lembra de nenhuma...
E: Não consigo lembrar.
P1: Não? E na banca? Algum fato que tenha acontecido e que tenha sido interessante, engraçado, pra você? O jeito de algum cliente? Tinha alguma situação engraçada que você tenha vivido?
E: Tenho sim. É... No caso, falar como aconteceu?
P1: Ahã.
E: Olha, não sempre. Não sempre. Algumas vezes...
P1: Uma. Uma história engraçada que você acha que tenha sido interessante, engraçada.
E: Olha, de chegar um cliente e, por não querer se expor, ou aquele produto que ele queira, e ele acaba tentando disfarçar, ou seja, pra não querer falar alto, determinada revista que ele procura, e talvez ele leva a revista errada por estar nervoso ou por não querer dar na cara ou... Que é aquela revista que ele quer. Ele acaba levando a revista, aí em determinado momento, ele volta, pedindo desculpa, que não seria aquela revista que ele queria, ou seja, era outra revista! E ele acabou... Geralmente acontece da pessoa levar a revista, pensando que é um determinado assunto de matéria, ou seja, alguma... Principalmente revistas que trazem fitas. Elas acabam errando na hora de levar, e voltam pedindo... Envergonhadas, ou seja, meio sem jeito de falar, que não é aquela revista que queria, e...
P1: Mas seria revistas do quê?
E: (pausa) Revistas... Revistas... Ou seja, eróticas, principalmente. As vezes tem uma determinada pessoa, que a gente olha: “vai levar uma determinada revista, mas vai levar uma revista com cd, que essa revista é masculina”, ou seja, aí ele acaba levando um dvd que não tem nada a ver com aquilo que ele... Determinado... Algo que ele quer ver. São situações assim que meia constrangedora pra ele, né? E acaba a gente já... Sendo engraçado, ou até mesmo a gente ficar zombando com um colega da gente, e tal. Mas nada a ver...
P1: As pessoas têm vergonha de levar as revistas eróticas?
E: Tem, tem. Muitas das vezes, pessoas levam, sabem que lá a gente vende, que tem, mas que levam revistas... Pra gente que está acostumado é normal. A gente não sabe... Nada a ver, né? Não sabemos o gosto da pessoa...
P1: A preferência sexuais, né?
E: As preferências... Isso!
P1: Também tem isso?
E: Tem isso, tem! E eu acho que a grande maioria tem, a gente respeita, né? Os gostos da pessoa, sem preconceito, acontece! De tudo, de tudo! Muitas coisas assim... No dia-a-dia, no trabalho da gente, a gente vê muitas coisas, mas... A gente sabemos que é o dia-a-dia da pessoa da gente. Convivo com isso, naturalmente, com todo respeito ao cliente. Mas acontece, normal! Coisas que... Normal!
P1: E como vocês fazem? Vocês colocam a revista erótica, por exemplo, dentro duma sacolinha? Vocês têm uma estratégia pra pessoa se sentir mais à vontade pra levar?
E: Sim! Tem. Ela já vem discretamente, assim... não precisa ter vergonha, ou seja, não vai atrapalhar em nada, ela já vem com... Totalmente, assim...
P1: Selada?
E: Selada, nada atrapalha, nada pode... Tem coisas que não pode ficar exposta, então que não vai atrapalhar, o cliente pode chegar numa boa, sem problema nenhum. Aí já, já pode pegar.
P1: Como que você vê a sua atividade no comércio? Que lições que você poderia... Que você tira pra sua vida? Como é isso? Como é essa sua experiência no comércio? Você já falou um pouco disso: que você acha que tem ter... Que você acha que você tirou responsabilidade, que você ganhou responsabilidade, não é? Com essa experiência no comércio... Fala mais um pouco: do que vo... Que lições que o comércio pôde ter dado? Pode ter oferecido pra você?
E: Não somente a responsabilidade, mas é em preocupar em tudo que... Principalmente no meu horário. Estou no meu horário, a minha preocupação é: atender o cliente! Muitas das vezes a gente... Da maneira que... Mais responsável, que o cliente possa voltar. E outra: mais experiência de vida! A experiência que tem nos proporcionado, ou seja, com o convívio como todas as pessoas. É muita gente! Procura, procura o lo... Essa banca de revista, por ser uma vinte e quatro horas. Pessoas, públicos diferentes. Todo o tipo de pessoas, seja classe média, seja todo tipo de pessoas. E muitas... A gente conversa com pessoas que são doutores, conversa com pessoas que responsáveis em determinadas áreas. Então a gente aprende de... Muita coisa! Muitas, muitas coisas que a gente coloca em dia na convivência, com as pessoas, com a família, com a vida corrida no dia-a-dia de hoje. A gente tem visto que... Não somente as notícias que a gente recebe todos os dias, a gente está por dentro do que está acontecendo no país. Isso nos ajuda a uma pessoa, quando nos procura, a determinado assunto de matéria...
P1: Ahã.
E: Determinado assunto de produto que ela procura: ou revista, ou muito... Até ponto de informação! De pessoas que passam ali. Tudo. Então é muito importante lá. Eu adoro! Adoro! Eu gosto de trabalhar lá. Aprendi muito lá. E, talvez, eu não sei como... Se estivesse em outro local de trabalho, como seria. Mas lá, eu tenho aprendido, a cada vez mais, com as pessoas, as próprias pessoas que vão lá, por ser um local bastante procurado, por ser um local mais... Tipos assim... Por ser uma banca maior de Campinas, a banca mais procurada pra tudo!
P1: Você falou um pouco de informação. Como é essa questão né? Das informações? Fala um pouco sobre essa... Vamos dizer assim, sobre essa função, né? É uma função que não é a função da banca! Mas acaba acontecendo.
E: Por motivos de ser um local onde as pessoas já conhece há muitos anos, ou seja, há mais de trinta anos que a banca, ela funciona ali naquele determinado local, naquele ponto, naquele ali embaixo do viaduto Laurão. Então, por motivo de alguns funcionários, ou seja, a residir ali há muito tempo, isso nos ajuda a informar, por conhecer um pouco a cidade também, ou seja, a gente conhece a cidade há... Praticamente tudo na cidade! Todos os bairros, a gente... Conforme a gente... Tipos assim: a gente já passou! A gente já trabalhava em Campinas e região, aí já tem esse conhecimento por onde todos lo... Praticamente todos locais daqui de Campinas. Então ali, por ser abanca mais... Uma das bancas mais, assim, antigas ali do Bosque, nos ajuda a informar a saída, os locais, os pontos de encontro, assim: shopping, bairros, da cidade, os interior... O interior da cidade. Então isso ajuda a gente a lidar muitas pessoas, que elas procuram, param ali pra pedir informação. Não somente na banca, as vezes alguma vai pedir informação, acaba conhecendo... Moram muitos... Residem em Campinas, há muitos e muitos anos, tem cliente que moram em Campinas há mais de cinqüenta ano e nunca tinham entrado na banca, e que ouviam falar da banca. Então, isso nos ajuda a também a dar informação para os clientes, a pessoas que nunca veio, mas, mesmo assim, a gente acaba ajudando ela a informar o local que ela quer ir.
P1: Anésio, como que você vê essa iniciativa do SESC – Campinas em fazer um projeto pra recuperar a história do comércio? Como que você vê esse projeto?
E: Olha, muito importante, não só pra, como você falou, pro comércio, pras pessoas que residem... Trabalham nesses comércios, em Campinas. Isso, com certeza, ajudará muito mesmo esse programa, ou seja, essa... Ajudará bastante a formação, a divulgação, do SESC... Tudo! Tudo! A cidade. Ajudar... Nossa! Tudo mesmo.
P1: E a sua participação no Projeto, como é que você vê?
E: Olha, talvez eu ache que não muito lá... Muito importante, como tem muito mais casos mais importantes de...
P1: De jeito nenhum!
E: De... De participar, de participação, de convivência, sabe? De tudo mesmo, que tem acontecido na cidade, em... Pouco.
P1: A sua participação é muito importante, como é que você se sente?
E: Eu me sinto bem.
(som de celular)
P1: Foi. Tem que cortar agora.
(interrupção de fita)
P1: Como é que você vê a sua participação? Como é que você se sente participando desse projeto?
E: Eu acho... Olha, talvez eu não sei nem como falar, não tenho como falar. Mas é muito importante, importante... Pra mim, eu agradeço muito, né? Dessa participação... (pausa) Que... Sabe? História de vida... Assim como tem muitas histórias de vida diferentes, tem muitas... Cada... As vezes, tem histórias que são totalmente diferentes uma da outra, que podem ajudar bastante. Como muitas histórias de vida de pessoas que mudou a minha Vida! Que tem pessoas que já ouvi histórias de pessoas que,a través daquele outro testemunho, ou então pessoas que chegaram a comentar sobre isso e me ajudou muito. Por refletir aquilo, eu quero, ou seja, tirar o que é bom pra mim, aquilo que não presta, eu não quero, porque eu poderia estar envolvido com droga, poderia estar envolvido com muitas coisas erradas que descontaria na minha família, principalmente a minha mãe, meus irmãos, mas eu tenho aprendido em pouco tempo, esses anos que eu tenho vivido aqui em Campinas, no comércio, o dia-a-dia, a dificuldade, na escola, quando ia. Mudou muita coisa e tem muita coisa pra mudar, e essa história, ela vai continuar ainda. Sonhos vão se realizar, ainda está... É só o começo! Pra mim, é só o começo ainda. Muita coisa pra aprender! Tanto na vida, tanto na família, muita coisa pra aprender, pra colocar em prática, pra praticar. Tudo aquilo que realmente é bom!
P1: Nós só temos a agradecer sua participação no nosso projeto!
E: Não há de quê! Não tem que agradecer, quê isso?!
P1: Obrigada.
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