Rosa Maria Silva de Lima, 55 anos, natural de São Francisco de Paula/RS. Desde cedo a sua vida foi difÃcil. Aos cinco anos ela saiu de sua terra natal e foi morar em Viamão/RS.Ela ia todos os dias de pés descalços para seu colégio Minuano na parada 40, até que um dia seus pais disseram que nÃ...Continuar leitura
Rosa Maria Silva de Lima, 55 anos, natural de São Francisco de Paula/RS. Desde cedo a sua vida foi difÃcil. Aos cinco anos ela saiu de sua terra natal e foi morar em Viamão/RS.Ela ia todos os dias de pés descalços para seu colégio Minuano na parada 40, até que um dia seus pais disseram que não iam ter condições de cuidar dos seus irmãos pois trabalhavam o dia inteiro. “Era o que eu tinha que fazer naquele momento, deixei a prioridade pela necessidade” disse Rosa Maria.
Aos 11 para 12 anos Rosa começou a sentir fortes dores de cabeça, descobrindo sua leucemia. Ficou internada no Hospital Moinhos de Ventos, em Porto Alegre/RS, durante 3 meses. O médico disse para seus pais que ela iria ficar surda e muda, mas apenas ficou surda e atualmente usa aparelho nos dois ouvidos. Após esta barreira na sua vida, Rosa se reergueu e começou a trabalhar em casas de famÃlia como empregada até os 27 anos de idade.
ROSA E SUA FAMÍLIA
Rosa tem quatro filhos: Ana, Sheila, Marcelo, Priscila e nunca se casou. Sua vida amorosa foi conturbada. “ Meu primeiro companheiro, pai da minha filha mais velha, tive convivência de 1 ano com ele, não deu certo e ele foi embora e me deixou grávida”, disse. Logo em seguida ela conheceu outro homem que deu o nome para sua filha no seu ventre. Um ano depois ela ficou grávida da sua segunda filha, mas teve que se mudar para Sapiranga, para trabalhar em uma fábrica de calçados e eles acabaram se separando. Com seu terceiro companheiro ela teve seu primeiro menino. Após 5 anos Rosa voltou para Porto Alegre e reencontrou seu segundo companheiro “Ficamos juntos por 22 anos até ele falecer por conta de ataque cardÃaco”, contou e complementou, “Depois que perdi meu marido conheci outro rapaz que era gauderio, a partir dele vim parar no piquete.Ele já faleceu faz 6 anos de acidente de moto. Estou sem ninguém atualmente e nem quero. “Rosa vive com seus filhos e seus respectivos companheiros na Lomba do Pinheiro em Porto Alegre/RS.
MAIOR MARCO NA SUA VIDA
Quando Rosa voltou pela última vez para Porto Alegre, sua vida se dividiu em dois, no artesanato confeccionando flores de papel machê, e na gravidez de sua filha Sheila, do seu segundo casamento. Ficou junto no hospital até que ouviu uma notÃcia que mudou sua vida.
“O médico veio direto para mim após o parto e falou que eu tinha que preparar a Sheila que minha neta ia sofrer muito e foi isso que eu fiz”. Foram praticamente 14 anos de cadeira de rodas subindo e descendo lombas, sendo mal atendidas, procurando direitos, as condições eram péssimas.
Rosa e Sheila levaram cinco meses para conseguir uma cadeira de rodas, boa parte do tempo elas faziam rifas de diversas coisas para conseguir o dinheiro. Vendiam no acampamento farroupilha e no bairro onde elas moravam. Sua neta fez tratamento por apenas quatro anos, após isso não tiveram mais condições e estrutura para levar ela para as consultas, e o médico disse que não havia mais solução para seu caso de saúde.
Finalizou emocionada: “Faz 3 anos que eu perdi ela, ela nasceu com encefalopatia crônica. Ela não falava, não andava, não fazia nada. Se ela tivesse viva ela estaria com 17 anos. Ela tinha olhos azuis cabelo crespo loiro lindo. A gente vai levando. Ela foi minha neta mais velha”.
ARTESANATO
O artesanato para Rosa foi como um refúgio, por mais que ela trabalhasse com isso. Ela colocava seus sonhos que ela sabia que não iria conseguir cumprir, cada momento que ela queria viver, cada escolha que mudaria sua vida, cada vez que ela teve que ser adulta quando tinha apenas onze anos,a vontade de ser criança novamente, em cada flor produzida. Mas além disso ela queria fugir dela mesma.
Com a doença de neta o artesanato serviu como se fosse um equilÃbrio sua vida. Sempre não se sentia bem, Rosa ia para seu refúgio mexer com seu papel, sua cola e suas tintas coloridas. Naquele momento Maria era Rosa.Recolher