Olá, querido leitor do Museu da Pessoa!
Meu nome é Dandara Mesquita da Silva, tenho 24 anos e sou professora de Língua Inglesa. Graduei-me em Letras pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e atualmente estou cursando mestrado na mesma Instituição.
Gostaria de compartilhar uma experienc...Continuar leitura
Olá, querido leitor do Museu da Pessoa!
Meu nome é Dandara Mesquita da Silva, tenho 24 anos e sou professora de Língua Inglesa. Graduei-me em Letras pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e atualmente estou cursando mestrado na mesma Instituição.
Gostaria de compartilhar uma experiencia marcante que vivi durante minha graduação e que serviu de base para o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
Talvez vocês já tenham ouvido falar que o medo pode ser tanto paralisante quanto motivador, e isso se mostrou verdadeiro em minha trajetória.
Em 2021, participei do projeto TELETANDEM. É uma abordagem metodológica que promove a interação entre alunos estrangeiros, via internet. Nesse projeto, alternamos entre ser professores de nossa língua nativa ou que se tem proficiência, e alunos, aprendendo a língua do nosso parceiro. Os encontros semanais de uma hora, divididos 30 minutos em cada língua, eram baseados em temas livres escolhidos pelos participantes.
Para ingressar no projeto, entretanto, era preciso passar por uma entrevista em inglês realizada pelos próprios professores da instituição. Como se tratava de um projeto intercultura, era indispensável ter pelo menos conhecimento básico em língua inglesa.
Essa entrevista representou meu primeiro grande desafio utilizando o inglês. Apesar de estar no 5º período de Letras, ainda tinha muitas dificuldades em me comunicar no idioma, especialmente com um falante nativo. Sentia-me insegura e, por um momento, pensei em desistir.
Minha mãe sempre diz que tenho medo do novo. E, de fato, sempre luto contra pensamentos autodestrutivos como \\\"não vou conseguir\\\", \\\"não sou boa o suficiente\\\", entre outros.
Mas, naquele momento, decidi agir de forma diferente. Ou eu passava e celebrava essa vitória, ou não passava e tentava em outra oportunidade. O \\\"não\\\" já estava comigo.
Enfrentei a entrevista, respondendo às perguntas da melhor maneira que eu conseguia. Quando eu entendia a pergunta, mas não sabia responder em inglês, respondia em português mesmo.
Terminada a entrevista, fiquei horas pensando nos erros que tinha cometido, analisando como eu poderia ter saído melhor.
Algumas semanas depois, veio o resultado: passei na entrevista. Era minha primeira entrevista em inglês e meu primeiro projeto com um aluno nativo na língua inglesa.
A partir daí, era hora de enfrentar.
No primeiro encontro, que ocorreu em 11 de Fevereiro de 2021, um dia antes do meu aniversario, minha parceira e eu decidimos nos apresentar e falar sobre nosso país. Eram nós duas da UFLA (Brasil), e ele da Columbia University (EUA).
Preparei um pequeno roteiro para explicar os slides que fiz sobre mi, mas acabei descartando-o, percebendo que parecia um robô recitando frases decoradas. Optei por improvisar, e fiquei impressionada com minha apresentação, mesmo cometendo erros.
Minha parceira tinha uma fluência melhor, o que me intimidava um pouco, mas isso facilitou nossa interação. O aluno estrangeiro que ensinávamos o português também contribuiu para meu aprendizado, pois quando ele não sabia uma palavra ou não compreendia o que estávamos falando, não tinha medo de perguntar, mostrando que não é preciso saber de tudo, mas é necessário buscar conhecimento.
Foram três meses de muitas emoções, superação e aprendizado, que contribuíram significativamente para minha formação como professora de inglês, para além do domínio da gramatica.
Essa experiência, registrada em diários ao longo do projeto, foi a base para meu TCC. Recordar minha evolução não só com a língua, mas também como pessoa e profissional, é algo que compartilho com orgulho. Nem todos os encontros foram perfeitos, errei várias vezes, mas esses erros e emoções moldaram minhas ações e minha identidade como docente, permitindo-me crescer.
Agradeço a Deus, pelas as oportunidades, e minha mãe por me ter feito enfrentar os meus medos naquela época, pois isso me abriu portas para participar de outros projetos interculturais que foram incrivelmente enriquecedores tanto para mim, pessoalmente, quanto para minha formação docente.
Retomando a frase inicial: o medo pode ser tanto paralisante quanto motivador, tudo depende da nossa escolha.
See you!
Dandara MesquitaRecolher