Projeto Correios 350 Anos
Depoimento de Adriano Azevedo Souza
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 23/11/2013
Realização Museu da Pessoa
BRA_CB022_Adriano Azevedo Souza
Transcrito por Claudia Lucena
MW Transcrições
P/1 – Adriano, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria d...Continuar leitura
Projeto Correios 350 Anos
Depoimento de Adriano Azevedo Souza
Entrevistado por Márcia de Paiva
Rio de Janeiro, 23/11/2013
Realização Museu da Pessoa
BRA_CB022_Adriano Azevedo Souza
Transcrito por Claudia Lucena
MW Transcrições
P/1 – Adriano, boa tarde.
R – Boa tarde.
P/1 – Gostaria de começar pedindo que você nos diga seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Certo, meu nome é Adriano Azevedo Souza, tenho 31 anos, nasci na cidade de Salvador, Bahia.
P/1 – E cresceu em Salvador?
R – E cresci em Salvador, minha vida quase toda foi lá.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho um irmão, né, tem 40 anos, eu tenho 31, minha mãe demorou um pouquinho aí pra ter um outro filho, né, nove anos, minha mãe foi viúva duas vezes, tá, do pai do meu irmão e do meu pai, então a referência de pai que eu tenho hoje foi meu irmão.
P/1 – Me diga o nome do seu pai e da sua mãe.
R – É Luzia Ermelina Azevedo de Assis e Reinaldo Rosa de Souza.
P/1 – Como é que foi a sua infância? Onde você cresceu lá em Salvador?
R – Minha infância, né, foi muito agitada, eu fui um menino um pouco comportado, né, diga-se de passagem, mas eu lembro muito ainda de minha mãe me gritando pra eu entrar em casa, eu brincando com os meninos pra cima e pra baixo.
P/1 – Em que bairro lá de Salvador?
R – Na Boca do Rio.
P/1 – Era um grupo de crianças que moravam próximo os seus amigos?
R – Isso, na verdade a rua onde eu morava era uma rua bem tranquila, então a gente ainda tinha aquela liberdade de andar sozinho, né, tinha três amigos que eram certos, que era o Samuel, o Ismael e o Alex, que a gente ficava pra cima e pra baixo lá na rua e minha mãe liberava a gente, né, eu andava com os meninos lá pra cima e pra baixo.
P/1 – Cresceram sempre nesse bairro, ficaram sempre nesse bairro?
R – Isso, sempre nesse bairro.
P/1 – E aí você estudou, como é que foi seus estudos?
R – Aí concluí o ginásio, né, numa escola lá em Salvador mesmo, no Açoriano, depois disso aí o primeiro grau eu fui pro Acadêmico, uma escola também lá próxima, né, que já era minha adolescência. Depois disso aí eu fiz a faculdade, a UNIFACS, lá em Salvador mesmo, aí eu me formei como analista de sistemas.
P/1 – Adriano, me conta como é que foi a sua vinda pro Rio. O que te motivou a vir pra cá? Me conta essa história aí.
R – Bom, o que que acontece? Quando eu estudava no Açoriano eu tinha uma amiga, né, que eu vivia com ela, que era a Cristiane, e Cristiane, ela tinha uma mania de se corresponder com as pessoas por carta, do Brasil todo. Vira e mexe eu tava na casa de Cris, a gente conversando e ela me mostrava umas cartas que ela recebia ou que ela iria enviar. Em uma dessas cartas que ela enviou, ela enviou uma foto minha, tava eu, ela e tal, e a menina respondeu perguntando se poderia se corresponder comigo, aí eu disse que poderia sim, que não tinha problema nenhum e aí comecei a me corresponder com ela, isso foi em 2000 mais ou menos, né? A gente começou a se corresponder e tal, ficamos muito amigos, né, ela tinha um namoradinho, eu tinha uma namoradinha, mas a gente ficou muito amigo, confidente e tal, e a gente sempre acreditou que um dia a gente fosse ficar juntos. Aí, isso de 2000 até 2011 a gente nunca tinha se visto, mas se correspondia direto por carta.
P/1 – Vocês passaram 11 anos se correspondendo?
R – Se correspondendo, cartas, email.
P/1 – Qual era a frequência?
R – Ela mandava mais carta do que eu, né, às vezes tem até cartas dela cobrando meus retornos, mas também depois a gente começou a se falar por telefone, ficou também muito mais fácil, né?
P/1 – Você mandava retrato também, tudo, ela mandava?
R – Ela mandava fotos, eu mandava fotos também, né?
P/1 – O que você sentia quando chegava uma carta dela?
R – Quando chegava uma carta dela eu ficava já, minha mãe: “Adriano, chegou uma carta aqui pra você, Valéria mandou”, eu: “Aaaa, que legal, deixa eu ver aqui”, chegava, ia pro quarto, abria a carta lá, todo um alvoroço pra poder o que era, o que ela tinha respondido, o que ela tava perguntando, era muito legal.
P/1 – E aí continuando, aí você então, até 2011 você não conhecia ela?
R – Isso.
P/1 – Onze anos por carta?
R – Onze anos por carta, até que ela, 2010, ela teve em Salvador, né, foi um, fez um cruzeiro, foi um carnaval num navio, e aí ela desceu, só que como foi muito rápido a gente não conseguiu se ver. Aí em 2011...
P/1 – Não brinca.
R – Foi.
P/1 – Ela passou e vocês não conseguiram?
R – Passou e a gente não conseguiu se encontrar. Aí 2011 a gente conseguiu se ver, ela disse: “Adriano, eu to indo pra Salvador”, “É sério? Vem mesmo?”, aí eu: “Beleza”, aí ela ia ficar num hotel lá, só que ela tava receosa se o hotel existia mesmo, porque ela ia pagar tudo por aqui pelo Rio, né? Aí eu: “Eu vou lá” e fui lá, vi o hotel, o hotel existe, eu ligue pra ela: “Olhe, Valéria, pode vir, o hotel existe”, “Ah, você foi?”, “Foi, beleza”, aí pronto, aí no carnaval, né, eu fui lá no hotel visitar ela.
P/1 – E aí como é que foi o primeiro encontro?
R – Foi engraçado porque acho que ela...
P/1 – O coração tava batendo?
R – Tava, porque eu achava que ela fosse um pouquinho maior (risos), mas era muito mais linda do que eu achava.
P/1 – Ah, é?
R – Era.
P/1 – Que bom, então uma grata surpresa.
R – Com certeza.
P/1 – Mas ficou nervoso pra ir?
R – Aí ficou, tipo, a gente ficou se olhando, ela: “Adriano”, eu: “Valéria”, aí a gente conversou um pouco, mas, assim, sem entender ainda que aquilo era verdade, mas a partir dali eu descobri que eu queria ficar com ela.
P/1 – E ela também?
R – Também, foi natural mesmo, aí o carnaval todo a gente passou juntos, né, aí ela retornou pro Rio, eu fiquei lá em Salvador, a gente se falando muito ainda pelo telefone. Aí eu comecei a viajar, Rio direto, ela Salvador direto, qualquer folga, qualquer coisa, a gente se encontrava.
P/1 – E aí durou mais quanto tempo até você vir pra cá?
R – Isso tudo durou mais acredito que um ano, foi um ano, aí um ano, a gente, e eu ainda perguntei pra ela, né, eu: “E aí, não sei o que, a gente tá namorando”, ela: “Não, você não me pediu em namoro”, falei: “Não acredito”, “E a gente tá saindo direto, você não me pediu em namoro”. Aí eu: “Pera aí, eu vou fazer uma surpresa”, já que nossa vida toda foi por cartas aí eu resolvi mandar uma carta pra ela também pedindo em namoro, ela adorou a surpresa, fui muito bom, que eu tava em Salvador ainda.
P/1 – Muito bonitinho você fazer isso.
R – Foi, aí a gente, aí que a gente decidiu mesmo ficar junto, porque também o custo tava demais (risos), né, era ela, eu indo pro Rio e ela vindo pra Salvador.
P/1 – Aí vocês decidiram que o melhor seria você vir?
R – Foi, a gente deu uma estudada, analisada e viu que o melhor mesmo era a gente ficar aqui no Rio e aí foi legal.
P/1 – E aí então aqui você já tá desde o ano passado?
R – Isso, não, tenho dois anos aqui, então na verdade foi em 2009, né? Tenho dois anos já aqui.
P/1 – Não, 2011.
R – Dois mil e 11, dois ou três, acho que eu vou fazer três.
P/1 – A gente tá 13 já.
R – Eu vou fazer três anos aqui, eu vou fazer três anos.
P/1 – Já vai virar.
R – Isso.
P/1 – Adriano, e a madrinha dessa história toda, vocês continuam amigos?
R – A gente continua sempre unido, se falando direto, ela vai ser nossa madrinha de casamento, né, a gente tá já formulando como vai ser o casamento e tudo, o casamento tá pra sair em 2015, se Deus quiser, der tudo certo, vai sair.
P/1 – Ah, então já tem uma data certa?
R – Já tem um ano, né, a data tá por conta dela.
P/1 – É porque essa história já tá ficando longa, né?
R – Isso, aí a gente quer fazer algo do tipo botar alguma coisa dos Correios lá pra representar, entendeu, passar um pouquinho da nossa história.
P/1 – Tem que fazer o selo de vocês dois, que pode, né?
R – É? Eu vou procurar saber.
P/1 – Mas eu queria também te perguntar assim também, vocês guardaram as cartas, tem alguma carta guardada?
R – Eu tenho muita carta ainda, eu tenho algumas cartas em casa, lá em Salvador, ela, eu acho que ela não tem mais, ela disse que o pai dela arrumou lá a casa e deu um fim nas cartas infelizmente, mas ainda tenho sim.
P/1 – Tem que guardar pros filhos, né?
R – Isso, com certeza.
P/1 – Pro filho, pro neto, isso vai ficar pra...
R – Pra posteridade, né?
P/1 – É.
R – Com certeza.
P/1 – História de vocês. E aí aqui você veio trabalhar aonde, Adriano?
R – Aqui primeiramente...
P/1 – Lá você tava trabalhando aonde?
R – Lá eu tava trabalhando na Athena Tecnologia, né, é uma empresa voltada pra fundo de previdência, aí trabalhava lá como, minha carreira foi toda feita lá, fiz estágio lá.
P/1 – Sempre nessa parte de análise de sistema?
R – Isso, de análise de sistema, fiz estágio lá, fui programador lá, virei analista lá, sai como coordenador também lá. Aí vim pra aqui pro Rio, né, comecei a trabalhar na MXM, é uma fábrica de software, aí trabalhei lá um tempo, aí um ano depois eu me mudei, fui pra Brasil Center agora, que é a Embratel.
P/1 – Tá contente lá na Embratel também?
R – To contente sim, é tudo novo, foi um aprendizado pra mim, né, essa parte de telefonia, então foi um avanço, acho que foi um avanço muito grande isso.
P/1 – Como é que você soube da Brasiliana, aqui da exposição que você veio?
R – A Brasiliana, eu tava em casa, né, pela manhã procurando alguma coisa pra fazer, a Valéria tava estudando e aí passou, começou a passar no jornal, aí chamei ela pra gente ver e a gente achou interessante, que seria aqui.
P/1 – E aí vocês vieram.
R – E aí a gente veio, aproveitei esse tempinho, que tá um pouquinho chovendo, né?
P/1 – Que bem ou mal o correio passou a fazer parte também da história de vocês.
R – Isso, exatamente, exatamente, aí a gente veio.
P/1 – Sua história é muito bonita, eu queria perguntar também se você queria deixar algo mais registrado, Adriano, aqui também, gravado também.
R – Só que eu sou apaixonado, né, adoro ela ter entrado em minha vida.
P/1 – Diga o nome dela.
R – Valéria Lima Rodrigues.
P/1 – Que acabou de dar entrevista.
R – É, que acabou de dar entrevista também, vamos ver como é que a dela ficou, né?
P/1 – Depois vocês podem conferir.
R – Isso, fazer o, checar as informações.
P/1 – Eu queria também, só uma curiosidade, sua amiga que se correspondia, da onde saiu essa ideia, como é que ela conheceu a Valéria aqui no Rio, que se correspondia?
R – Essa história eu sei mais ou menos, né, que foi, existia uma revista chamada Correio Astral, que todo mundo colocava, quem queria se corresponder colocava informações nessa revista e aí pegava o endereço e aí começavam a se corresponder com a outra pessoa, entendeu?
P/1 – Bacana.
R – E tem uma parada, uma coisa engraçada, porque antes dela eu namorei com a amiga dela por carta (risos), Karine, tem umas cartinhas lá em casa também de Karine.
P/1 – Isso via essa sua amiga também?
R – Isso, também, também.
P/1 – Que você pegava a revistinha também.
R – Ai na verdade Valéria meio que roubou de Karine, entendeu? (risos)
P/1 – Ela sabe disso?
R – Sabe, hoje em dia a gente é todo mundo amigo, a gente dá risada muito quando, sempre que eu to por perto ali eu: “Karine”, ligo pra Karine, a Karine aparece, a gente conversa e lembra dessas histórias, né?
P/1 – Muito boa a sua história, Adriano.
R – Legal, né?
P/1 – Você quer contar mais alguma coisa?
R – Deixa eu ver, deixa eu ver se eu esqueci algum detalhe, acho que não, acho que eu não esqueci, não.
P/1 – Mas o casamento vai ter alguma participação dos Correios também?
R – Tomara, vamos ver o que é que eu invento, né, pra poder fazer.
P/1 – Então tá, Adriano, adorei sua história, obrigada por você ter vindo participar.
R – Valeu, obrigadão, adorei também, valeu, obrigada.
FINAL DA ENTREVISTARecolher