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Personagem: Deise Lucia Barreto
Por: Museu da Pessoa, 21 de maio de 2012

Ali no ponto mais alto do Borel

Esta história contém:

Ali no ponto mais alto do Borel

“Eu não me lembro da minha família reunida. Era muito difícil. Quando a família estava reunida é quando a gente ia buscar água na mata. Que ia todo mundo, ia a minha mãe, o meu pai, os meus irmãos. Todo mundo tinha que pegar uma lata e ir para a mata pegar água, que era bem distante da nossa casa. Era uma casa pequena de estuque, no morro do Borel. Eu lembro do meu pai construindo essa casa. Ele colocava a gente para ficar amassando o barro, todo mundo descalço. Ele tinha que ripar, depois ia pegando o barro e colocando. Era de folha de zinco e às vezes chovia mais dentro do que fora.

Meu pai era uma pessoa que botava medo na gente. Ele era uma ótima pessoa, mas quando bebia era muito violento. Então tudo era com a minha mãe que a gente ia conversar. Ela é um doce de pessoa. Trabalhava em uma fábrica de tecido, depois virou doméstica. Meu pai era porteiro, foi zelador e depois trabalhou com obras. Chegou um tempo na minha vida também, eu deveria ter uns treze anos, que eu não queria mais estudar. Minha mãe me obrigou até um certo tempo, mas depois eu parei por conta própria. Então ela disse que era pra eu trabalhar. Comecei a ganhar meu dinheiro, que era pouquinho, mas ajudava minha mãe e comprava as minha coisas.

Fui trabalhar de babá de uma criança. Foi logo depois que eu casei com o homem que estou até hoje, vinte e cinco anos. Minha mãe e meu pai saíram da casa deles para serem caseiros e nós fomos morar lá, onde eu engravidei da minha primeira filha. Mas era um barraco de estuque que estava muito velho. Então apareci sapo, cobra. Uma vez eu estava dormindo e apareceu um gambá na cozinha. Teve ataque de formiga...tudo aparecia. Aí resolvemos comprar outra casa. Eu frequentava a igreja e foi uma menina de lá que avisou que ia ter um projeto para mulheres serem donas do próprio negócio. Eu queria ter meu próprio negócio. Aceitei e fui.

Eu acho que a mulher tem que fazer isso mesmo, ela tem que ser...

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Dados de acervo

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Projeto Mulheres Empreendedoras Chevron

Depoimento de Deise Lúcia Barreto

Entrevistada por Raul Varela

Rio de Janeiro, 21 de maio de 2012

Realização Museu da Pessoa

Entrevista MEC_HV029

Transcrito por José Roberto Ruiz / MW Transcrições (Mariana Wolff)

Revisado por Bruna Ghirardello

P/1 – Muito obrigado Deise em nome do Museu da Pessoa e do Projeto Mulheres Empreendedoras, por favor, qual o seu nome, local e data de nascimento?

R – Meu nome é Deise Lúcia Barreto, eu morro aqui na comunidade do Borel, na Chácara do Céu, a parte mais alta do Borel. Eu nasci no dia 6 de fevereiro de 1972, tenho 40 anos.

P/1 – Qual é o nome dos seus pais?

R – O nome do meu pai, o meu pai se chamava Geraldo Barreto e a minha mãe Heloisa Cavalcante Pereira.

P/1 – O que os seus pais faziam?

R – A minha mãe trabalhava em uma fábrica de tecido, América Fabril, depois ela virou doméstica, e o meu pai trabalhava em prédio, o meu pai era porteiro, foi zelador, depois trabalhou com obras e só.

P/1 – Como você descreveria seu pai e sua mãe? Como eles eram?

R – A minha mãe, minha mãe é um doce de pessoa, minha mãe é tudo para mim. Ela é muito boazinha para mim. E o meu pai também era uma pessoa muito boa, embora ele bebia muito, mas como eu era a filha caçula, ele me tratava com muito carinho.

P/1 – Quais eram os principais costumes da sua família? O que é que vocês mais faziam?

R – O que nós fazíamos. Como assim?

P/1 – Quando estava a família toda reunida, o que é que vocês faziam?

R – Eu não me lembro não, assim da família reunida, era muito difícil, a família toda reunida. Isso eu não lembro não. Quando a família estava reunida é quando a gente ia buscar, pegar água na mata. Que ia todo mundo, ia a minha mãe, o meu pai, os meus irmãos. Todo mundo tinha que pegar uma lata e ir para a mata pegar água, que era bem distante da nossa casa.

P/1 – Como é que era esse pegar a água?

R – É porque não tinha...

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