A UFRPE e eu
Por Angelo Brás Fernandes Callou
13 de novembro de 2021. Hoje, comemoro 38 anos como professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco. É nessa casa que vivo desde 1974, quando ingressei como aluno no Curso de Engenharia de Pesca. Tenho verdadeira estima, admiração e carinho pela Rural, suas árvores, seus alunos, seus professores e seus técnico-administrativos, mas sem perder a crítica, jamais.
Feito craca incrustada numa embarcação, resisto às intempéries atuais que tentam mediocrizar o trabalho docente, pela burocratização universitária, cada vez mais exacerbada, para vigiar, censurar e punir professores; resisto aos cortes imorais de verbas, que impedem a manutenção e o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão; resisto às narrativas pseudodemocráticas, configuradas pelo uso indiscriminado de verbetes caros aos teóricos, que de tão repetidos ao vento acabam por dissociar a palavra do conceito, esvaziando o seu sentido: diálogo, consulta, interdisciplinaridade, participação, transparência, gratidão!
Olhando fotografias de uma época, surpreendo-me ao perceber que possuo, ainda, uma vitalidade juvenil no meu trabalho na UFRPE. Como professor, não me recordo de ter faltado a uma aula sequer, por indisposição, preguiça, ou por priorizar atividades em detrimento do meu compromisso com os alunos. Não fiz mais do que a minha obrigação, eu sei. Mas isto revela o meu orgulho pelo ofício escolhido.
Aos meus alunos, essa trajetória.
(Praia do Pina, Recife, 13 de novembro de 2021),